O Rei Leproso - eBooksBrasil

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estes cavaleiros insubordinados, esta diminuição de religiosidade! Só os peregrinos, aqui, pensam com sinceridade no Santo Sepulcro. Quando o perigo nos ameaça, conduzimos diante de nossas hostes o Lenho da Santa Cruz, mas, à sua sombra, nossas discussões continuam como sempre... Pecado, tudo é pecado... Falei certa vez sobre isto com o Arcebispo Guilherme... Ele diz que tudo provém do seguinte: de termos tomado posse do Santo Sepulcro, pois as coisas sagradas não toleram posse. Julga ele que não devia haver dois reis em Jerusalém, um rei terreno e um rei celeste, que esta cidade devia ser livre — sem outro senhor que não Cristo, aberta para quem quisesse orar. A princípio Raimundo ouviu com atenção o que seu sobrinho dizia, depois bocejou. — Tagarelice de prelado. Se estivésseis bem de saúde, havíeis de rir disso tudo. Mas estais doente, e o tempo se arrasta lentamente. Não fazeis outra coisa senão pensar... pensar, até que idéias esquisitas vos entrem na cabeça. Dizeis que há pecado entre nós? E onde, dizei-me, não se encontra o mal? Em toda a parte é a mesma coisa. Jerusalém não deveria pertencer a ninguém? Como pode deixar de pertencer a alguém? Quem a guardaria? Quem a protegeria contra os ladrões? Quem olharia para que os habitantes não se exterminassem uns aos outros? Seria preciso que a levantásseis da terra e a colocásseis nas nuvens. Mas então, como chegaríamos até lá? — Talvez pudéssemos cercar a cidade por guardas e não permitir que entrasse ninguém armado! — sugeriu Balduíno. Raimundo encolheu os ombros com impaciência. — Armado ou desarmado? E os dentes, as unhas e os punhos? Achais que os homens não sabem lutar sem espadas, que não sabem atirar pedras?... Não! Meu rapaz, isso é uma ridícula fantasia. Os homens são homens; têm que viver e
pensar como homens. De outro modo não realizariam nada. A idéia do Arcebispo não é viável. É verdade que nosso Estado é tudo menos seráfico, mas Deus nos criou criaturas humanas e não anjos. Já não será mérito bastante que montemos guarda ao Santo Sepulcro, que tenhamos expulsado os pagãos, que os peregrinos possam vir aqui a salvo para orar? Será bastante para nós, se formos capazes de manter tudo isso, pelo menos. — É muito pouco — murmurou o <strong>Rei</strong>.
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O Rei Leproso (1936) - Zofia Kossak
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Zofia Kossak-Szczucka Embora se dê
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O mundo, apontava Zofia, estava sil
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esplêndido homem. Seu ventre, já
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— Mas eu não vou excitá-lo, só
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Mas quem deixaria de ser feliz em D
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Um cavalo de raça, a espada chamej
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Ficaram de novo em silêncio. O cé
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latina, de sangue nobre. — Qual o
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E ele a tomou por mulher, e ela tev
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Entretanto Nain, de certo modo pert
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— A culpa é tua. Devias ter dado
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eu enviarei uma carta de agradecime
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para o galinheiro nem para o estáb
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certamente não insistirá. Quem sa
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mencionasse o nome de Lúcia, sua m
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vida sem espinhos, sem cuidados, se
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estou vestido? Com vaidade infantil
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Falava com exagerada firmeza para d
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— Amalrico mandou buscar-te porqu
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mãos. — Que vou fazer? Que vou f
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O novo senhor do Krak Moabita, Rein
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para nada, quando a própria dona v
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muçulmana. Raul de Mouzon de quem
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— Raimundo de Chatillon vai ficar
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— Então foi isso? — berrou Guy
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Amalrico, enfurecido. — Bem podes
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mas isso já acontecera havia muito
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único traço de união entre ele e
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— Onde estão as amas? — pergun
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— Só podes estar falando de noss
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agora com tanto alarido; a criança
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— Contai-nos como conquistastes J
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pior, na verdade, que a de seu avô
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Reinaldo. — Lembro-me de outras c
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possa sair durante metade do dia. N
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profunda meditação, não sentia o
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lá atrás também eram mulheres. M
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caravana. Já eram um horrível lam
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— Não! Não! Ela disse a verdade
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mundo, até ser despertado pelas no
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— Eu não consinto em embaixada a
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era o emblema de um guerreiro inven
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esto? Quando os espiões armênios
