Dezembro - Adventist World
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Ó r g ã o I n t e r n a c i o n a l d o s A d v e n t i s t a s d o S é t i m o D i a<br />
20 Mais, Muito Mais<br />
22 Ativo na Palavra<br />
e na Obra<br />
<strong>Dezembro</strong> 2007<br />
Capacitando Capacitando Capacitando Capacitando as<br />
as<br />
M da<br />
Capacitando Capacitando Capacitando Capacitando Capacitando Capacitando Capacitando Capacitando Capacitando Capacitando Capacitando C apacitando as<br />
Mulheres Mulheres Mulheres ulheres Í da<br />
Mulheres M<br />
Mulheres Mulheres Índ Índ Índ Índ ÍÍnd<br />
nd a<br />
27 O Dia em que os<br />
Anjos Cantaram
<strong>Dezembro</strong> 2007<br />
A R T I G O D E C A P A<br />
Capacitando as Mulheres da Índia<br />
Por Loren Seibold ........................................................................ 16<br />
Educação é poder; e educação começa aprendendo a ler.<br />
D E V O C I O N A L<br />
Mais, Muito Mais Por Ekkehardt Mueller ............................ 12<br />
Quando necessitamos de um Salvador, tem que ser O melhor.<br />
V I D A A D V E N T I S T A<br />
Reforma na Islândia Por Gavin Anthony ............................ 14<br />
Perguntas que merecem ser feitas: Onde estivemos? Para onde<br />
estamos indo?<br />
C R E N Ç A S F U N D A M E N T A I S<br />
Saturado de Signifi cado Por Gerald Klingbeil ................... 20<br />
A Santa Ceia abrange nossa experiência espiritual passada,<br />
presente e futura.<br />
E P Í R I T O D E P R O F E C I A<br />
Ativo na Palavra e na Obra Por Ellen G. White............... 22<br />
Compartilhamos a mensagem com mais que palavras.<br />
H E R A N Ç A<br />
Suprindo as Necessidades das Crianças<br />
Por Arthur W. Spalding ............................................................... 24<br />
Alguma vez já se perguntou de onde vieram as lições da Escola Sabatina?<br />
<strong>Adventist</strong> <strong>World</strong> (ISSN 1557-5519) é editada 12 vezes por ano, na primeira quinta-feira do mês, pela Review and Herald Publishing<br />
Association. Copyright (c) 2005. Vol. 3, nº 12, <strong>Dezembro</strong> de 2007.<br />
2 <strong>Adventist</strong> <strong>World</strong> | <strong>Dezembro</strong> 2007<br />
K U R T F A T T I C<br />
A I G R E J A E M A Ç Ã O<br />
Editorial ....................... 3<br />
Notícias do Mundo<br />
3 Imagens e Fatos<br />
Visão Global<br />
8 Diálogo com Pastores<br />
Janela<br />
10 A Bolívia por Dentro<br />
S A Ú D E<br />
Anemia Perniciosa ..... 11<br />
Por Allan R. Handysides e<br />
Peter N. Landless<br />
P E R G U N T A S B Í B L I C A S<br />
A Revelação da<br />
Salvação ...................... 26<br />
Por Angel Manuel Rodríguez<br />
E S T U D O B Í B L I C O<br />
O Dia em que os<br />
Anjos Cantaram ......... 27<br />
Por Mark A. Finley<br />
I N T E R C Â M B I O M U N D I A L<br />
29 Cartas<br />
30 O Lugar de Oração<br />
31 Intercâmbio de Idéias<br />
O Lugar das<br />
Pessoas ........................ 32<br />
Tradução: Sonete Magalhaes Costa.<br />
Capa: CÍRCULO DE APRENDIZADO: As<br />
classes de alfabetização, promovidas<br />
pelo projeto Esperança para Humanidade<br />
da Igreja <strong>Adventist</strong>a, muito têm<br />
contribuído para ganhar o respeito da<br />
comunidade e melhorar a qualidade de<br />
vida das mulheres da Índia. Mais de 200<br />
classes de alfabetização são mantidas<br />
em cinco províncias no sul daquele país.
A Igreja em Ação<br />
Editorial<br />
Responsabilidade Moral<br />
Estava dividido entre a conta de energia elétrica e um<br />
cartão de Natal, quando o vi pela primeira vez – uma<br />
brochura cor de laranja, brilhante, da Sociedade Bíblica,<br />
decorado com um memorável slogan: “Se eles não podem<br />
ler as palavras, não podem ler a Palavra.” Por um momento<br />
e, depois, por um bom tempo, esqueci o alto custo de ter um<br />
refrigerador e os amigos para quem deveria enviar um cartão<br />
de Natal. Por um momento, vislumbrei um mundo que, para<br />
mim, é difícil imaginar – um mundo em que a linguagem escrita<br />
não significa quase nada, onde o progresso do evangelho<br />
depende de línguas e ouvidos, muito mais que dos olhos.<br />
Foi uma grande lição para um futuro editor absorver, pois<br />
estou acostumado a devorar visualmente qualquer coisa impressa<br />
que esteja por perto. A progressão ordenada das letras<br />
numa página, através das quais tenho acesso ao meu mundo,<br />
mistifica e confunde os que não tiveram privilégios como eu.<br />
N O T Í C I A S D O M U N D O<br />
JAMAICA: Presidente da Igreja<br />
<strong>Adventist</strong>a do Sétimo Dia enfatiza capacitação<br />
pessoal em diálogo com jovens.<br />
■ O pastor Jan Paulsen, presidente mundial da Igreja<br />
<strong>Adventist</strong>a do Sétimo Dia, deu grande apoio aos jovens adventistas,<br />
no dia 27 de outubro – inclusive oferecendo um “yeah<br />
mon!”, saudação jamaicana – durante o “Let’s Talk” caribenho,<br />
o décimo sétimo programa da série que consiste em uma conversa<br />
sem roteiro e sem edição, entre o presidente da Igreja e<br />
jovens abaixo de 30 anos.<br />
“Você não precisa ser eleito oficial para ser parte da igreja.<br />
Não tem que ser o ancião da igreja para que ela seja sua. A<br />
igreja pertence a todos e estamos juntos nela”, disse o pastor<br />
Paulsen, durante diálogo com cerca de 40 jovens da Universidade<br />
do Norte Caribenho, em Mandeville, Jamaica e transmitido<br />
ao vivo pelo Hope Channel, rede de TV da Igreja.<br />
Durante o “Let’s Talk” – que costumeiramente dura uma<br />
hora – o pastor Paulsen concentrou seus comentários na capacitação<br />
pessoal dos membros da igreja. Embora, segundo ele,<br />
E enquanto simplesmente celebramos o avanço da taxa de<br />
alfabetização ao redor do globo, não nos atrevamos a omitir<br />
o fato de que um, em cada cinco adultos em nosso mundo,<br />
ainda não sabe ler.* Em algumas regiões, apenas um em cinco<br />
consegue ler.<br />
O acesso à Palavra de Deus é problemático, mesmo nas<br />
áreas em que as taxas de alfabetização estão subindo. As traduções<br />
da Bíblia, atualmente, atingem apenas uma modesta<br />
fração das línguas faladas no mundo. Os adventistas de todos<br />
os lugares devem lembrar-se de que o estudo da Bíblia, que<br />
estimulamos como obrigação de todo crente, está condicionado<br />
à capacidade de ler a Palavra em uma língua conhecida.<br />
Há habilidades ainda mais básicas do que comparar texto com<br />
texto, e somos moralmente obrigados a apoiar as campanhas<br />
de alfabetização cada vez que estimularmos um homem ou<br />
uma mulher a estudar a Palavra de Deus.<br />
Dois artigos, nesta edição da <strong>Adventist</strong> <strong>World</strong>, salientam<br />
esse assunto: “Capacitando as Mulheres na Índia” (artigo de<br />
capa) e “Suprindo as Necessidades das Crianças”. Ao desfrutar<br />
desses artigos e ser inspirado por eles, comprometa-se, neste<br />
mês, a compartilhar suas habilidades de leitura com alguém.<br />
* UNESCO<br />
—Bill Knott<br />
Pastor Paulsen enfatiza<br />
necessidade de competência<br />
e aptidão da<br />
igreja, durante diálogo<br />
com jovens da Universidade<br />
<strong>Adventist</strong>a Norte<br />
Caribenha, em Mandeville, Jamaica. Também apelou às<br />
gerações mais velhas, que assistiam ao programa, para<br />
incluir os jovens nas atividades da igreja.<br />
R A J M U N D D A B R O W S K I / A N N<br />
<strong>Dezembro</strong> 2007 | <strong>Adventist</strong> <strong>World</strong> 3
A Igreja em Ação<br />
N O T Í C I A S D O M U N D O<br />
essa seja uma mensagem importante para todo o<br />
mundo, é também importante para a região das<br />
Antilhas, onde os jovens somam mais de dois terços<br />
dos membros da Igreja <strong>Adventist</strong>a.<br />
Logo no início do programa, o pastor Paulsen<br />
voltou-se rapidamente para a câmera e fez observações<br />
endereçadas à geração mais adulta da igreja,<br />
no sentido de melhorar algumas atitudes em relação<br />
aos jovens.<br />
“Estou falando especialmente aos que estão assistindo<br />
a esse programa. Vocês precisam, realmente,<br />
delegar responsabilidades aos jovens. ... É fato incontestável<br />
que, quando os jovens não se envolvem nas<br />
atividades da igreja, saem dela”, ele afirmou.<br />
Após uma pergunta sobre cidadania, Paulsen<br />
disse que os cristãos não devem apenas perguntar<br />
como podem contribuir com a igreja, mas também<br />
como podem participar na comunidade em que vivem. Uma<br />
das maneiras de produzir impacto na sociedade é manter um<br />
escritório político, Paulsen sugeriu. Mas advertiu que quando<br />
alguém deseja se candidatar a um posto público deve perguntar<br />
se essa é uma atividade da qual pode participar sem comprometer-se,<br />
ou comprometer sua lealdade para com Deus.<br />
O “Let’s Talk” caribenho mais uma vez ressaltou o dever de<br />
fomentar a espiritualidade individual quando um jovem perguntou<br />
o que a igreja estava fazendo para proteger os jovens<br />
dos “efeitos nocivos” da mídia. Paulsen lembrou o grupo acerca<br />
dos muitos benefícios que a mídia pode propiciar e também<br />
de seu potencial para propagar o mal. “A igreja não fará<br />
a escolha, você terá que fazê-la”, disse Paulsen. Ele, com muita<br />
freqüência, advoga responsabilidade individual em vez de responsabilidade<br />
corporativa, quando responde às perguntas do<br />
“Let’s Talk”. A escolha do lazer, segundo ele, é uma questão de<br />
consciência. “Quando você liga a televisão, por exemplo, não<br />
deve perguntar: O que a igreja diz sobre esse programa? Mas:<br />
Será que isso vai contribuir para que eu seja alguém melhor?”<br />
Durante a segunda parte do “Let’s Talk”, muitos dos jovens<br />
participantes formularam perguntas sobre sexualidade.<br />
Um estudante perguntou a respeito de uma jovem solteira,<br />
grávida, especificamente quando o pastor ou outro oficial da<br />
igreja é acusado de abuso ou de estupro e a vítima tem medo<br />
de denunciar. Paulsen foi inflexível na resposta: “Se você cometeu<br />
um crime, vai para a cadeia. A igreja não provê abrigo<br />
para quem está abusando de sua função ou envolvido em atividades<br />
criminosas, condenadas pela sociedade.” Ele disse que<br />
a igreja deve prover segurança e cura para os que carregam<br />
cicatrizes.<br />
O diálogo, então, voltou-se para a AIDS, e a dúvida é se a<br />
ênfase da igreja, quanto à abstinência, é suficiente para combater<br />
o crescimento desenfreado da doença. “Não deveríamos<br />
pregar outra coisa?” perguntou outro participante.<br />
4 <strong>Adventist</strong> <strong>World</strong> | <strong>Dezembro</strong> 2007<br />
Daniel Clarke, apresentador do Let’s Talk caribenho, ao centro,<br />
com o pastor Jan Paulsen, presidente da Igreja <strong>Adventist</strong>a (à<br />
direita), em diálogo com os jovens da Jamaica, transmitido ao vivo,<br />
no dia 27 de outubro. “Olá”, disse Paulsen ao grupo. “Não, não”,<br />
disse Clark. “Se o senhor se sentir bem, deve responder assim:<br />
“yeah mon”. Paulsen fez mais uma tentativa e, dessa vez, cumprimentou<br />
o grupo à maneira jamaicana.<br />
R A J M U N D D A B R O W S K I / A N N<br />
“Sejamos bem francos”, disse Paulsen. “Sexo pertence ao<br />
casamento. A promiscuidade nunca foi admitida no estilo de<br />
vida bíblico. Não procuremos maneiras de acomodá-la e torná-la<br />
segura. Deixe as coisas boas para o momento certo.”<br />
Continuando o programa, Paulsen disse que estava satisfeito<br />
com as perguntas feitas pelos participantes.<br />
Outra pergunta focalizou os métodos do ministério da<br />
igreja. Quando um estudante perguntou se o tão conhecido<br />
“evangelismo em tendas” estava “fora de moda”, Paulsen respondeu<br />
que o evangelismo tradicional ainda funciona “muito<br />
bem” na maior parte do mundo. Os líderes da igreja, porém,<br />
não deveriam depender dos efeitos iniciais de um esforço<br />
evangelístico para produzir decisões “profundas e permanentes”<br />
por Cristo − ele comentou − algo que, em longo prazo,<br />
os pequenos grupos são mais eficazes. Para uma pessoa permanecer<br />
na igreja precisa ter amigos nela. Disse ainda que os<br />
grandes eventos são mais produtivos quando a ênfase recai na<br />
celebração e não na conversão.<br />
“A igreja gasta muito tempo para alcançar os de fora em<br />
prejuízo dos de dentro”, disse um dos participantes. “Para um<br />
novo cristão que ainda luta contra o vício das drogas, o conselho<br />
para “confiar em Jesus” pode não ser suficiente”, sugerindo<br />
que a igreja negligencia a criação de mais programas de recuperação<br />
para viciados. Paulsen concordou que precisa haver<br />
mais cuidado com os de dentro, desde que os recursos não<br />
sejam desviados do evangelismo.<br />
O “Let’s Talk” chegou ao fim com uma questão mais amena:<br />
Deve ou não um jovem adventista participar de esportes<br />
competitivos? Paulsen respondeu que quando os esportes<br />
fazem com que o atleta ou os fãs deixem de fazer de Deus<br />
e da religião sua prioridade, certamente não são saudáveis.<br />
“Mas geralmente os esportes encorajam fortes relacionamentos.”—<br />
Por Elizabeth Lechleitner, <strong>Adventist</strong> News Network,com<br />
equipe da AW
N O T Í C I A S D O M U N D O<br />
Igreja <strong>Adventist</strong>a do Sétimo Dia<br />
Conquista Novos Membros<br />
Mais de um milhão de pessoas<br />
uniram-se à igreja no ano passado<br />
e apostasia diminui<br />
Por Mark A. Kellner, <strong>Adventist</strong> <strong>World</strong><br />
News Editor, com reportagem de Taashi Rowe e<br />
Ansel Oliver, Rede <strong>Adventist</strong>a de Notícias (ANN)<br />
Igreja <strong>Adventist</strong>a do Sétimo Dia recebeu mais de um mi-<br />
A lhão de novos membros nos últimos doze meses (até 30<br />
de junho), informou o secretário executivo da Igreja, pastor<br />
Matthew A. Bediako, aos líderes que participaram do nonagésimo<br />
quinto Concílio Anual.<br />
O número de membros da Igreja em todo mundo chegou<br />
a 15.433.470 em 30 de junho, com o acréscimo 2.859 pessoas,<br />
diariamente, durante o período mencionado. Conforme Bediako,<br />
há hoje um adventista para cada 429 habitantes da Terra.<br />
A Igreja <strong>Adventist</strong>a, disse ele, “nunca esteve em situação<br />
tão favorável para testemunhar da verdade”. Mas advertiu:<br />
“Isso não deve nos levar a uma atitude de acomodação e<br />
contentamento. Esse é um tempo em que devemos estar mais<br />
atentos e ativos do que nunca.”<br />
Nos últimos cinco anos, mais de um milhão de indivíduos<br />
uniram-se à Igreja <strong>Adventist</strong>a do Sétimo Dia cada ano. Bediako<br />
disse aos participantes do concílio: “De 1 de julho de 2006 a<br />
30 de junho de 2007, 1.044.315 pessoas foram acrescentadas<br />
à Igreja por meio do batismo ou profissão de fé. Embora haja<br />
