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a condição social e econômica do garimpeiro da cidade de ... - UFVJM

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Arraial <strong>do</strong> Tejuco foi submeti<strong>do</strong> a um governo autoritário e <strong>de</strong>spótico que fez romper<br />

e enfraquecer os laços sociais.<br />

Revista Vozes <strong>do</strong>s Vales <strong>da</strong> <strong>UFVJM</strong>: Publicações Acadêmicas – MG – Brasil – Nº 02 – Ano I – 10/2012<br />

Reg.: 120.2.095–2011 – PROEXC/<strong>UFVJM</strong> – ISSN: 2238-6424 – www.ufvjm.edu.br/vozes<br />

- 5 -<br />

Por outro la<strong>do</strong> Junia Furta<strong>do</strong> (2008, p.27-34) contesta,dizen<strong>do</strong> que tal prática<br />

era comum em to<strong>da</strong>s as áreas <strong>de</strong> mineração, e que as maiorias <strong>do</strong>s artigos <strong>de</strong>sse<br />

regulamento já eram instituí<strong>da</strong>s antes mesmo <strong>da</strong> criação <strong>da</strong> Real Extração em 1771.<br />

Para a autora, a socie<strong>da</strong><strong>de</strong> tejucana conseguiu se ascen<strong>de</strong>r <strong>social</strong>mente ludibrian<strong>do</strong><br />

as regras impostas. Contu<strong>do</strong>, <strong>de</strong>vemos consi<strong>de</strong>rar que este era um grupo bem<br />

restrito <strong>da</strong> socie<strong>da</strong><strong>de</strong>, somente os que tinham interesses diretos no processo<br />

extrativo e comércio <strong>do</strong> diamante. Neste senti<strong>do</strong>, po<strong>de</strong>mos consi<strong>de</strong>rar que essa<br />

ascensão não valeu para os <strong>de</strong>svali<strong>do</strong>s e marginaliza<strong>do</strong>s, os que ousavam à prática<br />

<strong>do</strong> garimpo fora <strong>do</strong>s padrões estabeleci<strong>do</strong>s.<br />

Marcos Lobato Martins (2007), com estu<strong>do</strong>s mais recentes sobre a questão<br />

<strong>do</strong> garimpo na região Diamantina, analisou os eventos ocorri<strong>do</strong>s e os conflitos<br />

gera<strong>do</strong>s em torno <strong>do</strong> embargo <strong>do</strong> garimpo na região <strong>de</strong> Diamantina, entre os anos<br />

<strong>de</strong> 1989-1995. Sua análise se dá em torno <strong>da</strong>s “possibili<strong>da</strong><strong>de</strong>s e os<br />

constrangimentos” que os valores, crenças e normas <strong>de</strong> conduta tradicional <strong>do</strong>s<br />

<strong>garimpeiro</strong>s permitiram serem toma<strong>da</strong>s na organização <strong>do</strong> grupo para a reação e<br />

negociação <strong>de</strong>les para a retoma<strong>da</strong> <strong>da</strong> extração. Consi<strong>de</strong>ra ain<strong>da</strong>, a a<strong>de</strong>quação às<br />

normas estabeleci<strong>da</strong>s, a partir <strong>de</strong> um controle mais efetivo <strong>da</strong>s organizações<br />

governamentais, além <strong>da</strong>s relações entre os diversos atores envolvi<strong>do</strong>s na questão<br />

<strong>da</strong> mineração e as dificul<strong>da</strong><strong>de</strong>s impostas pelas legislações para o <strong>de</strong>senvolvimento<br />

<strong>do</strong> garimpo na região <strong>do</strong> Alto Jequitinhonha.<br />

Para Marcos Lobato Martins autores como: Joaquim Felício <strong>do</strong>s Santos<br />

(1976), Aires <strong>da</strong> Mata Macha<strong>do</strong> (1985), e Soter Couto (1954) que “tomaram os<br />

<strong>garimpeiro</strong>s como o centro <strong>de</strong> suas tramas e narrativas”, fizeram discursos que<br />

legitimaram o garimpo como prática cultural e elemento simbólico, constituin<strong>do</strong>, com<br />

isso, uma “forma <strong>de</strong> i<strong>de</strong>nti<strong>da</strong><strong>de</strong> garimpeira”. 5<br />

No artigo “A arte <strong>de</strong> fabricar motins: os marcos regulatórios <strong>da</strong> mineração<br />

diamantífera em perspectiva histórica” Marcos Lobato Martins leva-nos a enten<strong>de</strong>r<br />

5 O xis <strong>da</strong> questão está no fato <strong>de</strong> que, para a i<strong>de</strong>nti<strong>da</strong><strong>de</strong> garimpeira tradicional, o pequeno minera<strong>do</strong>r<br />

é sujeito forma<strong>do</strong> em oposição à lógica <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> (empresa <strong>de</strong> mineração, com relações <strong>de</strong><br />

trabalho assalaria<strong>da</strong>s, impessoais e hierarquiza<strong>da</strong>s), à presença <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> (regulamentação<br />

burocrática e cobrança <strong>de</strong> tributos) e ao respeito à natureza (porque a faina <strong>do</strong> <strong>garimpeiro</strong> é lutar<br />

contra ela). (MARTINS, 2007, p.9).

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