18.04.2013 Views

a utilização de técnicas nucleadoras na restauração ecológica do ...

a utilização de técnicas nucleadoras na restauração ecológica do ...

a utilização de técnicas nucleadoras na restauração ecológica do ...

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

A UTILIZAÇÃO DE TÉCNICAS NUCLEADORAS NA RESTAURAÇÃO ECOLÓGICA DO<br />

CANTEIRO DE OBRAS DA UHE SERRA DO FACÃO, BRASIL<br />

Alexandre Mariot 1 , Luiz Carlos Martins 2 , Roberto Giuseppe Viviani 2 , Eduar<strong>do</strong> Ribeiro<br />

Peixoto 1<br />

1 ORBI – Organização e Planejamento em Biodiversida<strong>de</strong> Ltda. 2 Construções e Comércio<br />

Camargo Corrêa S.A.<br />

Ro<strong>do</strong>via Luiz Antônio <strong>de</strong> Moura Gonzaga, 647-25, Rio Tavares, Florianópolis, SC, Brasil. Tel/fax: 48-3232-<br />

6488. alexandre_mariot@yahoo.com.br<br />

RESUMO<br />

O Cerra<strong>do</strong> Brasileiro é um Bioma com uma megadiversida<strong>de</strong> biológica ameaçada <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> a sua alta<br />

fragmentação e a manutenção <strong>de</strong> poucas áreas para conservação. A <strong>restauração</strong> <strong>do</strong>s ecossistemas<br />

<strong>de</strong>grada<strong>do</strong>s po<strong>de</strong> ser um instrumento para a formação <strong>de</strong> corre<strong>do</strong>res que venham a unir fragmentos<br />

remanescentes, permitin<strong>do</strong> assim a continuida<strong>de</strong> <strong>do</strong> fluxo gênico, necessário para a manutenção das<br />

espécies e da variabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> suas populações Neste senti<strong>do</strong>, a Construções e Comércio Camargo<br />

Corrêa S/A está restauran<strong>do</strong> 56 hectares <strong>do</strong> canteiro <strong>de</strong> obras da Usi<strong>na</strong> Hidrelétrica Serra <strong>do</strong> Facão,<br />

no Cerra<strong>do</strong> Brasileiro, utilizan<strong>do</strong> <strong>técnicas</strong> <strong>nuclea<strong>do</strong>ras</strong>, on<strong>de</strong> núcleos são forma<strong>do</strong>s e irradiam a<br />

biodiversida<strong>de</strong> para as áreas circundantes. As <strong>técnicas</strong> utilizadas são: transposição <strong>de</strong> solo,<br />

semeadura <strong>de</strong> herbáceas e/ou hidrossemeadura, transposição <strong>de</strong> galharias, poleiros artificiais,<br />

plantio <strong>de</strong> mudas em ilhas <strong>de</strong> alta diversida<strong>de</strong>, além da <strong>utilização</strong> das epífitas resgatadas durante o<br />

<strong>de</strong>smatamento da área <strong>do</strong> canteiro <strong>de</strong> obras (orquí<strong>de</strong>as, bromélias e cactáceas). As mudas estão<br />

sen<strong>do</strong> produzidas num viveiro com capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> produção <strong>de</strong> 60.000 mudas <strong>de</strong> espécies <strong>na</strong>tivas <strong>do</strong><br />

cerra<strong>do</strong>, oriundas <strong>de</strong> sementes coletadas <strong>de</strong> forma a garantir a diversida<strong>de</strong> genética <strong>na</strong>tural das<br />

espécies. Estão sen<strong>do</strong> produzidas mudas <strong>de</strong> aroeira, vinhático, angico, capitão, tamburil, cajara<strong>na</strong>,<br />

papeira, jerivá, faveiro, ipê-amarelo, garapa, maria-pobre, ingá, baru, lobeira, pequi, cafezinho e<br />

jenipapo, entre outras. Essas mudas estão sen<strong>do</strong> plantadas tanto <strong>na</strong>s áreas <strong>de</strong>gradadas <strong>do</strong> canteiro <strong>de</strong><br />

obras quanto em outras áreas <strong>de</strong> preservação permanente, como as margens <strong>do</strong> Rio Pirapitinga, e<br />

utilizadas em trabalhos <strong>de</strong> educação ambiental. Também foram salvas anterior ao <strong>de</strong>smatamento <strong>do</strong><br />

canteiro <strong>de</strong> obras epífitas, principalmente bromélias, orquí<strong>de</strong>as e cactáceas, que foram levadas para<br />

o Viveiro <strong>de</strong> Produção <strong>de</strong> Mudas Nativas, e também serão utilizadas <strong>na</strong> <strong>restauração</strong> das áreas<br />

<strong>de</strong>gradadas. A <strong>utilização</strong> <strong>de</strong> <strong>técnicas</strong> <strong>nuclea<strong>do</strong>ras</strong> <strong>na</strong> <strong>restauração</strong> <strong>ecológica</strong> <strong>do</strong> canteiro <strong>de</strong> obras da<br />

UHE Serra <strong>do</strong> Facão está trazen<strong>do</strong> resulta<strong>do</strong>s muito superiores <strong>do</strong> ponto <strong>de</strong> vista ecológico e<br />

econômico quan<strong>do</strong> compara<strong>do</strong> com outros projetos <strong>de</strong> recuperação que utilizam ape<strong>na</strong>s o plantio <strong>de</strong><br />

mudas como ferramenta <strong>de</strong> ação. Essas <strong>técnicas</strong> estão atrain<strong>do</strong> a fau<strong>na</strong> <strong>na</strong>tiva para as áreas<br />

<strong>de</strong>gradadas, que auxiliam <strong>na</strong> dispersão <strong>na</strong>tural <strong>de</strong> sementes.


Cerra<strong>do</strong><br />

INTRODUÇÃO<br />

Cerra<strong>do</strong> é o nome regio<strong>na</strong>l da<strong>do</strong> às sava<strong>na</strong>s brasileiras. Cerca <strong>de</strong> 85% <strong>do</strong> gran<strong>de</strong> platô que<br />

ocupa o Brasil Central era origi<strong>na</strong>lmente <strong>do</strong>mi<strong>na</strong><strong>do</strong> pela paisagem <strong>do</strong> cerra<strong>do</strong>, representan<strong>do</strong> cerca<br />

<strong>de</strong> 1,5 a 2 milhões <strong>de</strong> km 2 , ou aproximadamente 20% da superfície <strong>do</strong> País. O clima típico da região<br />

<strong>do</strong>s cerra<strong>do</strong>s é quente, semi-úmi<strong>do</strong> e notadamente sazo<strong>na</strong>l, com verão chuvoso e inverno seco. A<br />

pluviosida<strong>de</strong> anual fica em torno <strong>de</strong> 800 a 1600 mm. Os solos são geralmente muito antigos,<br />

quimicamente pobres e profun<strong>do</strong>s, <strong>de</strong>ficiente em nutrientes e rico em ferro e alumínio.<br />

Porém o Cerra<strong>do</strong> não é uma região uniforme quanto a vegetação. Existem ali classificações<br />

diferentes <strong>de</strong> vegetação, conforme a <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> <strong>de</strong> árvores por área:<br />

- Campo limpo: com vegetação pre<strong>do</strong>mi<strong>na</strong>nte e quase exclusiva <strong>de</strong> gramíneas;<br />

- Campo sujo: possui cerca <strong>de</strong> 15% <strong>de</strong> árvores e arbustos, os quais concentram-se geralmente em<br />

"ilhas" <strong>de</strong> vegetação;<br />

- Cerra<strong>do</strong> típico ou stricto senso: com árvores mais espaçadas e <strong>de</strong> menor porte.<br />

- Cerradão: com vegetação exuberante, composta <strong>de</strong> árvores médias e altas, porém ainda com um<br />

percentual <strong>de</strong> vegetação baixa e arbustos;<br />

- Matas <strong>de</strong> galerias ou ciliares: matas fechadas que ocorrem em <strong>na</strong>scentes ou ao longo <strong>de</strong> cursos<br />

d’água, em regiões mais férteis. Assemelham-se à região <strong>de</strong> Mata Atlântica, muitas vezes repetin<strong>do</strong><br />

as mesmas espécies <strong>de</strong>sta, como jequitibás.<br />

- Veredas: formação vegetal interessantíssima e típica da região. Ao longo <strong>de</strong> brejos ou locais<br />

encharca<strong>do</strong>s, forma-se um “caminho” <strong>de</strong> palmeiras buritis, que só sobrevivem neste tipo <strong>de</strong> terreno,<br />

e se <strong>de</strong>stacam <strong>na</strong> paisagem.<br />

Durante os meses quentes <strong>de</strong> verão, quan<strong>do</strong> as chuvas se concentram e os dias são mais<br />

longos, tu<strong>do</strong> ali é muito ver<strong>de</strong>. No inverno, ao contrário, o capim amarelece e seca; quase todas as<br />

árvores e arbustos, por sua vez, trocam a folhagem senescente por outra totalmente nova. Mas não o<br />

fazem to<strong>do</strong>s os indivíduos a um só tempo, como <strong>na</strong>s caatingas nor<strong>de</strong>sti<strong>na</strong>s. Enquanto alguns ainda<br />

mantêm suas folhas ver<strong>de</strong>s, outros já as apresentam amarelas ou pardacentas, e outros já se<br />

<strong>de</strong>spiram totalmente <strong>de</strong>las. Assim, o cerra<strong>do</strong> não se comporta como uma vegetação caducifólia,<br />

embora cada um <strong>de</strong> seus indivíduos arbóreos e arbustivos o sejam, porém in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente uns<br />

<strong>do</strong>s outros. Mesmo no auge da seca, o cerra<strong>do</strong> apresenta algum ver<strong>de</strong> no seu estrato arbóreoarbustivo.<br />

Suas espécies lenhosas são caducifólias, mas a vegetação como um to<strong>do</strong> não. Esta é<br />

semi-caducifólia.<br />

As árvores <strong>do</strong> cerra<strong>do</strong> são muito peculiares, com troncos tortos, cobertos por uma cortiça<br />

grossa, cujas folhas são geralmente gran<strong>de</strong>s e rígidas. Muitas plantas herbáceas têm órgãos<br />

subterrâneos para armaze<strong>na</strong>r água e nutrientes. Cortiça grossa e estruturas subterrâneas po<strong>de</strong>m ser<br />

interpretadas como algumas das muitas adaptações <strong>de</strong>sta vegetação às queimadas periódicas a que é<br />

submetida, protegen<strong>do</strong> as plantas da <strong>de</strong>struição e capacitan<strong>do</strong>-as para rebrotar após o fogo.<br />

Acredita-se que, como em muitas sava<strong>na</strong>s <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>, os ecossistemas <strong>de</strong> cerra<strong>do</strong> vêm co-existin<strong>do</strong><br />

com o fogo <strong>de</strong>s<strong>de</strong> tempos remotos, inicialmente como incêndios <strong>na</strong>turais causa<strong>do</strong>s por relâmpagos<br />

ou ativida<strong>de</strong> vulcânica e, posteriormente, causa<strong>do</strong>s pelo homem. Tiran<strong>do</strong> proveito da rebrota <strong>do</strong><br />

estrato herbáceo que se segue após uma queimada em cerra<strong>do</strong>, os habitantes primitivos <strong>de</strong>stas<br />

regiões apren<strong>de</strong>ram a se servir <strong>do</strong> fogo como uma ferramenta para aumentar a oferta <strong>de</strong> forragem<br />

aos seus animais (herbívoros) <strong>do</strong>mestica<strong>do</strong>s, o que ocorre até hoje.<br />

Água parece não ser um fator limitante para a vegetação <strong>do</strong> cerra<strong>do</strong>, particularmente para o<br />

seu estrato arbóreo-arbustivo. Como estas plantas possuem raízes pivotantes profundas, que chegam<br />

a 20 metros <strong>de</strong> profundida<strong>de</strong>, atingin<strong>do</strong> camadas <strong>de</strong> solo permanentemente úmidas, mesmo <strong>na</strong> seca,<br />

elas dispõem sempre <strong>de</strong> algum abastecimento hídrico. No perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> estiagem, o solo se <strong>de</strong>sseca<br />

2


ealmente, mas ape<strong>na</strong>s em sua parte superficial (1,5 a 2 metros <strong>de</strong> profundida<strong>de</strong>). Conseqüência<br />

disto é a <strong>de</strong>ficiência hídrica apresentada pelo estrato herbáceo-subarbustivo, cuja parte epigéia se<br />

