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O CONFLITO DAS FACULDADES - OUSE SABER!

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A utilização prática, sobretudo pública, deste<br />

livro na pregação ê, sem dúvida, a que contribui para<br />

a melhoria dos homens e a animação dos seus motivos<br />

morais (para a edificação). Todo o outro intento<br />

lhe deve ser inferior, quando aqui se chega à colisão.<br />

— Há, pois, que admirar-se de esta máxima poder ter<br />

sido contestada, e que um tratamento parafrástico de<br />

um texto, se não foi preferido ao parenético, tenha,<br />

pelo menos, conseguido eclipsá-lo. — Não é a erudição<br />

escriturística e o que, graças a ela, da Bíblia se<br />

extrai, mediante conhecimentos filológicos que muitas<br />

vezes são apenas conjecturas falhadas, mas o que<br />

nela se introduz com um modo moral de pensar (portanto,<br />

segundo o Espírito de Deus) e doutrinas que<br />

nunca enganam e jamais podem ficar também sem<br />

efeito salutar, eis o que deve guiar a exposição ao<br />

povo: a saber, tratar o texto apenas (pelo menos sobretudo)<br />

como recomendação a toda a melhoria dos costumes<br />

que aí se pode conceber, sem ter o direito de<br />

indagar qual a tenção que os autores sagrados em tal<br />

poderiam ter tido. — Uma prédica (como cada qual<br />

deve ser) virada para a edificação, como fim último,<br />

deve desenvolver a instrução a partir dos corações<br />

dos ouvintes, a saber, da aptidão moral natural,<br />

inclusive do homem mais ignorante, se é que a disposição<br />

de ânimo assim operante há-de ser pura. Os testemunhos<br />

da Escritura aqui implicados não devem ser<br />

também provas históricas, para confirmar a verdade<br />

destas doutrinas (pois a razão moralmente activa não<br />

necessita delas, e o conhecimento empírico não o<br />

consegue), mas simplesmente exemplos da aplicação<br />

dos princípios racionais práticos a factos da história<br />

sagrada, para tornar mais vivaz a sua verdade; o que<br />

é em toda a Terra uma vantagem muito apreciável<br />

para o povo e o Estado.<br />

84<br />

Apêndice<br />

DE UMA PURA MÍSTICA NA RELIGIÃO 18<br />

Aprendi na Crítica da Razão Pura que a filosofia<br />

não é uma ciência das representações, conceitos e<br />

ideias, ou uma ciência de todas as ciências, ou ainda<br />

algo de semelhante, mas uma ciência do homem, do<br />

seu representar, pensar e agir; — deve apresentar o<br />

homem em todas as suas partes constitutivas, tal como<br />

é e deve ser, i.e., tanto segundo as suas determinações<br />

naturais como também segundo a sua condição<br />

de moralidade e liberdade. Ora era aqui que a antiga<br />

filosofia assinalava ao homem um ponto de vista inteiramente<br />

incorrecto no mundo, ao fazer dele, neste<br />

último, uma máquina que, como tal, deveria ser de<br />

todo dependente do mundo, ou das coisas exteriores<br />

e das circunstâncias; fazia, portanto, do homem uma<br />

parte quase simplesmente passiva do mundo. — Apa-<br />

18 Numa carta anexa à sua dissertação — De similitudine inter<br />

Mysticismum purum et Kantianam religionis doctrinatn. Auctore Carol,<br />

Arnold, Willmans, Bielefelda-Guestphalo, Halis Saxonum 1797<br />

— que eu, com a sua permissão, aqui apresento, omitindo as fórmulas<br />

de cortesia da Introdução e do Fim, e que revela este homem jovem,<br />

votado agora à medicina, como alguém de quem há muito a esperar<br />

também noutros ramos da ciência. Contudo, não estou disposto a admitir<br />

incondicionalmente a semelhança da minha concepção com a sua.<br />

85

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