Versão em PDF - Partido Social Democrata
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O debate<br />
Luís Marques Mendes (*)<br />
Opinião<br />
Procurando ser objectivo, tenho para mim que Passos Coelho ganhou o debate da passada sexta-feira e que José Sócrates o perdeu. Sim, <strong>em</strong> boa verdade são as duas<br />
coisas: e não apenas por causa das expectativas que existiam <strong>em</strong> torno de um e de outro.<br />
Sócrates perdeu o debate sobretudo por uma razão essencial: porque abdicou de se apresentar como primeiro-ministro e se limitou a fazer o papel de oposição à oposição.<br />
Ora isto é um sinal de fraqueza e uma confissão de incapacidade.<br />
Qu<strong>em</strong> governa e t<strong>em</strong> obra a apresentar defende-a com orgulho, s<strong>em</strong> precisar de desviar as atenções e s<strong>em</strong> recear a confrontação do adversário. Com Sócrates sucede o<br />
oposto. Ele não se foca na governação porque não t<strong>em</strong> resultados a exibir. Ele atira-se às ideias do adversário com o mero intuito de tentar esconder os telhados de vidro<br />
do seu mandato. Ex<strong>em</strong>plo maior é o do des<strong>em</strong>prego. Numa hora de debate, Sócrates não teve uma palavra, uma solução, uma expressão sequer de solidariedade para com<br />
700 mil portugueses no des<strong>em</strong>prego. Tudo isto define um derrotado e mostra um enorme peso na consciência. Especialmente para um primeiro-ministro dito socialista e<br />
de esquerda.<br />
Passos Coelho venceu por duas razões principais: primeiro, porque fez o que um líder da oposição deve fazer – ser certeiro a confrontar o primeiro-ministro com as suas<br />
responsabilidades de governo; depois, porque se afirmou com corag<strong>em</strong> como candidato a primeiro-ministro, esgrimindo propostas para o futuro e soluções para o País.<br />
Qu<strong>em</strong>, desconhecendo a política nacional, aterrasse de repente <strong>em</strong> Portugal e assistisse a este debate seguramente diria que Passos Coelho era o primeiro-ministro e Sócrates<br />
o líder da oposição, tal o volume de propostas que o primeiro exibia e o vazio de ideias que o segundo d<strong>em</strong>onstrava. É isso mesmo: pelos programas que apresentam,<br />
o líder do PSD já veste o fato de primeiro--ministro, enquanto o líder do PS já enverga o estatuto de oposição. De forma consciente ou inconsciente, ambos já interiorizaram<br />
o resultado da eleição.<br />
Ao contrário do que vaticina o primeiro-ministro, a escolha de 5 de Junho não é entre qu<strong>em</strong> está a favor ou contra o estado social. É, sim, entre o desastre do passado e<br />
a nova esperança reformista do futuro. Um conduziu-nos à ajuda externa. Outro, daqui a três anos, pode libertar-nos dela. Eis a fronteira que separa a responsabilidade da<br />
irresponsabilidade.<br />
(*) Jurista, ex-Presidente do PSD<br />
A vantag<strong>em</strong> competitiva<br />
Jaime Quesado (*)<br />
A Economia Nacional encontra-se <strong>em</strong> profunda recessão. Os dados confirmados pelo Governo apontam nesse sentido e mais do que nunca importa apostar num Novo<br />
Modelo de Competitividade e Crescimento. Esta crise de crescimento que se vive actualmente v<strong>em</strong> sendo atribuída a um fenómeno externo, conjuntural. Isto não é assim, <strong>em</strong><br />
grande medida: a não convergência para a média de rendimento per capita da UE dura há cerca de uma década e, por isso, <strong>em</strong> paralelo àquele fenómeno macroeconómico<br />
há um probl<strong>em</strong>a estrutural <strong>em</strong> Portugal.<br />
Portugal não consegue atingir os níveis de produtividade da EU e isto é uma condição sine qua non para se atingir os grandes objectivos de prosperidade, solidariedade<br />
e qualidade de vida. Como é que vamos além dos grandes números (PIB por habitante) e identificamos as variáveis concretas que vão propiciar aquela convergência? Como<br />
é que se passa do debate macro-económico para o chão das <strong>em</strong>presas?<br />
Impõe-se corrigir o rumo e a posição dos protagonistas do processo de desenvolvimento do País, <strong>em</strong> ord<strong>em</strong> a obter um modelo mais assertivo e mais eficaz. As variáveis<br />
para esse processo, com base <strong>em</strong> dados do Fórum Económico Mundial e para o caso Português, passam antes de mais pelo aumento das exportações no PIB, mas fazê-lo<br />
porque se trabalha para clientes mais exigentes. Isto reforçará factores de competitividade baseados <strong>em</strong> recursos e capacidades únicos, flexíveis e valiosos, por oposição aos<br />
modelos mecânicos, lineares, baseados na minimização de custos.<br />
Importa também apostar na dinamização de indústrias de bens transaccionáveis de média e alta intensidade tecnológica, procurando envolvê-las com os grandes investimentos<br />
de IDE. Isto reforçará o capital <strong>em</strong>preendedor, normalmente <strong>em</strong> micro e médias <strong>em</strong>presas/projectos, e contribuirá para a fixação de conhecimento, ganhos económicos<br />
e aumentos nos centros de decisão Portugueses. Para tal, também se deverá apostar na educação superior e na formação. Mas isto não significa elevar o número de<br />
diplomados por si. Significa promover o grau de utilidade da educação/formação para as <strong>em</strong>presas.<br />
É assim possível atingir os objectivos individuais e colectivos que ambicionamos. O que já não é possível é manter o modelo actual. No entanto é bom saber que parte<br />
da solução está nas mãos dos Portugueses e que é possível monitorar os progressos do País olhando para alavancas muito simples, identificadas acima. Com certeza que<br />
há um debate ideológico implícito mas pod<strong>em</strong>os, seguindo Schumpeter, ser pragmáticos e reconhecer honesta e desapaixonadamente qual o modelo que nos traz, ou não,<br />
mais benefícios.<br />
(*) Gestor<br />
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