<strong>de</strong>sseca e morre, embora suas partes hipogéias se mantenham vivas, resistin<strong>do</strong> sob a terra às agruras<br />

da seca. Vários experimentos já <strong>de</strong>monstraram que, mesmo durante a seca, as folhas das árvores<br />

per<strong>de</strong>m razoáveis quantida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> água por transpiração, evi<strong>de</strong>ncian<strong>do</strong> sua disponibilida<strong>de</strong> <strong>na</strong>s<br />

camadas profundas <strong>do</strong> solo. Muitas espécies arbóreas <strong>de</strong> cerra<strong>do</strong> florescem em ple<strong>na</strong> estação seca<br />

como o ipê-amarelo, <strong>de</strong>monstran<strong>do</strong> o mesmo fato. A termoperiodicida<strong>de</strong> diária e estacio<strong>na</strong>l parece<br />

ser um fator <strong>de</strong> certa importância para a vegetação <strong>do</strong> cerra<strong>do</strong>, particularmente para o estrato<br />

herbáceo-subarbustivo. Geadas, todavia, prejudicam bastante as plantas matan<strong>do</strong> suas folhas, que<br />

logo secam e caem, aumentan<strong>do</strong> em muito a serapilheira e o risco <strong>de</strong> incêndios.<br />

Ventos fortes e constantes não são uma característica geral <strong>do</strong> Domínio <strong>do</strong> Cerra<strong>do</strong>.<br />

Normalmente a atmosfera é calma e o ar fica muitas vezes quase para<strong>do</strong>. Em agosto costumam<br />

ocorrer algumas ventanias, levantan<strong>do</strong> poeira e cinzas <strong>de</strong> queimadas a gran<strong>de</strong>s alturas, através <strong>de</strong><br />

re<strong>de</strong>moinhos que se po<strong>de</strong>m ver <strong>de</strong> longe. Às vezes elas po<strong>de</strong>m ser tão fortes que até mesmo grossos<br />

galhos são arranca<strong>do</strong>s das árvores e atira<strong>do</strong>s à distância.<br />

A gran<strong>de</strong> variabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> habitats nos diversos tipos <strong>de</strong> cerra<strong>do</strong> suporta uma enorme<br />

diversida<strong>de</strong> <strong>de</strong> espécies <strong>de</strong> plantas e animais. A presença <strong>de</strong> três das maiores bacias hidrográficas da<br />

América <strong>do</strong> Sul (Tocantins-Araguaia, São Francisco e Prata) <strong>na</strong> região favorece sua biodiversida<strong>de</strong>.<br />

Estima-se que 10 mil espécies <strong>de</strong> vegetais, 837 <strong>de</strong> aves e 161 <strong>de</strong> mamíferos vivam ali.<br />

Entre as espécies vegetais que caracterizam o Cerra<strong>do</strong> estão o barbatimão, o pau-santo, a<br />

gabiroba, o pequizeiro, o araçá, a sucupira, o pau-terra, a catuaba e o indaiá. Debaixo <strong>de</strong>ssas árvores<br />

crescem diferentes tipos <strong>de</strong> capim, como o capim-flecha, que po<strong>de</strong> atingir uma altura <strong>de</strong> 2,5m. On<strong>de</strong><br />

corre um rio ou córrego, encontram-se as matas ciliares, ou matas <strong>de</strong> galeria, que são <strong>de</strong>nsas<br />

florestas estreitas, <strong>de</strong> árvores maiores, que margeiam os cursos d’água. Nos brejos, próximos às<br />

<strong>na</strong>scentes <strong>de</strong> água, o buriti <strong>do</strong>mi<strong>na</strong> a paisagem e forma as veredas <strong>de</strong> buriti. Como famílias <strong>de</strong> maior<br />

expressão <strong>de</strong>stacam-se as Leguminosas (Mimosaceae, Fabaceae e Caesalpiniaceae), entre as<br />

lenhosas, e as Gramíneas (Poaceae) e Compostas (Asteraceae), entre as herbáceas.<br />

Entre a diversida<strong>de</strong> <strong>de</strong> invertebra<strong>do</strong>s, os mais notáveis são os térmitas (cupins) e as formigas<br />

corta<strong>de</strong>iras (saúvas). São eles os principais herbívoros <strong>do</strong> cerra<strong>do</strong>, ten<strong>do</strong> uma gran<strong>de</strong> importância no<br />

consumo e <strong>na</strong> <strong>de</strong>composição da matéria orgânica, assim como constituem uma importante fonte<br />

alimentar para muitas outras espécies animais. Entre os Vertebra<strong>do</strong>s <strong>de</strong> maior porte encontra<strong>do</strong>s em<br />

áreas <strong>de</strong> Cerra<strong>do</strong>, citamos a jibóia, a cascavel, várias espécies <strong>de</strong> jararaca, o lagarto teiú, a ema, a<br />

seriema, a curicaca, o urubu comum, o urubu caça<strong>do</strong>r, o urubu-rei, araras, tucanos, papagaios,<br />

gaviões, o tatu-peba, o tatu-galinha, o tatu-ca<strong>na</strong>stra, o tatu-<strong>de</strong>-rabo-mole, o tamanduá-ban<strong>de</strong>ira e o<br />

tamanduá-mirim, o vea<strong>do</strong>-campeiro, o cateto, a anta, o cachorro-<strong>do</strong>-mato, o cachorro-vi<strong>na</strong>gre, o<br />

lobo-guará, a jaritataca, o gato-mourisco, e muito raramente a onça-parda e a onça-pintada.<br />

Essa riqueza biológica, porém, é seriamente afetada pela caça e pelo comércio ilegal. Hoje,<br />

menos <strong>de</strong> 2% <strong>de</strong>ssa biodiversida<strong>de</strong> está protegida em parques ou reservas. Entre eles po<strong>de</strong>mos<br />

mencio<strong>na</strong>r o Parque Nacio<strong>na</strong>l das Emas (131.832 ha), o Parque Nacio<strong>na</strong>l Gran<strong>de</strong> Sertão Veredas<br />

(84.000 ha), o Parque Nacio<strong>na</strong>l da Chapada <strong>do</strong>s Guimarães (33.000 hs), o Parque Nacio<strong>na</strong>l da Serra<br />

da Ca<strong>na</strong>stra (71.525 ha), o Parque Nacio<strong>na</strong>l da Chapada <strong>do</strong>s Vea<strong>de</strong>iros (60.000 ha) e o Parque<br />

Nacio<strong>na</strong>l <strong>de</strong> Brasília (28.000 ha). Embora estas áreas possam, à primeira vista, parecerem enormes,<br />

para a conservação <strong>de</strong> carnívoros <strong>de</strong> maior porte, como a onça-pintada e a onça-parda, por exemplo,<br />

o i<strong>de</strong>al seria que elas fossem ainda maiores (Arruda, 2005).<br />

Biodiversida<strong>de</strong> e Conservação<br />

Uma pergunta ainda sem resposta no planeta terra é: “Quantas espécies vivem aqui?”.<br />

Existem estimativas entre 1,5 e 30 milhões <strong>de</strong> espécies <strong>de</strong> plantas e animais, mas as mais atuais<br />

sugerem 6 milhões, sen<strong>do</strong> que a maioria das espécies permanece sem nome e sem classificação<br />

3


pelos taxonomistas. Entre 1,5 e 1,8 milhões <strong>de</strong> espécies já foram <strong>de</strong>scritas por taxonomistas, sen<strong>do</strong><br />

aproximadamente 750.000 insetos, 41.000 mil vertebra<strong>do</strong>s e 250.000 plantas (Dobson, 1995).<br />

As plantas medici<strong>na</strong>is <strong>na</strong>tivas se enquadram <strong>na</strong> situação <strong>de</strong>scrita, e assim como o<br />

ecossistema num to<strong>do</strong>, vem sen<strong>do</strong> extintas pela ação antrópica <strong>de</strong>sor<strong>de</strong><strong>na</strong>da. As florestas<br />

provavelmente contêm uma gran<strong>de</strong> parte das plantas <strong>do</strong> planeta com interessantes constituintes<br />

farmacológicos. Interações entre plantas tropicais e seus preda<strong>do</strong>res <strong>na</strong>turais são freqüentemente<br />

complexas e ten<strong>de</strong>m a envolver processos químicos biodinâmicos com potencial farmacológico<br />

(Gentry, 1993).<br />

Pesquisas revelam que 80% da população mundial vive em países sub<strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong>s ou em<br />

<strong>de</strong>senvolvimento, e que ape<strong>na</strong>s 20% habita países <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong>s, sen<strong>do</strong> estes responsáveis pelo<br />

consumo <strong>de</strong> 85% <strong>do</strong>s medicamentos industrializa<strong>do</strong>s disponíveis no merca<strong>do</strong>. No Brasil, 63% <strong>do</strong>s<br />

medicamentos são consumi<strong>do</strong>s por 20% da população, sen<strong>do</strong> que o restante encontra nos produtos<br />

<strong>de</strong> origem <strong>na</strong>tural a única fonte <strong>de</strong> recurso terapêutico (Di Stasi, 1996).<br />

Os recursos genéticos vegetais (RGV), parte da biodiversida<strong>de</strong>, são a base biológica da<br />

segurida<strong>de</strong> alimentar mundial, consistin<strong>do</strong> <strong>na</strong> diversida<strong>de</strong> <strong>de</strong> material genético conti<strong>do</strong> <strong>na</strong>s<br />

varieda<strong>de</strong>s tradicio<strong>na</strong>is e cultivares mo<strong>de</strong>rnos, assim como seus ancestrais selvagens e outras<br />

plantas selvagens que po<strong>de</strong>m ser utilizadas, agora e no futuro, para alimentação huma<strong>na</strong> e animal,<br />

fibra, vestuário, ma<strong>de</strong>ira, lenha, energia, etc (FAO, 1996).<br />

In<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> sua importância <strong>ecológica</strong> e/ou econômica, a biodiversida<strong>de</strong> mundial vem<br />

sen<strong>do</strong> perdida pelas ações <strong>do</strong> homem ao longo <strong>do</strong>s tempos. Porém, algumas ações buscam<br />

conservar essa biodiversida<strong>de</strong> para uso atual e futuro. Duas principais formas <strong>de</strong> conservação são a<br />

In Situ e a Ex situ.<br />

Tradicio<strong>na</strong>lmente, conservação in situ tem si<strong>do</strong> utilizada principalmente para a conservação<br />

<strong>de</strong> florestas e <strong>de</strong> locais valoriza<strong>do</strong>s pela sua vida selvagem ou ecossistemas, enquanto a conservação<br />

ex situ tem si<strong>do</strong> utilizada pre<strong>do</strong>mi<strong>na</strong>ntemente para a conservação <strong>de</strong> recursos genéticos vegetais<br />

utiliza<strong>do</strong>s <strong>na</strong> agricultura. Todavia, recentemente surgiu a necessida<strong>de</strong> da complementarida<strong>de</strong> <strong>de</strong>ssas<br />

duas formas <strong>de</strong> conservação (FAO, 1996).<br />

A conservação in situ, ou seja, aquela realizada nos locais <strong>de</strong> ocorrência <strong>na</strong>tural das espécies,<br />

permite que populações <strong>de</strong> plantas mantenham-se em seus habitats <strong>na</strong>turais, manten<strong>do</strong> os processos<br />

evolutivos <strong>de</strong> adaptabilida<strong>de</strong>.<br />

No caso das espécies tropicais, a conservação in situ <strong>de</strong>ve ser priorizada, <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> a alta<br />

interação entre as espécies, inviabilizan<strong>do</strong>, em muitos casos, a sua conservação ex situ. Através <strong>do</strong>s<br />

estu<strong>do</strong>s genéticos, po<strong>de</strong>mos quantificar a diversida<strong>de</strong> <strong>de</strong>ntro e entre populações, possibilitan<strong>do</strong><br />

quantificar o tamanho efetivo populacio<strong>na</strong>l e a área necessária para abrigar uma população mínima<br />

viável para que os efeitos variáveis, como en<strong>do</strong>gamia e <strong>de</strong>riva, tenham o mínimo impacto sobre a<br />

dinâmica populacio<strong>na</strong>l.<br />

É <strong>na</strong>s áreas tropicais <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> inteiro que possuímos o maior <strong>de</strong>sconhecimento botânico e<br />

ecológico das espécies, o que dificulta o estabelecimento <strong>de</strong> estratégias <strong>de</strong> conservação. As relações<br />

entre plantas e animais nos ecossistemas tropicais são <strong>de</strong>sconhecidas <strong>na</strong> maioria <strong>do</strong>s casos. Para a<br />

planta, o processo <strong>de</strong> polinização é uma forma <strong>de</strong> aumentar ao máximo o fluxo gênico e permitir<br />

com isso a sua sobrevivência, e para o animal a planta oferece um produto em recipientes<br />

<strong>de</strong>nomi<strong>na</strong><strong>do</strong>s flores e que aten<strong>de</strong>m as suas necessida<strong>de</strong>s. Cabe ressaltar que <strong>na</strong>s florestas tropicais<br />

os principais vetores <strong>de</strong> polinização e dispersão das espécies vegetais são animais, enquanto o vento<br />

é o principal vetor <strong>na</strong>s florestas temperadas. Por isso, ações <strong>de</strong> conservação genética <strong>do</strong><br />

germoplasma <strong>de</strong>vem contemplar essas relações planta/animal.<br />

Porém, é importante fornecer uma base cientificamente <strong>de</strong>fensável para a <strong>de</strong>cisão <strong>na</strong><br />

conservação, empregan<strong>do</strong> mesmo que uma aproximação grosseira <strong>de</strong> algum parâmetro crítico, ao<br />

invés <strong>de</strong> esperar a teoria ou informação precisa, que po<strong>de</strong>rá nunca vir.<br />

