as três formas de negação à castração - Psicanálise & Barroco
as três formas de negação à castração - Psicanálise & Barroco
as três formas de negação à castração - Psicanálise & Barroco
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
Sobre o conceito <strong>de</strong> <strong>de</strong>fesa<br />
<strong>Psicanálise</strong> & <strong>Barroco</strong> em revista v.8, n.2: 74-94, <strong>de</strong>z.2010<br />
As <strong>três</strong> form<strong>as</strong> <strong>de</strong> <strong>negação</strong> <strong>à</strong> c<strong>as</strong>tração<br />
Preten<strong>de</strong>mos refletir sobre <strong>as</strong> <strong>três</strong> possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>fensiv<strong>as</strong> que a cria<br />
humana dispõe, ao ser lançada no campo da linguagem, para produzir respost<strong>as</strong> ante a<br />
c<strong>as</strong>tração materna. Em princípio, abordaremos o recalque, mecanismo <strong>de</strong> funcionamento da<br />
linguagem, <strong>de</strong>finido no pensamento freudiano como condição da subjetivação neurótica;<br />
em seguida, realizaremos um r<strong>as</strong>treamento, para circunscrever o <strong>de</strong>smentido como<br />
condição estrutural da subjetivação perversa e, finalizamos a abordagem, focalizando o<br />
mecanismo da foraclusão para caracterizar a subjetivação psicótica.<br />
O processo <strong>de</strong> humanização é uma travessia que apresenta trilh<strong>as</strong> sinuos<strong>as</strong> e<br />
difíceis. Por se tratar <strong>de</strong> um processo, <strong>de</strong>vemos entendê-lo na acepção dinâmica, ou seja,<br />
como aquilo que po<strong>de</strong> permanecer em estado “embrionário”; ter um começo e estacionar ou<br />
progredir. Ess<strong>as</strong> são <strong>as</strong> vicissitu<strong>de</strong>s própri<strong>as</strong> <strong>à</strong> constituição da subjetivida<strong>de</strong> que têm como<br />
resultados, <strong>as</strong> condições singulares <strong>de</strong> cada sujeito. M<strong>as</strong>, é preciso salientar que, enveredar<br />
por quaisquer trilh<strong>as</strong> <strong>de</strong>sse processo, requer, para a cria humana, confrontar-se com<br />
obstáculos que se configuram, como circunstânci<strong>as</strong> <strong>de</strong> cunho traumático. Por esse motivo, o<br />
sujeito tem <strong>de</strong> se valer <strong>de</strong> operações psíquic<strong>as</strong> para apresentar respost<strong>as</strong> <strong>à</strong>s adversida<strong>de</strong>s<br />
própri<strong>as</strong> d<strong>as</strong> du<strong>as</strong> diferenç<strong>as</strong> irredutíveis e enigmátic<strong>as</strong>: a diferença <strong>de</strong> gerações e a<br />
diferença sexual. Pelo fato <strong>de</strong> serem diferenç<strong>as</strong> irredutíveis, o sujeito produz elaborações<br />
diante dos enigm<strong>as</strong> que el<strong>as</strong> suscitam e <strong>as</strong>sim recorre a uma <strong>de</strong>fesa psíquica, como o<br />
mecanismo que propicia seus arranjos subjetivos.<br />
O conceito <strong>de</strong> <strong>de</strong>fesa está intimamente relacionado ao Complexo <strong>de</strong> Édipo.<br />
Muito já foi escrito sobre o mito <strong>de</strong> Édipo e também sobre sua função enquanto estrutura<br />
que, longe <strong>de</strong> ser um sintoma, como acreditam aqueles teóricos que <strong>de</strong>ci<strong>de</strong>m se entregar <strong>à</strong><br />
ingenuida<strong>de</strong>, representa, sobretudo, o preço que a cria humana tem <strong>de</strong> pagar em função <strong>de</strong><br />
sua caminhada rumo ao simbólico, ou seja, a entrada no seio da cultura. Trata-se, pois <strong>de</strong><br />
uma condição <strong>de</strong> possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> todo o sujeito, uma vez que estamos diante do esteio que<br />
finca o limite <strong>de</strong>cisivo entre a natureza e a cultura. B<strong>as</strong>ta, para tanto, direcionar nosso olhar<br />
para os pilares da literatura e encontrar a estrutura essencial do drama edípico, sempre<br />
presente como estrutura nuclear <strong>de</strong> cada relato, <strong>de</strong> cada acontecimento. Por isso, não<br />
75