Bienal de Antiguidades 2011 parte 3 - Antiguidades São Roque
Bienal de Antiguidades 2011 parte 3 - Antiguidades São Roque
Bienal de Antiguidades 2011 parte 3 - Antiguidades São Roque
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
_ 178<br />
153. Polvorinho<br />
Chifre <strong>de</strong> antílope, marfim<br />
Lahore, Índia; séc. XVII / XVIII<br />
Dim.: 37 cm<br />
Estrutura em chifre <strong>de</strong> antílope – Nilgai -, com<br />
elegante terminal em marfim representando<br />
<strong>parte</strong> do corpo e cabeça do animal em<br />
movimento. Uma faixa em prata dourada<br />
e relevada com motivos vegetalistas une os<br />
dois materiais. A ponta do corno termina com<br />
aplicação em latão.<br />
Nilgai é uma varieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> antílope muito<br />
comum no centro e norte da Índia. O seu<br />
nome tem um curioso significado: nil - azul<br />
e gai - animal bovino (vaca). Animal sagrado,<br />
protector dos caçadores, é frequentemente<br />
representado em polvorinhos, sendo a sua<br />
caça consi<strong>de</strong>rada um sacrilégio.<br />
Durante o reinado <strong>de</strong> Aurangzeb o Nilgai era<br />
conhecido como Nilghor, nome <strong>de</strong>rivado da<br />
palavra ghor – cavalo.<br />
Estes trabalhos com motivos zoomórficos<br />
são característicos dos polvorinhos mogóis<br />
datados <strong>de</strong> finais do séc. XVII / XVIII.<br />
Vd. - “The Indian Heritage.Court Life and Arts un<strong>de</strong>r<br />
Mughal Rule”; Victoria and Albert<br />
Museum; Londres; Abril 1982; p. 136.<br />
PARTE 2 OUTRAS PRECIOSIDADES<br />
154. Polvorinho<br />
Chifre <strong>de</strong> antílope e marfim<br />
Lahore, Índia; séc. XVII / XVIII<br />
Dim.: 28,5 cm<br />
O chifre <strong>de</strong> antílope, com formato elegante e textura relevada, dá forma ao polvorinho, exemplificando a<br />
magnífica adaptação <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminados elementos animais a este tipo <strong>de</strong> objecto.<br />
A extremida<strong>de</strong> em marfim apresenta um curioso trabalho escultórico que contrasta com o corpo<br />
acastanhado. Representa a Makara, animal da mitologia hindu, possuidor <strong>de</strong> forte significado para as<br />
comunida<strong>de</strong>s locais.<br />
De acordo com a religião, esta criatura é a vâhana (veículo) dos <strong>de</strong>uses Ganga e Varuna.<br />
Ganga <strong>de</strong>riva do rio Ganges, que é personificado através <strong>de</strong>sta <strong>de</strong>usa. O rio ocupa um papel primordial<br />
na cultura e tradição hindu. Os rituais religiosos realizados nas suas águas auxiliam os crentes na<br />
remissão dos pecados e consequente libertação da alma do samsara. Já Varuna, <strong>de</strong>us da religião<br />
védica primitiva, é o senhor dos céus, mares e oceano celestial.<br />
A ligação às águas sagradas, que tanto Ganga e Varuna possuem, está intrinsecamente relacionada com a<br />
existência e forma da Makara. Tradicionalmente representada como espécie <strong>de</strong> criatura aquática, a sua<br />
cabeça tanto se assemelha à <strong>de</strong> um crocodilo, como à <strong>de</strong> um golfinho do Ganges. Em muitas outras<br />
representações está associada a um corpo <strong>de</strong> peixe com tromba <strong>de</strong> elefante – caso <strong>de</strong>ste exemplar.<br />
A sua relação com a água remete à i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> fertilida<strong>de</strong> e fonte <strong>de</strong> vida.<br />
Vd. - “The Indian Heritage.Court Life and Arts un<strong>de</strong>r Mughal Rule”; Victoria and Albert<br />
Museum; Londres; Abril 1982; p. 136.