18.04.2013 Views

Aspectos da História Trágico-Marítima. O reverso da medalha ou ...

Aspectos da História Trágico-Marítima. O reverso da medalha ou ...

Aspectos da História Trágico-Marítima. O reverso da medalha ou ...

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Carlos Jaca<br />

Em boa ver<strong>da</strong>de, as características e a história <strong>da</strong> Carreira <strong>da</strong> Índia contiveram<br />

em si um p<strong>ou</strong>co de tudo. À magnitude e ambição <strong>da</strong> vontade concretiza<strong>da</strong>, junt<strong>ou</strong>-se<br />

muitas vezes a mesquinhez dos actos humanos e <strong>da</strong>s condições em que os mesmos<br />

decorreram.<br />

A Carreira <strong>da</strong> Índia exigia sobretudo acomo<strong>da</strong>ção perfeita ao condicionalismo<br />

físico dos oceanos, isto é, ao regime variável dos ventos e correntes no Atlântico e<br />

no Índico.<br />

As naus deviam largar <strong>ou</strong> regressar em meses certos e nunca fora do tempo,<br />

navegar de conserva, fugir à zona <strong>da</strong>s calmas e <strong>da</strong>s tempestades, bem como buscar<br />

atempa<strong>da</strong>mente as agua<strong>da</strong>s.<br />

Atendendo às condições de navegação no Atlântico e Índico que era<br />

necessário conciliar, e certamente também por questões de natureza organizativa, foi<br />

necessário estabelecer um calendário minimamente rigoroso para as parti<strong>da</strong>s e<br />

etapas <strong>da</strong>s viagens <strong>da</strong>s naus <strong>da</strong> Índia, interligado de forma muito íntima com o<br />

trajecto a seguir.<br />

De acordo com o modelo rapi<strong>da</strong>mente estabelecido após as primeiras viagens,<br />

as naus <strong>da</strong> Índia saíam em conserva do Tejo nas últimas semanas do Inverno <strong>ou</strong> nos<br />

começos <strong>da</strong> Primavera, <strong>ou</strong> seja, entre o início de Março e a primeira quinzena de<br />

Abril. Desta forma, ser-lhes-ia possível aproveitar um regime favorável de ventos no<br />

Atlântico, na primeira fase <strong>da</strong> viagem, e atingir o Índico a tempo de beneficiarem <strong>da</strong><br />

monção de sudoeste para rumarem à costa ocidental <strong>da</strong> península indostânica.<br />

A permanência no Índico para as naus que completassem a viagem de i<strong>da</strong> no<br />

calendário normal, e que estivessem destina<strong>da</strong>s a regressar com carregamento de<br />

especiaria, era de apenas três <strong>ou</strong> quatro meses, até ao início do ano seguinte. A<br />

parti<strong>da</strong> do Índico realizava-se, por regra, em finais de Dezembro <strong>ou</strong> nos primeiros<br />

dias de Janeiro, de maneira a ser possível à arma<strong>da</strong> aproveitar a monção do norte e<br />

dirigir-se rapi<strong>da</strong>mente até ao Cabo pelo canal de Moçambique <strong>ou</strong> pelo Índico<br />

Central. Passado o Cabo em finais de Fevereiro, seria possível aproveitar ventos<br />

7

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!