4


Restauração <strong>de</strong> Áreas Degradadas<br />

Devi<strong>do</strong> a gran<strong>de</strong> <strong>de</strong>gradação que o Cerra<strong>do</strong> sofreu e continua sofren<strong>do</strong>, diversas ações no<br />

senti<strong>do</strong> <strong>de</strong> recuperar esse ecossistema tão importante vêm sen<strong>do</strong> realizadas. Uma <strong>de</strong>ssas ações é a<br />

<strong>restauração</strong> <strong>de</strong>ssas áreas <strong>de</strong>gradadas. A <strong>restauração</strong> <strong>do</strong>s ecossistemas <strong>de</strong>grada<strong>do</strong>s po<strong>de</strong> ser um<br />

instrumento para a formação <strong>de</strong> corre<strong>do</strong>res que venham a unir fragmentos remanescentes,<br />

permitin<strong>do</strong> assim a continuida<strong>de</strong> <strong>do</strong> fluxo gênico, necessário para a manutenção das espécies e da<br />

variabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> suas populações (Reis et al., 2003).<br />

Para a <strong>restauração</strong> da vegetação <strong>de</strong> uma <strong>de</strong>termi<strong>na</strong>da área <strong>de</strong>ve ser priorizada a <strong>utilização</strong> <strong>de</strong><br />

espécies <strong>na</strong>tivas que ocorram <strong>na</strong>turalmente em condições <strong>de</strong> clima, solo e umida<strong>de</strong> semelhantes às<br />

da área a ser recomposta, visan<strong>do</strong> minimizar a introdução <strong>de</strong> espécies exóticas. Esse aspecto <strong>de</strong>ve<br />

ser obe<strong>de</strong>ci<strong>do</strong> <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> aos genótipos ocorrentes <strong>na</strong> área, o que facilita a adaptação <strong>do</strong> material a ser<br />

introduzi<strong>do</strong>. A distinção entre processos <strong>de</strong> recuperação e <strong>restauração</strong> tem como fundamentos<br />

<strong>de</strong>talhes da ecologia básica e neste contexto tor<strong>na</strong>-se muito significativa a preocupação com os<br />

processos interativos entre plantas e animais (Reis et al., 2003).<br />

A importância <strong>de</strong>sta distinção ficou reforçada no Sistema Nacio<strong>na</strong>l <strong>de</strong> Unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />

Conservação (Lei n o 9.985, 18/07/2000, Diário Oficial 19/07/2000):<br />

Art. 2º Para os fins previstos nesta Lei, enten<strong>de</strong>-se por:<br />

XIII - RECUPERAÇÃO: restituição <strong>de</strong> um ecossistema ou <strong>de</strong> uma população silvestre<br />

<strong>de</strong>gradada a uma condição não <strong>de</strong>gradada, que po<strong>de</strong> ser diferente <strong>de</strong> sua condição origi<strong>na</strong>l;<br />

XIV - RESTAURAÇÃO: restituição <strong>de</strong> um ecossistema ou <strong>de</strong> uma população silvestre<br />

<strong>de</strong>gradada o mais próximo possível da sua condição origi<strong>na</strong>l.<br />

A <strong>restauração</strong> <strong>de</strong>ve ser através <strong>do</strong> plantio, não só <strong>de</strong> espécies arbóreas, mas também com as<br />

distintas formas <strong>de</strong> vida, existentes no ecossistema origi<strong>na</strong>l, como as ervas, os arbustos, as lia<strong>na</strong>s e<br />

as epífitas, em plantios <strong>de</strong> ilhas <strong>de</strong> alta diversida<strong>de</strong> (Reis et al., 2003). A presença <strong>de</strong> espécies<br />

pertencentes a diferentes formas <strong>de</strong> vida é um <strong>do</strong>s critérios mencio<strong>na</strong><strong>do</strong>s por vários autores<br />

(Rodrigues & Nave, 2000) quan<strong>do</strong> se consi<strong>de</strong>ra a <strong>restauração</strong> <strong>de</strong> uma área.<br />

O número <strong>de</strong> espécies utilizadas <strong>de</strong>ve ser o maior possível no intuito <strong>de</strong> promover a<br />

conservação <strong>do</strong>s recursos genéticos e a elevada diversida<strong>de</strong> que apresentam as florestas brasileiras<br />

(Kageyama et al., 2002). Apesar <strong>de</strong> não haver um consenso quanto ao número mínimo <strong>de</strong> espécies a<br />

ser utiliza<strong>do</strong> em projetos <strong>de</strong> recuperação, acredita-se que quanto maior o grau <strong>de</strong> fragmentação <strong>do</strong><br />

habitat, maior <strong>de</strong>ve ser este número (Rodrigues & Nave, 2000).<br />

A <strong>restauração</strong> <strong>de</strong> uma área <strong>de</strong>gradada através <strong>do</strong> plantio heterogêneo <strong>de</strong> mudas <strong>de</strong> espécies<br />

<strong>na</strong>tivas em gran<strong>de</strong>s áreas tor<strong>na</strong>-se mais oneroso e ten<strong>de</strong> a fixar a composição no processo<br />

sucessio<strong>na</strong>l por um perío<strong>do</strong> mais prolonga<strong>do</strong>, promoven<strong>do</strong> inicialmente ape<strong>na</strong>s o crescimento <strong>do</strong>s<br />

indivíduos das espécies plantadas. Para Ferretti (2002) e Kageyama et al. (2002), os princípios e<br />

conceitos envolvi<strong>do</strong>s no processo <strong>de</strong> sucessão secundária parecem ser os mais apropria<strong>do</strong>s a serem<br />

utiliza<strong>do</strong>s, já que é através <strong>de</strong>ste processo que as espécies se regeneram <strong>na</strong>turalmente <strong>na</strong>s formações<br />

florestais tropicais, e <strong>de</strong>vem consistir, antes <strong>de</strong> tu<strong>do</strong>, <strong>na</strong> a<strong>do</strong>ção <strong>de</strong> um conjunto <strong>de</strong> medidas voltadas<br />

a acelerar o processo <strong>na</strong>tural <strong>de</strong> sucessão em direção ao estágio climáxico, visan<strong>do</strong> sempre a<br />

redução <strong>do</strong>s custos envolvi<strong>do</strong>s em tal processo (Kageyama & Gandara, 2000).<br />

Técnicas <strong>de</strong> <strong>restauração</strong> através da nucleação possibilitam a diminuição <strong>do</strong>s custos <strong>de</strong><br />

implantação, além <strong>de</strong> propiciar uma significativa melhoria <strong>na</strong>s qualida<strong>de</strong>s ambientais, permitin<strong>do</strong><br />

um aumento <strong>na</strong> probabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ocupação <strong>de</strong>ste ambiente por outras espécies. Como <strong>técnicas</strong><br />

<strong>nuclea<strong>do</strong>ras</strong> para <strong>restauração</strong> po<strong>de</strong>mos citar a transposição <strong>de</strong> solo, a semeadura direta e<br />

hidrossemeadura, os poleiros artificiais, a transposição <strong>de</strong> galharia, o plantio <strong>de</strong> mudas em ilhas <strong>de</strong><br />

alta diversida<strong>de</strong> e a coleta <strong>de</strong> sementes com manutenção da variabilida<strong>de</strong> genética (Reis et al.,<br />

2003). Essas <strong>técnicas</strong> são muito aplicáveis <strong>na</strong> paisagem a ser recuperada, tor<strong>na</strong>n<strong>do</strong>-se uma tentativa<br />

<strong>de</strong> recriar-se artificialmente o processo sucessio<strong>na</strong>l (Kageyama & Gandara, 2000), pois possibilitam<br />

o aumento gradativo da biodiversida<strong>de</strong> local, obe<strong>de</strong>cen<strong>do</strong> aos estágios sucessio<strong>na</strong>is <strong>na</strong>turais <strong>de</strong> uma<br />

5


floresta <strong>na</strong>tiva, on<strong>de</strong> os núcleos forma<strong>do</strong>s irradiarão biodiversida<strong>de</strong> para as áreas circundantes.<br />

Portanto, o processo <strong>de</strong> <strong>restauração</strong> <strong>de</strong> uma área não <strong>de</strong>ve ser um processo estanque no tempo, on<strong>de</strong><br />

ocorre uma revegetação com espécies arbóreas num primeiro momento e a área é aban<strong>do</strong><strong>na</strong>da. É um<br />

processo gradual e longo, on<strong>de</strong> a própria <strong>na</strong>tureza se encarrega <strong>de</strong> sua continuida<strong>de</strong> e <strong>do</strong> incremento<br />

da biodiversida<strong>de</strong> local, tanto vegetal quanto animal, sen<strong>do</strong> o monitoramento uma prática constante<br />

e <strong>de</strong> fundamental importância para a efetivação <strong>de</strong>sse processo.<br />

Como conseqüência da <strong>restauração</strong> <strong>de</strong> áreas, teremos uma maior cobertura <strong>do</strong> solo,<br />

ocasio<strong>na</strong>n<strong>do</strong> a proteção ambiental das encostas, melhoria das proprieda<strong>de</strong>s físico-hidrológicas <strong>do</strong>s<br />

solos no que se refere à estruturação, infiltração e percolação; recarga <strong>do</strong> lençol freático e melhor<br />

administração <strong>do</strong> recurso água <strong>na</strong>s bacias; estabilização e minimização <strong>do</strong> processo erosivo <strong>do</strong>s<br />

solos e assoreamento <strong>do</strong>s rios e represas. A <strong>restauração</strong> <strong>de</strong> áreas atualmente <strong>de</strong>gradadas é,<br />

incontestavelmente, essencial para a sobrevivência da fau<strong>na</strong> regio<strong>na</strong>l, representan<strong>do</strong> para ela local<br />

<strong>de</strong> refúgio, água (também como local <strong>de</strong> nidificação, entre outros) e alimento.<br />

Para que possamos obter bons resulta<strong>do</strong>s durante o processo <strong>de</strong> <strong>restauração</strong> <strong>de</strong> uma área, um<br />

elemento é <strong>de</strong> fundamental importância e em muitos casos não é dada a atenção suficiente: o solo.<br />

Do solo necessitamos que permita um bom <strong>de</strong>senvolvimento da raiz, tenha o suficiente em<br />

nutrientes para a planta, conserve a maior quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> água disponível à planta, seja<br />

suficientemente areja<strong>do</strong>, e não contenha substâncias tóxicas, prejudiciais à raiz. A formação <strong>do</strong> solo<br />

é influenciada pelo material <strong>de</strong> origem, o clima, a vegetação, o tempo, o relevo, e o homem<br />

(Primavesi, 1979).<br />

A matéria orgânica <strong>de</strong>sempenha um papel importantíssimo no solo. A matéria orgânica<br />

fornece: substâncias agregantes <strong>do</strong> solo, tor<strong>na</strong>n<strong>do</strong>-o grumoso, com bioestrutura estável à ação das<br />

chuvas; áci<strong>do</strong>s orgânicos e álcoois, durante sua <strong>de</strong>composição, e que servem <strong>de</strong> fonte <strong>de</strong> carbono<br />

aos microorganismos <strong>de</strong> vida livre, fixa<strong>do</strong>res <strong>de</strong> nitrogênio, possibilitan<strong>do</strong> sua fixação;<br />

possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida aos microorganismos, especialmente os fixa<strong>do</strong>res <strong>de</strong> nitrogênio, que<br />

produzem substâncias <strong>de</strong> crescimento; alimento aos organismos ativos <strong>na</strong> <strong>de</strong>composição,<br />

produzin<strong>do</strong> antibióticos que protegem as plantas <strong>de</strong> pestes, contribuin<strong>do</strong> assim à sanida<strong>de</strong> vegetal;<br />

substâncias intermediárias, produzidas em sua <strong>de</strong>composição, que po<strong>de</strong>m ser absorvidas pelas<br />

plantas, aumentan<strong>do</strong> o crescimento.<br />

Quan<strong>do</strong> humificada, a matéria orgânica: aumenta a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> troca <strong>de</strong> cátions <strong>do</strong> solo<br />

(CTC); aumenta o po<strong>de</strong>r tampão, isto é, a resistência contra modificação brusca <strong>do</strong> pH, que é<br />

especialmente importante para terras quimicamente adubadas; fornece substâncias como fenóis,<br />

uma vez que é um heterocon<strong>de</strong>nsa<strong>do</strong> <strong>de</strong> substâncias fenólicas, que contribuem não somente para a<br />

respiração e a maior absorção <strong>de</strong> fósforo, mas também à sanida<strong>de</strong> vegetal.<br />

