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Reflexões sobre A História da Loucura de Michel Foucault - Unicamp

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Priscila Piazentini Vieira<br />

<strong>Reflexões</strong> <strong>sobre</strong> “A <strong>História</strong> <strong>da</strong> <strong>Loucura</strong>” <strong>de</strong> <strong>Michel</strong> <strong>Foucault</strong><br />

exercício ético <strong>de</strong> uma punição moral. Essa noção <strong>de</strong> morali<strong>da</strong><strong>de</strong> inventa<br />

uma nova lei civil que não mais con<strong>de</strong>na, mas administra, recupera e<br />

tenta trazer o ocioso <strong>de</strong> volta à socie<strong>da</strong><strong>de</strong>, sem nenhum abuso <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r.<br />

São nas instituições <strong>da</strong> monarquia absoluta, simboliza<strong>da</strong>s anteriormente<br />

através <strong>da</strong> arbitrarie<strong>da</strong><strong>de</strong>, que a idéia burguesa <strong>da</strong> virtu<strong>de</strong> como um<br />

importante assunto <strong>de</strong> Estado se concretizará.<br />

A internação, portanto, é uma criação institucional própria ao século<br />

XVII e assume um sentido inteiramente diferente <strong>da</strong> prisão na I<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

Média. É, assim, <strong>de</strong> uma invenção e não <strong>de</strong> uma evolução que <strong>Foucault</strong><br />

trata. De um evento <strong>de</strong>cisivo que rompe e modifica o sentido<br />

anteriormente reservado ao internamento. Um evento importante para a<br />

própria loucura, que agora é percebi<strong>da</strong> no horizonte social <strong>da</strong> pobreza,<br />

<strong>da</strong> incapaci<strong>da</strong><strong>de</strong> para o trabalho e <strong>da</strong> impossibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> integrar-se ao<br />

grupo, modificando o seu sentido drasticamente. Nasce, assim, uma<br />

nova sensibili<strong>da</strong><strong>de</strong> em relação à loucura, na qual esta é arranca<strong>da</strong> <strong>de</strong><br />

sua liber<strong>da</strong><strong>de</strong> imaginária tão presente na Renascença e se vê reclusa<br />

pelo internamento e liga<strong>da</strong> à Razão e às regras <strong>da</strong> moral.<br />

Essa história <strong>da</strong> loucura conta<strong>da</strong> por <strong>Foucault</strong> não é gloriosa, não se<br />

relaciona a conquistas do progresso e nem a começos puros e<br />

fun<strong>da</strong>dores <strong>de</strong> uma moral que encontrou finalmente a sua forma<br />

superior, mas liga-se aos começos baixos, in<strong>de</strong>corosos e sangrentos que<br />

nascem <strong>de</strong> batalhas incessantes nas quais, um dos componentes,<br />

através <strong>de</strong> uma força, <strong>de</strong> uma dominação, <strong>de</strong> um ato <strong>de</strong> violência, vence<br />

e apaga os sentidos que o componente <strong>de</strong>rrotado possuía. <strong>Foucault</strong><br />

afirma:<br />

O gran<strong>de</strong> jogo <strong>da</strong> história será <strong>de</strong> quem se apo<strong>de</strong>rar <strong>da</strong>s regras,<br />

<strong>de</strong> quem tomar o lugar <strong>da</strong>queles que as utilizam, <strong>de</strong> quem se<br />

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