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a condição social e econômica do garimpeiro da cidade de ... - UFVJM

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Revista Vozes <strong>do</strong>s Vales <strong>da</strong> <strong>UFVJM</strong>: Publicações Acadêmicas – MG – Brasil – Nº 02 – Ano I – 10/2012<br />

Reg.: 120.2.095–2011 – PROEXC/<strong>UFVJM</strong> – ISSN: 2238-6424 – www.ufvjm.edu.br/vozes<br />

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confirma<strong>do</strong> por J.M.S, “E nesse meio ali, <strong>de</strong>ntro [...] <strong>de</strong>sse rancho [...] surgiu a<br />

cooperativa <strong>do</strong>s <strong>garimpeiro</strong>s em Diamantina”.<br />

São reconheci<strong>da</strong>s por parte <strong>do</strong>s <strong>garimpeiro</strong>s as funções que a Cooperativa<br />

passou a <strong>de</strong>sempenhar quan<strong>do</strong> <strong>de</strong> sua criação: “A Cooperativa trabalhava na<br />

organização né? <strong>de</strong> lotes, <strong>do</strong>s garimpos na beira <strong>do</strong> rio. E <strong>de</strong>pois criaram o negócio<br />

<strong>da</strong> compra né? [...] eles avaliava e comprava os diamantes, se não <strong>de</strong>sse pra eles<br />

comprar passava pra outros, mas [...] eles <strong>da</strong>va o preço”. (J.M.S)<br />

Já outros, como A.A.B, são bem categóricos em dizer que para eles a<br />

cooperativa era “frouxa” e que não representava o interesse <strong>de</strong> to<strong>do</strong>s, mas que<br />

“po<strong>de</strong> ter si<strong>do</strong> representante <strong>de</strong> alguém né? Inclusive tem pessoas aí, compra<strong>do</strong>res<br />

<strong>de</strong> diamante, que foi bom pra eles, né?”<br />

Essa Cooperativa, num primeiro momento, foi a legítima representante <strong>do</strong><br />

<strong>garimpeiro</strong>, mas, com o tempo, passou a ser <strong>de</strong>sacredita<strong>da</strong>. Segun<strong>do</strong> Martins (2007,<br />

p.8), a cooperativa, em função <strong>da</strong>s negociações e tentativas <strong>de</strong> a<strong>de</strong>quação às<br />

normas ambientais para a legitimação <strong>da</strong> ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>, “violam aspectos fun<strong>da</strong>mentais<br />

<strong>da</strong> i<strong>de</strong>nti<strong>da</strong><strong>de</strong> garimpeira tradicional”. Ou seja, a prática <strong>do</strong> “garimpo ecológico”, “o<br />

garimpo empresa”. Para o autor, o <strong>garimpeiro</strong> é contra to<strong>da</strong> essa lógica <strong>do</strong> merca<strong>do</strong><br />

– empresa e as relações hierárquicas <strong>de</strong> trabalho, burocracia <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> e tributos e<br />

sua “faina em lutar contra a natureza”. (MARTINS, 2007, p.9)<br />

No entanto, enten<strong>de</strong>mos que essa Cooperativa foi a representante em maior<br />

escala <strong>do</strong>s “<strong>do</strong>nos <strong>do</strong> garimpo” e, mesmo consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong> que ela tinha entre alguns<br />

objetivos os <strong>de</strong>: representar to<strong>do</strong>s os <strong>garimpeiro</strong>s nas negociações com os órgãos<br />

estatais <strong>de</strong> meio ambiente; negociar áreas <strong>de</strong> garimpo, esses provavelmente não<br />

foram executa<strong>do</strong>s em função <strong>do</strong> “pequeno <strong>garimpeiro</strong>”, mas em função <strong>da</strong>queles<br />

que po<strong>de</strong>riam obter as lavras. J.M.S eluci<strong>da</strong> bem esse posicionamento:<br />

Oh! na época, [...] no começo parecia que ia ser tu<strong>do</strong> bem, mas<br />

<strong>de</strong>pois, esse negócio não <strong>de</strong>u muito certo não. [...] Não <strong>de</strong>u porque o<br />

pessoal num aceitou muito bem as propostas que eles tavam<br />

fazen<strong>do</strong> né? Ai pegou <strong>de</strong>san<strong>do</strong>u a Cooperativa an<strong>do</strong>u bem pra trás.<br />

[...] Porque, teve bem tempo que parecia que já era tipo casa<strong>do</strong>, só<br />

pras pessoas, eles já escolhia as pessoas enten<strong>de</strong>u? E já passava<br />

os lotes <strong>do</strong> negócio, e o <strong>garimpeiro</strong> pequeno ficou mais por fora.<br />

[...](J.M.S)<br />

Fica evi<strong>de</strong>ncia<strong>do</strong> por essa fala, que a aceitação <strong>da</strong> cooperativa caiu em<br />

<strong>de</strong>scrédito, não apenas porque o <strong>garimpeiro</strong> é contra as “lógicas <strong>de</strong> merca<strong>do</strong>s”,

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