Fisicamente, a matéria orgânica influencia apreciavelmente, reduzin<strong>do</strong> a <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> aparente <strong>do</strong><br />

solo, melhoran<strong>do</strong> a estruturação, aeração e dre<strong>na</strong>gem inter<strong>na</strong> <strong>do</strong> solo, aumentan<strong>do</strong> a capacida<strong>de</strong> <strong>do</strong><br />

solo <strong>de</strong> armaze<strong>na</strong>r água, alteran<strong>do</strong> a consistência <strong>do</strong> solo, e reduzin<strong>do</strong> a te<strong>na</strong>cida<strong>de</strong>, a plasticida<strong>de</strong>, a<br />

a<strong>de</strong>rências e melhoran<strong>do</strong> a friabilida<strong>de</strong>. Quimicamente, a matéria orgânica fornece macro e<br />

micronutrientes, corrige substâncias tóxicas, corrige o pH, possui eleva<strong>do</strong> po<strong>de</strong>r tampão. Além<br />

disso, possui diversos efeitos sobre as proprieda<strong>de</strong>s físico-químicas e biológicas <strong>do</strong> solo (Kiehl,<br />

1985).<br />

A matéria orgânica em <strong>de</strong>composição forma substâncias <strong>de</strong> crescimento para a planta e<br />

melhoram o solo fisicamente, além <strong>de</strong> ape<strong>na</strong>s o húmus, <strong>de</strong>ntre as substâncias orgânicas, conseguir<br />

influir <strong>na</strong>s proprieda<strong>de</strong>s químicas <strong>do</strong> solo. Uma das formas <strong>de</strong> adição <strong>de</strong> matéria orgânica no solo é<br />

através da adubação ver<strong>de</strong>, que po<strong>de</strong> ser realizada pela hidrossemeadura.<br />

Uma adubação ver<strong>de</strong> bem escolhida aumenta o efeito <strong>do</strong>s adubos químicos, contribuin<strong>do</strong><br />

igualmente para maior vigor da cultura, diminuin<strong>do</strong> a susceptibilida<strong>de</strong> a pragas e <strong>do</strong>enças. A<br />

adubação ver<strong>de</strong> propicia a obtenção ou mobilização <strong>de</strong> nitrogênio, fósforo, cálcio e potássio,<br />

melhora as condições físicas <strong>do</strong> solo, combate pragas e <strong>do</strong>enças e as invasoras.<br />

A adubação ver<strong>de</strong> po<strong>de</strong> influir favoravelmente <strong>na</strong> redução da temperatura <strong>do</strong> solo e <strong>na</strong><br />

6


iologia <strong>do</strong> solo. Ela também impe<strong>de</strong> o impacto direto das gotas <strong>de</strong> chuva sobre o solo, o que<br />

resulta em um aumento da infiltração da água e assim diminui a erosão. Efeitos muito positivos<br />

estão sen<strong>do</strong> alcança<strong>do</strong>s com a interação adubo mineral-adubação ver<strong>de</strong> (Derpsch et al., 1991).<br />

A correção <strong>do</strong> solo é buscada pela adição <strong>de</strong> cálcio ao solo. O cálcio tem basicamente a<br />

função <strong>de</strong> corrigir o pH, neutralizar o alumínio e o manganês tóxico, flocular o solo, contribuin<strong>do</strong> à<br />

melhor agregação, e ser nutriente vegetal. A correção <strong>do</strong> pH visa aumentar o complexo <strong>de</strong> troca, ou<br />

seja, influir cobre a CTC <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte <strong>do</strong> pH, o que ocorre a partir <strong>de</strong> pH 5,0, saturar o complexo <strong>de</strong><br />

troca com cálcio em até 40% em solos tropicais pre<strong>do</strong>mi<strong>na</strong>ntemente cauliníticos, e elevar o pH até<br />

um nível em que o alumínio trocável não prejudique mais, o que geralmente ocorre a um pH 5,5.<br />

Portanto, não necessitamos corrigir o pH até o ponto neutro, pH 7,0, para termos condições i<strong>de</strong>ais<br />

para o bom <strong>de</strong>senvolvimento das plantas.<br />

METODOLOGIA<br />

Remoção, Armaze<strong>na</strong>mento e Manejo <strong>do</strong> Material Vegetal e <strong>do</strong> Horizonte Superficial<br />

Nos processos <strong>de</strong> <strong>restauração</strong> <strong>de</strong> áreas <strong>de</strong>gradadas, as <strong>de</strong>ficiências <strong>de</strong> solo são sempre o<br />

gran<strong>de</strong> problema. Cada vez que vai ocorrer um impacto mais profun<strong>do</strong> <strong>de</strong>ver-se-ia, inicialmente<br />

retirar a camada fértil <strong>do</strong> solo para posterior uso. Quan<strong>do</strong> este processo é <strong>de</strong>mora<strong>do</strong>, se per<strong>de</strong>m as<br />

sementes <strong>do</strong> banco <strong>de</strong> plântulas. A remoção e o armaze<strong>na</strong>mento, <strong>de</strong> forma a<strong>de</strong>quada, <strong>do</strong> material<br />

vegetal e das camadas superiores <strong>do</strong> solo, para futura <strong>utilização</strong>, constituem uma prática<br />

comprovada e eficiente <strong>na</strong> recuperação <strong>de</strong> áreas <strong>de</strong>gradadas, pois é <strong>na</strong> camada superior <strong>do</strong> solo que<br />

se concentram os teores mais altos <strong>de</strong> matéria orgânica e a ativida<strong>de</strong> microbiológica. Portanto, no<br />

momento <strong>do</strong> refeiçoamento <strong>do</strong> terreno para a instalação <strong>do</strong> canteiro <strong>de</strong> obras as camadas superiores<br />

foram removidas e armaze<strong>na</strong>das para posteriormente serem utilizadas para restaurar as áreas<br />

impactadas, trazen<strong>do</strong> vantagens.<br />

Essa ativida<strong>de</strong> aproveita o banco <strong>de</strong> sementes e toda a fau<strong>na</strong> <strong>do</strong> solo associada. É possível<br />

programar para resgatar o banco <strong>de</strong> sementes <strong>de</strong> diferentes tipologias vegetacio<strong>na</strong>is da região<br />

impactada, levan<strong>do</strong> uma fi<strong>na</strong> camada <strong>de</strong> solo que além <strong>de</strong> conter muitas sementes <strong>de</strong> espécies<br />

pioneiras, propícias para restaurar áreas <strong>de</strong>gradadas, acompanha uma rica diversida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

microorganismos. Po<strong>de</strong>-se também conservar espécies comuns e raras, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que seja <strong>do</strong> grupo<br />

ecológico das espécies pioneiras ou secundárias iniciais.<br />

Resgate <strong>de</strong> Germoplasma<br />

Como cita<strong>do</strong> <strong>na</strong> Introdução <strong>de</strong>sse projeto, o cerra<strong>do</strong> apresenta alta biodiversida<strong>de</strong>. Porém,<br />

constata-se que o bioma Cerra<strong>do</strong> encontra-se num grau avança<strong>do</strong> <strong>de</strong> antropização e fragmentação<br />

<strong>do</strong>s seus ecossistemas – mais <strong>de</strong> 80% - com uma <strong>de</strong>scontrolada erosão genética e biológica em<br />

to<strong>do</strong>s os seus recantos (Arruda, 2005).<br />

Visan<strong>do</strong> contor<strong>na</strong>r esse problema e auxiliar eficientemente <strong>na</strong> conservação <strong>do</strong> cerra<strong>do</strong>, no<br />

momento da limpeza das áreas <strong>do</strong> canteiro <strong>de</strong> obras diversas espécies que serão suprimidas serão<br />

retiradas <strong>do</strong>s locais. Visan<strong>do</strong> resgatar esse material, são propostas diversas ações especificadas a<br />

seguir.<br />

Coleta <strong>de</strong> Material <strong>de</strong> Propagação.<br />

A fragmentação <strong>do</strong>s ecossistemas <strong>na</strong>turais traz como conseqüência uma crescente erosão<br />

genética <strong>do</strong> germoplasma vegetal. A conservação <strong>de</strong>sses recursos genéticos é parte fundamental <strong>na</strong>s<br />

7


estratégias <strong>de</strong> reduzir os danos já causa<strong>do</strong>s ao meio ambiente. Para que possamos propor eficientes<br />

estratégias <strong>de</strong> conservação, <strong>de</strong>vemos traçar eficientes estratégias <strong>de</strong> coleta <strong>de</strong>sse germoplasma, já<br />

que a diversida<strong>de</strong> genética é componente fundamental <strong>de</strong> qualquer ecossistema.<br />

A conservação in situ aborda a proteção <strong>do</strong>s ecossistemas nos quais as espécies se<br />

<strong>de</strong>senvolvem, como em Unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Conservação. Já <strong>na</strong> conservação ex situ plantas inteiras,<br />

propágulos e outras partes da planta <strong>de</strong> diferentes populações po<strong>de</strong>m ser coleta<strong>do</strong>s no campo e<br />

manti<strong>do</strong>s em condições <strong>de</strong> ambiente controla<strong>do</strong>, como os Bancos <strong>de</strong> Germoplasma.<br />

Na AHE Serra <strong>do</strong> Facão simultaneamente à limpeza e <strong>de</strong>smatamento das áreas abrangidas<br />

pelo canteiro <strong>de</strong> obras foram coletadas sementes e outros propágulos das espécies suprimidas e<br />

levadas para o Viveiro <strong>de</strong> Manutenção e Propagação, instala<strong>do</strong> no canteiro <strong>de</strong> obras, forman<strong>do</strong> um<br />

Banco <strong>de</strong> Germoplasma. Plantas inteiras também foram resgatadas quan<strong>do</strong> possível. Foram os casos<br />

das palmeiras, orquí<strong>de</strong>as, bromélias e cactáceas. Esse material está sen<strong>do</strong> propaga<strong>do</strong> e manti<strong>do</strong>, e<br />

será <strong>de</strong>volvi<strong>do</strong> após a fi<strong>na</strong>lização das ativida<strong>de</strong>s no canteiro <strong>de</strong> obras. Para isso, toda coleta foi<br />

i<strong>de</strong>ntificada quanto a sua origem.<br />

Paisagismo <strong>do</strong> Canteiro <strong>de</strong> Obras<br />

O paisagismo <strong>do</strong> canteiro <strong>de</strong> obras priorizou a <strong>utilização</strong> <strong>de</strong> espécies <strong>na</strong>tivas <strong>do</strong> local <strong>de</strong><br />

abrangência <strong>do</strong> empreendimento. Essas plantas foram provenientes da Coleta <strong>de</strong> Material <strong>de</strong><br />

Propagação. Essa ação foi o primeiro passo <strong>na</strong> <strong>restauração</strong> das áreas <strong>de</strong>gradadas pelo<br />

empreendimento, pois no momento da <strong>de</strong>smobilização essas plantas permanecerão <strong>na</strong>s áreas,<br />

atuan<strong>do</strong> como núcleos atrativos para a fau<strong>na</strong>, como árvores frutíferas <strong>na</strong>tivas e as bromélias.<br />

Limpeza das Áreas <strong>de</strong> Trabalho<br />

Antes <strong>de</strong> iniciar os serviços <strong>de</strong> <strong>restauração</strong> das áreas afetadas, a Construções e Comércio<br />

Camargo Corrêa (CCCC) executa uma limpeza <strong>do</strong> terreno <strong>na</strong> qual são removi<strong>do</strong>s os vestígios <strong>de</strong><br />

construção ou <strong>de</strong> exploração existentes.<br />

As benfeitorias e equipamentos <strong>do</strong> canteiro <strong>de</strong> obras são retira<strong>do</strong>s pela CCCC para<br />

<strong>utilização</strong> em outros empreendimentos. É o caso <strong>do</strong>s alojamentos, escritórios, ofici<strong>na</strong>s, laboratórios<br />

e <strong>de</strong>mais estruturas provisórias que são <strong>de</strong>smontadas e transportadas para outras obras.<br />

Os resíduos e entulhos das obras (concreto, ferragens, ma<strong>de</strong>iras, sacos e embalagens, etc.),<br />

bem como restos <strong>de</strong> estruturas e <strong>de</strong> instalações temporárias, estoques <strong>de</strong> material exce<strong>de</strong>nte ou<br />

inútil, bases (pisos) e fundações são retira<strong>do</strong>s e <strong>de</strong>posita<strong>do</strong>s <strong>na</strong>s <strong>de</strong>pressões <strong>do</strong> terreno que foram<br />

formadas pelas instalações da obra, processo este <strong>de</strong>nomi<strong>na</strong><strong>do</strong> <strong>de</strong> preenchimento.<br />

Nas áreas on<strong>de</strong> eventualmente restarem matacões, sobras ou entulhos <strong>de</strong> obras civis, estes<br />

são removi<strong>do</strong>s ou, <strong>na</strong> impossibilida<strong>de</strong>, reagrupa<strong>do</strong>s junto às pare<strong>de</strong>s <strong>do</strong>s talu<strong>de</strong>s com <strong>de</strong>clivida<strong>de</strong>s<br />

mais acentuadas, para serem recobertos com terra, <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> a se integrarem à topografia adjacente.<br />