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15 A VITÓRIA DO SANTO LENHO Aquela
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Mas Balduíno, lutando para emitir
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Acenando com a cabeça para Balian
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cavaleiros que o rodeavam os mesmos
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Esconderam-se em cavernas. Quando r
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esconder a tristeza. Não haviam si
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16 SIBILA, A FEITICEIRA — Por fav
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ecusardes e alguma aventura desastr
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numa excursão dessas. A simples me
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Jerusalém. — Partirei depois de
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haja pelo menos dois de nós. Humph
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prometer ser uma decepção, estava
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correto, ficamos noivos em segredo.
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— Estou admirada de que, com tais
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17 O MONTE DO PECADO Ao se aproxima
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cavalo. Isabel se precipitou para d
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Por que? Quem impediria as galeras
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— Se tivéssemos de recordar toda
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Ele ficou olhando, pasmado e, sem s
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18 O TEMPLO DE VÊNUS Se as duas pr
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a Áudacia, entre touros e leões,
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Aetes. — Que é o Velocino de Our
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dava um prazer fora do comum. Seu p
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entre as mais lindas moças da terr
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em, apesar de continuar magro. —
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Sibila tinha chegado. Imediatamente
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— Irmão João, mandai vir o Cava
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O destino realizara as audaciosas e
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minha proteção. Fez um sinal a Am
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— Estais apaixonado por ela e nã
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hoje. Se cavalgardes a noite toda,
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A sensação de que tudo quanto lhe
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20 A DERROTA DE SIBILA O erudito Gu
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habitual fanfarronice, e, silencios
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árabe Ibn al Atyr tinha escrito:
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Sibila conduziu-o arrogantemente pa
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amante, como se fosse o seduzido e
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Qualquer coisa era melhor do que o
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João, sufocando um soluço. Voltou
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— Ficareis com ele até que chegu
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tarde era preciso mungir as vacas
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esolvidas. Há três dias, na Igrej
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Padre Gaudêncio tem razão. Dá-lh
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Gaudêncio. — Eu já tinha pensad
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22 EMBAIXADOR DO SULTÃO Sibila erg
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gritou: — A sagrada coroa de Bald
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Sibila deu risada. — Eu gostaria
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— É claro, eu sei. Todos sabem.
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Comendador dos Crentes e o vosso Re
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sala. — Escândalo! Um pagão ous
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Devemos apaziguar Saladino. — Tal
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23 O ARCO-ÍRIS DESPEDAÇADO Benign
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— Oh, minha linda! — exclamou B
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— Não! Não! Fizeste de mim um t
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Começava a ter dúvidas. — Que p
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24 A PACIÊNCIA DE SALADINO Na verd
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Entretanto, a declaração de guerr
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Que Deus protegesse o Santo Sepulcr
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— Bem, então que sugeris? — in
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preocupado. Graças a Deus, aquele
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A madrugada se insinuava na tenda d
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estava a ponto de chorar. Em quem d
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Raimundo se afastou da árvore à q
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loucos por se atirar e dormir no ch
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desaparecido. Tinha fugido de Saffu
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— Não te alegres depressa demais
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— Não te alegres, meu filho, enq
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— Matei um prisioneiro indefeso
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habitantes de Jerusalém e das outr
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almas que se transformassem, de aco
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