um decréscimo de 48.774 membros em comparação com o<br />
ano passado, louvamos a Deus por essas preciosas almas.”<br />
O número de membros apresentou um crescimento líquido<br />
de 681.448 pessoas, após a remoção de 362.867 do rol de membros.<br />
Em 2006, os líderes disseram que alguns desses ajustes<br />
resultaram de auditorias no registro de membros das igrejas<br />
locais, assim como de relatórios de membros que faleceram. No<br />
período de cinco anos (terminando em 2006), conforme revisão<br />
das estatísticas fornecidas pela Igreja e divulgadas pela Rede<br />
<strong>Adventist</strong>a de Notícias (ANN) no ano passado, as mortes somaram<br />
aproximadamente 10% a 12% das perdas de membros.<br />
Ao mesmo tempo, as taxas de perda parecem estar recuando,<br />
informou Bediako.<br />
“Enquanto vínhamos relatando uma média de 45,03% de<br />
perdas”, disse Bediako, “nossos registros, este ano, mostram<br />
um dado positivo: 24,21%. Esta é uma extraordinária mudança,<br />
e louvamos a Deus por isso.”<br />
Bediako disse que se, por um lado, “estamos felizes por ver<br />
AUMENTO DA MEMBRESIA: Durante seu relatório<br />
anual, o secretário da igreja adventista mundial, Matthew<br />
A. Bediako, falou que as estatísticas de crescimento<br />
positivo da Igreja não devem embalar os membros na<br />
inatividade. “Este é um tempo em que devemos estar<br />
mais ativos do que nunca”, disse ele aos delegados do<br />
Concílio Anual.<br />
uma nova tendência, por outro, não podemos cantar vitória,<br />
enquanto não eliminarmos de nossos livros de registros a coluna<br />
de membros desaparecidos. Para alcançarmos esse alvo,<br />
precisamos demonstrar em cada igreja, instituição e em todos<br />
os níveis da administração da Igreja, um amor incondicional<br />
de uns para com os outros. Cada indivíduo que entra em<br />
nossa igreja ou instituição precisa sentir-se bem-vindo. Todos<br />
devem ser respeitados e aceitos.”<br />
E Bert Haloviak, diretor do Escritório de Arquivos e Estatística<br />
da Igreja, disse que, neste ano, houve um crescimento<br />
de 4,62% no número de membros, sendo o maior desde o ano<br />
2002-2003, quando os resultados das auditorias no número de<br />
membros começaram a subir nos registros da Igreja.<br />
Na área das missões, Bediako relata que 96 novos missionários<br />
de tempo integral foram enviados para trabalhar em<br />
2007, e 624 outros retornaram de seus campos, após licença<br />
ou férias. Um total de 979 missionários, “procedentes de todos<br />
os lugares”, estão no campo hoje, acrescidos de 1.600 voluntários<br />
adventistas, trabalhando de 12 a 24 meses.<br />
Os relatórios de Bediako e Vernon Parmenter, diretor do<br />
Centro de Voluntariado <strong>Adventist</strong>a, enfatizaram também o<br />
impacto do trabalho dos membros leigos e pastores em muitas<br />
áreas. As campanhas evangelísticas na África, Ucrânia, Tartarstan,<br />
Indonésia, bem como no território das Divisões Interamericana<br />
e Sul-Americana, são responsáveis pelo acréscimo de<br />
novos membros.<br />
<strong>Dezembro</strong> 2007 | <strong>Adventist</strong> <strong>World</strong> 5<br />
R A J M U N D D A B R O W S K I / A N N
A Igreja em Ação<br />
N O T Í C I A S D O M U N D O<br />
“Creio que nossas maiores conquistas ainda estão à frente”,<br />
disse Bediako. “Em um futuro próximo, veremos um aumento<br />
acelerado de trabalho em todas as frentes. Como um povo, nunca<br />
estivemos numa situação tão favorável para testemunhar da<br />
verdade como agora.” E acrescentou: “Nossa Igreja conquistou<br />
respeitabilidade como nunca antes. A divulgação das atividades<br />
da Igreja em todo o mundo tem levado muitos a perguntar: ‘Em<br />
que os adventistas crêem?’. Muitas organizações, denominações<br />
religiosas e pessoas, em todos os níveis de responsabilidade,<br />
estão dispostas a ouvir nossos ensinamentos e seguir a verdade.<br />
Para todos nós, este é um tempo de oportunidade.”<br />
Os adventistas do sétimo dia estão ativos em 203 das 207<br />
nações e territórios do mundo. Entre 25 e 30 milhões de pessoas<br />
freqüentam semanalmente os cultos adventistas, número maior<br />
do que o de membros porque, como em muitas igrejas protestantes,<br />
a Igreja <strong>Adventist</strong>a do Sétimo Dia não batiza crianças.<br />
Entradas e ofertas para as missões da igreja<br />
O aumento de dízimos e ofertas elevou o nível financeiro<br />
em 10 milhões de dólares até setembro de 2007, comparado<br />
com o mesmo período no ano passado.<br />
Juan R. Prestol, vice-tesoureiro para a Igreja mundial, disse<br />
aos delegados que, até 30 de setembro de 2007, o balanço financeiro<br />
da Igreja reflete “uma significativa entrada de dízimos durante<br />
o corrente ano e um decréscimo no saldo líquido”. Os dízimos<br />
do ano de 2006 totalizaram mais de $ 1,6 bilhões de dólares.<br />
“Anualmente, os fiéis servos de Deus, em pequenas e grandes<br />
quantidades, devolvem $ 1,6 a $1,7 bilhões de dólares por ano e<br />
cada um desses dólares é tão importante quanto os milhões que<br />
entram,” disse Robert Lemon, tesoureiro da Igreja mundial.<br />
Cálculos conservadores prevêem que as entradas até o final<br />
de 2007 darão à Igreja suficientes recursos para investir fundos<br />
adicionais em projetos e programas, ao redor do mundo, por<br />
meio de um orçamento adicional votado normalmente pela<br />
comissão executiva nas reuniões da primavera.<br />
A devolução do dízimo é um “sermão”, disse Lemon. “Você<br />
não devolve a menos que creia que Deus é o Criador.”<br />
O dízimo não é a única área em que a Igreja vê crescimento.<br />
Lemon disse que as ofertas locais aumentaram de 23% do<br />
dízimo, em 1950, para 36% do dízimo, em 2005.<br />
Uma das grandes histórias de sucesso da Igreja é a reviravolta<br />
nas ofertas para as missões que, até recentemente, haviam<br />
decrescido 36%, desde 1950. Nos últimos dois anos, porém, as<br />
ofertas para as missões, na América do Norte, cresceram a um<br />
nível igual ou maior do que o crescimento do dízimo. No total,<br />
o crescimento de ofertas para as missões foi de $ 51,2 milhões<br />
de dólares, em 2005, para $ 55,4 milhões, em 2006.<br />
Lemon apresentou, também, um relatório especial de uma<br />
importância extraordinária de dízimos, recebida pela sede da<br />
Igreja mundial, no início deste ano. Os delegados do concílio<br />
votaram recebê-lo e usá-lo em projetos da Igreja em várias<br />
partes do mundo.<br />
6 <strong>Adventist</strong> <strong>World</strong> | <strong>Dezembro</strong> 2007<br />
Lemon referiu-se à contribuição como uma bênção “extraordinária”,<br />
assim como uma “oportunidade singular para o<br />
progresso da obra de Deus”.<br />
“A realidade é que, da maneira como pretendemos usar<br />
esse recurso, teremos uma maior necessidade como jamais<br />
tivemos”, disse Lemon. “Penso que se perdermos essa oportunidade<br />
de avançar meia geração além do que fomos capazes de<br />
fazer no passado, o Senhor pedirá contas de nós.”<br />
“O dízimo é para a manutenção do ministério e das atividades<br />
evangelísticas; não é para ser aplicado no banco e,<br />
depois, usar os juros obtidos”, disse Lemon, em resposta à<br />
pergunta de um delegado. “Quando o Senhor recompensou a<br />
viúva por ter alimentado o profeta, não encheu suas vasilhas<br />
de óleo e farinha toda vez que ela as esvaziou, mas somente<br />
repunha o que ela havia usado.”<br />
“Consultamos muitos pastores sobre esse assunto e queremos<br />
que fique bem claro que nossa posição em relação aos<br />
dízimos não mudou [...]. Eles devem ser enviados pela igreja<br />
local para a respectiva associação”, disse Lemon. “Os dízimos<br />
deveriam atingir uma quantia extraordinária para considerarmos<br />
isso novamente.”<br />
O concílio decidiu que propostas de como administrar o<br />
dízimo devem ser submetidas aos líderes e administradores<br />
da sede regional da igreja, antes de ser revista pelo concílio do<br />
presidente em janeiro de 2008.<br />
Os líderes da igreja prevêem que as propostas incluirão<br />
fundos para Internet e outros meios de evangelismo pela mídia<br />
de comunicação em massa; iniciativas nas grandes cidades<br />
e os trabalhos da igreja na janela 10/40 – região do globo, no<br />
hemisfério oriental, entre as linhas 10 e 40 de latitude setentrional<br />
com pequena ou nenhuma penetração do evangelho.<br />
Jan Paulsen, lider da Igreja, estimulou os líderes a usarem<br />
os recursos em projetos de longo prazo. “Esses projetos não<br />
devem ter vida curta,” disse Paulsen. “No plano e pensamento<br />
dos administradores, eles não devem ter fim, a não ser na segunda<br />
vinda de Cristo.”<br />
Lemon elogiou os membros da igreja por sua fidelidade na<br />
devolução dos dízimos e estimulou um compromisso constante.<br />
Os delegados aprovaram, por unanimidade, um orçamento<br />
para Igreja mundial em 2008 de mais de $ 142 milhões de dólares,<br />
incluindo 3% de aumento por meio de apropriações das comissões<br />
nas 13 divisões da Associação Geral e suas instituições.<br />
O orçamento inclui mais de $35 milhões para os gastos<br />
operacionais da sede mundial da Igreja, fixados em 2% do<br />
dízimo mundial.<br />
Pausen Insiste no Tema da Unidade<br />
“Tudo o que vocês fizerem como líderes da Igreja, façam<br />
pelo amor ao Senhor e por amor ao Seu povo; façam tudo<br />
com integridade e mantenham limpo seu coração”, disse o<br />
pastor Jan Paulsen, presidente mundial da Igreja <strong>Adventist</strong>a<br />
do Sétimo Dia, em sua mensagem aos líderes da Igreja, na
manhã do sábado, 13 de outubro.<br />
Paulsen, em seu segundo mandato, apelou para a unidade denominacional:<br />
um movimento unido [é] a “crença compartilhada<br />
em favor da causa de Cristo e da unidade da igreja”, afirmou.<br />
“Se o exercício da minha liberdade lhes causa danos, estou<br />
errado e não estou em harmonia com a vontade de Cristo”,<br />
disse Paulsen, explanando as palavras do apóstolo Paulo, 1 Coríntios.<br />
Embora, inicialmente, os comentários de Paulo tenham<br />
que ver com alimento, Paulsen disse que usava o texto paulino<br />
“como ilustração apenas”. O problema real é: O que deve nortear<br />
as ações e decisões que tomamos? Sua resposta claramente<br />
nos leva a mostrar consideração e deferência pelos outros.”<br />
“Estamos ligados pela unidade e devemos confiar uns nos<br />
outros para fazer o que é correto,” acrescentou.<br />
Para preservar a unidade, Paulsen disse que os líderes da<br />
Igreja devem resistir à tentação de se envolver em problemas<br />
que estão além de sua alçada: “O problema, por outro lado, é<br />
que você não foi chamado para assumir esse tipo de responsabilidade<br />
– pelo menos agora. Não é para eu resolver. Outros foram<br />
escolhidos para aquela função, e se têm êxito ou não, terão<br />
que responder perante o Senhor, como você responderá pelos<br />
seus.” E acrescentou: “Não podemos consertar as coisas além<br />
do nosso mandato. Tenho que confiar nas pessoas que estão<br />
mais próximas do problema, cuja responsabilidade é resolver.”<br />
Apesar “de as pessoas me escreverem sobre uma grande<br />
variedade de assuntos, querendo que os resolva,” disse Paulsen,<br />
“se existe alguma coisa a ser consertada, não vai funcionar se<br />
eu tentar fazer isso; preciso confiar em outros para resolver<br />
o problema, e vocês devem proceder da mesma maneira. Eu<br />
confio em vocês”, disse ele aos líderes da Igreja.<br />
“Dissidentes que agem independentemente e por seu<br />
próprio juízo, não são bons administradores nesta Igreja,”<br />
afirmou Paulsen.<br />
Ele disse que a mensagem coerente das Escrituras, dos escritos<br />
de Ellen G. White e da história adventista é que “a igreja<br />
permaneça unida. Não nos enganemos a esse respeito”. Ele<br />
admitiu que “de tempos em tempos surgem problemas que<br />
testam nosso compromisso com a unidade”.<br />
Esquerda: Mais de 300 líderes da Igreja <strong>Adventist</strong>a<br />
do Sétimo Dia ouviram o presidente Jan Paulsen,<br />
em seu sermão de sábado, 13 de outubro,<br />
na sede da Igreja mundial, em Washington, D.C.<br />
(EUA). Paulsen fala aos líderes no Concílio Anual,<br />
reuniões administrativas da Igreja. Abaixo: Jan<br />
Paulsen, presidente mundial da Igreja <strong>Adventist</strong>a<br />
do Sétimo Dia, encoraja líderes a confiarem nas<br />
habilidades uns dos outros, durante seu sermão no sábado.<br />
R A J M U N D D A B R O W S K I / A N N<br />
O líder da Igreja mundial destacou, ainda, vários assuntos<br />
que surgem freqüentemente e parecem, às vezes, desafiar a<br />
unidade global da Igreja.<br />
A questão do papel da mulher no ministério, no parecer<br />
de Paulsen, deve ser visto como um caminho alternativo: “Encorajo<br />
os jovens, moços e moças, a seguirem o chamado de<br />
Deus. Negar o chamado de Deus é colocar em risco a própria<br />
vida espiritual. Se esse é um problema de emprego que precisa<br />
ser corrigido na sua região do mundo, vamos fazer isso. Vamos<br />
precisar de todos – todos – para terminar nossa missão e para<br />
Deus nos receber na eternidade”, disse ele.<br />
Em seus comentários, Paulsen disse ainda que a controvérsia<br />
sobre a definição da Igreja a respeito da natureza de Cristo<br />
não irá, “em minha visão”, causar uma reavaliação da igreja.<br />
“Penso que há uma razão pela qual escolhemos descrever,<br />
em linguagem generosa, nossa posição, como Igreja, sobre a<br />
natureza de Cristo. A singularidade de Jesus Cristo (completamente<br />
Deus e completamente homem – ninguém mais se<br />
iguala ao “Filho unigênito” de Deus) nos leva a dizer isso”,<br />
afirmou Paulsen.<br />
E acrescentou: “Tenho que dizer que não consigo imaginar<br />
um europeu pós-moderno, um empresário na Ásia ou na<br />
América Latina, ou qualquer fazendeiro na África fazendo a<br />
mínima questão se Cristo tinha a natureza humana antes ou<br />
depois da queda. A realidade é que o mundo em que vivemos<br />
tem outras preocupações para nos ocupar.”<br />
Paulsen disse que tais discussões geralmente focalizam a<br />
possibilidade de vivermos vitoriosamente a vida cristã. Entretanto,<br />
disse ainda, tal vitória não será obtida se “determinarmos<br />
precisamente a natureza humana de Cristo; será obtida<br />
ao experimentarmos o ‘poder de Sua ressurreição’. Não será<br />
pelo poder de Seu exemplo, mas pelo poder de Sua ressurreição’,<br />
pois nela está o poder para vivermos uma nova vida.”<br />
Ele ainda instou os líderes da Igreja a dirigirem os pastores<br />
e membros nas congregações locais, chamando-os a dar atenção<br />
a assuntos de vital importância: “Se não fizermos as coisas<br />
certas na igreja local, não há como corrigir em nenhum outro<br />
lugar. Por isso, vamos ouvir com atenção o que o pastor local<br />
