ESTRADA DA MORTE

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B
AFIRA
Para Italo Gurgel
Ao nascer, o choro
e os olhos amendoados, brilhantes,como
joias encravadas
no pequeno rosto.
No batismo, o nome: Safira.
E o sacristão, absorto, perdido
em contemplação:
- Meu Deus!
Nas nuvens, esquecido de
seus deveres.Foi trazido de volta
pelas pisadelas do pároco.
- Em nome do Pai, do Filho
e do Espírito Santo!
Quando mocinha, um feitiço.Dentro
daqueles olhinhos
repuxados para as têmporas
(poço de paixão azul-escuro),
muitos mergulharam para nunca
mais.
Com o tempo, a cidade em
ciúmes,sacudida por crimes,pelo
amor de Safira. Centenas de
cadáveres cravejados de punhais.
Os que escapavam das lâminas
eram encontrados de línguas
azuis, dependurados,
mortos na forca, vítimas duma
paixão ensandecida.
Quando os próprios irmãos
engalfinharam-se no centro da
praça,mordendo-se,feito cães,
a mãe de Safira a convocou pa-
DECEPÇÃO
No último dia 17, foi realizado,
dentro da programação
da folia do Momo de Mossoró,
o desfile das agremiações
carnavalescas da cidade.O que
deveria ser o ponto alto da festa
acabou transformando-se
em um evento acompanhado
por um número irrisório de
pessoas na Estação das Artes
Elizeu Ventania.
A marketóloga Jaianny
Eufrásio, que esteve presente
ao desfile, ficou decepcionada
com o que viu. “O poder
público deveria ter oferecido
uma estrutura melhor
para que o carnaval tivesse
mais qualidade. Uma cidade
como Mossoró merece realmente
algo maior e melhor.A
população espera há tempos
por uma festa mais organi-
VARIEDADES
clauderarcanjo@gmail.com.
CLAUDER ARCANJO
PEQUENAS FICÇÕES XXII
ra a tarefa corriqueira de lavarse
à beira-rio.
Lá, no dia seguinte, o seu
corpo foi encontrado, bem no
fundo. Sem os olhos.
zada, com mais animação”,
destaca.
Entre os grupos que desfilaram
na Estação das Artes estão
às escolas de samba Balanço
da Mocidade, Acadêmicos
dos Salinistas, Imperatriz da
Zona Norte; ursos, tribos de
índios; blocos de maracatu e
frevo, entre eles o Explosão
da Riachuelo, coordenado pelo
carnavalesco Francisco das
Chagas, conhecido como
“Quinquim”,que lamenta o fato
da folia em Mossoró não
contagiar o público de maneira
satisfatória.
“Faltou divulgação e empolgação
do poder público,e principalmente
respeito pela população.
A festa deixou muito a
desejar e isso pode ser constatado
pelo pequeno público que
Desse momento em diante,
a cor das águas entre o azulceleste
e o azul-escuro; e todo
animal que ali se banha entra
logo em compulsão de cio.
foi à Estação. Nenhum dono
de agremiação, a não ser aqueles
que foram premiados, ficou
satisfeito com o carnaval”,
afirma o carnavalesco.
Francisco das Chagas faz
ainda uma comparação da programação
desenvolvida pela
Prefeitura Municipal de Mossoró
(PMM) na Estação das
Artes com o carnaval promovido
por iniciativas particulares
da cidade.
“O carnaval da Maria Espaia
Brasa foi muito melhor
que o da Prefeitura, assim como
o Carnabuco, e outras iniciativas.Os
membros da cultura
do poder público atualmente
não têm respeito por aqueles
que mantêm vivas as tradições
carnavalescas em Mossoró”,
conclui Quinquim.
REFLEXÃO
DOMINGUEIRA
XXXVIII
Se o trágico não se une ao cômico,a
ribalta não se abre para a peça.
REFLEXÃO
DOMINGUEIRA
XXXIX
CRENÇA (QUASE) HE-
Domingo, 26 de fevereiro de 2012- 5
RÉTICA VIII? Toda a vida
em que comungava certezas,
o pecado da presunção,da sua
pertinácia, fazia despojos
malsãos.
Desfile das agremiações carnavalescas atrai
público insatisfatório à Estação das Artes
Evento promovido pela Prefeitura Municipal de Mossoró não agradou à população do município
Desfile foi realizado no último dia 17, na Estação das Artes Elizeu Ventania
CLAÚDIO ROBERTO