O AI-5, Ato Institucional número 5, consolidou ainda mais o período de violenta repressão e censura. O governo militar que tomou o poder em 1964, depondo o presidente João Goulart, tentou reprimir as manifestações contrárias ao regime político, instaurou uma forte vigilância sobre as manifestações artístico- culturais e obrigou assim os artistas a reformularem suas propostas de atuação e a buscarem novas formas de expressão e reação. 1.6- Do teatro para a televisão Antônio Fagundes, Myrian Muniz e Rolando Boldrin em cena de Animália, durante a Primeira Feira Paulista de Opinião. Fonte: http://www. bernardoschmidt.blogspot.com Em 1969, Myrian interpretou a personagem Dona Santa na telenovela Nino, o italianinho, escrita e dirigida por Geraldo Vietri, na antiga TV Tupi. A personagem era uma “mãezona italiana” de chicote na mão. Myrian não gostava do chicote, mas a direção da novela disse que aquele elemento representava uma crítica aos tempos difíceis que os artistas viviam por causa da ditadura militar que se instalara no país. Ela compôs a personagem com tons trágicos e cômicos, tornando-a mais humana e, consequentemente, mais comunicativa. O sucesso foi absoluto, mas essa experiência, muito traumática para Myrian, fez com que ela perdesse a privacidade e o sossego, era chamada nas ruas pelo nome da personagem e dois 33
episódios episódios ocorridos ocorridos valem valem ser ser mencionados: mencionados: um um dia, dia, na na rua rua Augusta, Augusta, foi foi “agarrada” “agarrada” e e colocada colocada dentro dentro do do carro carro de de uma uma senhora, senhora, que que queria queria pagar pagar-lhe um cachê para levá levá-la à sua casa para um chá e exibi-la exibi la para as amigas amigas. E, em outro momento, momento, ao ao sair sair de de casa casa com com o o filho filho mais mais velho, velho, Marcelo, Marcelo, Myrian Myrian começou começou a a ser ser chamada insistentemente na rua pelo nome da personagem. Marcelo, uma criança na época, muito assustado, começou a chorar e di dizer que ela não era DDona Santa. Myrian teve que voltar voltar para para casa casa para para que que o o filho filho se se acalmasse acalmasse e e a a situação se resolvesse. (VARGAS, 2004, p. 111) Ainda em 1969, participou de dois programas especiais na TV Cultura: A Sopa, , de Dalton Trevisan, com direção de Alfredo Mesquita e A Casa de Bernarda Alba, Alba de e Federico Garcia Lorca, com direção de Heloísa Castellar Castellar. Geraldo Geraldo Vietri Vietri e e Myrian Myrian Muniz, Muniz, nas nas gravações de Nino, o italianinho. TV Tupi, 1969. Acervo: Myrian Muniz Fonte: Fo Livro Giramundo, de Maria Thereza Vargas Em 1971 1971, Myrian foi escalada para fazer A Fábrica, , telenovela escrita e dirigida dirigida por por Geraldo Geraldo Vietri. Vietri. Após Após os os três três primeiros primeiros dias dias de de gravação gravação, Myrian se arrependeu e abandonou a novela. A atriz descreveu essas condições, que já eram muito ruins desde os tempos em que participou de Nino, o italianinho. Mas Mas era era na na TV TV Tupi, Tupi, que que tinha tinha condições condições de de trabalho trabalho horrorosas. horrorosas. Para Para começar começar não não tinha tinha banheiro banheiro para para mulher, mulher, era era tudo tudo junto, junto, era era um um desconforto e e fazia fazia um um calor calor horroroso, horroroso, não não tinha tinha ar ar condicionado. condicionado. Você Você recebia recebia os os capítulos capítulos à à noite noite e e às às 7 7 horas horas da da manhã manhã tinha tinha que que estar estar de de cor. cor. Quer Quer dizer, dizer, eu eu sofri sofri bastante, bastante, ganhava ganhava pouco, pouco, às às vezes vezes não não recebia, recebia, passava dificuldades mesmo, porque não recebia. Fiquei com uma má impressão impressão daquela daquela tortura. tortura. Quando Quando acabou acabou a a novela novela Nino, eles me convidaram para fazer uma que se chamava A Fábrica. Eu aceitei porque eu eu estava estava precisando precisando de de dinheiro, dinheiro, é é sempre sempre assim. assim. Eu Eu aceitei aceitei e e o o personagem era uma portuguesa. Eu comecei a pensar, meu Deus, uma italiana, italiana, uma uma portuguesa, portuguesa, depois depois uma uma boliviana, boliviana, depois depois uma uma australiana, australiana, 34
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