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Caderno de Poesias 33<br />
Excluídos?<br />
Autor: Antonio Claret Fernandes<br />
Sabe aquele mendigo: cego, trêmulo, em farrapos, aos gritos, na<br />
Rodoviária de Manhuaçu? Somado a milhares de outros, em qualquer<br />
lugar do Mundo [“Desafortunados da vida, fazer o quê”!?],<br />
descarregam a consciência de muita gente que crê:<br />
Na assistência de uma cesta, menos que básica;<br />
Na caridade de uma fé, mais que falsa;<br />
Na vulgaridade da vida, que anda parca;<br />
Numa miséria doída, para quem a morte é descaso,<br />
no completo anonimato.<br />
Mesmo no túmulo, o defunto pobre vira pesquisa, número,<br />
projeto, que aquece os negócios, por certo, e se torna discurso<br />
infl amado na boca do político safado, que fala bem –<br />
e muito! - do coitado. E a morte de mais um mendigo [feito<br />
ferida antiga: se curada, perde o seu sentido!] alimenta a<br />
vida pobre de outro e mais outro – centenas - que vivem<br />
carentes e morrerão como indigentes.<br />
Sabe aquele menino: pobre, pançudo, magro, de olhos esbugalhados,<br />
lá de Santa Efi gênia? Aquele fi ozinho de vida, quase um fazer<br />
de conta, faz pose, vira retrato, fi ca bem na ‘bela’ foto:<br />
Sem nome<br />
Cara de fome<br />
Em pele e osso [Quanto pior, melhor!].<br />
Sua sombra gira mundo,<br />
arrecada milhões, talvez, engorda ONGs:<br />
Que montam projetos<br />
Que aninham algumas centenas de técnicos<br />
Parasitas: bem alimentados<br />
com a imagem faminta do menino pobre.