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as três formas de negação à castração - Psicanálise & Barroco

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Francisco Ramos <strong>de</strong> Fari<strong>as</strong><br />

para <strong>as</strong>sim satisfazer seu <strong>de</strong>sejo. Esta possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> tomar, simultaneamente, du<strong>as</strong> vi<strong>as</strong><br />

opost<strong>as</strong> <strong>de</strong> resolução para um conflito exige a introdução <strong>de</strong> uma nova teoria sobre a<br />

divisão do Eu, sendo o processo que se apresenta como o corolário lógico do mecanismo do<br />

<strong>de</strong>smentido. Não obstante, seria um erro acreditar que se trata <strong>de</strong> categori<strong>as</strong> que somente se<br />

aplicam ao domínio da perversão, visto que esse conceito também é utilizado para explicar<br />

o processo <strong>de</strong> constituição do psiquismo na criança.<br />

O <strong>de</strong>smentido e a realida<strong>de</strong> psíquica<br />

É pru<strong>de</strong>nte salientar que saibamos que em se tratando do <strong>de</strong>smentido (apesar <strong>de</strong><br />

estarmos nos referindo a um <strong>as</strong>pecto da realida<strong>de</strong> externa), há uma perda da realida<strong>de</strong>,<br />

porém a realida<strong>de</strong> interna é mantida intocada. Aliás, a percepção encontra-se submetida <strong>à</strong>s<br />

teori<strong>as</strong> sexuais infantis a ponto <strong>de</strong> a criança <strong>de</strong>sprezar o que é evi<strong>de</strong>nciado na realida<strong>de</strong><br />

(Val<strong>as</strong>, 1990). Estamos diante <strong>de</strong> uma <strong>de</strong>fesa que somente tem sucesso em médio prazo,<br />

pois aquilo que é <strong>de</strong>smentido não <strong>de</strong>saparece totalmente da vida psíquica, pois o ser na<br />

subjetivação perversa, apesar <strong>de</strong> não reconhecer ter percebido a ausência <strong>de</strong> pênis na<br />

mulher, afirma tê-lo visto <strong>à</strong> medida que cria para o pênis um substituto, visando livrar-se da<br />

angústia <strong>de</strong> c<strong>as</strong>tração quando soluciona essa falta, pela imposição do fetiche.<br />

A solução pela criação <strong>de</strong> um substituto é uma modalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>negação</strong> da<br />

c<strong>as</strong>tração o que nos faz pensar que a situação do perverso, igualmente a do neurótico,<br />

concerne também ao Édipo. O elemento negado, a representação da ausência <strong>de</strong> pênis na<br />

mulher, é conservado no fetiche. Este tipo <strong>de</strong> <strong>negação</strong> ocorre no simbólico, razão pela qual<br />

aquilo que é <strong>de</strong>smentido é afirmado também, constantemente, no simbólico sob a forma <strong>de</strong><br />

algo tomado como substituto <strong>de</strong> um pênis imaginário na mulher: o fetiche.<br />

Sendo <strong>as</strong>sim, po<strong>de</strong>mos pensar que a <strong>de</strong>terminação da estrutura perversa <strong>de</strong>ve-se<br />

ao <strong>de</strong>smentido da c<strong>as</strong>tração do que <strong>de</strong>corre a não aceitação, pelo perverso, do efeito da<br />

anteriorida<strong>de</strong> paterna. Isso tem conseqüênci<strong>as</strong>: em primeiro lugar, o perverso não atribui<br />

saber ao Outro, uma vez que, usurpando o lugar do pai, fica sem o efeito da anteriorida<strong>de</strong><br />

paterna e, ocupa a posição <strong>de</strong> saber absoluto. Em certo sentido, o perverso centraliza nele<br />

<strong>Psicanálise</strong> & <strong>Barroco</strong> em revista v.8, n.2: 74-94, <strong>de</strong>z.2010<br />

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