tem a dizer a nós, líderes [...] a respeito do fluxo de idéias, da<br />
diversidade e unidade, sobre as necessidades de nosso povo,<br />
o que eles têm a nos dizer sobre padrões e critérios e o uso<br />
do dízimo. Sua voz deve ser ouvida, ou nossas decisões, como<br />
líderes, estarão em perigo,” disse ele.<br />
<strong>Dezembro</strong> 2007 | <strong>Adventist</strong> <strong>World</strong> 7
A Igreja em Ação<br />
V I S Ã O M U N D I A L<br />
Nove pastores de várias partes da América do<br />
Norte participaram de uma reunião com o<br />
presidente Jan Paulsen, no dia 13 de setembro,<br />
para uma conversa sem roteiro preestabelecido<br />
e sem edição, transmitida ao vivo<br />
pela “Hope Channel” (no Brasil, pela TV Novo Tempo).<br />
Numa extensa conversa, esses sete homens e duas mulheres<br />
conversaram com o pastor Paulsen sobre os desafios de cuidar<br />
de uma congregação. Nesta entrevista com a <strong>Adventist</strong><br />
<strong>World</strong>, o pastor Paulsen pondera sobre essa nova experiência<br />
do “Diálogo com Pastores”.<br />
Jan Paulsen é o presidente mundial da Igreja<br />
<strong>Adventist</strong>a do Sétimo Dia.<br />
Sim, penso que há. Acho que os pastores sentem que cuidar de<br />
uma igreja – nutrindo, fortalecendo, confortando, ministrando<br />
a uma comunidade adventista inteira – é um fardo e uma<br />
responsabilidade muito grande. Às vezes, sentem que talvez<br />
sua voz não é ouvida pelos oficiais da igreja. E esse é um ponto<br />
muito importante. Compreendo esse sentimento.<br />
Gostaria que os pastores sentissem que nós, líderes, gostaríamos<br />
de ter uma ligação mais forte com eles. Queremos<br />
compreender um pouco mais seus desafios e alegrias, suas<br />
frustrações e esperanças – para funções de liderança eleita<br />
e ministro de congregação, ou o fluxo entre um e outro. Há<br />
D I Á L O G O C O M<br />
<strong>Adventist</strong> <strong>World</strong>: Muitas pessoas assistiram ao seu programa de<br />
diálogo com os jovens da igreja, televisionado nos últimos anos –<br />
programa Let’s Talk. Por que o senhor decidiu abrir um diálogo<br />
com os pastores? Por que essa conversa é importante?<br />
Jan Paulsen: Minha opinião é que os pastores distritais são<br />
a chave – centro absoluto – de tudo o que somos e fazemos<br />
como igreja. São eles que cuidam da congregação. Não importa<br />
quem somos, qual nosso emprego, onde vivemos ao<br />
redor do globo, todos temos uma coisa em comum: temos<br />
um pastor local que cuida de nós. Vamos à igreja a cada<br />
semana e é ali que recebemos a maior parte de nossa nutrição<br />
espiritual.<br />
Os pastores com quem me encontrei representam um<br />
grupo mundial de 22 mil que possui uma atribuição muito<br />
importante. É um trabalho de confiança, dado pelo Senhor.<br />
Por isso, queria honrar esses pastores pela santidade do seu<br />
desafio, pelo peso e pela força do seu chamado. Eu gostaria<br />
de destacar que esse grupo, mais do qualquer outro grupo da<br />
igreja, forma e influencia nossa comunidade espiritual ao redor<br />
do mundo.<br />
O fato de o senhor ter tomado a iniciativa para essa conversa<br />
dá a impressão de que há uma lacuna na comunicação entre os<br />
administradores e o pastor de igreja. É esse o caso?<br />
8 <strong>Adventist</strong> <strong>World</strong> | <strong>Dezembro</strong> 2007<br />
Past<br />
cinqüenta anos, iniciei meu trabalho na igreja como pastor<br />
distrital. Mas isso foi há muito tempo. Por isso, se minha<br />
compreensão está desconectada da realidade, gostaria de<br />
corrigi-la.<br />
Espero que esse programa, recentemente transmitido, seja<br />
o início de vários diálogos semelhantes nas diferentes partes<br />
do mundo. Eu gostaria também de ver o clímax desse diálogo<br />
no Congresso da Associação Geral, em 2010, em Atlanta<br />
(Estados Unidos), onde planejamos traçar o perfil do pastor<br />
adventista em cinco programas, em horário nobre, assim<br />
como fizemos com os líderes no congresso de 2005, em St.<br />
Louis. Vamos considerar sua felicidade, realização, desafios,<br />
frustrações, esperança e santidade do chamado para aqueles<br />
que são ministros nas igrejas locais. Quero que a riqueza dessa<br />
experiência seja colocada diante da igreja. Quero que seja reconhecido<br />
publicamente quão decisivo é seu trabalho para o<br />
bem-estar da igreja.<br />
A maior parte das perguntas que os pastores fizeram durante<br />
o programa eram práticas e não teóricas ou teológicas. Isso o<br />
surpreendeu?<br />
Pensei que mais assuntos teológicos surgiriam, mas não sur-
ores<br />
giram. Sim, a maioria das perguntas estava relacionada precipuamente<br />
à demanda diária de pastorear uma igreja local.<br />
Senti em diversos pastores, por exemplo, a preocupação com a<br />
saúde de sua própria vida familiar. E isso é muito importante.<br />
Eles precisam decidir com antecedência sua agenda de compromissos,<br />
e como manter o equilíbrio adequado.<br />
Levantaram também a preocupação de como ministrar<br />
para uma congregação culturalmente diversa. Há poucas<br />
décadas, as congregações eram formadas por apenas uma cultura,<br />
uma etnia. Hoje, porém, as pessoas se mudam o tempo<br />
todo. Os pastores são chamados para ministrar para pessoas<br />
de costumes totalmente diferentes. E como ser eficiente? Tentei<br />
transmitir minha forte convicção de que é dentro de nossas<br />
congregações locais que devemos encontrar solução para muitos<br />
desses problemas. Leve o assunto para a comissão da igreja,<br />
leve para os anciãos. Não pergunte à sua associação, união ou<br />
divisão; eles, provavelmente, não saberão responder. Não me<br />
pergunte também. Já estou atuando em outras áreas há muito<br />
tempo. Por isso, a responsabilidade de corrigir muitas coisas<br />
na igreja local é imensa.<br />
Por outro lado, às vezes, é importante reconhecer e avançar<br />
numa perspectiva mais ampla – uma conexão mais forte<br />
com a família mundial da igreja. Acredito que, em algumas<br />
culturas, o acesso aos púlpitos pelos líderes de igreja, às vezes,<br />
é mais restrito do que o necessário para a congregação local.<br />
É bom para nossos membros ouvir de alguém cujo ministério<br />
vai além da congregação local. Isso fortalece a ligação da igreja<br />
com uma comunidade adventista mais extensa.<br />
Sinto que os pastores precisam incluir isso em seu planejamento.<br />
Alguns deles não o fazem; são super-protetores do<br />
próprio púlpito.<br />
Houve mais alguma preocupação mais forte?<br />
Algo que já ouvira antes, mas que realmente me deixou<br />
perplexo durante essa conversa, foi o assunto da mulher no<br />
ministério. Ficou bem claro que o problema, para muitas mulheres,<br />
não é a ordenação; é simplesmente o fato de poderem<br />
exercer o ministério. Muitas mulheres estudaram teologia,<br />
mas não são escolhidas para trabalhar nas igrejas locais. E isso<br />
não é um problema com as associações, mas com as igrejas<br />
que dizem: “Ponham as mulheres em qualquer outro lugar.”<br />
Isso é lamentável. Minha resposta, durante o programa, foi<br />
para encorajar as mulheres que crêem que Deus colocou um<br />
chamado em seu coração para ir adiante, estudar e preparar-se<br />
profissionalmente. Tenho a forte convicção de que, se você<br />
for desobediente a esse íntimo chamado de Deus, estará<br />
colocando sua espiritualidade em perigo. Por isso, o desafio<br />
que algumas mulheres enfrentam no ministério me causa<br />
mais perplexidade do que causava antes.<br />
“Diálogo com Pastores” pode ser assistido online no website<br />
da Igreja <strong>Adventist</strong>a do Sétimo Dia: www.adventist.org/pastorsinconversation.<br />
Futuros diálogos com pastores serão transmitidos<br />
pelo Hope Channel: www.hopetv.org.<br />
<strong>Dezembro</strong> 2007 | <strong>Adventist</strong> <strong>World</strong> 9
Peru<br />
Lago<br />
Titicaca<br />
Chile<br />
A Igreja em Ação<br />
J A N E L A<br />
Bolívia<br />
A<br />
Dentro<br />
La Paz<br />
Lago<br />
Poopo<br />
Sucre<br />
Brasil<br />
Paraguai<br />
Por<br />
Robert G.<br />
Wearner<br />
BOLÍVIA<br />
Capital La Paz (administrativa), Sucre (legal)<br />
Línguas ofi ciais Espanhol, Quechua, Aymará<br />
Religião Católica Romana (90%); outras(10%)<br />
População 9.069.000<br />
Membros adventistas 172.638 (no fi m de 2006)<br />
<strong>Adventist</strong>as por habitante 1:53<br />
A<br />
Bolívia é um país sem acesso ao<br />
mar, localizado perto do centro<br />
da América do Sul. Pelo lado<br />
ocidental, é cercado pelas majestosas<br />
montanhas dos Andes, com seus picos<br />
cobertos de neve, que margeiam o altiplano<br />
de clima seco.<br />
A nação é rica em recursos naturais,<br />
sendo líder na produção de estanho.<br />
Porém, as freqüentes guerras e instabilidade<br />
política atrapalharam seu crescimento<br />
econômico.<br />
Os espanhóis dominaram e governaram<br />
os habitantes nativos por 1.500<br />
anos, até 1825, quando a Bolívia conquistou<br />
sua independência. O novo país<br />
ganhou o nome de Simon Bolívar, general<br />
venezuelano que ajudou a Bolívia,<br />
entre outros países sul-americanos, a se<br />
tornar independente da Espanha.<br />
Como em outras repúblicas sul-<br />
10 <strong>Adventist</strong> <strong>World</strong> | <strong>Dezembro</strong> 2007<br />
por<br />
americanas, o primeiros missionários<br />
adventistas a chegar à Bolívia foram os<br />
colportores. Juan S. Pereyra, ex-colportor<br />
presbiteriano chileno, vendeu os<br />
livros Patriarcas e Profetas e Caminho<br />
a Cristo em 1897. Preso e condenado à<br />
morte pela infl uência do clero católico<br />
romano, ele escapou da sentença pela<br />
ajuda de um juiz amigo que se tornou<br />
guardador do sábado, após comprar os<br />
livros vendidos por Pereyra.<br />
Edward W. Thomann e sua esposa<br />
Flora foram enviados à Bolívia, em<br />
1907, para dirigir o trabalho ali. Dois<br />
anos depois, Ferdinand Stahl e sua esposa<br />
Ana deram início à obra médica entre<br />
a população indígena. Em 1911, eles se<br />
mudaram para o Peru, onde gastaram<br />
grande parte da vida. No dia 7 de agosto<br />
de 1912, Rosa N. Doering tornou-se a<br />
primeira boliviana a ser batizada. Desde<br />
C O R T E S I A D A W I K E M E D I A . C O M<br />
então, o trabalho missionário progrediu<br />
muito.<br />
O doutor H. E. Butka, Harry T.<br />
Pitman, Elmer Bottsford e outros estão<br />
envolvidos na obra médica da Bolívia há<br />
muitos anos.<br />
Um sólido sistema educacional foi<br />
desenvolvido ao longo dos anos, que inclui<br />
muitas escolas de ensino fundamental<br />
e, em 1991, foi fundada a Universidade<br />
<strong>Adventist</strong>a da Bolívia, localizada em<br />
Vinto, Cochabamba.<br />
Na mesma cidade está o Centro de<br />
Comunicação Novo Tempo (Centro de<br />
Comunicaciones Nuevo Tiempo), que<br />
opera uma estação de rádio, TV e escola<br />
bíblica por correspondência.<br />
O evento evangelístico mais recente<br />
foi a série “A Esperança é Jesus”, patrocinado<br />
pela União Boliviana, realizado<br />
por Shawn Boonstra, orador do programa<br />
Está Escrito norte-americano. Em<br />
todo o país, os membros leigos unem-se<br />
aos pastores para levar o evangelho<br />
de Cristo aos seus vizinhos. Mais de<br />
2.240 campanhas evangelísticas foram<br />
realizadas como resultado. Em abril, o<br />
programa Está Escrito norte-americano<br />
participou de uma série de programas<br />
de colheita. Por oito noites, o pastor Boonstra<br />
pregou para milhares de pessoas<br />
que se reuniram em centenas de auditórios<br />
para assistir à série “A Esperança é<br />
Jesus”, transmitida, ao vivo, da Universidade<br />
de Cochabamba. Resultado: 12.276<br />
pessoas foram batizadas.
Foi diagnosticada recentemente uma<br />
anemia perniciosa em minha tia. Em<br />
que consiste essa anemia e qual a causa?<br />
anemia perniciosa é caracterizada<br />
A<br />
pela quantidade inadequada de<br />
células vermelhas no sangue. Isso acontece<br />
pela deficiência de uma substância<br />
essencial, chamada vitamina B12 ou<br />
cobalamina. Esse complexo vitamínico<br />
é muito importante na formação das<br />
células vermelhas do sangue e também<br />
desempenha um papel importante na<br />
construção do DNA, que está presente<br />
em todas as células. Especialmente as<br />
células vermelhas do sangue e células<br />
nervosas dependem da vitamina B12<br />
para funcionar normalmente.<br />
Como mencionado na edição de<br />
novembro da <strong>Adventist</strong> <strong>World</strong>, a anemia<br />
é a presença insuficiente de células vermelhas<br />
no sangue (hemoglobina) para<br />
transportar o oxigênio suficiente, a fim<br />
de suprir a necessidade de todo o corpo<br />
(produção de energia, metabolismo e<br />
simplesmente para mantê-lo vivo em<br />
condições ideais). A falta delas (células<br />
vermelhas) sobrecarrega o coração e<br />
muitos outros órgãos.<br />
No caso de anemia perniciosa, alguns<br />
sintomas associados e sinais de<br />
disfunção nervosa são muito freqüentes.<br />
Esses sintomas podem incluir a<br />
falta de habilidade para sentir vibrações<br />
nos membros e a posição dos artelhos<br />
em relação ao pé. Essa disfunção, geralmente,<br />
começa nas pernas para, em<br />
seguida, atingir os braços. Isso acontece<br />
quando a coluna vertebral foi danificada<br />
(perda da razão e da capacidade<br />
de pensar). No estágio avançado da<br />
doença, a língua pode ser afetada, tornado-se<br />
inflamada e com a aparência<br />
vermelho “vivo”. Também podem aparecer<br />
úlceras na língua.<br />
A anemia perniciosa pode estar as-<br />
Anem<br />
aS A Ú D E N O M U N D O<br />
Por Allan R. Handysides e Peter N. Landless<br />
sociada a doenças auto-imunes como as<br />
que afetam a tireóide, glândulas suprarenais,<br />
pele, ovários ou pâncreas. Outras<br />
causas de má absorção da vitamina B12<br />
podem incluir as cirurgias de estômago<br />
ou intestinos, certos tipos de câncer e<br />
infecções bacterianas.<br />
A anemia perniciosa é apenas um<br />
tipo de um grupo de anemias chamadas<br />
megaloblásticas (de células grandes).<br />
Essas anemias podem ser provocadas<br />
por uma variedade de fatores, incluindo<br />
deficiência nutricional da vitamina B12,<br />
deficiência de ácido fólico, infestações<br />
parasitárias, quimioterapia, alguns medicamentos<br />
e álcool.<br />
Qual é o tratamento para esse tipo de<br />
anemia?<br />
anemia perniciosa resulta da inca-<br />
A pacidade do corpo de absorver a<br />
vitamina B12 ingerida com os alimentos<br />
ou por qualquer forma oral. Faz-se necessária,<br />
nesse caso, a administração de<br />
injeções de vitamina B12, via intramuscular,<br />
regularmente, por toda a vida.<br />
