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Ester Judite Bendjouya Gutierrez - SBHC

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Moçambique. O restante foi apontado simplesmente como africano. Dezoito dos nascidos na<br />

África tinham conseguido a alforria. Portanto, 63,3% dos obreiros africanos hospitalizados<br />

não gozavam a liberdade, sendo que um tinha contrato de trabalho obrigatório e outro era<br />

sentenciado.<br />

Os africanos dedicavam-se aos serviços de pedreiro, praticamente, 35%; de carpinteiro,<br />

26,5%; de ferreiro, 16%; de oleiro, 12%; de pintor, 4%. Em menor quantidade, eram<br />

serradores, marceneiros e funileiros. Portanto, mais uma vez reforça-se a hipótese segundo a<br />

qual os africanos ficaram com a construção do casco da cidade. Entre os africanos<br />

hospitalizados, levantar as paredes dos edifícios tinha sido a ocupação preferencial.<br />

A média de idade entre os internados era de 50 anos; o mais jovem tinha vinte e cinco anos; o<br />

mais idoso, 90 e a moda era de 40 anos de idade. O reumatismo, a tuberculose e a bronquite<br />

foram as enfermidades que mais incomodaram os africanos. A maioria faleceu de diarréia.<br />

Entre os africanos hospitalizados, 21,7% vieram a morrer no hospital. Essa situação foi pior<br />

quando o africano era livre, vindo 43% a padecer. Na condição de cativos, o percentual de<br />

óbitos alcançava 17%.<br />

“Pardos”<br />

Dez por cento dos obreiros hospitalizados eram “pardos”, ou seja, dos 811, exatos 81 eram<br />

mulatos. Quinze por cento da população mulata vivia prisioneira de um senhor. Um pouco<br />

mais da metade dos “pardos” eram gaúchos, e pouco mais de 40% vieram de outras<br />

províncias do Império, em especial da Bahia e do Rio de Janeiro. O restante dividia-se entre<br />

paraguaios e uruguaios. Quase a metade compunha-se de carpinteiros. Depois, 21% exerciam<br />

as atividades de pedreiro. Em terceiro lugar, 11% eram marceneiros. Suas tarefas consistiam,<br />

primeiramente, em trabalhar com a madeira e, a seguir, em erguer paredes. Nenhum cativo<br />

mulato faleceu no hospital, ao passo que 25% dos “pardos” livres morreram no<br />

estabelecimento. Interessante anotar que 5% dos brancos faleceram sob os cuidados da<br />

Misericórdia. Respectivamente, a média e a moda das idades, entre os cativos “pardos”, eram<br />

de 22 e 20 anos, enquanto para os livres, ficavam em 37 e 21. Outra vez, repete-se a história<br />

de seus pais, negros, mas com a cor não tão carregada, mais amena, dissipada pela palidez de<br />

seus genitores brancos. Os “pardos” resistiram mais à morte que seus manos negros, e menos<br />

que seus irmãos brancos.<br />

Suportaram os ferimentos, a sífilis, o bubão ulcerado e a bronquite. A maior frequência de<br />

falecimentos foi causada pela tuberculose. De 1848 a 1858, foram hospitalizados 12 “pardos”;<br />

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