Bienal de Antiguidades 2011 parte 3 - Antiguidades São Roque
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127. Recipiente para Oferendas<br />
Marfim<br />
Índia; séc. XVII<br />
Dim.: 7 cm<br />
Marfins<br />
Pequeno recipiente em marfim, <strong>de</strong> formato circular<br />
com pé alto canelado.<br />
A estrutura e dimensões reduzidas <strong>de</strong>ste exemplar<br />
permitem presupor que se trata <strong>de</strong> uma<br />
pequena taça para oferendas hindus e budistas,<br />
muito frequentes na Índia e su<strong>de</strong>ste Asiático.<br />
As formas <strong>de</strong>licadas e o trabalho requintado <strong>de</strong>ste<br />
simples objecto reforçam a sua função religiosa.<br />
PARTE 2 SÃO ROQUE’S KUNSTKAMMER<br />
A partir <strong>de</strong> finais do século XV, com a presença portuguesa no oriente, criaram-se condições para o<br />
<strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> novos estilos artísticos, consi<strong>de</strong>rados <strong>de</strong> fusão, on<strong>de</strong> as formas artísticas<br />
oci<strong>de</strong>ntais se <strong>de</strong>ixaram moldar pelas técnicas, materiais e influências dos artesãos asiáticos.<br />
Os trabalhos em marfim ocupam um papel <strong>de</strong> <strong>de</strong>staque, on<strong>de</strong> os protótipos indo-portugueses constituem<br />
o maior grupo conhecido, sendo a região <strong>de</strong> Goa o mais importante centro <strong>de</strong> produção. No entanto,<br />
as peças mais requintadas são oriundas do Ceilão e, mais raramente, da China e Japão.<br />
Estes objectos, na sua gran<strong>de</strong> maioria esculturas <strong>de</strong> cariz religioso, tiveram um enorme impacto nas<br />
socieda<strong>de</strong>s orientais da época.<br />
Nos séculos XVI e XVII a Europa católica promovia as imagens religiosas como nunca havia feito.<br />
Inclusive, com a Contra-Reforma, estas representações chegaram a constituir um importante pilar<br />
na guerra i<strong>de</strong>ológica das or<strong>de</strong>ns religiosas católicas contra a Europa protestante.<br />
A imaginária foi, sem dúvida, crucial na propagação da fé cristã no oriente on<strong>de</strong> os Jesuítas foram<br />
gran<strong>de</strong>s impulsionadores da produção <strong>de</strong>stes objectos votivos e religiosos, que muito utilizaram no<br />
seu intenso processo <strong>de</strong> evangelização. Estas figuras eram utilizadas, essencialmente, para difundir e<br />
evi<strong>de</strong>nciar a transcen<strong>de</strong>nte mística do cristianismo.<br />
Para melhor aceitação por <strong>parte</strong> das comunida<strong>de</strong>s nativas, foram estabelecidas inúmeras semelhanças<br />
entre a imagética cristã e a religião local.<br />
Esta dualida<strong>de</strong> estilística foi incentivada pelo facto <strong>de</strong> a maior <strong>parte</strong> das representações serem executadas<br />
por artesãos não-cristãos. Através das suas mãos, <strong>de</strong>terminadas características orientais foram<br />
perfeitamente integradas em peças construídas segundo mo<strong>de</strong>los tipicamente europeus.<br />
Bibliografia:<br />
- “A Expansão Portuguesa e a Arte do Marfim”; Comissão Nacional para as Comemorações dos<br />
Descobrimentos Portugueses; Fundação Calouste Gulbenkian; Lisboa, 1991.<br />
- “Imaginária Luso-Oriental”; Ferrão, Bernado; Imprensa Nacional – Casa da Moeda; Lisboa; 1983.<br />
- “Portugal e Ceilão. Baluartes, Marfim e Pedraria”; Pedro Dias; Santan<strong>de</strong>r Totta; Lisboa, 2006.