Se a anemia for causada por falta<br />
de vitamina B12 na dieta (e não há<br />
problema de absorção nos intestinos),<br />
o simples fato de adicionar alimentos<br />
apropriados ou suplemento de vitamina<br />
B12 via oral, é geralmente suficiente. O<br />
tratamento deve ser monitorado para<br />
constatação de resposta adequada, que<br />
ocorre quando as células vermelhas<br />
retornam ao seu tamanho e funções<br />
normais.<br />
A anemia perniciosa é uma doença<br />
que deve ser diagnosticada e tratada a<br />
tempo. Quando tratada apropriadamente<br />
e a tempo, não só a anemia é corrigida<br />
como revertido o dano acometido aos<br />
nervos e outros sistemas. Se a doença<br />
for negligenciada, pode provocar danos<br />
permanentes e até morte.<br />
Quais são as fontes da vitamina B12?<br />
A vitamina B12 é produzida apenas<br />
por microorganismos e o ser humano<br />
pode recebê-la somente pela<br />
dieta. Ela só existe em alimentos de<br />
origem animal (incluindo leite e ovos).<br />
Alguns defendem que a vitamina B12<br />
pode ser obtida de vegetais, pela contaminação<br />
bacteriana e pela maneira<br />
como são cultivados. Ambas as situações,<br />
porém, são anti-higiênicas e insuficientes.<br />
Uma dieta ovolactovegetariana<br />
bem planejada (baseada em vegetais,<br />
ovos e derivados do leite) normalmente<br />
supre adequadamente a necessidade de<br />
vitamina B12. Se alguém opta pela dieta<br />
totalmente vegetariana, é essencial o<br />
consumo de suplemento de vitamina<br />
B12 em forma de comprimidos ou<br />
xarope. A omissão de tal cuidado pode<br />
ser causa certa de vários problemas<br />
de saúde.<br />
O corpo tem reservas de vitamina<br />
B12 que podem durar até quatro anos.<br />
A deficiência pode levar de 5 a 10 anos<br />
para apresentar sintomas clínicos. Em<br />
resumo, a dieta deve ser bem planejada<br />
e, se necessário, tomar suplemento de<br />
vitamina B12.<br />
Allan R. Handysides, M.B., Ch.B.,<br />
FRCPC, FRCSC, FACOG, é diretor<br />
do Departamento de Saúde da<br />
Associação Geral.<br />
Peter N. Landless, M.B., B.Ch.,<br />
M.Med., F.C.P.(SA), F.A.C.C.,<br />
é diretor executivo da ICPA e<br />
diretor associado dos<br />
Ministérios da Saúde.<br />
<strong>Dezembro</strong> 2007 | <strong>Adventist</strong> <strong>World</strong> 11
C R E N Ç A S F U N D A M E N T A I S<br />
Saturado<br />
N Ú M E R O 1 6<br />
significad<br />
de<br />
Por Gerald Klingbeil<br />
O que você associa à Santa Ceia?<br />
Janelas com vitrais, pequenos cálices e<br />
sons solenes?<br />
Eu vejo uma praia do Atlântico, na<br />
costa da França, onde celebrávamos esse<br />
importante rito cristão, sentados no chão,<br />
com pranchas de “surf” como mesas,<br />
durante o acampamento de jovens. Posso<br />
ver, ainda, um velhinho, em algum lugar<br />
dos Andes, no Peru, numa pequena igreja,<br />
que se ajoelha na minha frente e, com<br />
as mãos calejadas, lava cuidadosamente<br />
meus pés. Não falávamos a mesma língua,<br />
mas compreendíamos um ao outro.<br />
A Santa Ceia me faz recordar os<br />
milhares de cristãos mortos, através dos<br />
séculos, tanto católicos como protestantes<br />
(e mesmo protestantes entre eles<br />
mesmos) que não podiam concordar<br />
com o significado das práticas teológicas<br />
e suas ramificações.<br />
Gerald A. Klingbeil mora<br />
com sua esposa Chantal,<br />
as filhas Sarah e Jemima<br />
e o labrador Tess, na<br />
Universidade <strong>Adventist</strong>a<br />
de River Plate, Argentina, onde leciona<br />
Antigo Testamento.<br />
12 <strong>Adventist</strong> <strong>World</strong> | <strong>Dezembro</strong> 2007<br />
A Santa Ceia atinge o coração de<br />
nossa caminhada cristã.<br />
Juntamente com o batismo, a celebração<br />
da Santa Ceia é um rito extremamente<br />
importante para a igreja cristã,<br />
instituído por nosso Senhor Jesus Cristo<br />
(Mt 26:26-28; Jo 13:13-17). Como todo<br />
ritual, ele fala a cada participante, reforçando<br />
conceitos fundamentais em<br />
nossa jornada cristã, tais como: a) não<br />
somos salvos por méritos próprios; ao<br />
contrário, é um presente possível apenas<br />
por meio do sacrifício de nosso Salvador<br />
Jesus Cristo; b) serviço e humildade não<br />
são apenas conceitos teológicos, mas<br />
elementos que devem ser postos em<br />
prática; c) unidos ficamos em pé e, divididos,<br />
caímos.<br />
Símbolo Poderoso<br />
A Santa Ceia tem suas raízes no Antigo<br />
Testamento e é outro bom exemplo<br />
da indivisível unidade da revelação de<br />
Deus em ambos os Testamentos, concernente<br />
ao plano da salvação.<br />
Voltemos à primeira Santa Ceia. É<br />
época da Páscoa em Jerusalém, e Jesus<br />
e Seus discípulos estão se preparando<br />
para celebrar essa importante festa<br />
anual que lembrava a graça salvadora<br />
de Deus em contraste com o poderoso<br />
domínio do inimigo (veja Mt 26:17-30 e<br />
textos paralelos). Reservaram uma sala e<br />
prepararam o tradicional cordeiro pascal,<br />
pães sem fermento, ervas amargas<br />
e diferentes bebidas. Jesus Se ajoelhou<br />
diante de Seus discípulos briguentos e<br />
lavou-lhes os pés sujos (Jo 13:1-6), trabalho<br />
geralmente realizado por escravos.<br />
O cordeiro pascal assado é passado ao<br />
redor da mesa; depois, os pães asmos e<br />
as ervas amargas.<br />
De repente, Jesus fala: “Tomai, comei,<br />
isto é o Meu corpo” (Mt 26:26).<br />
Ele, também, toma o cálice 1 e diz:<br />
“Bebei… Porque isto é o Meu sangue,<br />
o sangue do novo testamento, que é<br />
derramado por muitos, para remissão<br />
dos pecados” (Mt 26:27, 28). O pão e o<br />
cálice representam a alimentação diária<br />
de um palestino comum. Mas Jesus usa<br />
esses elementos comuns e dá-lhes um<br />
novo significado.<br />
Paulo escreve sobre o assunto, em<br />
sua primeira epístola à igreja de Corinto,<br />
igreja formada por várias etnias, lembrando-nos<br />
de que comer e beber juntos<br />
não apenas cria uma comunidade como<br />
nos ajuda a lembrar o incrível sacrifício<br />
do Filho de Deus (1Co 11:26). Ao<br />
olharmos para trás, “lembrando-nos”<br />
da morte de Cristo na cruz, tiramos os<br />
olhos de nós mesmos e focamos na mais<br />
incrível, audaciosa e transformadora
o<br />
mensagem. A mensagem de um Deus<br />
que não Se assenta isolado em Seu trono,<br />
para falar, de uma distância remota,<br />
da realidade de pecado e dor, mas que<br />
está preparado para Se humilhar e morrer<br />
por Sua criatura ingrata.<br />
A Santa Ceia não apenas<br />
nos relembra a morte de Jesus,<br />
mas proclama alta e publicamente<br />
Sua vitória sobre<br />
o pecado, apontando para o<br />
glorioso dia de Sua segunda<br />
vinda (1Co 11:26).<br />
Esse olhar para frente é<br />
uma parte importante da<br />
teologia cristã e seu estilo de<br />
vida. Ajuda a nos lembrar que a vida<br />
não consiste apenas 50, 60 ou 80 anos e<br />
uma sepultura esperando por nós, mas<br />
que há esperança além da sepultura.<br />
Seremos reunidos com nossos queridos<br />
e com nosso Salvador ressurreto, naquele<br />
grande dia, quando Ele “enxugará dos<br />
olhos toda a lágrima” (Ap 7:17; 21:4;<br />
cf Is 25:8).<br />
Fator Freqüentemente Mal<br />
Compreendido<br />
O livro do Apocalipse descreve essa<br />
reunião como uma grande festa de casamento<br />
(Ap 19:7-9), a qual, mais uma<br />
vez, é uma lembrança da Santa Ceia<br />
(e da antiga refeição da páscoa). Na<br />
realidade, a figura de comer e beber<br />
é usada freqüentemente no livro do<br />
Apocalipse e está relacionada à vitória e<br />
celebração (Ap 2:7; 3:20; 7:16; 12:6, 14;<br />
19:9; 21:6; e 22:17). Essa figura também<br />
introduz a idéia do julgamento final<br />
(Ap 6:8; 14:10; 16:6; 17:16; 19:17, 18;<br />
e 20:9). 2<br />
Esse aspecto particular do julgamento,<br />
em relação a comer e beber, está<br />
presente também na Santa Ceia. Paulo<br />
lembra a igreja de Corinto e afirma que<br />
o indivíduo que participa da Santa Ceia<br />
“indignamente” “será réu do corpo e<br />
do sangue do Senhor” (1Co 11:27).<br />
Em outras palavras, quando você e eu<br />
participamos da Santa Ceia sem nos<br />
arrependermos de nossos maus pensa-<br />
mentos, obras más e motivos egoístas,<br />
perdemos uma oportunidade inacreditável.<br />
Continuamos a carregar esses<br />
pecados, em vez de “descarregá-los”<br />
sobre nosso Receptor de pecados celestial<br />
e deixar que sejam apagados dos<br />
nossos registros.<br />
Esses sentimentos de Paulo podem<br />
ser a razão por que alguns de nós não<br />
participam da Santa Ceia. Talvez se sintam<br />
indignos – sentem que a desordem<br />
de sua vida nunca poderá ser corrigida.<br />
Acham que talvez não possam perdoar o<br />
que fizeram com eles.<br />
Na verdade, não são essas coisas<br />
que nos tornam indignos. Só nos tornamos<br />
indignos de participar da Santa<br />
Ceia quando não mais ouvimos a voz<br />
do Espírito Santo – o Espírito nos fala<br />
com amor, quer nos condenando, quer<br />
nos transformando. Aqueles que participaram<br />
da primeira Ceia não eram<br />
infalíveis ou perfeitos. Na verdade, todos<br />
os participantes, naquela noite, negaram<br />
sua fé, traíram seu Mestre e simplesmente<br />
fugiram.<br />
Por intermédio da Santa Ceia,<br />
entretanto, Deus providenciou uma<br />
maneira maravilhosa de nos alegrar<br />
fisicamente na companhia dos crentes.<br />
Ao lavarmos os pés uns dos outros, ao<br />
comermos e bebermos os emblemas<br />
da morte de Jesus Cristo, ao cantarmos<br />
juntos um hino de vitória e salvação,<br />
com o qual terminamos cada uma<br />
dessas cerimônias, tornamo-nos parte<br />
do (indivisível) corpo de Cristo – a<br />
noiva se aprontando para encontrar<br />
seu Noivo.<br />
Novas Memórias, Novos Hinos<br />
Ainda posso me lembrar dessas<br />
maravilhosas reuniões de Santa Ceia<br />
– algumas vezes celebradas em lugares<br />
estranhos, geralmente participando com<br />
pessoas que eu nunca havia conhecido<br />
antes, mas que sempre me levaram para<br />
mais perto do meu Salvador. Toda vez<br />
que participo da Ceia, o perdão se torna<br />
realidade, novas memórias de vitórias<br />
são acrescentadas, novos hinos são escritos<br />
e vidas são transformadas.<br />
Eu amo estar à mesa. E você?<br />
1 Os três evangelhos que descrevem a história da última Santa<br />
Ceia incluem o termo “cálice” (Mt 26:27; Mc 14:23; Lc 22:17;<br />
também 1Co11:25-27), o que não especifica, na realidade, o<br />
tipo de bebida que estava no cálice. A indicação do conteúdo<br />
do cálice vem, apenas, na declaração de Jesus (mais tarde)<br />
de que Ele não iria “beber desse fruto da videira” até o fim<br />
do banquete escatológico (Mt 26:29). Para pesquisa mais<br />
profunda, veja Gerald A. Klingbeil, Bridging the Gap: Ritual<br />
and Ritual Texts in the Bible (Bulletin for Biblical Research<br />
Supplements 1; Winona Lake, Indiana: Eisenbrauns, 2007),<br />
p. 178-181.<br />
2 Para mais detalhes, veja Gerald A. Klingbeil, “‘Eating’<br />
and ‘Drinking’ in the Book of Revelation: A Study of New<br />
Testament Thought and Theology”, Journal of the <strong>Adventist</strong><br />
Theological Society 16.1-2 (2005): p. 75–92.<br />
S A Santa Ceia é a participação nos emblemas<br />
do corpo e sangue de Jesus como uma<br />
expressão de fé em nosso Senhor e Salvador.<br />
Nessa experiência de comunhão, Cristo<br />
está presente e fortalece Seu povo. Ao participarmos, proclamamos alegremente a<br />
morte do Senhor até que Ele venha outra vez. A preparação para a Ceia inclui autoexame,<br />
arrependimento e confissão. O Mestre ordenou a cerimônia do lava-pés como<br />
símbolo de purificação renovada, para expressar disposição de servir um ao outro<br />
com humildade semelhante à de Cristo, e para unir, em amor, nosso coração. A Santa<br />
Ceia é aberta a todos os crentes cristãos (1Co 10:16, 17; 11:23-30; Mt 26:17-30; Ap 3:20;<br />
Jo 6:48-63; 13:1-17).<br />
anta<br />
A<br />
Ce a<br />
<strong>Dezembro</strong> 2007 | <strong>Adventist</strong> <strong>World</strong> 13
V I D A A D V E N T I S T A<br />
CRIANÇAS NO<br />
DISCIPULADO:<br />
Filhos, pais e<br />
avós participam<br />
de recreação<br />
entre gerações,<br />
durante o programa<br />
“Crianças no<br />
Discipulado”.<br />
Reforma<br />
Os adventistas do sétimo dia, na Islândia,<br />
consideram o discipulado uma prioridade.<br />
Em 2006, a Associação da Islândia criou um<br />
novo departamento para o discipulado. “Vivemos<br />
num mundo de desintegração espiritual e<br />
colapso moral, algo que, infelizmente, está se infi<br />
ltrando na igreja de um modo mais rápido do<br />
que gostaríamos de admitir”, diz o presidente da Associação,<br />
Eric Gudmundsson. “Há necessidade urgente de um esforço<br />
concentrado para neutralizar esse movimento negativo, por<br />
meio de um reavivamento espiritual e um cristianismo real<br />
entre os membros, jovens e adultos. Por essa razão, foi criado<br />
o departamento.”<br />
Nosso Modelo<br />
A Associação da Islândia está construindo um modelo de<br />
discipulado com base na formação espiritual – um termo que<br />
identifi ca o foco do discipulado – ou seja, a reforma prática e<br />
espiritual de seres humanos, com coração humilde, para alcançar<br />
mais semelhança com Cristo.<br />
Em Romanos 8, Paulo explana o signifi cado da formação<br />
Gavin Anthony é diretor de Jovens e<br />
Discipulado na Associação da Islândia.<br />
14 <strong>Adventist</strong> <strong>World</strong> | <strong>Dezembro</strong> 2007<br />
ISLÂNDIA: Uma igreja<br />
adventista é estabelecida<br />
na Comunidade das Ilhas<br />
Ocidentais, ao sul da<br />
Islândia.<br />
C O R T E S I A D A C O N F E R Ê N C I A D E I S L Â N D I A<br />
na<br />
Islândia<br />
Por Gavin Anthony<br />
espiritual. Primeiro, ela é identifi cada como fundamental nos<br />
planos de Deus. Ele “predestinou para serem conformes à<br />
imagem de Seu Filho” (v. 29).<br />
Segundo, identifi ca os maravilhosos resultados da formação<br />
espiritual; “somos transformados de glória em glória na<br />
mesma imagem” (2Cr 3:18).<br />
Terceiro, Paulo identifi ca sua própria paixão por esse<br />
trabalho: “por quem de novo sinto as dores de parto, até que<br />
Cristo seja formado em vós” (Gl 4:19).<br />
Enquanto a formação espiritual explica o “quê” do discipulado,<br />
a parábola da vinha, em João 15:1-17, nos mostra o<br />
“como”. Jesus diz aos discípulos que eles só frutifi cariam se<br />
aprendessem a “permanecer” nEle.<br />
Por que a Formação Espiritual é Importante<br />
Ser reformado espiritualmente, permitindo que a natureza<br />
da vinha fl ua em nós, não é apenas fundamental para a vida<br />
cristã, mas também para o cerne do chamado profético à igreja.<br />
Deixe-me explicar:<br />
1. Formação espiritual é um chamado para vivermos uma<br />
vida cristã atrativa.