As estradas são raspadas para retirada da camada <strong>de</strong> forro <strong>de</strong> pátio, sen<strong>do</strong> o material<br />

distribuí<strong>do</strong> <strong>na</strong>s estradas localizadas <strong>na</strong>s proximida<strong>de</strong>s ou <strong>de</strong>posita<strong>do</strong>s <strong>na</strong>s <strong>de</strong>pressões <strong>do</strong> terreno que<br />

foram formadas pelas instalações da obra.<br />

Reafeiçoamento <strong>do</strong> Terreno<br />

O reafeiçoamento <strong>do</strong> terreno tem como objetivo a recomposição fi<strong>na</strong>l <strong>do</strong> relevo, mediante o<br />

redimensio<strong>na</strong>mento <strong>do</strong>s talu<strong>de</strong>s <strong>de</strong> corte e aterro e a reor<strong>de</strong><strong>na</strong>ção <strong>de</strong> linhas <strong>de</strong> dre<strong>na</strong>gem, procuran<strong>do</strong><br />

harmonizar a morfologia <strong>do</strong> conjunto das áreas afetadas com o seu futuro uso e a paisagem.<br />

O trabalho é composto da Sistematização <strong>do</strong> Terreno e <strong>do</strong> Preparo <strong>do</strong> Solo.<br />

A Sistematização <strong>do</strong> Terreno é composta pelo conjunto <strong>de</strong> serviços que objetivan<strong>do</strong> a<br />

8


configuração fi<strong>na</strong>l <strong>do</strong> terreno que facilitará a introdução da futura cobertura vegetal.<br />

Esta etapa inicia com o retaludamento, que consiste <strong>na</strong> ativida<strong>de</strong> <strong>de</strong> remo<strong>de</strong>lação <strong>do</strong>s talu<strong>de</strong>s<br />

<strong>de</strong> corte e aterro, mediante a redução <strong>de</strong> sua extensão e <strong>de</strong>clivida<strong>de</strong>, e a suavização <strong>do</strong>s contornos e<br />

contatos com as <strong>de</strong>mais linhas <strong>do</strong> relevo da área.<br />

Quan<strong>do</strong> ocorrerem situações em que a topografia resultante no canteiro <strong>de</strong> obras apresentem<br />

superfícies incli<strong>na</strong>das muito extensas e com <strong>de</strong>clivida<strong>de</strong>s muito acentuadas, os talu<strong>de</strong>s serão<br />

<strong>de</strong>s<strong>do</strong>bra<strong>do</strong>s, crian<strong>do</strong> patamares (ou terraços) escalo<strong>na</strong><strong>do</strong>s.<br />

Nos locais on<strong>de</strong> a exploração <strong>de</strong> materiais para a obra provocar a formação <strong>de</strong> crateras,<br />

<strong>de</strong>vi<strong>do</strong> a escavações profundas, é necessário reafeiçoar o seu interior, através da ação combi<strong>na</strong>da <strong>de</strong><br />

preenchimento da cratera com rejeitos <strong>de</strong> outras áreas (ver limpeza das áreas <strong>de</strong> trabalho) e <strong>de</strong><br />

redução da <strong>de</strong>clivida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s talu<strong>de</strong>s <strong>de</strong> cortes. Nos casos em que as escavações forem superficiais, os<br />

cortes <strong>de</strong> vertentes serão atenua<strong>do</strong>s e as superfícies aplai<strong>na</strong>das reconstruídas.<br />

Em seguida é realiza<strong>do</strong> o reor<strong>de</strong><strong>na</strong>mento das linhas <strong>de</strong> dre<strong>na</strong>gem. Os solos das áreas<br />

<strong>de</strong>gradadas, principalmente daquelas com intensa movimentação <strong>de</strong> máqui<strong>na</strong>s e/ou sem cobertura,<br />

possuem baixa taxa <strong>de</strong> infiltração, aumentan<strong>do</strong> o escorrimento superficial e a ocorrência <strong>de</strong><br />

processos erosivos.<br />

Quan<strong>do</strong> a <strong>de</strong>clivida<strong>de</strong> não for acentuada, são implanta<strong>do</strong>s ca<strong>na</strong>is <strong>de</strong> dre<strong>na</strong>gem e camaleões<br />

diretamente no terreno, para conduzirem o excesso <strong>de</strong> águas pluviais até as estruturas <strong>de</strong> dre<strong>na</strong>gem<br />

construídas <strong>na</strong>s extremida<strong>de</strong>s <strong>do</strong> terraço. Essa solução ajudará o <strong>de</strong>senvolvimento da cobertura<br />

vegetal que for implantada, já que facilitará a infiltração da água. Com o tempo, esses dispositivos<br />

acabarão se integran<strong>do</strong> à paisagem.<br />

No caso <strong>de</strong> <strong>de</strong>clivida<strong>de</strong>s mais acentuadas, as soluções requeridas para a dre<strong>na</strong>gem da área<br />

po<strong>de</strong>rão exigir tratamento mais elabora<strong>do</strong> como, por exemplo, a <strong>utilização</strong> <strong>de</strong> ca<strong>na</strong>letas <strong>de</strong> concreto,<br />

caixas coletoras para dissipação <strong>de</strong> energia, ca<strong>na</strong>l coletor <strong>de</strong> sedimentos, controle <strong>do</strong> grau <strong>de</strong><br />

incli<strong>na</strong>ção <strong>do</strong>s ca<strong>na</strong>is e valetas.<br />

A etapa <strong>de</strong> Preparo <strong>do</strong> Solo é realizada após a Sistematização <strong>do</strong> Terreno através <strong>de</strong> diversos<br />

procedimentos.<br />

O primeiro <strong>de</strong>les é a escarificação/subsolagem <strong>de</strong> solo compacta<strong>do</strong>, que tem por fi<strong>na</strong>lida<strong>de</strong><br />

revolver a superfície <strong>do</strong> terreno, rompen<strong>do</strong> as camadas compactadas e impermeáveis, fatores<br />

prejudiciais ao <strong>de</strong>senvolvimento da vegetação a ser implantada. Essa ativida<strong>de</strong> será realizada nos<br />

locais on<strong>de</strong> o solo encontra-se compacta<strong>do</strong> pelas terraple<strong>na</strong>gens necessárias à implantação das<br />

estruturas da obra (benfeitorias provisórias) ou pela circulação <strong>de</strong> equipamentos pesa<strong>do</strong>s (estradas<br />

que serão <strong>de</strong>sativadas e pátios <strong>de</strong> estacio<strong>na</strong>mento).<br />

Para a <strong>de</strong>scompactação das camadas superficiais é utiliza<strong>do</strong> escarifica<strong>do</strong>r, enquanto que as<br />

camadas mais profundas são <strong>de</strong>scompactadas com subsola<strong>do</strong>r.<br />

Em ambos os casos, os trabalhos são realiza<strong>do</strong>s com solo seco e obe<strong>de</strong>cen<strong>do</strong> as curvas <strong>de</strong><br />

nível para evitar a formação <strong>de</strong> <strong>de</strong>pósitos <strong>de</strong> água.<br />

Após a <strong>de</strong>scompactação <strong>do</strong> solo, é realizada a adição da camada fértil <strong>de</strong> solo, on<strong>de</strong> a<br />

topografia permitir. É transposto solo armaze<strong>na</strong><strong>do</strong> no início da instalação <strong>do</strong> canteiro <strong>de</strong> obras e <strong>do</strong><br />

solo retira<strong>do</strong> das áreas que serão inundadas pelo lago, sen<strong>do</strong> essa técnica <strong>de</strong>scrita no item Técnicas<br />

Nuclea<strong>do</strong>ras. A espessura <strong>de</strong>ssa camada será <strong>de</strong> 20 cm. O material será espalha<strong>do</strong> uniformemente<br />

sobre toda área afetada, obe<strong>de</strong>cen<strong>do</strong> a conformação topográfica <strong>do</strong> terreno. Procura-se cobrir to<strong>do</strong> o<br />

solo com essa camada fértil, porém, quan<strong>do</strong> o material não é suficiente, serão <strong>de</strong>posita<strong>do</strong>s em<br />

núcleos. Em locais on<strong>de</strong> a área a ser recuperada não apresentar mais os horizontes <strong>do</strong> solo, como os<br />

locais <strong>de</strong> exploração <strong>de</strong> pedreiras, é <strong>de</strong>posita<strong>do</strong> uma camada <strong>de</strong> 40 cm <strong>de</strong> subsolo sobre a rocha e<br />

daí então é <strong>de</strong>positada a camada fértil <strong>de</strong> solo.<br />

Após a adição da camada fértil <strong>do</strong> solo, o mesmo é corrigi<strong>do</strong> quanto à fertilida<strong>de</strong> quan<strong>do</strong><br />

necessário, objetivan<strong>do</strong> proporcio<strong>na</strong>r condições favoráveis à germi<strong>na</strong>ção das sementes e ao<br />

<strong>de</strong>senvolvimento das mudas. A correção da aci<strong>de</strong>z <strong>do</strong> solo, quan<strong>do</strong> necessário, preferencialmente é<br />

realizada com aplicação <strong>de</strong> calcário <strong>do</strong>lomítico.<br />

9


A adubação será realizada ao nível <strong>de</strong> correção no momento <strong>do</strong> plantio das mudas e ao nível<br />

<strong>de</strong> manutenção <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com as necessida<strong>de</strong>s i<strong>de</strong>ntificadas. Após a distribuição, o calcário e o<br />

adubo são incorpora<strong>do</strong>s através <strong>de</strong> gradagem ou subsolagem.<br />

Restauração Ambiental<br />

Apesar <strong>de</strong> algumas áreas a serem restauradas não possuírem mais cobertura florestal no<br />

momento da instalação das benfeitorias, todas as áreas propostas nesse projeto serão restauradas<br />

visan<strong>do</strong> recuperar a cobertura florestal origi<strong>na</strong>l <strong>do</strong>s locais, ou seja, Cerra<strong>do</strong>. São utilizadas, além <strong>do</strong><br />

plantio convencio<strong>na</strong>l <strong>de</strong> mudas, <strong>técnicas</strong> <strong>nuclea<strong>do</strong>ras</strong> pelo seu baixo custo e alta capacida<strong>de</strong><br />

restaura<strong>do</strong>ra.<br />

Plantio <strong>de</strong> Mudas<br />

O plantio é ape<strong>na</strong>s o primeiro passo <strong>na</strong> <strong>restauração</strong> <strong>de</strong> uma área <strong>de</strong>gradada, porém é crucial<br />

para o sucesso da implantação, <strong>de</strong>ven<strong>do</strong> ser executa<strong>do</strong> com o maior cuida<strong>do</strong> possível.<br />

O plantio é escalo<strong>na</strong><strong>do</strong> durante o ano e conforme as áreas a serem recuperadas forem sen<strong>do</strong><br />

liberadas. É realiza<strong>do</strong> em covas executadas manualmente com dimensões mínimas <strong>de</strong> 40 cm <strong>de</strong><br />

diâmetro por 40 cm <strong>de</strong> profundida<strong>de</strong>.<br />

É realizada a marcação das covas <strong>na</strong> zo<strong>na</strong> <strong>de</strong> plantio, com o espaçamento escolhi<strong>do</strong> (3 X 3<br />

m <strong>na</strong>s faixas distantes <strong>do</strong>s cursos d’água e 2 x 2 m <strong>na</strong>s faixas margi<strong>na</strong>is).<br />

No ato <strong>do</strong> plantio, a embalagem da muda é retirada totalmente, toman<strong>do</strong>-se o cuida<strong>do</strong> para<br />

não <strong>de</strong>storroar o substrato origi<strong>na</strong>l. O colo da muda fica no mesmo nível que a superfície <strong>do</strong> terreno,<br />

e é recoberto por uma fi<strong>na</strong> camada <strong>de</strong> terra. A adubação é realizada <strong>na</strong> própria cova utilizan<strong>do</strong>-se<br />

2,00 Kg <strong>de</strong> composto orgânico mistura<strong>do</strong> homogeneamente com o solo.<br />

Após o plantio é provi<strong>de</strong>ncia<strong>do</strong> o coroamento das mudas que consiste <strong>na</strong> capi<strong>na</strong> da<br />

vegetação já formada em um raio <strong>de</strong> 1 metro <strong>de</strong> diâmetro, a qual compete com as mudas por água,<br />

luz e nutrientes. A primeira é 3 meses após o plantio, sen<strong>do</strong> que o número <strong>de</strong> capi<strong>na</strong>s <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>rá <strong>do</strong><br />

tempo <strong>de</strong> fechamento da floresta, que varia conforme as condições locais e espécies plantadas. Nas<br />

áreas <strong>de</strong>gradadas, <strong>de</strong>ver-se-á ter cuida<strong>do</strong> para aproveitar ao máximo o crescimento das espécies em<br />

regeneração, elimi<strong>na</strong>n<strong>do</strong>-se ape<strong>na</strong>s a vegetação que estiver cobrin<strong>do</strong> as mudas. O material vegetal<br />

corta<strong>do</strong> será <strong>de</strong>ixa<strong>do</strong> ao re<strong>do</strong>r das mudas, a fim <strong>de</strong> que, com sua <strong>de</strong>composição, possa aportar<br />

matéria orgânica ao solo, além <strong>de</strong> protegê-lo, diminuin<strong>do</strong> a perda <strong>de</strong> água.<br />

