18.04.2013 Views

a condição social e econômica do garimpeiro da cidade de ... - UFVJM

a condição social e econômica do garimpeiro da cidade de ... - UFVJM

a condição social e econômica do garimpeiro da cidade de ... - UFVJM

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Revista Vozes <strong>do</strong>s Vales <strong>da</strong> <strong>UFVJM</strong>: Publicações Acadêmicas – MG – Brasil – Nº 02 – Ano I – 10/2012<br />

Reg.: 120.2.095–2011 – PROEXC/<strong>UFVJM</strong> – ISSN: 2238-6424 – www.ufvjm.edu.br/vozes<br />

- 11 -<br />

acabou, né? [...] Aí agente combinava, vão trabalhar a noite? Vão.<br />

To<strong>do</strong> mun<strong>do</strong> relacionava bem, uma família. (J.L.N)<br />

Mesmo com o <strong>do</strong>no <strong>do</strong> garimpo havia um relacionamento amistoso. Afinal,<br />

não raro o <strong>do</strong>no <strong>do</strong> garimpo também era um <strong>de</strong>sses <strong>garimpeiro</strong>s. E mesmo que em<br />

certos momentos fossem lesa<strong>do</strong>s pelos “<strong>do</strong>nos <strong>do</strong> garimpo”, o <strong>garimpeiro</strong> acabava<br />

relevan<strong>do</strong>. Como po<strong>de</strong>mos ver na fala <strong>de</strong> J.L.N, 51 anos <strong>de</strong> i<strong>da</strong><strong>de</strong>: “Era bom<br />

também; gente boa tinha uns que... custumava <strong>da</strong>r agente prejuízo, tal, mas, agente<br />

relevava, cê enten<strong>de</strong>u? purque tava <strong>da</strong>n<strong>do</strong>, pra salvar o mês, então agente ia<br />

relevan<strong>do</strong>.”<br />

Contu<strong>do</strong>, não po<strong>de</strong>mos dizer que em to<strong>do</strong> momento só reinava a paz. Havia<br />

sim, os <strong>de</strong>sacor<strong>do</strong>s, principalmente quan<strong>do</strong> alguma or<strong>de</strong>m <strong>da</strong><strong>da</strong> pelos encarrega<strong>do</strong>s<br />

<strong>de</strong> serviço contrariava a opinião <strong>do</strong>s <strong>de</strong>mais. E quan<strong>do</strong> esse bom relacionamento<br />

era mina<strong>do</strong> e estabeleciam-se os conflitos, o melhor mesmo era mu<strong>da</strong>r <strong>de</strong> serviço.<br />

Ressalta J.M.S.<br />

Oh! Muitas horas, muitas turmas, que agente já escolhia assim,<br />

agente tocava um longo perío<strong>do</strong> com bomba, mas sempre tinha<br />

alguma, alguma coisa, muitos <strong>de</strong>sentendimentos <strong>de</strong>ntro <strong>do</strong>s<br />

garimpos. [...] outra hora com... mesmo com os meeiro, não aceitava,<br />

alguma coisa que ocê queria falar eles não aceitava, ai eles saiam <strong>do</strong><br />

serviço, agente sempre tinha que ta sempre trocan<strong>do</strong> <strong>de</strong> turma, no<br />

garimpo.<br />

Quanto à divisão hierárquica <strong>do</strong> trabalho, a ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> garimpeira era muito<br />

simples: basicamente havia o “meia praça”, este era o trabalha<strong>do</strong>r <strong>da</strong> cata, que<br />

recebia <strong>do</strong>is e meio por cento <strong>do</strong> que era retira<strong>do</strong> no serviço, o “bombeiro” era<br />

aquele que cui<strong>da</strong>va <strong>da</strong> máquina que recebia cinco por cento, e o encarrega<strong>do</strong> <strong>do</strong><br />

serviço era aquele que administrava o serviço, que quase sempre era o mesmo<br />

bombeiro, que obtinha também cinco por cento. 17 Basicamente, po<strong>de</strong>-se falar em<br />

trabalha<strong>do</strong>res (meeiros) e <strong>do</strong>nos <strong>do</strong> garimpo.<br />

17 [...] logo que eu comecei, era mais novato aí no garimpo, [...] Agente começava <strong>de</strong> meia praça, [...]<br />

Meia praça se torna <strong>do</strong>is e meio por cento, (pausa) <strong>do</strong> bruto. Sai <strong>do</strong> bruto cê enten<strong>de</strong>u? Ai <strong>de</strong>pois eu<br />

fui evoluin<strong>do</strong>, apren<strong>de</strong>n<strong>do</strong> a trabalhar, já comecei a apren<strong>de</strong>r a trabalhar em máquina nas bomba né?<br />

[...] Aí eu já tinha participação maior né, já tinha cinco por cento. Aí já <strong>do</strong>brou né? A minha<br />

participação. (pausa)... mas era assim, cê tira aí... um diamante, aí cê ven<strong>de</strong> ele assim na faixa <strong>de</strong><br />

cem mil, então vinte e cinco por cento é <strong>da</strong> turma, e setenta e cinco <strong>do</strong> <strong>do</strong>no <strong>da</strong>... [...] <strong>do</strong> garimpo.<br />

Então cê vê que não sobra quase na<strong>da</strong> pra turma. Muita gente fala, ah... <strong>garimpeiro</strong> tá tiran<strong>do</strong> muito...<br />

muito... muito, mas vinte e cinco por cento é... só, pra dividir com a turma, as vezes tem <strong>de</strong>z, quinze<br />

pessoa, não dá na<strong>da</strong>, dá pouco.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!