Ao longo da história, pessoas como Noé, Elias e João Batista<br />
admoestaram o povo a abandonar as práticas culturais<br />
antagônicas à vontade de Deus e a praticar os valores morais e<br />
princípios do reino de Cristo.<br />
O chamado final “saia dela”, da cultura decadente e perversa,<br />
sob o poder da chuva serôdia, encontra-se em Apocalipse<br />
18:4. Ele enfoca um tema doutrinal importante, porque esse<br />
chamado, baseado em chamados prévios, é para “vir, participar”<br />
de uma comunidade na qual o caráter de Deus é refletido<br />
na vida real. Na Europa Ocidental, hoje, vivemos numa cultura<br />
pós-cristã, na qual as pessoas estão sofrendo sem Deus. Adotar<br />
uma contracultura em que pessoas são genuinamente transformadas<br />
à imagem de Cristo é um incentivo ao evangelismo,<br />
como também o cumprimento de nossa missão especial.<br />
2. Formação espiritual provê a condição para o reavivamento<br />
entre gerações, com base na comunidade.<br />
A formação espiritual não deveria ser oferecida sozinha.<br />
Por causa de nossa sociedade fragmentada, isso acontece freqüentemente.<br />
Essa é a razão pela qual Paulo enfatiza que, na<br />
comunidade do corpo, nos tornamos perfeitos, “à medida da<br />
estatura completa de Cristo” (Ef. 4:13).<br />
Porque nossa cultura sofre por falta de inteireza, restaurar<br />
a comunidade espiritual na família é uma necessidade premente.<br />
A formação espiritual dentro da família transforma-a<br />
em um guia de integridade espiritual que prepara o caminho<br />
e, finalmente, leva ao nosso Senhor.<br />
3. Formação espiritual é de importância nacional.<br />
Nossa combinação adventista de teologia, moralidade e<br />
ética sempre foi única, mas com a falência da moral em nossa<br />
cultura, essa característica tem se tornado ainda mais aparente.<br />
Quem, então, irá chamar o povo das remotas vilas e fiordes<br />
da Islândia para viver no reino de Deus, conforme determinado<br />
por Ele?<br />
Poucos anos após sua chegada, Oestlund (veja nota) estava<br />
produzindo o jornal da igreja que, por algum tempo, teve<br />
O<br />
Início Advent smo<br />
do na<br />
Em 1897 a Associação Dinamarquesa<br />
enviou David Oestlund como primeiro<br />
missionário à Islândia, uma ilha localizada<br />
entre o mar da Groelândia e o Oceano<br />
Atlântico Norte, com uma área de cerca<br />
de 103.000 quilômetros quadrados. Na<br />
viagem, saindo de Kopenhagen, iniciou-se<br />
uma discussão religiosa. Ao intensificarse<br />
o debate, um islandês aproximou-se e<br />
começou a apoiar Oestlund enquanto de-<br />
fendia o sábado do sétimo dia e o batismo.<br />
Oestlund, mais tarde, perguntou se ele era<br />
adventista do sétimo dia.<br />
“Sim... aconteceu de eu ler O Grande<br />
Conflito e comecei a guardar o santo sábado<br />
do Senhor sem ter me encontrado ou falado<br />
com nenhum adventista... [Quando] vimos...<br />
que um missionário poderia ser enviado<br />
[para a Islândia], e como pensamos que<br />
poderia ser muito difícil para ele trabalhar<br />
enorme circulação entre os jornais populares da Islândia. Com<br />
o mesmo espírito, estamos desenvolvendo novas oportunidades<br />
para que cada islandês – independente da idade e lugar<br />
onde mora – se torne parte das comunidades de formação<br />
espiritual.<br />
Nossa missão exige que sejamos responsáveis não só pelas<br />
nossas igrejas, mas por nossa nação.<br />
Resultados Evangelísticos<br />
Criar comunidades de formação espiritual é, em última<br />
instância, alcançar intencionalmente nossos vizinhos,<br />
convidando-os a experimentar uma qualidade de vida que<br />
não pode ser encontrada em nenhum outro lugar. Queremos<br />
causar impacto na qualidade de vida dentro de nossas<br />
igrejas, mas nosso principal objetivo é sermos luz em nossa<br />
nação. Estamos planejando oferecer aulas on-line e criar comunidades<br />
virtuais de discipulado para pessoas em extensas<br />
áreas remotas. Estamos trabalhando, também, para atingir<br />
pessoalmente cada lar da Islândia, com a revista de discipulado<br />
e o DVD que nos ajudará a iniciar um contato em áreas<br />
onde não há adventistas. E como esse programa foi especialmente<br />
preparado para a Islândia, já estamos percebendo<br />
o interesse de outras denominações cristãs em usar nosso<br />
material.<br />
Honrando a Deus<br />
Ellen G. White resume nossa visão: “A maior obra que<br />
pode ser feita em nosso mundo é glorificar a Deus vivendo o<br />
caráter de Cristo”(Testemunhos Para a Igreja, v. 6, p. 439). Ao<br />
continuarmos a maior jornada que um ser humano pode<br />
fazer – que é ser “transformado à semelhança de Seu Filho” –<br />
Deus é honrado, como de nenhuma outra maneira.<br />
Para saber mais sobre o trabalho de formação espiritual na<br />
Associação da Islândia, acesse www.reflectingJesus.org.<br />
POR GAVIN ANTHONY<br />
Islândia<br />
sozinho, decidimos, na primavera passada,<br />
vender nossa pequena fazenda na América<br />
e fazer esta viagem para ajudá-lo”*<br />
Por essa providência de Deus, o trabalho<br />
na Islândia foi adiante. Hoje, dos 300.000<br />
habitantes da Islândia, aproximadamente<br />
575 são membros da igreja adventista,<br />
onde, também, fundaram uma escola.<br />
*Björgvin Snorrason, “Pastor David Oestlund e o Começo da<br />
Igreja <strong>Adventist</strong>a do Sétimo Dia na Islândia”.<br />
<strong>Dezembro</strong> 2007 | <strong>Adventist</strong> <strong>World</strong> 15
Capacitan<br />
Mulheres Ín Ín Ín Ín da<br />
Ín Ín Ín Ín Ín Ín Ín Ín Ín Ín Ín da<br />
n da<br />
n da Capacitan Capacitan Capacitan Capacitan Capacitan Capacitan Capacitan Capacitan Capacitan Capacitan Capacitan Capacitan C apacitan<br />
Mulheres Mulheres Mulheres Mulheres Mulheres Mulheres Mulheres<br />
ulheres Í Ín<br />
da<br />
Milhares aprendem a<br />
ler através do programa<br />
de alfabetização.<br />
alfabetização.Capacitan<br />
alfabetização.<br />
alfabetização.Capacitan<br />
Por Loren SeiboldÍn<br />
Seibold
Da esquerda para a direita: ANJO MINISTRADOR: Hepzibah Kore, diretora<br />
dos Ministérios da Mulher na Divisão Sul Asiática e organizadora do programa<br />
de alfabetização, pede ao Senhor as bênçãos sobre o programa. Ao se<br />
falar de Jesus ao povo indiano, as portas das escolas foram abertas e, como<br />
resultado, muitas pessoas foram batizadas. CÍRCULO DE APRENDIZADO:<br />
Classes de alfabetização, patrocinadas pelo projeto Esperança Para Humanidade,<br />
é uma grande contribuição para melhorar a qualidade de vida e elevar<br />
na comunidade o respeito pelas mulheres na Índia. Mais de 200 classes de<br />
alfabetização estão em funcionamento em cinco províncias, no sul da Índia.<br />
Abaixo: CAPACITANDO VIDAS: Aprender a ler capacita mulheres a sustentar-se,<br />
ajudar seus fi lhos nas lições de casa, cuidar das fi nanças da família e<br />
serem respeitadas pelos seus familiares e outros membros na comunidade.<br />
do<br />
do as<br />
d a aaAbaixo:<br />
Abaixo: DESEJANDO APRENDER:<br />
Ávidos adultos, a maioria mulheres,<br />
fi cam cam sentados, com as pernas<br />
cruzadas por várias horas, no piso<br />
da igreja adventista, em Reddipalem,<br />
para aprender a ler.<br />
do<br />
d<br />
T O D A S F O T O S T I R A D A S P O R K U R T F A T T I C<br />
A R T I G O D E C A PA<br />
Como passageiro de um táxi,<br />
observo, com certo desconforto,<br />
o frenesi do lado de<br />
fora: ônibus, caminhões, carros<br />
de boi, pedestres, riquixás (carro de<br />
duas rodas para transporte de pessoas,<br />
puxado por um ou dois homens, usado<br />
na Ásia), lambretas, triciclos – todos<br />
misturados, dando a impressão a cada<br />
momento que escapam, por pouco, da<br />
colisão quase certa. Perto da minha janela,<br />
andando na mesma faixa, vejo uma<br />
pequena motocicleta, carregando uma<br />
mulher jovem, no banco de trás. Seu<br />
cabelo preto e brilhante está preso para<br />
trás, com um entrelaçado de fl ores de<br />
angélicas brancas. Vestida num sari púrpura,<br />
decorado com linha dourada, há<br />
uma manta ao seu redor, tão esvoaçante,<br />
etéreo, como só as mulheres indianas<br />
podem administrar. Enquanto a moto se<br />
esguia aos solavancos e a fumaça preta a<br />
cerca por todos os lados, ela se mantém<br />
calma e tranqüila, com as mãos no colo.<br />
Estou surpreso com tal porte, nesse redemoinho<br />
de veículos, barulho e poluição.<br />
Esse instantâneo da Índia ajuda a<br />
explicar por que – quando as pessoas<br />
perguntam – o que achei mais impressionante,<br />
mais memorável na Índia, e<br />
sempre respondo: “A mulher indiana”.<br />
Elas são fortes, determinadas, bonitas e<br />
graciosas no meio da pobreza, corrupção,<br />
desigualdade de status com os homens,<br />
numa asfi xiante aglomeração humana.<br />
Primeira Lição<br />
Alguns dias atrás, eu estava com as<br />
pernas cruzadas (tanto quanto minhas<br />
pernas americanas conseguiam) sobre<br />
um piso de concreto, joelho com joelho,<br />
com cerca de 30 mulheres, numa pequena<br />
sala, com enfeites alaranjados, em<br />
uma vila lotada (sempre, qualquer lugar<br />
Loren Seibold é pastor<br />
da igreja de Worthington,<br />
Ohio, Estados Unidos.<br />
<strong>Dezembro</strong> 2007 | <strong>Adventist</strong> <strong>World</strong> 17
na Índia está superlotado), perto da ci-<br />
dade de Thiruvananthapuram. Tinha<br />
sido convidado para observálas<br />
enquanto aprendiam a ler.<br />
Surpreendentemente, para<br />
um país sob o sistema educacional<br />
britânico por dois séculos,<br />
60 por cento das mulheres<br />
da Índia são analfabetas. Nas<br />
classes mais baixas, as mulheres<br />
são pouco mais que servas.<br />
Em algumas partes da Índia rural,<br />
a segunda ou terceira fi lha<br />
que nasce numa família pobre<br />
pode morrer na primeira noite,<br />
ao tomar uma substância<br />
venenosa misturada ao leite.<br />
Os pais simplesmente dizem:<br />
“Ela não sobreviveu”, mas os<br />
vizinhos sabem a verdade: a família não<br />
tinha condições para arcar com outro<br />
dote, o pesado pagamento feito à família<br />
do noivo que deve acompanhar a moça,<br />
se ela tiver alguma esperança de se casar.<br />
Os indianos estão acostumados a viver<br />
muito próximos uns dos outros. Num<br />
país onde a densidade populacional é<br />
cerca de doze vezes a dos Estados Unidos,<br />
não há muita escolha. Com minha cultura<br />
de conforto ocidental, achei a sala de<br />
aula um pouco apertada. Ao meu redor,<br />
porém, havia tanta euforia que compensava<br />
minha claustrofobia. Com pedaços<br />
de giz e pequenas lousas, as mulheres<br />
praticavam o complicado alfabeto tâmil.<br />
A professora escrevia pequenas sentenças<br />
em um grande quadro negro, enquanto a<br />
classe repetia em coro, outra vez e outra<br />
vez. Em seguida, cada uma tentava escrever<br />
as palavras em sua lousinha. Embora<br />
as alunas fossem, em sua maioria, não<br />
cristãs, as professoras adventistas ilustravam<br />
as lições com hinos cristãos e textos<br />
bíblicos. Em cada face havia um sorriso.<br />
18 <strong>Adventist</strong> <strong>World</strong> | <strong>Dezembro</strong> 2007<br />
De cima para baixo: CIDADES CONGESTIONADAS: Estradas e ruas<br />
superlotadas são comuns em toda Índia, como mostra a foto de Nova<br />
Deli. ENCONTRANDO O PREFEITO: O diretor do Esperança para Humanidade,<br />
Maitland DiPinto (centro) e outros membros do grupo visitante,<br />
falam com o prefeito da vila (esquerda). CONHECENDO-AS: Loren<br />
Seibold, pastor da igreja de Worthington, Ohio, nos Estados Unidos, fala<br />
com uma mulher sobre a<br />
diferença que aprender<br />
a ler fez em sua vida.<br />
“As pessoas não não podem podem examinar<br />
examinar<br />
a Bíblia, Bíblia, Bíblia, enquanto não não sabem<br />
sabem<br />
ler,” diz Kory. “As aulas dão a elas<br />
confi ança ança e e começam começam a a buscar<br />
buscar<br />
novo sentido para para a a vida.”<br />
vida.”<br />
T O D A S F O T O S T I R A D A S P O R K U R T F A T T I C
Sentei-me próximo a uma jovem<br />
que usava um sari vermelho profundo.<br />
A pinta carmesim entre as sobrancelhas<br />
(símbolo tradicional de discernimento)<br />
tinha sido borrada por uma criança que<br />
se remexia em seus braços.<br />
− Esta é a melhor coisa que já me<br />
aconteceu – disse com largo e brilhante<br />
sorriso. − Estou começando a ler os jornais<br />
e os livros. Posso ajudar meus fi lhos<br />
a fazer a lição de casa. Meu esposo se<br />
orgulha de mim.<br />
Na formatura do programa de alfabetização,<br />
recebeu o primeiro livro que<br />
ela considera seu realmente: uma cópia<br />
da Bíblia em tâmil.<br />
Esperança<br />
O anjo humano por de trás desse<br />
ministério é Hepzibah Kore, diretora<br />
dos Ministérios da Mulher na Divisão<br />
Sul Asiática, que tem dedicado a vida<br />
à missão de ensinar as mulheres da<br />
Índia a ler. Das aldeias agrícolas mais<br />
humildes, às prostitutas nos cortiços de<br />
Kolkata (antes conhecida por Calcutá),<br />
Kore acredita que, quando as mulheres<br />
aprendem a ler, sua vida é transformada.<br />
Ela viaja milhares de quilômetros, todo<br />
ano, para visitar mais de 200 classes de<br />
alfabetização em cinco lugares: Tamil<br />
Nadu, Andhra Pradesh, Orissa, Bengala<br />
Ocidental e Garo Hills. Em cada um<br />
desses lugares, Kore primeiro treina as<br />
professoras, providencia material didático<br />
e ajuda na formação das classes.<br />
− As pessoas não podem examinar<br />
a Bíblia, enquanto não sabem ler − diz<br />
Kory. – As aulas dão a elas confi ança e<br />
começam a buscar novo sentido para<br />
a vida.<br />
Essa é a razão pela qual as aulas<br />
de alfabetização não são o fi m da história:<br />
as formandas são convidadas a praticar<br />
a leitura fazendo um curso bíblico<br />
que é oferecido em seguida.<br />
Alfabetização para mulheres indianas<br />
é uma das novas faces do programa<br />
que conhecíamos como Recolta. Hoje, o<br />
programa é chamado de Esperança Para<br />
a Humanidade (não é muito conhecido<br />
pelo novo nome, mesmo para muitos<br />
adventistas).<br />
A base da antiga Recolta era o pedido<br />
de donativo de porta em porta.<br />
Hoje, porém, bater de porta em porta<br />
tem se tornado importuno e inseguro,<br />
especialmente nos subúrbios e nas<br />
grandes cidades. Desde os anos 80,<br />
as contribuições de porta em porta<br />
sofreram dramática queda. E isso não<br />
é coincidência, insiste o diretor do Esperança<br />
Para a Humanidade, Maitland<br />
DiPinto, pois até o reconhecimento do<br />
nome adventista também sofreu grande<br />
declínio. É por isso que o Esperança<br />
Para a Humanidade está tentando abrir<br />
novas portas.<br />
− Estamos criando novas maneiras<br />
de envolver nossas comunidades no<br />
trabalho humanitário que realizamos<br />
– diz DiPinto. – Não queremos apenas<br />
receber contribuições, queremos formar<br />
parcerias.<br />
Em toda a América do Norte, igrejas<br />
e escolas e, em alguns casos, associações<br />
inteiras, inscreveram-se para tornar-se<br />
parceiras em vários projetos do Esperança<br />
Para a Humanidade. Na República<br />
da África do Sul e no Reino de Losoto<br />
– onde estão metade dos casos de AIDS<br />
existentes no mundo – várias iniciativas<br />
importantes estão cuidando do problema<br />
do HIV e AIDS. Tanto na Índia<br />
como na América Central, o projeto<br />
Esperança Para a Humanidade está ajudando<br />
professores adventistas do sétimo<br />
dia a ensinar mulheres a ler.<br />
Vidas Transformadas<br />
Quando saímos de nosso ônibus,<br />
com ar condicionado, na vila de Reddipalem,<br />
em Andhra Pradesh, Índia, senti<br />
que tínhamos voltado no tempo. O povo<br />
ali vive em tradicionais cabanas cobertas<br />
por palmeiras. Próximo à minúscula<br />
