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Reflexões sobre A História da Loucura de Michel Foucault - Unicamp

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Priscila Piazentini Vieira<br />

<strong>Reflexões</strong> <strong>sobre</strong> “A <strong>História</strong> <strong>da</strong> <strong>Loucura</strong>” <strong>de</strong> <strong>Michel</strong> <strong>Foucault</strong><br />

Como é que a experiência <strong>da</strong> loucura se viu finalmente confisca<strong>da</strong><br />

(...) <strong>de</strong> tal maneira que no limiar <strong>da</strong> era clássica to<strong>da</strong>s as imagens<br />

trágicas evoca<strong>da</strong>s na época anterior se dissiparam na sombra?<br />

(<strong>Foucault</strong>, 1997:29).<br />

O filósofo preten<strong>de</strong>, <strong>de</strong>sse modo, compreen<strong>de</strong>r a experiência que o<br />

Classicismo teve <strong>da</strong> loucura, pensando, assim, na própria historici<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

<strong>da</strong>s formas <strong>da</strong> experiência.(<strong>Foucault</strong>, 1994: 579).<br />

Para <strong>Foucault</strong>, duas questões são fun<strong>da</strong>mentais para enten<strong>de</strong>r a<br />

experiência <strong>da</strong> loucura no Classicismo. Primeiramente, a loucura passa a<br />

ser consi<strong>de</strong>ra<strong>da</strong> e entendi<strong>da</strong> somente em relação à razão, pois, num<br />

movimento <strong>de</strong> referência recíproca, se por um lado elas se recusam, <strong>de</strong><br />

outro uma fun<strong>da</strong>menta a outra. Em segundo lugar, a loucura só passa a<br />

ter sentido no próprio campo <strong>da</strong> razão, tornando-se uma <strong>de</strong> suas<br />

formas. A razão, <strong>de</strong>ssa maneira, <strong>de</strong>signa a loucura como um momento<br />

essencial <strong>de</strong> sua própria natureza, já que agora “a ver<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> loucura é<br />

ser interior à razão, ser uma <strong>de</strong> suas figuras, uma força e como que<br />

uma necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> momentânea a fim <strong>de</strong> melhor certificar-se <strong>de</strong> si<br />

mesma”.(<strong>Foucault</strong>, 1997: 36).<br />

É a partir <strong>da</strong> meta<strong>de</strong> do século XVII que a ligação entre a loucura e<br />

o internamento ocorrerá. O internamento é importante para <strong>Foucault</strong><br />

por duas razões: primeiramente, por ele ser a estrutura mais visível <strong>da</strong><br />

experiência clássica <strong>da</strong> loucura e, em segundo lugar, porque será<br />

exatamente ele que provocará o escân<strong>da</strong>lo quando essa experiência<br />

<strong>de</strong>saparecer, no século XIX, <strong>da</strong> cultura européia, a ponto <strong>de</strong>, por<br />

exemplo, com Pinel ou Tuke, aparecer a idéia <strong>de</strong> uma libertação dos<br />

loucos do internamento produzido pelo século XVII. Mas, ao contrário <strong>de</strong><br />

fazer a história <strong>de</strong>ssa suposta “libertação”, <strong>Foucault</strong> prestará atenção à<br />

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