É impedi<strong>do</strong> o acesso <strong>de</strong> bovinos e eqüinos às áreas revegetadas, evitan<strong>do</strong> o pisoteio,<br />

pastoreio e consumo das plantas por estes animais. Essa medida favorece o processo <strong>de</strong><br />

revegetação, pois permite um pleno <strong>de</strong>senvolvimento das mudas bem como diminui a necessida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> se fazer o replantio <strong>de</strong> mudas.<br />

É realiza<strong>do</strong> o replantio das mudas que morrerem 15 a 90 dias após o plantio inicial ou <strong>de</strong><br />

acor<strong>do</strong> com as condições climáticas, ten<strong>do</strong> como objetivo manter um mínimo <strong>de</strong> sobrevivência <strong>do</strong><br />

plantio, aplican<strong>do</strong>-se todas as operações <strong>técnicas</strong> anteriormente <strong>de</strong>scritas, excetuan<strong>do</strong>-se a<br />

adubação.<br />

Sempre que necessário, é feita a adubação <strong>de</strong> cobertura, sen<strong>do</strong> o fertilizante orgânico<br />

aplica<strong>do</strong> ao re<strong>do</strong>r da muda e sob a proteção da copa.<br />

Técnicas Nuclea<strong>do</strong>ras<br />

Nas áreas a serem restauradas são utilizadas as seguintes <strong>técnicas</strong> <strong>nuclea<strong>do</strong>ras</strong>, baseadas em<br />

Reis et al. (2003) e Mariot (2005). São <strong>técnicas</strong> inova<strong>do</strong>ras que estão resultan<strong>do</strong> em restaurações <strong>de</strong><br />

10


áreas muito eficientes, possibilitan<strong>do</strong> a conexão <strong>de</strong> áreas anteriormente separadas pela fragmentação<br />

da floresta, através <strong>de</strong> <strong>técnicas</strong> simples e <strong>de</strong> baixo custo. Essas <strong>técnicas</strong> já foram aplicadas com<br />

gran<strong>de</strong> êxito <strong>na</strong> UHE Campos Novos, e já estão incorporadas no novo formulário <strong>de</strong> Projetos <strong>de</strong><br />

Recuperação <strong>de</strong> Áreas Degradadas <strong>do</strong> IBAMA-SC. Portanto, os textos a seguir são <strong>de</strong>scrições<br />

<strong>de</strong>stes méto<strong>do</strong>s nuclea<strong>do</strong>res.<br />

Transposição <strong>de</strong> Solo<br />

O solo a ser transposto e utiliza<strong>do</strong> <strong>na</strong> <strong>restauração</strong> das áreas <strong>de</strong>gradadas é o oriun<strong>do</strong> da<br />

<strong>de</strong>scrição <strong>do</strong> item Remoção, Armaze<strong>na</strong>mento e Manejo <strong>do</strong> Material Vegetal e <strong>do</strong> Horizonte<br />

Superficial.<br />

Espécies Herbáceas Cultivadas/Hidrossemeadura<br />

Após as ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Limpeza das Áreas <strong>de</strong> Trabalho e Reafeiçoamento <strong>do</strong> Terreno o solo<br />

das áreas estará exposto, sem cobertura vegetal, que é a <strong>de</strong>fesa <strong>na</strong>tural e mais eficiente contra<br />

erosão. Para uma rápida cobertura <strong>do</strong> solo, reestruturação <strong>do</strong> mesmo e o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> um<br />

sistema radicular que controlará o processo erosivo serão utilizadas espécies anuais rasteiras <strong>de</strong><br />

gramíneas, leguminosas e crucíferas. As leguminosas <strong>de</strong>sempenharão importante função através da<br />

fixação biológica <strong>de</strong> nitrogênio e as crucíferas irão <strong>de</strong>sempenhar importante papel <strong>na</strong> produção <strong>de</strong><br />

massa ver<strong>de</strong> e no rompimento <strong>de</strong> possíveis camadas compactadas <strong>do</strong> solo através <strong>de</strong> sua raiz<br />

pivotante.<br />

Visan<strong>do</strong> a obtenção <strong>de</strong> melhores resulta<strong>do</strong>s, é realizada consorciação das espécies citadas<br />

acima. O consórcio a ser utiliza<strong>do</strong> <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>, basicamente, da época <strong>do</strong> ano em que será realizada a<br />

semeadura e da disponibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> sementes no merca<strong>do</strong>.<br />

Quan<strong>do</strong> a semeadura é realizada em áreas <strong>de</strong> baixa <strong>de</strong>clivida<strong>de</strong>, o processo <strong>de</strong> recomposição<br />

vegetal será composto pelo plantio à das espécies herbáceas anuais exóticas consorciadas com<br />

posterior implantação <strong>de</strong> mudas <strong>de</strong> essências arbóreas <strong>na</strong>tivas. Após o lançamento das sementes é<br />

realizada a cobertura das sementes através <strong>de</strong> uma gradagem leve.<br />

Em locais <strong>de</strong> <strong>de</strong>clivida<strong>de</strong> acentuada, principalmente talu<strong>de</strong>s <strong>de</strong> corte <strong>de</strong> estradas e aqueles<br />

forma<strong>do</strong>s para implantação das estruturas da obra, a técnica <strong>de</strong> plantio das espécies herbáceas será a<br />

<strong>de</strong> hidrossemeadura. Esta técnica vem sen<strong>do</strong> empregada com sucesso em diversas obras e consiste<br />

<strong>na</strong> <strong>utilização</strong> <strong>de</strong> uma mistura aquo-pastosa composta por adubos orgânicos e minerais, celulose ou<br />

papel pica<strong>do</strong> para conservar a umida<strong>de</strong> (acetamulch), a<strong>de</strong>sivo específico para fixar a semente e<br />

celulose, e sementes <strong>de</strong> gramíneas e leguminosas, que serão colocadas por último <strong>na</strong> mistura<br />

visan<strong>do</strong> reduzir sua quebra por atrito mecânico. O plantio será realiza<strong>do</strong> em época chuvosa,<br />

evitan<strong>do</strong>-se a rega.<br />

Antes da hidrossemeadura é realizada a repicagem <strong>do</strong> talu<strong>de</strong>, ou seja, serão feitos sulcos ou<br />

peque<strong>na</strong>s covas nos talu<strong>de</strong>s. Estes sulcos po<strong>de</strong>rão ser em linhas horizontais longitudi<strong>na</strong>is ao longo<br />

<strong>do</strong> talu<strong>de</strong>, ten<strong>do</strong> 20 a 30 cm <strong>de</strong> distância entre os sulcos e 3 a 5 cm <strong>de</strong> largura, sen<strong>do</strong> ligeiramente<br />

incli<strong>na</strong><strong>do</strong> para <strong>de</strong>ntro <strong>do</strong> talu<strong>de</strong>, ou em pontos distancia<strong>do</strong>s 10 cm entre si e distribuí<strong>do</strong>s<br />

irregularmente sobre a superfície <strong>do</strong> talu<strong>de</strong>.<br />

Nos <strong>do</strong>is casos os sulcos terão boa profundida<strong>de</strong> (cerca <strong>de</strong> 5 cm), forman<strong>do</strong> reentrâncias no<br />

solo que irão melhorar as condições <strong>de</strong> penetração das sementes e manutenção da umida<strong>de</strong>.<br />

As espécies utilizadas serão:<br />

Cibopogom citratus (capim limão)<br />

Paspalum notatum (grama batatais);<br />

Cajanus cajan (feijão guandu);<br />

Stylozanthes spp;<br />

Desmodium spp (<strong>de</strong>smódio).<br />

11


Transposição <strong>de</strong> Galharia<br />

Em áreas <strong>de</strong>gradadas pela retirada das camadas superiores <strong>do</strong> solo a principal preocupação<br />

consiste em repor alguma matéria orgânica para que microorganismos possam disponibilizar<br />

nutrientes (sais minerais) para as plantas coloniza<strong>do</strong>ras.<br />

Fontes disponíveis e baratas <strong>de</strong> matéria orgânica nem sempre estão disponíveis próximo <strong>de</strong><br />

áreas <strong>de</strong>gradadas. No processo <strong>de</strong> enchimento <strong>do</strong> reservatório da UHE Campos Novos, gran<strong>de</strong><br />

quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> galharia foi acumulada próximo a represa e este material foi retira<strong>do</strong> e coloca<strong>do</strong> junto<br />

as área em processo <strong>de</strong> <strong>restauração</strong> para que propiciassem um ambiente a<strong>de</strong>qua<strong>do</strong> para a formação<br />

<strong>de</strong> solo.<br />

Na UHE Itá Reis (2001) e <strong>na</strong> UHE Campos Novos constatou-se que:<br />

-Troncos maiores e <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>iras mais moles, rapidamente mostraram si<strong>na</strong>is <strong>de</strong> trituramento<br />

realiza<strong>do</strong>, principalmente, por larvas <strong>de</strong> coleópteros. Este processo representa que há uma<br />

colonização <strong>de</strong> insetos capazes <strong>de</strong> atrair seus preda<strong>do</strong>res. Caracterizou o início <strong>de</strong> uma ca<strong>de</strong>ia<br />

alimentar tanto para os animais preda<strong>do</strong>res <strong>de</strong>stes insetos como para as plantas que po<strong>de</strong>riam<br />

aproveitar os sais minerais disponibiliza<strong>do</strong>s pelo trituramento da ma<strong>de</strong>ira;<br />

-Muitas aves começaram a utilizar estes montes <strong>na</strong> procura <strong>de</strong> insetos e para fazerem ninhos;<br />

-Foi observa<strong>do</strong> que a galharia passou a servir <strong>de</strong> abrigo para ratos e cobras. Sugere-se que<br />

algumas cobras e ratos tenham vin<strong>do</strong> junto com a galharia <strong>de</strong> <strong>de</strong>ntro <strong>do</strong> lago, caracterizan<strong>do</strong>-se este<br />

processo como um ato efetivo <strong>de</strong> resgate <strong>de</strong> fau<strong>na</strong>, pois a intenção inicial era <strong>de</strong> queimar esta<br />

galharia e consequentemente matan<strong>do</strong> os mesmos;<br />

-Alguns troncos ou árvores arrancadas iniciaram um processo <strong>de</strong> brotamento forman<strong>do</strong><br />

plantas novas. Isto foi observa<strong>do</strong> para plantas <strong>de</strong> figueiras, bambus, capins;<br />

-Os montes <strong>de</strong> galharia foram sen<strong>do</strong>, aos poucos, cobertos por vegetação;<br />

-A vegetação <strong>do</strong>s montes foi ocupan<strong>do</strong> as linhas entre as fileiras <strong>de</strong> galharia.<br />

Essa técnica nuclea<strong>do</strong>ra é uma forma eficiente <strong>de</strong> obtenção <strong>de</strong> matéria orgânica para as<br />

áreas. Muitas sementes serão trazidas junto com a galharia e como o ambiente será propício,<br />

germi<strong>na</strong>rão e ocuparão a área. Estas sementes, juntamente com a matéria orgânica da galharia, terão<br />

custo zero, pois este material terá que ser retira<strong>do</strong> <strong>do</strong> lago por uma questão <strong>de</strong> segurança da<br />

barragem. Provavelmente esse material seria tira<strong>do</strong> <strong>do</strong> lago e queima<strong>do</strong>. O aproveitamento <strong>do</strong><br />

mesmo, além <strong>de</strong> evitar a poluição <strong>do</strong> ar, terá gran<strong>de</strong> contribuição local para a <strong>restauração</strong> e resgate<br />

<strong>de</strong> sementes e da fau<strong>na</strong>.<br />

A galharia será um anteparo e um ambiente propício para o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> sementes<br />

trazidas pelo vento (Anemocóricas).<br />

O fato <strong>de</strong> muitos pássaros virem até a galharia para caçarem insetos trará para estes montes<br />

muitas sementes através <strong>de</strong> suas fezes. Muitos pássaros que comem insetos são onívoros, ou seja, se<br />

alimentam também <strong>de</strong> frutos.<br />

Poleiros Artificiais<br />

A regeneração <strong>de</strong> um ambiente <strong>de</strong>grada<strong>do</strong> <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>, principalmente, da chegada <strong>de</strong><br />

propágulos a este local, sen<strong>do</strong> esse consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong> como o principal fator limitante da regeneração <strong>de</strong><br />

áreas <strong>de</strong>gradadas.<br />

Aves e morcegos são os animais dispersores <strong>de</strong> sementes mais efetivos, principalmente<br />

quan<strong>do</strong> se trata <strong>de</strong> transporte entre fragmentos <strong>de</strong> vegetação. Atrair estes animais constitui numa das<br />

formas mais eficientes para propiciar chegada <strong>de</strong> sementes em áreas <strong>de</strong>gradadas e,<br />

conseqüentemente, acelerar o processo sucessio<strong>na</strong>l.<br />

Aves e morcegos utilizam árvores remanescentes em pastagens para proteção, para <strong>de</strong>scanso<br />

durante o vôo entre fragmentos, para residência, para alimentação ou como latri<strong>na</strong>s. Estas árvores<br />

remanescentes formam núcleos <strong>de</strong> regeneração <strong>de</strong> alta diversida<strong>de</strong> <strong>na</strong> sucessão secundária inicial<br />