igreja de concreto, um homem, cansado<br />
de tanto trabalhar, relaxa em seu búfalo<br />
ainda gotejante. Essa pequenina vila rural<br />
está localizada a poucos quilômetros<br />
do Oceano Índico. “A água do tsunami,<br />
em 2004, quase alcançou nossa vila”,<br />
disse o administrador da localidade.<br />
Dentro da igreja, mais uma vez fi -<br />
quei maravilhado com a habilidade dos<br />
indianos de fi carem confortáveis no<br />
chão duro e em ambientes fechados. Na<br />
minha frente, uma jovem, vestida num<br />
sari alaranjado, escreveu letras em ‘telugu’<br />
em sua pequena lousa. Ela alinhou<br />
as palavras com um dedo, sugerindo<br />
que eu repetisse após ela. Eu não tinha a<br />
menor idéia do que estava falando, embora<br />
as gargalhadas mostrassem que eu<br />
a estava divertindo.<br />
Em meu grupo, uma era mais idosa<br />
– pouco cabelos e dentes, e corpo franzino.<br />
Com a testa franzida, suas mãos tremiam<br />
enquanto tentava formar algumas<br />
letras em sua lousa.<br />
− Por que você não aprendeu a ler<br />
quando era jovem? – perguntei-lhe, valendo-me<br />
de um tradutor.<br />
− Minha família era pobre – ela<br />
disse. – Casei-me aos 13 anos de idade.<br />
Ninguém achava que uma menina precisava<br />
estudar.<br />
− Como essas aulas estão ajudando<br />
você? – continuei. Seus olhos brilharam.<br />
− Elas mudaram a minha vida – disse.<br />
Certamente, aprender a ler faz isso,<br />
pensei. Mas sua difi culdade com o giz<br />
me fez pensar.<br />
− O que você aprendeu? – perguntei.<br />
− A ler a placa na frente do ônibus!<br />
– disse ela, sentindo-se realizada. – Posso<br />
ir onde quiser sozinha, sem me perder!<br />
Muito idosa para aprender a ler<br />
fl uentemente, ela aprendeu o sufi ciente<br />
para ler o destino do transporte público,<br />
a assinar seu nome e a contar o dinheiro,<br />
para não ser enganada com o troco, no<br />
mercado. Essas pequenas conquistas<br />
transformaram sua vida. Embora tarde, a<br />
vitamina da auto-estima, havia chegado.<br />
− Meu marido e meus fi lhos me<br />
respeitam agora – disse ela. – Sou mais<br />
valorizada como mãe e esposa.<br />
Percebi algo parecido a uma Bíblia,<br />
embaixo de sua lousa.<br />
− Você lê esse livro? – perguntei.<br />
– É difícil – respondeu – mas quero<br />
aprender.<br />
Com a ajuda de Deus e a nossa ajuda,<br />
creio que aprenderá.<br />
Para mais informações sobre o Esperança<br />
Para Humanidade e seus programas, visite<br />
www.hope4.com.<br />
<strong>Dezembro</strong> 2007 | <strong>Adventist</strong> <strong>World</strong> 19
D E V O C I O N A L<br />
Mais, melhor, mais alto, mais rápido – este é o lema<br />
do nosso tempo. Mais dinheiro, mais férias, mais<br />
conforto. Já percebeu que, em alguns jardins, a decoração<br />
de Natal fica mais elaborada a cada ano? Precisamos<br />
de mais e melhores presentes, ferramentas mais rápidas.<br />
“Mais, melhor, mais rápido”, às vezes, é necessário para nos<br />
manter focados num objetivo. Por outro lado, pode tornar-se<br />
uma “corrida de rato”. Há, ainda, outro problema: Em um<br />
ponto ou em outro – se somos bem-sucedidos – podemos nos<br />
sentir superiores aos outros, tornando-nos arrogantes e orgulhosos.<br />
Isso me lembra um vendedor talentoso que fechava<br />
suas vendas com a seguinte frase: “Deixe-me mostrar-lhe uma<br />
coisa que vários dos seus vizinhos pensam que você não tem<br />
condições de comprar.”<br />
Assim Como Nós<br />
Ouvi a história de dois patos e um sapo que viviam muito<br />
felizes juntos, num lago da fazenda. Eram os melhores amigos,<br />
divertiam-se e brincavam na água juntos. Quando, porém,<br />
os dias quentes de verão chegaram, o lago começou a secar, e<br />
ficou evidente que teriam que se mudar dali. Isso não era nenhum<br />
problema para os patos, mas o sapo estava preso. Para<br />
ajudá-lo, eles montaram um esquema genial. Iriam segurar,<br />
com o bico, as duas pontas de uma vara e o sapo poderia ir dependurado<br />
pela boca, no meio dela, enquanto as aves voavam<br />
para outro lago. O plano funcionou, mas enquanto os patos<br />
voavam, um fazendeiro olhou admirado e pensou: “Mas que<br />
solução inteligente! Quem será que teve essa idéia?”<br />
O sapo abriu a boca e disse: “Fui eu!” E o resultado foi<br />
trágico.<br />
Estamos todos viajando em nosso ego e em exaltações<br />
egoístas, mas existe apenas Alguém superior. Esse é o assunto<br />
abordado no livro de Hebreus: a superioridade. Ali encontramos<br />
que o bom foi ultrapassado pelo melhor, e o melhor tem<br />
um nome: Jesus, nosso Senhor.<br />
A Superioridade de Jesus<br />
Em Hebreus 1, Jesus é descrito como muito superior aos<br />
anjos. O capítulo 3 de Hebreus descreve Jesus como superior a<br />
Moisés, um dos maiores líderes e administradores de todos os<br />
tempos e um dos profetas mais importantes, o que teve o privilégio<br />
que nenhum outro ser humano jamais teve – ver Deus<br />
face a face. Em Hebreus 4, Jesus ultrapassa Josué e no capítulo<br />
5, fica acima de Arão.<br />
Ekkehardt Mueller é diretor associado do<br />
Instituto de Pesquisas Bíblicas da Associação<br />
Geral, em Silver Spring, Maryland (EUA)<br />
20 <strong>Adventist</strong> <strong>World</strong> | <strong>Dezembro</strong> 2007<br />
Mais<br />
Mu to ,<br />
Reflexões sobre a<br />
superioridade de Jesus<br />
Em Hebreus 7, Melquisedeque, rei de Salém e sacerdote<br />
do Deus Altíssimo (e símbolo de Jesus), é apresentado como<br />
maior que Abraão, e coloca o sacerdócio de acordo com sua<br />
ordem: sacerdócio de Cristo, acima do sacerdócio levita. Jesus<br />
é o verdadeiro sumo sacerdote – “santo, inculpável, sem<br />
mácula, separado dos pecadores e feito mais alto do que os<br />
céus.” (7:26).<br />
Jesus — mais exaltado, melhor, superior.<br />
De acordo com Hebreus 9:23, o santuário celestial, para<br />
sua purificação, requer “sacrifício superior” ao sangue de<br />
novilhos e bodes. Requeria o único Filho, um sacrifício por<br />
todos (9:25-28). Seu “sangue da aspersão que fala coisas superiores<br />
ao que fala o próprio Abel” (12:24); Seu sacrifício,<br />
única oferta eficaz, supera todas as outras. Ele é o Autor de<br />
nossa salvação.<br />
Por que Ele É Superior<br />
O autor de Hebreus apresenta Jesus como superior por três<br />
razões básicas:<br />
1. Por causa de Sua posição. Jesus é melhor, superior, mais<br />
exaltado, porque Ele é o Filho, o Criador, Sustenedor, o único<br />
Sacerdote-Rei legítimo.<br />
2. Por causa de Seu ministério no passado. Em outras<br />
palavras, Ele é superior porque Se humilhou, tornou-se<br />
humano, viveu entre nós, sofreu e morreu por nós – e tudo<br />
sem pecado.<br />
O autor da carta aos hebreus usa um capítulo quase inteiro<br />
para falar da encarnação e humilhação de Cristo. Essa é uma<br />
verdade que devemos manter em mente o tempo todo, permitindo<br />
que nosso Senhor esteja conosco e aprofundando nosso<br />
amor por Ele.<br />
3. Por causa do que Ele está fazendo por nós hoje e fará no<br />
futuro. Ele nos redimiu e, por meio dEle, com plena confiança,<br />
temos acesso ao trono de Deus.<br />
Nada e ninguém mais pode nos salvar. Jesus é sem igual<br />
e nós, como Seus seguidores, devemos proclamar Sua singularidade,<br />
não mantendo-a escondida por ser politicamente<br />
correto. Não há dúvida de que devemos ser corretos, polidos<br />
,
Por Ekkehardt Mueller<br />
Ma s<br />
Jesus é sem igual e nós, como<br />
Seus seguidores, devemos<br />
proclamar Sua singularidade,<br />
não mantendo-a escondida por<br />
ser politicamente correto.<br />
e amáveis para com os membros de outras religiões no<br />
mundo. Mas, como Paulo, “nós pregamos Cristo crucificado,<br />
escândalo para os judeus, loucura para os gentios”<br />
(1Co 1:23).<br />
Jesus é maior e mais digno de glória porque Se tornou um<br />
conosco, simpatizou conosco, ajudou-nos, intercede por nós e,<br />
conforme prometeu, dará fim a todas as coisas com Seu reino<br />
de glória.<br />
N I N A B R I S K I<br />
Resultados do Ministério Superior de Jesus<br />
Nas palavras de Hebreus, os resultados do ministério<br />
superior de Cristo por nós, incluem uma melhor aliança<br />
(7:22; 8:6); melhor esperança (7:19); melhor promessa (8:6);<br />
melhor purificação (9:13, 14); melhor herança (9:13, 14);<br />
melhor pátria (11:16) e, finalmente, melhor ressurreição<br />
(11:35). Ele preparou “um plano ainda melhor para nós”<br />
(11:40, NTLH).<br />
É interessante notar que muito do resultado da superioridade<br />
de Jesus parece ser direcionada para o futuro. Nossa<br />
vida aqui é um prelúdio para a vida futura. Embora esse prelúdio<br />
seja importante, provê a oportunidade de recebermos<br />
vida eterna por meio de Jesus Cristo. Mas Suas “melhores<br />
promessas” e “melhor aliança” já nos afetam aqui e agora.<br />
É em vida que devemos ter certeza da salvação. É agora que<br />
o Senhor coloca Sua lei em nossa mente. É agora que Ele<br />
coloca em nós o desejo de guardá-la e de obedecer a Jesus e<br />
amá-Lo. Jesus dá sentido à nossa vida hoje e provê um futuro<br />
brilhante para nós.<br />
A Superioridade de Cristo e Nós<br />
Como somos afetados pela superioridade de Jesus?<br />
1. Somos chamados para honrar a Jesus como Aquele a<br />
quem pertencem a glória e a honra, não somente durante a<br />
época do Natal, mas durante o ano todo. Diariamente meditamos<br />
e lemos sobre Ele, abrimos nosso coração em oração a<br />
Ele, confiamos nEle. Obedecemos aos Seus mandamentos e,<br />
pela Sua graça, vivemos pelos princípios que governaram Sua<br />
vida na Terra. Unimo-nos às hostes celestes, adorando-O e<br />
curvando-nos diante dEle.<br />
2. Somos chamados a abandonar o orgulho e a confiança-própria.<br />
Em sua auto-biografia, Franklin afirmou corretamente:<br />
“Não existe, talvez, nenhuma de nossas paixões<br />
naturais tão difícil de subjugar como o orgulho. . . Podemos<br />
espancá-lo, abafá-lo, mortificá-lo quanto quisermos, que<br />
ele se mantém vivo. . . Ainda que julgue crer que o superei<br />
completamente, eu poderia, provavelmente, orgulhar-me de<br />
minha humildade.”<br />
O orgulho nunca foi encontrado em Jesus, assim como<br />
não deveria ser encontrado em Seus seguidores, pois, afinal<br />
de contas, tudo que somos e temos é presente de Deus e não<br />
temos nada de que nos orgulhar. Se queremos nos gloriar, que<br />
nos gloriemos em nosso Senhor Jesus Cristo.<br />
3. Somos chamados a renovar nossa decisão por esse maravilhoso<br />
Senhor e esperar tudo dEle. Todos os heróis da fé,<br />
em Hebreus 11, nos ensinam como escolher a Cristo e nunca<br />
abandoná-Lo.<br />
Mais, muito mais e melhor? Sim, como em Jesus Cristo. E<br />
também naqueles que, após serem salvos, O seguem de perto,<br />
servindo a Ele a aos outros cada vez mais, sendo elevados para<br />
mais e mais alto, esquecendo-se de si mesmos e focalizando no<br />
mais excelente Senhor – para todo o sempre.<br />
<strong>Dezembro</strong> 2007 | <strong>Adventist</strong> <strong>World</strong> 21
E S P Í R I T O D E P R O F E C I A<br />
Ativo Nossa fidelidade aos princípios<br />
cristãos é um chamado<br />
para trabalharmos ativamente<br />
para Deus. Os que<br />
não usam seus talentos na causa e na<br />
obra de Deus não terão parte, com Jesus,<br />
em Sua glória. De cada alma, recipiente<br />
da glória de Deus, a luz deve brilhar. Há<br />
muitas almas em trevas, mas muitos se<br />
acham tranqüilos, acomodados e à vontade<br />
com esse fato!...<br />
Requer-se que todo real seguidor de<br />
Cristo seja uma luz para o mundo. Deus<br />
fez Sua parte na grande obra e espera<br />
a cooperação de Seus seguidores. O<br />
plano da salvação está completo. O sangue<br />
de Jesus Cristo foi oferecido pelos<br />
pecados do mundo, a Palavra de Deus<br />
tem falado ao homem aconselhando,<br />
repreendendo, advertindo, prometendo,<br />
encorajando, e a eficácia do Espírito<br />
Santo é oferecida para auxiliá-lo em<br />
todos os seus esforços. Com toda essa<br />
luz, porém, o mundo ainda perece em<br />
trevas, sepultado em pecado.<br />
Quem labutará, com Deus, para<br />
ganhar essas pessoas para a verdade?<br />
Quem levará a elas as boas novas da<br />
salvação?<br />
Aqueles a quem Deus abençoou com<br />
a luz e a verdade, devem ser mensageiros<br />
de misericórdia. Seus recursos devem cristãos ativos. Deus [...] espera que Seu coração, único em propósito, verá as<br />
fluir na direção do canal de Deus. Seus povo assuma sua parte, apresentando necessidades e carências da causa de<br />
esforços honestos devem ser colocados a luz da verdade para todas as nações. Deus... Onde há um obreiro, deve haver<br />
adiante. Devem tornar-se colaboradores Quem fará essa sociedade com o Senhor centenas recebendo cada palavra que ‘sai<br />
de Deus, negando-se a si mesmos, sacri- Jesus Cristo? Ele vai determinar os ter- da boca de Deus’, a qual deve ser entreficando-se<br />
como Jesus, que por nós Se mos e as condições. Deus o tem ilumigue às pessoas à medida que puderem<br />
tornou pobre, para que, por Sua pobrenado com o conhecimento dEle? Têm receber. Muito mais do que já foi feito,<br />
za, fôssemos ricos.<br />
os tesouros de Sua Palavra aumentado deve ser realizado.<br />
sua compreensão de maneira a tornar- O espírito mundano tem prevalecido<br />
Sociedade com o Céu<br />
se sábio em relação com as verdades ali entre os professos servos de Deus. Para<br />
Agentes divinos e humanos combi- contidas? Portanto, vá e trabalhe com eles, a vida das pessoas não vale nem a<br />
nam-se na obra de salvar almas. Deus suas habilidades.<br />
metade do valor de seu gado, fazendas<br />
fez Sua parte e a necessidade agora é de Apenas quem for humilde, puro de e negócios. Deus vai responsabilizá-los<br />
na<br />
Por Ellen G. White<br />
K U R T F A T T I C / H O P E F O R H U M A N I T Y<br />
22 <strong>Adventist</strong> <strong>World</strong> | <strong>Dezembro</strong> 2007
Palavra<br />
e na<br />
por essa terrível negligência do passado;<br />
mas o que farão no futuro? Irão cooperar<br />
com o grande Benfeitor? Como<br />
homens que possuíram a luz da verdade,<br />
deixarão sua luz brilhar sobre os que<br />
estão em trevas?<br />
Deus os têm honrado com o privilégio<br />
de serem colaboradores com Cristo<br />
na colheita da grande seara. Irão eles,<br />
agradecidos e de coração, receber todo<br />
benefício providenciado por Deus e<br />
aperfeiçoar-se diligentemente mediante<br />
o exercício, usando cada habilidade e<br />
cada dever consagrado ao serviço do<br />
Mestre? O sucesso do progresso na vida<br />
santificada depende do desenvolvimento<br />
dos talentos a eles concedidos. Sua<br />
recompensa futura será proporcionada<br />
pela integridade e dedicação com que<br />
servem ao Mestre.<br />
Todo empreendimento em coisas<br />
temporais e mundanas prospera na<br />
proporção da sabedoria, tato e concentração<br />
de poder exercidos na aquisição<br />
do objeto do desejo. Assim devem ser<br />
também nossos empreendimentos<br />
cristãos. Devemos trabalhar de acordo<br />
com a Palavra de Deus. Deve haver<br />
planejamento criterioso. Deve haver<br />
seleção de homens e talentos apropriados<br />
para os variados ramos da obra. A<br />
Obra<br />
A propagação do evangelho<br />
merece nossa mais diligente ação.<br />
Palavra de Deus deve ser nosso guia,<br />
assim como a condição específica para<br />
que nos tornemos colaboradores de<br />
Cristo. O desejo de acumular riquezas<br />
é uma afeição original de nossa natureza,<br />
implantada ali, por nosso Pai Celestial,<br />
para fins nobres.<br />
Onde Está o Coração<br />
Se perguntarmos ao capitalista que<br />
concentrou toda a sua energia unicamente<br />
em defender sua fortuna e que é<br />
perseverante e diligente em aumentar<br />
