18.04.2013 Views

as três formas de negação à castração - Psicanálise & Barroco

as três formas de negação à castração - Psicanálise & Barroco

as três formas de negação à castração - Psicanálise & Barroco

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

<strong>Psicanálise</strong> & <strong>Barroco</strong> em revista v.8, n.2: 74-94, <strong>de</strong>z.2010<br />

As <strong>três</strong> form<strong>as</strong> <strong>de</strong> <strong>negação</strong> <strong>à</strong> c<strong>as</strong>tração<br />

em cena como matéria pulsante. Dito em outr<strong>as</strong> palavr<strong>as</strong>: o corpo sofre uma primeira<br />

marcação pela imagem, sendo ness<strong>as</strong> condições o real do corpo atravessado pelo<br />

imaginário; em seguida, é marcado pela palavra, momento em que é atravessado pelo<br />

simbólico. Esses dois furos que se processam no corpo são, na verda<strong>de</strong>, consequênci<strong>as</strong> da<br />

<strong>de</strong>fesa. Eis o encaminhamento para pensarmos a <strong>de</strong>fesa como a operação em função da qual<br />

o sujeito constrói um suporte que é o estatuto simbólico. Graç<strong>as</strong> a essa conquista, p<strong>as</strong>sa da<br />

suposta condição <strong>de</strong> natureza, <strong>à</strong> condição <strong>de</strong> cultura, no momento em que o real é<br />

informado pela imagem, e que ocorre o acesso <strong>à</strong> palavra. Essa é a consequência da <strong>de</strong>fesa<br />

psíquica.<br />

Se analisarmos a palavra “<strong>de</strong>fesa” temos que lançar algum<strong>as</strong> reflexões:<br />

<strong>de</strong>fesa por quê, <strong>de</strong> quê e em relação a quê? Em princípio, o que po<strong>de</strong>mos afirmar é que a<br />

<strong>de</strong>fesa é uma espécie <strong>de</strong> proteção em relação a algo que é ameaçador para o sujeito. Esse é<br />

o sentido atribuído por Freud (1895/1976:) ao admitir que a <strong>de</strong>fesa, quando bem sucedida,<br />

equivale <strong>à</strong> saú<strong>de</strong>, sendo também a marca distintiva do humano, pensada em termos clínicos<br />

como a condição estrutural do funcionamento psíquico e o seu frac<strong>as</strong>so entendido como a<br />

possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> adoecimento.<br />

O que está garantido com a <strong>de</strong>fesa é a posição subjetiva em função da qual o<br />

sujeito não seja reduzido apen<strong>as</strong> a um mero objeto do gozo do Outro. Assim sendo, tem<br />

garantida a condição <strong>de</strong> ser <strong>de</strong>sejante. M<strong>as</strong> ao conquistar tal condição, o sujeito se encontra<br />

diante <strong>de</strong> uma ameaça: per<strong>de</strong>r o que conquistou, ou seja, a condição <strong>de</strong> diferenciado <strong>de</strong><br />

objeto do <strong>de</strong>sejo do Outro. Sendo <strong>as</strong>sim, po<strong>de</strong>mos afirmar que pela <strong>de</strong>fesa o sujeito tem<br />

acesso <strong>à</strong> <strong>de</strong>manda imaginária, uma vez que fica constatada a falta no Outro. isso<br />

correspon<strong>de</strong> a um tipo <strong>de</strong> barreira entre o <strong>de</strong>sejo do Outro e um saber acerca daquilo que o<br />

Outro espera. Através <strong>de</strong>sse saber o sujeito se articula no universo da significação,<br />

marcando também um tipo <strong>de</strong> funcionamento no campo da linguagem, mediante o recurso a<br />

uma <strong>de</strong>fesa. Por isso, <strong>as</strong> estrutur<strong>as</strong> subjetiv<strong>as</strong> são a consequência <strong>de</strong> operações <strong>de</strong>fensiv<strong>as</strong><br />

compreendid<strong>as</strong> em termos do funcionamento da linguagem.<br />

Os modos possíveis <strong>de</strong> funcionamento da linguagem correspon<strong>de</strong>m <strong>à</strong>quilo<br />

que a <strong>Psicanálise</strong> formula como estrutur<strong>as</strong> clínic<strong>as</strong>. Tais estrutur<strong>as</strong> com <strong>as</strong> quais o<br />

psicanalista se confronta na experiência com o inconsciente são estrutur<strong>as</strong> conceituais <strong>de</strong><br />

79

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!