12


<strong>de</strong>vi<strong>do</strong> à intensa chuva <strong>de</strong> sementes promovida pela <strong>de</strong>fecação, regurgitação ou <strong>de</strong>rrubada <strong>de</strong><br />

sementes por aves e morcegos.<br />

Além <strong>de</strong> atrair diversida<strong>de</strong> <strong>de</strong> propágulos para a área, os dispersores, que utilizam poleiros,<br />

geram regiões <strong>de</strong> concentração <strong>de</strong> recurso, atrain<strong>do</strong>, também, consumi<strong>do</strong>res para o local.<br />

A escolha <strong>de</strong> <strong>técnicas</strong> <strong>de</strong> <strong>restauração</strong> ambiental <strong>de</strong>ve ser norteada pela manutenção <strong>do</strong>s<br />

dispersores <strong>na</strong> área, o que <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>, basicamente, <strong>de</strong>sta área oferecer locais <strong>de</strong> repouso ou abrigo e,<br />

principalmente, apresentar disponibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> alimento o ano to<strong>do</strong>. Para tal fi<strong>na</strong>lida<strong>de</strong>, os poleiros<br />

artificiais po<strong>de</strong>m ser efetivos.<br />

Plantios <strong>de</strong> Mudas em Grupos <strong>de</strong> An<strong>de</strong>rson<br />

A implantação <strong>de</strong> mudas produzidas em viveiros florestais é uma forma <strong>de</strong> gerar núcleos<br />

capazes <strong>de</strong> atrair maior diversida<strong>de</strong> biológica para as áreas <strong>de</strong>gradadas, conforme An<strong>de</strong>rson (1953).<br />

Esses núcleos são compostos por cinco mudas plantadas em formato <strong>de</strong> “+”, sob espaçamento 0,5 x<br />

0,5m, com 4 mudas <strong>na</strong>s bordas e uma central. O plantio <strong>de</strong> toda uma área <strong>de</strong>gradada com mudas<br />

geralmente é oneroso e ten<strong>de</strong> a fixar o processo sucessio<strong>na</strong>l por um longo perío<strong>do</strong> promoven<strong>do</strong><br />

ape<strong>na</strong>s o crescimento <strong>do</strong>s indivíduos das espécies plantadas. Esse pensamento se <strong>de</strong>ve a visão<br />

<strong>de</strong>ndrológica reforçada pela incorporação da fase arbórea, pulan<strong>do</strong> todas as <strong>de</strong>mais fases iniciais da<br />

sucessão, dan<strong>do</strong> importância à estrutura da floresta em <strong>de</strong>trimento <strong>do</strong>s processos dinâmicos <strong>na</strong>turais<br />

(Reis et al., 2006).<br />

A produção <strong>de</strong> ilhas como <strong>de</strong>fendi<strong>do</strong> por Kageyama & Gandara (2000) sugere a formação <strong>de</strong><br />

pequenos núcleos on<strong>de</strong> são colocadas plantas <strong>de</strong> distintas formas <strong>de</strong> vida (ervas, arbustos, lia<strong>na</strong>s e<br />

árvores). Espécies com maturação precoce têm a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> florir e frutificar rapidamente<br />

atrain<strong>do</strong> preda<strong>do</strong>res, poliniza<strong>do</strong>res, dispersores e <strong>de</strong>compositores para os núcleos forma<strong>do</strong>s. Isso<br />

gera condições <strong>de</strong> adaptação e reprodução <strong>de</strong> outros organismos, como as plantas <strong>nuclea<strong>do</strong>ras</strong><br />

registradas nos trabalhos que embasaram a teoria <strong>de</strong>sta proposta <strong>de</strong> <strong>restauração</strong>, e resgatam as<br />

interações entre os organismos <strong>do</strong> sistema, possibilitan<strong>do</strong> a expressão <strong>do</strong>s fenômenos eventuais,<br />

consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong>s mais importantes que os normais. O reflorestamento total <strong>de</strong> uma área <strong>de</strong>gradada<br />

impe<strong>de</strong> que os fenômenos eventuais possam se expressar, impedin<strong>do</strong> a entrada <strong>de</strong> fluxos externos.<br />

O conjunto <strong>de</strong> núcleos cria<strong>do</strong>s através das ilhas <strong>de</strong> alta diversida<strong>de</strong> tor<strong>na</strong>-se mais efetivo<br />

quan<strong>do</strong> seu planejamento previr uma produção diversificada <strong>de</strong> alimentos durante to<strong>do</strong> o ano.<br />

Damasceno (2005), realizan<strong>do</strong> monitoramento em áreas restauradas através <strong>de</strong> plantio convencio<strong>na</strong>l<br />

<strong>de</strong> mudas, verificou que essa meto<strong>do</strong>logia não garante a auto-sustentabilida<strong>de</strong> <strong>do</strong> sistema. A autora<br />

verificou que as espécies regenerantes foram as mesmas das espécies plantadas, pelo impedimento<br />

da eventualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se expressar, ou seja, novas espécies não entraram no sistema. Além disso,<br />

esses ambientes apresentaram diversida<strong>de</strong> <strong>de</strong> formas <strong>de</strong> vida (poucas árvores com presença <strong>de</strong><br />

lia<strong>na</strong>s e epífitas) e baixa complexida<strong>de</strong> florística.<br />

Assim, a <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> <strong>de</strong> mudas plantadas por hectares é <strong>de</strong> 320, oriun<strong>do</strong>s <strong>de</strong> 64 grupos <strong>de</strong><br />

An<strong>de</strong>rson com 5 mudas cada.<br />

Viveiro <strong>de</strong> Produção <strong>de</strong> Mudas<br />

Para o atendimento a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> mudas para a recuperação das áreas <strong>de</strong>gradadas e para<br />

os programas <strong>de</strong> Educação Ambiental <strong>do</strong> Centro Integra<strong>do</strong> <strong>de</strong> Educação Ambiental Serra <strong>do</strong> Facão,<br />

foi implementa<strong>do</strong> um viveiro <strong>de</strong> produção <strong>de</strong> mudas <strong>de</strong> espécies <strong>na</strong>tivas para suprir a necessida<strong>de</strong><br />

das áreas a serem restauradas, visan<strong>do</strong> a produção das 60.000 mudas. Estão sen<strong>do</strong> produzidas<br />

mudas <strong>de</strong> aroeira, vinhático, angico, capitão, tamburil, cajara<strong>na</strong>, papeira, jerivá, faveiro, ipêamarelo,<br />

garapa, maria-pobre, ingá, baru, lobeira, pequi, cafezinho e jenipapo, entre outras.<br />

São utiliza<strong>do</strong>s como recipientes para a produção <strong>de</strong> mudas utilizan<strong>do</strong> saquinhos plásticos e<br />

tubetes. O substrato utiliza<strong>do</strong> é elabora<strong>do</strong> no próprio viveiro, resultante da mistura <strong>de</strong> subsolo com<br />

13


materiais orgânicos, visan<strong>do</strong> sustentar a muda e fornecer-lhe nutrientes para seu a<strong>de</strong>qua<strong>do</strong><br />

crescimento.<br />

A produção <strong>de</strong> mudas é realizada, preferencialmente, através <strong>do</strong> méto<strong>do</strong> sexual, via semente,<br />

e em alguns casos per méto<strong>do</strong>s assexua<strong>do</strong>s, como estaquias e divisão <strong>de</strong> touceiras. Dá-se<br />

preferência a semeadura direta nos recipientes visan<strong>do</strong> a elimi<strong>na</strong>ção <strong>de</strong> confecção <strong>do</strong>s canteiros <strong>de</strong><br />

sombreamento para as mudas recém-repicadas, a redução <strong>do</strong> prazo para produção da muda, a<br />

formação <strong>de</strong> mudas mais vigorosas, a diminuição das perdas por <strong>do</strong>enças e produção <strong>de</strong> mudas com<br />

sistema radicular <strong>de</strong> melhor qualida<strong>de</strong>. Para os casos em que o méto<strong>do</strong> <strong>de</strong> semeadura direta nos<br />

recipientes não é possível, é realizada a semeadura em canteiros, com posterior repicagem. Nos <strong>do</strong>is<br />

casos cita<strong>do</strong>s acima, as sementes <strong>de</strong>verão ser cobertas <strong>de</strong> substrato com a profundida<strong>de</strong><br />

proporcio<strong>na</strong>l a sua espessura. As mudas permanecem no viveiro por um tempo variável <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>n<strong>do</strong><br />

da espécie.<br />

As espécies que serão produzidas no viveiro são as ocorrentes origi<strong>na</strong>lmente <strong>na</strong> região,<br />

típicas <strong>do</strong> Cerra<strong>do</strong> e estão <strong>de</strong>scritas <strong>na</strong>s Tabelas 1, 2 e 3, indicadas pelo PROGRAMA 11 <strong>do</strong> PBA:<br />

PROGRAMA DE RECUPERAÇÃO DE ÁREAS DEGRADAS DA USINA HIDRELÉTRICA<br />

SERRA DO FACÃO.<br />

Quanto mais diversificadas forem as <strong>técnicas</strong> <strong>nuclea<strong>do</strong>ras</strong> utilizadas, também maiores são as<br />

probabilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> estabilida<strong>de</strong> da comunida<strong>de</strong>. Essas áreas em <strong>restauração</strong> servirão como<br />

trampolins ecológicos entre os fragmentos florestais existentes <strong>na</strong> região, possibilitan<strong>do</strong> o fluxo<br />

gênico entre as comunida<strong>de</strong>s anteriormente isoladas. A <strong>utilização</strong> <strong>de</strong> <strong>técnicas</strong> <strong>nuclea<strong>do</strong>ras</strong> <strong>na</strong><br />

<strong>restauração</strong> <strong>ecológica</strong> <strong>do</strong> canteiro <strong>de</strong> obras da UHE Serra <strong>do</strong> Facão está trazen<strong>do</strong> resulta<strong>do</strong>s muito<br />

superiores <strong>do</strong> ponto <strong>de</strong> vista ecológico e econômico quan<strong>do</strong> compara<strong>do</strong> com outros projetos <strong>de</strong><br />

recuperação que utilizam ape<strong>na</strong>s o plantio <strong>de</strong> mudas como ferramenta <strong>de</strong> ação. Essas <strong>técnicas</strong> estão<br />

atrain<strong>do</strong> a fau<strong>na</strong> <strong>na</strong>tiva para as áreas <strong>de</strong>gradadas, que auxiliam <strong>na</strong> dispersão <strong>na</strong>tural <strong>de</strong> sementes.<br />

BIBLIOGRAFIA<br />

An<strong>de</strong>rson, M.L. 1953. Spaced-group planting. U<strong>na</strong>sylva 7(2).<br />

Arruda, MB. 2005. “Representativida<strong>de</strong> <strong>ecológica</strong> com base <strong>na</strong> biogeografia <strong>de</strong> biomaa, ecótonos e<br />

ecorregiões continentais <strong>do</strong> Brasil – o caso <strong>do</strong> bioma cerra<strong>do</strong>”. Tese <strong>de</strong> Doutora<strong>do</strong>, Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Brasília, Brasília.<br />

Derpsch, R.; Roth, C.H., Sidiras, N; Köpke. 1991. “Controle da erosão no Paraná, Brasil: Sistemas <strong>de</strong><br />

cobertura <strong>do</strong> solo, plantio direto e preparo conservacionista <strong>do</strong> solo”. Deutsche Gesellschaft für Technische<br />

Zusamme<strong>na</strong>rbeit (GTZ) GmbH.<br />

Damasceno, A.C.F. 2005. “Macrofau<strong>na</strong> edáfica, regeneração <strong>na</strong>tural <strong>de</strong> espécies arbóreas, lia<strong>na</strong>s e epífitas em<br />

florestas em processo <strong>de</strong> <strong>restauração</strong> com diferentes ida<strong>de</strong>s no Pontal <strong>do</strong> Para<strong>na</strong>panema”. 107p. Disseração<br />

(Mestra<strong>do</strong>). ESALQ, USP.<br />

Di Stasi, LC. 1996. (organiza<strong>do</strong>r). “Plantas Medici<strong>na</strong>is: arte e ciência. Um guia <strong>de</strong> estu<strong>do</strong> interdiscipli<strong>na</strong>r”. São<br />

Paulo: Unesp. 230 p.<br />

Dobson, AP. 1995. “Conservation and biodiversity”. Scientific American Library, New York. 264 p.<br />

FAO. 1996. The State of the world´s plant genetic resources for food and agriculture. Roma.<br />

Ferretti, A. R. 2002. “Fundamentos ecológicos para o planejamento da <strong>restauração</strong> florestal”. In: GALVÃO,<br />

A. P. M. e MEDEIROS, A. C. S. (eds.) Restauração da Mata Atlântica em áreas <strong>de</strong> sua primitiva ocorrência <strong>na</strong>tural.<br />

Embrapa Florestas, Colombo: 21-26.<br />

Gentry, A.H. 1993. “Tropical Forest Biodiversity and the pontencial for New Medici<strong>na</strong>l Plants”. Human<br />