sua propriedade, qual é o propósito<br />
de seu labor, ele poderá não dar uma<br />
razão, um propósito definido pelo<br />
qual tem ajuntado tesouros mundanos<br />
e amontoado riquezas. Ele pode não<br />
definir nenhum grande anseio ou finalidade<br />
que tenha em mente, ou alguma<br />
nova fonte de felicidade que possa obter.<br />
Ele continua acumulando porque<br />
pôs todas as suas habilidades e capacidade<br />
nessa direção.<br />
Há no homem mundano um<br />
desejo ardente por algo que não tem.<br />
Por força do hábito, direciona todo<br />
pensamento, todo propósito na direção<br />
de prover para o futuro e, ao envelhecer,<br />
torna-se mais ávido do que nunca em<br />
adquirir tudo o que é possível ter. . .<br />
Toda essa energia, perseverança, determinação,<br />
esforço por poder mundano<br />
é o resultado da perversão da sua capacidade<br />
para o propósito errado. Cada<br />
habilidade deve ser cultivada, o máximo<br />
possível, pelo exercício, para o que é<br />
celeste, para a vida imortal e para o mais<br />
excelente e eterno peso de glória.<br />
Os costumes e práticas do homem<br />
mundano, perseverança, energia, beneficiando-se<br />
de cada oportunidade para<br />
aumentar suas posses, deveriam ser<br />
uma lição para aqueles que alegam ser<br />
filhos de Deus, buscando glória, honra<br />
e mortalidade. Os filhos do mundo<br />
são mais sábios em sua geração que<br />
os filhos da luz, e aqui é notada sua<br />
sabedoria. Com o objetivo de acumular<br />
riquezas terrenas e para esse fim,<br />
concentram toda energia. Ah! Que esse<br />
zelo caracterizasse o obreiro das riquezas<br />
celestes!<br />
Esse é um fragmento do artigo escrito de<br />
Basiléia, Suíça, publicado pela primeira<br />
vez há 100 anos, na Advent Review and<br />
Sabbath Herald (hoje, <strong>Adventist</strong> Review<br />
www.adventistreview.org). Os adventistas<br />
do sétimo dia crêem que Ellen G. White<br />
exerceu o dom profético durante mais de<br />
70 anos de ministério público.<br />
<strong>Dezembro</strong> 2007 | <strong>Adventist</strong> <strong>World</strong> 23
H E R A N Ç A A D V E N T I S T A<br />
A comunidade mundial de fé dos adventistas do sétimo dia<br />
tem apoiado literalmente milhões de crianças em mais de 200<br />
países. Quase todas essas crianças são servidas pelo Ministério<br />
da Escola Sabatina, que oferece material apropriado a cada<br />
idade. No texto abaixo, escrito por um dos historiadores mais<br />
conhecidos da Igreja, está retratada a história de como esse<br />
ministério começou. – Os Editores<br />
Foi no verão de 1852, seis anos após o início da mensagem<br />
do terceiro anjo. A sede, se assim podia ser chamada,<br />
localizava-se em um lugar escondido de Rochester,<br />
Nova Iorque (EUA). O número de obreiros, nos campos,<br />
resumia-se a três. A cólera se alastrava pela cidade e, pela noite<br />
afora, o rumor agourento da carruagem da morte parecia condenar<br />
os vivos. As pessoas foram tomadas pelo medo.<br />
Tiago e Ellen White tinham compromissos fora de Rochester,<br />
em Bangor, Maine, e viajariam em charrete puxada por<br />
cavalo. Porém, Edson, seu fi lho de 3 anos, estava acometido de<br />
cólera. Como poderiam partir? Com os irmãos e irmãs, eles<br />
o entregaram ao Senhor e, embora a enfermidade estivesse<br />
estável, o garoto ele continuava fraco e inerte. Não podiam<br />
abandoná-lo, embora devessem ir. Colocando o menino sobre<br />
um travesseiro, em uma tarde, às dezesseis horas, a mãe viajou<br />
cerca de trinta e seis quilômetros, enquanto o pai dirigia, antes<br />
de fazer uma pausa à noite.<br />
– Se continuarem – disse seu anfi trião –, vão enterrar essa<br />
criança na beira da estrada. Mesmo assim, continuaram por<br />
mais cento e sessenta quilômetros em dois dias. A mãe estava<br />
exausta e dormia grande parte do caminho com o fi lho atado<br />
ao corpo por uma faixa de tecido, para que não caísse. O<br />
pequeno Edson reviveu e restabelecia-se progressivamente,<br />
enquanto os pais cumpriam seus compromissos, iniciados<br />
em Vermont.<br />
Porventura, o fato de presenciar a doença de seu fi lho foi<br />
um alerta a Tiago White para a necessidade da causa infantil?<br />
Teria ele ouvido a voz do Mestre, enquanto dirigia, orando<br />
silenciosamente ao contemplar sua esposa exausta e o bebê<br />
sofrendo, dizendo: “não as impeçais, pois delas é o reino dos<br />
céus”? Havia lá outros bebês e outras crianças dos crentes que,<br />
embora fossem poucas centenas, estavam abatidas, não por<br />
alguma enfermidade, mas pela negligência espiritual. Uma<br />
criança – o ela representava? Simplesmente um pequeno homem<br />
e, como pequeno homem, deveria receber um pouco do<br />
que os homens mais velhos recebiam. Deveria ouvir sermões,<br />
Arthur W. Spalding (1877-1953) foi um educador<br />
adventista muito admirado, além de autor<br />
e editor. Seus quatro volumes sobre a história<br />
da Igreja, Origin and History of Seventh-day<br />
<strong>Adventist</strong>s (Origem e História dos <strong>Adventist</strong>as<br />
do Sétimo Dia), de onde foi extraído este texto, (vol. 2, p. 61-65),<br />
foram publicados em 1962.<br />
24 <strong>Adventist</strong> <strong>World</strong> | <strong>Dezembro</strong> 2007<br />
Suprindo<br />
Cri<br />
das<br />
movendo os pés pendentes do banco alto e sacudindo o corpo<br />
cansado contra sua mãe; se não conhecia todas as palavras difíceis,<br />
conheciam as fáceis, como: pecado, queda, anjo, Jesus, fi m<br />
do mundo. O tempo era curto, o Senhor voltaria antes que as<br />
crianças crescessem; para que educá-las? Tiago White escreveu:<br />
“Alguns pensaram que, porque Cristo estava voltando, não precisavam<br />
colocar tal fardo sobre seus fi lhos. Esse foi um grave<br />
erro, sufi ciente para ser severamente repreendido pelo Céu.”<br />
Esse homem que gostava de crianças tinha sido professor.<br />
No início de seu ministério, ele havia contestado os adultos<br />
por se oporem à conversão e batismo de crianças, e agora, ao<br />
enfrentar difi culdades para impulsionar a mensagem fi nal<br />
do evangelho, estava profundamente preocupado com as necessidades<br />
delas. E Deus o usou como um meio de plantar a<br />
semente de um magnífi co movimento da igreja pela educação<br />
das crianças. Seu propósito imediato era começar com a única<br />
revista que possuíam – a Review and Herald [atualmente,<br />
<strong>Adventist</strong> Review]. Disse ele: “Planejamos publicar uma pequena<br />
revista mensal com assuntos de interesse das crianças,<br />
e estamos seguros de que nossos irmãos e irmãs concordarão<br />
conosco quanto a essa grande necessidade. As crianças precisam<br />
de uma revista só para elas, que as instrua e pela qual se<br />
interessem.<br />
“Deus está trabalhando com as crianças, cujos pais ou<br />
tutores são crentes. Muitas delas estão se convertendo e necessitam<br />
ser instruídas na verdade presente. Há ainda uma<br />
boa parcela de crianças, cujos pais ou tutores são crentes, mas<br />
estão sendo negligenciadas e não estão recebendo a instrução<br />
correta. Conseqüentemente, não manifestam muito interesse<br />
pela própria salvação. Cremos que tal revista, como a que<br />
desejamos publicar, será de interesse de tais crianças e despertará<br />
os pais ou tutores para seu importante dever. Sobre<br />
eles está a tremenda responsabilidade de instruir almas para<br />
o reino de Deus. Mas é um fato lamentável que muitas crianças<br />
são deixadas sem instrução apropriada. Esse assunto nos<br />
preocupa mais do que podemos expressar. Que Deus desperte<br />
Seu povo para o senso do dever para com a mente jovem,<br />
confi ada ao seu cuidado, para guiá-la no caminho da virtude<br />
e santidade.<br />
“É nossa intenção oferecer quatro ou cinco lições por
as Necessidades<br />
anças<br />
Por Arthur W. Spalding<br />
exemplar, em forma de perguntas e respostas, uma para cada<br />
semana, como lição para a Escola Sabatina. Essas escolas podem<br />
ser realizadas onde houver duas ou três crianças, ou onde<br />
houver um número maior.”<br />
O primeiro exemplar da revista Instrutor Jovem foi publicado<br />
em Rochester, Nova Iorque, em agosto de 1852. Era<br />
uma revista mensal, com assinaturas ao preço de vinte e cinco<br />
centavos de dólar por ano, mas grátis para crianças, quando<br />
nem elas nem os tutores podiam pagar. Não havia um editor<br />
declarado, mas estava sob a responsabilidade de Tiago White,<br />
que recebia grande auxílio de Annie Smith, na época. Um<br />
ano mais tarde, Anna White, irmã de Tiago White, assumiu a<br />
edição da revista, pois, junto com seu irmão Nathanael, tinha<br />
vindo morar com eles no outono de 1852.<br />
Tiago White havia preparado uma série inicial de dezenove<br />
lições bíblicas com os principais tópicos da fé. Apesar de<br />
serem projetadas para crianças e jovens – uma imensa tarefa<br />
– serviram também como lições para adultos, na ausência de<br />
outro material para a Escola Sabatina. Seguiram-se a essas primeiras<br />
lições dezessete outras, selecionadas de uma revista não<br />
adventista. Em seguida, vieram oito lições sobre o santuário e<br />
então, a iniciativa terminou. Enquanto a mãe da Escola Sabatina,<br />
a revista Youth Instructor (Instrutor Jovem), continuava<br />
a ser publicada mensalmente, sua fi lha foi abandonada, clamando<br />
por atenção. Curvado sob muitas obrigações e doente,<br />
Tiago White mal conseguia manter o barco do Advento navegando<br />
em seu curso correto, e o interesse pela Escola Sabatina<br />
defi nhou por oito meses.<br />
Foi então que Roswell F. Cottrell foi despertado para a<br />
ação. Ele preparou um ano de lições semanais, que em 1854<br />
foram publicadas no Instrutor Jovem e, no ano seguinte, foram<br />
publicadas em forma de livro, A Classe Bíblica. Esse pequeno<br />
livro serviu de guia para a Escola Sabatina pelos três anos seguintes<br />
até que a edição de dois mil exemplares se esgotasse.<br />
Assim como as primeiras lições, essas foram preparadas como<br />
alimento para as crianças e jovens e, mais uma vez, tornaramse<br />
nutrição para os mais velhos. Mas se a ciência de alimentar<br />
as crianças não estava muito desenvolvida naqueles dias, pelo<br />
menos a vontade de nutri-las era real, e os dentes dos pequenos<br />
eram fortes.<br />
F O T O S E O R I G I N A I S C E D I D O S<br />
P E L O “ E L L E N G . W H I T E E S T A T E ”<br />
ORIGINAIS ADVENTISTAS:<br />
Um dos primeiros hinários<br />
adventistas para jovens (acima<br />
à esquerda), foi compilado<br />
por Anna White, irmã de Tiago<br />
White. Ela também foi editora<br />
do Youth’s Instructor (O Instrutor<br />
Jovem). Após sua morte,<br />
Roswell F. Cottrell (acima à<br />
direita) tornou-se o editor.
P E R G U N T A S B Í B L I C A S<br />
P E R G U N T A : Como somos salvos? O que é a<br />
teoria da influência moral da cruz?<br />
Por séculos, os cristãos têm tentado explicar como a morte<br />
de Jesus, na cruz, nos salva. Chamamos esta explicação de<br />
“teoria da expiação”. Uma delas é conhecida como “teoria<br />
da influência moral” da expiação. Vou fazer um resumo do seu<br />
conteúdo, sua força e, finalmente, uma avaliação.<br />
1. Sumário de seus Ensinamentos: Há pequenas variações<br />
na teoria da influência moral, mas no ponto de vista central<br />
encontramos as seguintes idéias: Primeira, compreendemos<br />
que a cruz é a suprema revelação<br />
do amor de Deus. Ali,<br />
Deus Se identificou conosco,<br />
passando por aquilo que<br />
todos nós experimentamos,<br />
denominado morte. Segundo,<br />
a manifestação do amor<br />
de Deus é completa e, como<br />
resultado, somos transformados.<br />
A isto chamamos “a<br />
influência moral da cruz.”<br />
A morte voluntária de Cristo<br />
na cruz desperta em nós<br />
amor para com Deus; muda<br />
a nossa atitude para com Ele<br />
e leva-nos a exemplificar o<br />
Seu amor em nossa vida.<br />
Obviamente, não há absolutamente<br />
nada de errado<br />
com essa compreensão da<br />
eficácia da cruz em salvar. As<br />
Escrituras afirmam que a cruz é a mais gloriosa manifestação<br />
do amor sacrifical de Cristo pelos pecadores (Jo 3:16), e Sua<br />
morte deveria estimular-nos à mesma qualidade de amor em<br />
nossa vida. Há, porém, algumas fragilidades significativas nessa<br />
teoria, limitam sua utilidade.<br />
2. Ela Nega o Aspecto Central da Expiação: Um dos problemas<br />
fundamentais na teoria da influência moral é que ela<br />
rejeita a natureza substitutiva da morte de Cristo. A idéia<br />
de que Deus teve que matar um inocente para nos salvar é<br />
considerada uma violência da justiça. Entretanto, há evidências,<br />
nas Escrituras, de que Cristo morreu como nosso<br />
substituto (veja Is 53; Mr 10:45; 2 Co 5:21). Na expiação, o<br />
próprio Deus assumiu, voluntariamente, a responsabilidade<br />
por nossos pecados. Esta é a gloriosa manifestação da graça<br />
divina, não da justiça. A expiação (ou redenção) é obra de<br />
Deus por nós; é algo entre Ele e nós. Não há envolvimento<br />
de terceiros.<br />
3. Visão Estreita do Problema Humano: A teoria da<br />
influência moral pressupõe que a tragédia humana situa-se na<br />
desinformação sobre Deus. Não necessitamos de libertação<br />
26 <strong>Adventist</strong> <strong>World</strong> | <strong>Dezembro</strong> 2007<br />
Por<br />
Angel Manuel<br />
Rodríguez<br />
ARevelaç o<br />
Salvaç o<br />
da<br />
do poder do mal, mas da nossa ignorância acerca de Seu amorável<br />
caráter. Os seres humanos, em seu delírio, visualizam um<br />
Deus tirano, que impõe deveres arbitrários para discipliná-los.<br />
A cruz salva, mudando sua compreensão de Deus. Tal opinião<br />
não se enquadra com a visão bíblica do pecado e seu impacto<br />
sobre os seres humanos. O pecado é uma rebelião intencional<br />
contra Deus e nos separa dEle. Isso não se resolve, simplesmente,<br />
com uma mudança em nós (uma expiação subjetiva),<br />
mas pela intervenção divina, que remove as barreiras e traz a<br />
reconciliação (expiação objetiva).<br />
4. Separação entre Julgamento e Amor: Quando a expiação<br />
é circunscrita à obra de Deus em nós, Seu julgamento<br />
contra o pecado é considerado<br />
incompatível com Seu<br />
amor. Como argumentamos<br />
em outras ocasiões, isso faz<br />
do amor um sinônimo da<br />
indiferença divina. O julgamento<br />
contra o pecado significa<br />
que Deus leva a sério<br />
nossas ações, porque Ele se<br />
importa conosco. Mais que<br />
isso, significa que Ele desejava<br />
e estava capacitado para<br />
assumir esse julgamento<br />
contra nós, na cruz. A ira<br />
de Deus é uma expressão<br />
do amor divino; revela um<br />
Deus que se importa conosco<br />
a ponto de mostrar<br />
quão doloroso é o pecado<br />
para Ele.<br />
5. O Amor e a Cruz:<br />
Talvez a questão fundamental é como a cruz revela amor. A<br />
teoria da influência moral argumenta que é uma prova de<br />
amor o fato de Cristo, o Inocente, ter morrido identificando-<br />
Se conosco; mas não morrendo em nosso lugar. Muitas outras<br />
pessoas, porém, morreram em cruzes. Por que a cruz de<br />
Cristo é a revelação do amor de Deus e não as outras? Sim, O<br />
sem pecado morreu lá, mas há algo mais. Ele morreu pelos<br />
pecadores, para salvá-los por Seu sacrifício expiatório (Rm<br />
5:8; 1 Jo 4:10).<br />
A morte de Cristo é, certamente, a maior revelação do<br />
amor de Deus porque, por meio dela “Deus estava em Cristo<br />
reconciliando consigo o mundo, não imputando aos homens<br />
as suas transgressões,” ao contrário, fazendo com que “Aquele<br />
que não conheceu pecado, Ele O fez pecado por nós.”<br />
(2 Co 5:19-21).<br />
Angel Manuel Rodríguez é diretor do Instituto de Pesquisas<br />
Bíblicas para a Associação Geral.