Medici<strong>na</strong>l Agents From Plants.<br />

Kageyama, P. Y.; Gandara, F. B. 2000. “Recuperação <strong>de</strong> áreas ciliares”. In: RODRIGUES, R. R. e LEITÃO-<br />

FILHO, H. F. (eds). Matas ciliares: conservação e recuperação. Edusp, São Paulo: p. 249-270.<br />

Kageyama, P. Y.; Gandara, F. B.; Oliveira, R. E.;Moraes, L. F. D. 2002. “Restauração da mata ciliar –<br />

manual para recuperação <strong>de</strong> áreas ciliares e microbacias”. Projeto PLANÁGUA SEMADS/GTZ, Rio <strong>de</strong> Janeiro. Série<br />

SEMADS, 13: 104p.<br />

Kiehl, E. J. 1985. “Fertilizantes orgânicos”. Piracicaba: Ed. Agronômica Ceres Ltda.<br />

Mariot, A. 2005. “Projeto executivo <strong>de</strong> <strong>restauração</strong> e recuperação das áreas da obra da Usi<strong>na</strong> Hidrelétrica<br />

Campos Novos”. 67p.<br />

14


Primavesi, A. 1979. “Manejo ecológico <strong>do</strong> solo: a agricultura em regiões tropicais”. São Paulo: Nobel.<br />

Reis, A. 2001. “Avaliação da recuperação <strong>de</strong> talu<strong>de</strong>s <strong>de</strong> área <strong>de</strong> empréstimo <strong>na</strong> Usi<strong>na</strong> Hidrelétrica <strong>de</strong> Itá,<br />

através da sucessão e dispersão <strong>de</strong> sementes”. Relatório fi<strong>na</strong>l <strong>de</strong> pesquisa, FAPEU, Florianópolis, 42 p.<br />

Reis, A.; Becchara, F.C.; Espín<strong>do</strong>la, M.B.; Vieira, N.K.; Souza, L.L. 2003. Restauração <strong>de</strong> áreas<br />

<strong>de</strong>gradadas: a nucleação como base para incrementar os processos sucessio<strong>na</strong>is. Natureza & Conservação 1(1): 28-36.<br />

Reis, A.; Três, D.R.; Bechara, F.C. 2006. A nucleação como novo paradigma <strong>na</strong> <strong>restauração</strong> <strong>ecológica</strong>:<br />

“espaço para o imprevisível”. In:Simpósio sobre recuperação <strong>de</strong> áreas <strong>de</strong>gradaddas com ênfase em matas ciliares. IB:<br />

São Paulo. P.104-121.<br />

Rodrigues, R. R.; Nave, A. G. 2000. “Hetereogeneida<strong>de</strong> Florística das Matas”. In: RODRIGUES, R. R. e<br />

LEITÃO-FILHO, H. F. (eds). Matas ciliares: conservação e recuperação. Edusp, São Paulo: p. 45-72.<br />

15


TABELA 01 -RELAÇÃO DAS ESPÉCIES RECOMENDADAS PARA O REFLORESTAMENTO DAS ÁREAS<br />

DEGRADADAS DA UHE SERRA DO FACÃO – PIONEIRAS.<br />

NOME POPULAR NOME CIENTÍFICO FAMÍLIA<br />

Açoita-cavalo Luehea paniculata March TILIACEAE<br />

Amoreira Maclura tinctoria (L.) D. Don. Ex Steun MORACEAE<br />

Angico, angico-vermelho A<strong>na</strong><strong>de</strong><strong>na</strong>nthera macrocarpa Bre<strong>na</strong>n LEG. MIMOSOIDEAE<br />

Aroeira-Gonçalves Astronium flaxinifolium Schott ANARCADIACEAE<br />

Aroeirinha Lithracea molleoi<strong>de</strong>s (Vell.) Engl. ANACARDIACEAE<br />

Assa-peixe, catinga-<strong>de</strong>-bo<strong>de</strong> Hypti<strong>de</strong>ndron asperrrimum (Spreng.) R. M.<br />

Harley<br />

LABIATAE<br />

Assa-peixe, can<strong>de</strong>ia, paratu<strong>do</strong>, infalível Piptocarpha rotundifolia (Less.) Baker COMPOSITAE<br />

Barbatimão Stryphno<strong>de</strong>ndron adstringens Mart. LEG. MIMOSOIDEAE<br />

Barriguda, paineira-rosa Chorisia speciosa St. Hil. BOMBACACEAE<br />

Cabiú<strong>na</strong>-<strong>do</strong>-cerra<strong>do</strong>, jacarandá Dalbergia miscolobium Benth. LEG. PAPILIONOIDEAE<br />

Capitão, maria-preta Termi<strong>na</strong>lia glabrescens Mart. COMBRETACEAE<br />

Capitão-folhas-novas, capitão-<strong>do</strong>-campo Termi<strong>na</strong>lia argentea Mart. & Zucc COMBRETACEAE<br />

Carvoeiro, carvoeiro-<strong>do</strong>-campo Sclerolobium paniculatum Vog. Var.<br />

rubiginosum<br />

Carvoeirinho Sclerolobium paniculatum Vog. Var.<br />

subvelutinum<br />

LEG. CAESALPINOIDEAE<br />

Leg. Caesalpinoi<strong>de</strong>ae<br />

Cedro-<strong>do</strong>-campo, cedro-<strong>do</strong>-mato Simarouba versicolor St. Hil. SIMAROUBACEAE<br />

Embaúba Cecropia sp CECROPIACEAE<br />

Farinha-seca Ouratea hexasperma (St. Hil.) Baill. OCHNACEAE<br />

Fava-<strong>de</strong>-arara, pau-<strong>de</strong>-arara Dimorphandra mollis Benth. LEG. MIMOSOIDEAE<br />

Fe<strong>de</strong>goso Sen<strong>na</strong> macranthera (Collad.) I & B LEG. CAESALPINOIDEAE<br />

Goiaba-brava Myrcia tomentosa Berg. MYRTACEAE<br />

Guapeva Pouteria torta (Mart.) Radlk. SAPOTACEAE<br />

Imbira <strong>de</strong> sapo Cordia off. Sellowia<strong>na</strong> Cham. BORAGINACEAE<br />

Imbiruçu Pseu<strong>do</strong>bombax longiflorum Mart. & Zucc.<br />

A. Robyns<br />

BOMBACACEAE<br />

Ingá-branco, ingá-miú<strong>do</strong> Inga lauri<strong>na</strong> (Sw.) Willd LEG. MIMOSOIDEAE<br />

Ingá-cipó Inga edulis Mart LEG. MIMOSOIDEAE<br />

Ingazinho, ingá-feijão Inga cylindrica (Vell.) Mart LEG. MIMOSOIDEAE<br />

Jacarandá Machaerium acutifolium Vog. LEG. PAPILIONOIDEAE<br />

Jacarandá-folha-grossa, jacarandá-<strong>do</strong>-cerra<strong>do</strong> Machaerium opacum Vog LEG. PAPILIONOIDEAE<br />

Lagarto, pau-lagarto, lagarto-verda<strong>de</strong>ira Casearia sylvestris sw. FLACOURTIACEAE<br />

Laranjeirinha, mamica mato Zanthoxilum rie<strong>de</strong>lianum Engl. RUTACEAE<br />

Maria-pobre Dilo<strong>de</strong>ndron bipin<strong>na</strong>tum Radkl. SAPINDACEAE<br />

16


TABELA 02 - RELAÇÃO DAS ESPÉCIES RECOMENDADAS PARA O REFLORESTAMENTO DAS ÁREAS<br />

DEGRADADAS DA UHE SERRA DO FACÃO – SECUNDÁRIAS.<br />

NOME POPULAR NOME CIENTÍFICO FAMÍLIA<br />

Almecega Protium almecega March BURSERACEAE<br />

Araçá-roxo, laranjeira Psidium rufum DC. MYRTACEAE<br />

Aroeira Myracrodruon urun<strong>de</strong>uva Fr. All. A<strong>na</strong>cardiaceae<br />

Bacupari Salacia elliptica (Mart.) Peyr HIPPOCRATEACEAE<br />

Baru Dipteryx alata Vog. LEG.PAPILINOIDEAE.<br />

Bate-caixa, folha-larga, colher-<strong>de</strong>-vaqueiro Salvertia convallariaeo<strong>do</strong>ra St. Hil. VOCHYSIACEAE<br />

Bolsa-<strong>de</strong>-cavalo, guatambu-<strong>do</strong>-cerra<strong>do</strong> Aspi<strong>do</strong>sperma macrocarpon Mart. APOCYNACEAE<br />

Cagaiteira Eugenia dysenterica DC. MYRTACEAE<br />

Camboatá-legitimo Cupania ver<strong>na</strong>lis Camb. SAPINDACEAE<br />

Canela, louro Ocotea aff. Spixia<strong>na</strong> (Nees) Mez. LAURACEAE<br />

Canjiquinha Maprounea guianensis Spreng EUPHORBIACEAE<br />

Caraíba, ipê-<strong>do</strong>-campo Tabebuia caraiba (Mart.) Bur. BIGNONIACEAE<br />

Casca-branca, chá-<strong>de</strong>-bugre Rudgea viburnoi<strong>de</strong>s (Cham.) Benth RUBIACEAE<br />

Cascu<strong>do</strong> Con<strong>na</strong>rus suberosus Planch. CONNARACEAE<br />

Catinga, baga-<strong>de</strong>-morcego Trichilia pallida swartz MELIACEAE<br />

Cedro Cedrella fissilis Vell MELIACEAE<br />

Chapada Acosmium subelegans (Mohl.) Yakol LEG. PAPILIONOIDEAE<br />

Chapadinha Acosmium dasycarpum (Vog.)Yakol LEG. PAPILIONOIDEAE<br />

Folha-<strong>de</strong>-serra Ouratea spectabilis Mat. (Engl.) OCHNACEAE<br />

Fruta-<strong>de</strong>-urubu Diospyrus hispida DC. EBENACEAE<br />

Guamirim, sete-cascas Eugenia son<strong>de</strong>ria<strong>na</strong> O. Berg. MYRTACEAE<br />

Guaperê<br />

Lamanonia ter<strong>na</strong>ta<br />

CUNONIACEAE<br />

ipê-amarelo Tabebuia serratifolia (vahl) Nich. BIGNONIACEAE<br />

ipê-branco Tabebuia roseo-alba (Ridley) Sandw BIGNONIACEAE<br />

Jacubiru, imbiru, embiruçu Eriotheca gracilipes (k. Schum) A. Rob. BOMBACACEAE<br />

Jenipapo<br />

Genipa america<strong>na</strong><br />

RUBIACEAE<br />

Laranjeira Psidium rufum DC. MYRTACEAE<br />

Jatobá Hymenea stigonocarpa Bonth. LEG. CAESALPINOIDEAE<br />

Machadinha Diospyrus obovata Jacq. EBENACEAE<br />

Mangaba Hancornia speciosa Gome APOCYNACEAE<br />

Maria-mole<br />

Dendropa<strong>na</strong>x cuneatum<br />

ARALIACEAE<br />

Murici, murici-<strong>do</strong>-campo Byrsonima basiloba Juss MALPIGHIACEAE<br />

Olho-<strong>de</strong>-cabra, tento Ormosia fastigiata Tul. LEG. PAPILIONOIDEAE<br />

Pacari Lafoensia pacari St. Hil. LYTHRACEAE<br />

17


TABELA 03 - RELAÇÃO DAS ESPÉCIES RECOMENDADAS PARA O REFLORESTAMENTO DAS ÁREAS<br />

DEGRADADAS DA UHE SERRA DO FACÃO – CLIMÁXICAS.<br />

NOME POPULAR NOME CIENTÍFICO FAMÍLIA<br />

Bolsinha, guatambu-vermelho Aspi<strong>do</strong>sperma tomentosum Mart. APOCYNACEAE<br />

Canela-<strong>de</strong>-cheiro Cryptocarya aschersonia<strong>na</strong> Mez LAURACEAE<br />

Canela-preta<br />

Ocotea sp<br />

LAURACEAE<br />

Carrapeta, figo-<strong>do</strong>-mato Guarea kunthia<strong>na</strong> A. Juss. MELIACEAE<br />

Embiruçu, embiruçu-pelu<strong>do</strong> Pseu<strong>do</strong>bombax tomentosum (Mart. & Zucc.) A. Robyns BOMBACACEAE<br />

Garapa, escorrega-macaco Apuleia leiocarpa (vog.) Macbr. LEG. CAESALPINOIDEAE<br />

Ipê-roxo Tabebuia impetiginosa (Mart.) Standl. BIGNONIACEAE<br />

Jequitibá Cariniama sp LECYTHIDACEAE<br />

Pau-d’óleo Copaifera langs<strong>do</strong>rffli Desf. LEG. CAESALPINOIDEAE<br />

Peroba-legitima Aspi<strong>do</strong>sperma cylindrocarpun M. Arj. APOCYNACEAE<br />

Tamboril-<strong>do</strong>-campo , tamboril Enterolobium gumiferum (Marr.) Macbr LEG. MIMOSOIDEAE<br />

18

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!