O Dia em que<br />
os<br />
E S T U D O B Í B L I C O<br />
E S T U D O B Í B L I C O<br />
Anjos Cantaram<br />
Por Mark A. Finley<br />
Há dias em que os anjos cantam, enquanto todo o Céu se regozija. Quando Cristo nasceu,<br />
as hostes celestes louvaram a Deus e cantaram: “Glória a Deus nas maiores alturas, e<br />
paz na Terra entre os homens, a quem Ele quer bem” (Lc 2:14). O que foi que tocou tanto o<br />
coração dos anjos? Por que os anjos cantaram ao Jesus nascer? Na lição de hoje,<br />
descobriremos as respostas para essas perguntas e aprenderemos por que o nascimento<br />
daquele Bebê, na manjedoura de Belém, é ainda motivo de alegria para nós.<br />
1. O que disse o anjo a José sobre o bebê de sua esposa Maria? Leia o texto abaixo e<br />
responda no espaço em branco.<br />
“Ela dará à luz um filho e lhe porás o nome de Jesus, porque Ele salvará o Seu povo dos pecados deles”(Mt 1:21).<br />
O propósito de Jesus, com Sua vida, morte e ressurreição era<br />
Os anjos cantaram porque o Salvador do mundo havia nascido. Eles cantaram porque o<br />
pecado, finalmente, seria derrotado.<br />
2. Circule o nome específico que o anjo instruiu Maria e José a colocar em seu filho.<br />
Leia o texto abaixo e preencha o espaço em branco.<br />
“Eis que a virgem conceberá e dará à luz um filho, e Ele será chamado pelo nome de Emanuel (que quer dizer:<br />
Deus conosco)”. (Mt 1:23).<br />
Emanuel significa<br />
3. Leia o texto abaixo e escreva uma lista dos diferentes nomes que o profeta Isaías<br />
usou para Jesus.<br />
“Porque um menino nos nasceu, um filho se nos deu: o governo está sobre os Seus ombros; e o Seu nome será:<br />
Maravilhoso, Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz” (Is 9:6).<br />
a.<br />
b.<br />
c.<br />
d.<br />
e.<br />
<strong>Dezembro</strong> <strong>Dezembro</strong> 2007 | <strong>Adventist</strong> <strong>World</strong> 27
4. Escolha um, dos nomes acima e diga, em suas palavras, por que esse nome é tão<br />
precioso para você.<br />
5. Após a conversa de Jesus com uma mulher junto ao poço de Jacó, quando os<br />
samaritanos ouviram as palavras de Jesus, quem declararam ser Ele? Leia o texto e<br />
preencha os espaços em branco.<br />
“E disseram à mulher: Já agora não é pelo que disseste que nós cremos, mas porque nós mesmos temos ouvido<br />
e sabemos que este é verdadeiramente o Salvador do mundo” (Jo 4:42).<br />
Os samaritanos chamaram Jesus de o do .<br />
6. Como Jesus Se identificou quando foi tentado por Satanás no deserto?<br />
Leia o texto e preencha os espaços em branco.<br />
“Respondeu-lhe Jesus: Também está escrito: Não tentarás o Senhor, teu Deus” (Mt 4:7).<br />
Jesus usou o título de .<br />
Cristo, uma criança nascida de uma virgem, tanto é Salvador como Senhor. Ele enfrentou a<br />
tentação de Satanás e venceu-a em nosso favor.<br />
Ele revelou o amorável caráter de Seu Pai para todo o Universo. Sua morte na cruz<br />
providenciou o resgate do Céu para o cativeiro do pecado. Jesus é nosso Salvador e<br />
também nosso Senhor. O Cristo vivo habita em nosso coração por meio do Espírito Santo.<br />
Ele nos dá poder sobre o enganador.<br />
7. Como o apóstolo Paulo descreve a missão de Cristo? Que duas coisas o Salvador fará<br />
por nós? Leia o texto e preencha os espaços em branco.<br />
“... Nosso grande Deus e Salvador Cristo Jesus, o qual a Si mesmo Se deu por nós, a fim de remir-nos de toda<br />
iniqüidade e purificar, para Si mesmo, um povo exclusivamente Seu” (Tt 2:13, 14).<br />
Jesus irá:<br />
28 <strong>Adventist</strong> <strong>World</strong> | <strong>Dezembro</strong> 2007<br />
a.<br />
b.<br />
A graça de Deus, que se torna visível a todos, traz salvação aos que a aceitarem (veja Tt<br />
2:11). Jesus, nosso Salvador e Senhor, nos livra da penalidade e do poder do pecado.<br />
Que Salvador maravilhoso é Jesus! Ele nos salva tanto da condenação do pecado como do<br />
seu controle. Em Jesus encontramos libertação total e completa.<br />
Nas lições do próximo mês, aprenda a<br />
como viver a vida cristã.
Intercâmbio Mundial<br />
C A R T A S<br />
Cultura <strong>Adventist</strong>a<br />
Muito obrigada por publicar o artigo<br />
de David Marshall, “A Cultura da Celebridade”<br />
(outubro 2007). E obrigada a<br />
Marshall por mostrar o elefante dentro<br />
da sala de estar do adventismo conservador.<br />
Fui repreendida.<br />
Somos ótimos em denunciar a invasão<br />
da cultura popular em algumas<br />
áreas, mas parece que não nos importamos<br />
de cultivar nossa própria pequena<br />
Hollywood, repleta com nosso panteão<br />
de “estrelas”. Mas quão mundano é<br />
isso? O autor do artigo, escrito em bom<br />
tempo, atinge, com destreza, o âmago<br />
da questão da cultura da celebridade:<br />
“estrelas” com freqüência tornam-se<br />
estrelas caídas.<br />
Ele identifi cou o problema relacionado<br />
às “campais”. Oro para que nós,<br />
que valorizamos as normas, mas que<br />
somos inclinados a fazer delas escusas<br />
para o separatismo, lembremos que a<br />
unidade também é uma norma (Rm<br />
15:5, 6; 1 Cr 1:10; Fl. 2:2, 3; 2 Cr 13:11; e<br />
1 Pd 3:8).<br />
Jennifer Schwirzer<br />
Pennsylvania, Estados Unidos<br />
Em relação à “Cultura da Celebridade”,<br />
não podemos negar que ela está<br />
invadindo nossas igrejas, não só nos<br />
Estados Unidos, mas também aqui, no<br />
Caribe. Isso não acontece somente com<br />
os pregadores, mas com os cantores/músicos.<br />
Tem-se a impressão de que muita<br />
gente não resiste à aclamação que recebe<br />
de grandes públicos.<br />
Muitos de nossos jovens, cantores<br />
excelentes, acabaram trocando a congregação<br />
da igreja pelo público mundano.<br />
Não é necessariamente verdade<br />
que o “grande” pregador é um grande<br />
cristão. A mesma coisa pode ser dita<br />
dos cantores. A atenção deve ser voltada<br />
para Jesus. Muitas vezes, porém, os<br />
“concertos e shows” de pregadores e<br />
cantores, igualmente chamam a atenção<br />
para eles próprios.<br />
Certamente a carne é fraca, e muitas<br />
vezes, atenção exagerada faz com que ser<br />
cristão torne-se ainda mais difícil. Devemos<br />
exaltar O doador do talento em<br />
lugar do apresentador do talento.<br />
Não devemos ser muito duros com<br />
essas pessoas, elas são seres humanos<br />
como nós. Provavelmente não seríamos<br />
melhores se estivéssemos no lugar deles.<br />
Norman R. Boekhoudt<br />
Via E-mail<br />
Com Toda Sua Mente<br />
Considerei o artigo “Com Toda Sua<br />
Mente,” por Reinder Bruinsma (agosto<br />
2007), provocador do pensamento e<br />
bastante desafi ador. Sempre acreditei<br />
que não existe tal coisa, como a estagnação<br />
cristã. Sou ávida aprendiz de coisas<br />
novas, e quanto mais aprendo mais me<br />
conscientizo de quão pouco sei. Concordo<br />
plenamente que sempre deve haver<br />
uma íntima relação entre saber e fazer,<br />
crer, obedecer e compartilhar.<br />
Uma das minhas grandes expectativas<br />
em relação ao Céu é possuir uma<br />
mente capaz de aprender, compreender<br />
e desfrutar as inúmeras maravilhas que<br />
Deus tem reservado para os redimidos.<br />
Com o fator ‘pecado’ totalmente eliminado,<br />
teremos mente, capacidade e<br />
avidez para compreender muito além<br />
do que hoje possamos apenas imaginar.<br />
Enquanto buscamos nosso interesse<br />
especial no Céu, seremos capazes de<br />
executar cada desafi o. Deus poderá responder<br />
a todas as nossas inquietações<br />
mencionadas no artigo e concluiremos,<br />
por toda a eternidade, que Sua sabedoria<br />
está muito além de nossa compreensão.<br />
Loneta Pauly<br />
Texas, Estados Unidos<br />
Por que Lúcifer?<br />
Sempre me interessei pela seção de<br />
perguntas bíblicas, de Angel Manuel<br />
Rodríguez. Recentemente, li seu artigo<br />
publicado na <strong>Adventist</strong> <strong>World</strong> (julho<br />
2007). Gosto muito da maneira como<br />
ele apresenta os três pontos; bem claros<br />
e interessantes. As dúvidas, entretanto,<br />
vão continuar surgindo, mesmo após<br />
explicação tão detalhada. Portanto, sugiro<br />
que, em qualquer situação, quando<br />
pregadores e professores enfrentarem<br />
tais questionamentos, deveriam apenas<br />
ler a Bíblia e enfatizar a origem do pecado<br />
no Céu perfeito como um mistério.<br />
Noel Mhosva<br />
Universidade de Solusi,<br />
Zimbábue<br />
<strong>Dezembro</strong> 2007 | <strong>Adventist</strong> <strong>World</strong> 29
Intercâmbio Mundial<br />
C A R T A S<br />
<strong>Adventist</strong> <strong>World</strong> na Internet<br />
Olá! Estou muito agradecida porque<br />
podemos acessar a revista <strong>Adventist</strong><br />
<strong>World</strong> online, agora. Estou em Uganda<br />
e é muito demorado conseguir cópias<br />
dessa ótima revista.<br />
Que Deus abençoe a todos da<br />
<strong>Adventist</strong> <strong>World</strong>!<br />
Henry Namazima<br />
Uganda<br />
Muito obrigado por permitir que<br />
acessemos a revista pela Internet. Toda<br />
vez que se sentir desencorajado, simplesmente<br />
pense em quantas pessoas<br />
dependem do seu esforço. Nem sempre<br />
escrevemos, mas estaremos aqui, lendo<br />
e esperando pela vinda da próxima<br />
edição. (Nem sempre vemos a edição<br />
impressa. Agora temos acesso!)<br />
Andre van der Schyff<br />
África do Sul<br />
O L U G A R D E O R A Ç Ã O<br />
Nasci na Índia e estou procurando trabalho nos Emirados<br />
Árabes Unidos. Por favor, ore para que eu consiga um trabalho<br />
antes que meu visto expire. Que Deus abençoe a todos.<br />
Sunson, Emirados Árabes Unidos<br />
Tenho vários pedidos de oração: crentes precisando de uma<br />
igreja para adorar a Deus; minha mãe está doente e necessita<br />
de cura; estou com problemas de moradia. Deus é poderoso e<br />
creio que Ele pode responder a esses pedidos.<br />
Girma, Nazareth, Etiópia<br />
Sou de Kerala, Índia. Aqui, estamos cercados por diferentes<br />
crenças e convivemos com elas na escola, faculdade e no<br />
trabalho. Muitas pessoas gostam de conversar comigo e falo<br />
com elas sobre minha fé. Atualmente, algumas das pessoas<br />
com quem falei querem freqüentar nossa congregação, mas<br />
têm medo da sociedade e de seus parentes. Por isso, necessito<br />
30 <strong>Adventist</strong> <strong>World</strong> | <strong>Dezembro</strong> 2007<br />
Jesus Ainda Está Voltando<br />
Fiquei muito feliz ao ler um dos os artigos<br />
da <strong>Adventist</strong> <strong>World</strong> (Junho 2006), “O<br />
Retorno de Jesus: Ainda é Válido?”, por<br />
David Marshall.<br />
Esse assunto (opinião) deixou-me<br />
realmente feliz, porque sou um daqueles<br />
que crêem na volta de Jesus e concordo<br />
com o Sr. Rosario Alburo Choi, de<br />
Ulsan, Coréia do Sul (carta publicada na<br />
mesma edição, página 29).<br />
Muito obrigado também pelo esforço<br />
para editar esta maravilhosa revista.<br />
Por favor, envie-me alguns dos seus artigos;<br />
e se vocês oferecem curso bíblico,<br />
quero ser aluno.<br />
Alex Stanslaus Mossech<br />
Lusaka, Zâmbia<br />
Estamos publicando na <strong>Adventist</strong><br />
<strong>World</strong>, mensalmente, um curso bíblico<br />
escrito por Mark Finley, exclusivamente<br />
para uso dos leitores. Não temos estrutura<br />
para manter um curso com alunos e professores.<br />
Sugerimos ao leitor e a outros com o<br />
mesmo interesse que entrem em contato<br />
com os escritórios da associação ou união<br />
da Igreja <strong>Adventist</strong>a do Sétimo Dia, na sua<br />
região. É gratifi cante saber que a revista<br />
está suprindo essa importante necessidade.<br />
Para aqueles que têm acesso à Internet,<br />
visite o site www.bibliaonline.net ou<br />
www.adventistworld.org − Os Editores<br />
Cartas para o Editor – Envie para: letters@adventistworld.org<br />
As cartas devem ser escritas com clareza e ao ponto, com<br />
250 palavras no máximo. Lembre-se de incluir o nome do artigo,<br />
data da publicação e número da página em seu comentário.<br />
Inclua, também, seu nome, cidade, estado e país de onde você<br />
está escrevendo. Por questão de espaço, as cartas serão<br />
resumidas. Cartas mais recentes têm maior chance de ser<br />
publicadas. Nem todas, porém, serão divulgadas.<br />
oração de nossa comunidade adventista, de todo mundo, para<br />
que ganhe mais almas para Ele.<br />
Titus, Índia<br />
Por favor, ore por uma amiga que está muito doente. Ela também<br />
está deprimida e, por duas vezes, tentou tirar a própria<br />
vida. Minha amiga precisa ser salva e curada. Por favor, ore<br />
também por outra pessoa, um membro da igreja que tem<br />
câncer e, mesmo sobrevivendo a um aniversário recente, ainda<br />
está muito enfermo.<br />
Einar, Noruega<br />
Pedidos de oração e agradecimentos (gratidão por resposta à oração). Sua participação deve ser<br />
concisa e de, no máximo, 75 palavras. As mensagens enviadas para esta seção serão editadas<br />
por uma questão de espaço. Embora oremos por todos os pedidos nos cultos com nossa equipe<br />
durante a semana, nem todos serão publicados. Por favor, inclua no seu pedido, seu nome e o país<br />
onde vive. Outras maneiras de enviar o seu material: envie fax para 00XX1(301) 680-6638, ou carta<br />
para: Intercâmbio Mundial, <strong>Adventist</strong> <strong>World</strong>, 12501 Old Columbia Pike, Silver Spring, Maryland<br />
20904-6600 EUA.
I N T E R C Â M B I O D E I D É I A S<br />
Contribua com<br />
Obra<br />
a<br />
Este mês, um leitor<br />
compartilha sua opinião<br />
sobre os campos<br />
missionários.<br />
Em poucos dias, completarei<br />
81 anos de idade. −E daí?<br />
– você pode dizer. – Isso não é<br />
tão fora do comum. Por um lado,<br />
eu concordo. Muitas pessoas,<br />
nesta época de melhor atendi-<br />
G R Z E G O R Z K W I A T K O W S K I<br />
mento médico, estão chegando a<br />
idades superiores a essa. Mas são anos sufi cientes para se observar mudanças incríveis.<br />
Mudanças jamais sonhadas por essas pessoas em sua infância ou juventude.<br />
Os livros de História mostram que o desenvolvimento ocorrido no século passado<br />
e que continua em nossos dias, é muito grande para ser mencionado em um<br />
pequeno artigo.<br />
Mas as mudanças às quais me refi ro têm que ver com o progresso da Igreja<br />
<strong>Adventist</strong>a. Lembro-me de que, quando eu era criança, se uma família ou indivíduo<br />
ia para o “campo missionário,” as despedidas eram tristes, com a forte possibilidade<br />
de a separação ser para sempre. E, infelizmente, muitas vezes eram assim. Nossas<br />
orações geralmente incluíam: “e que abençoes os missionários das terras de alémmar.”<br />
Não tínhamos a mínima noção de onde eram essas “terras de além-mar” e<br />
nenhuma idéia sobre as pessoas que viviam lá, até o mágico sábado, pela manhã,<br />
quando uma minúscula ponta da cortina foi levantada.<br />
Um homem, com belos cabelos pretos e que usava um “vestido”, veio à nossa<br />
igrejinha. Eu era bem jovem, mas me lembro de que seu nome era Kata Ragoso. Meu<br />
coração estava emocionado e nasceu em mim o desejo de contribuir para os campos<br />
missionários. Esse é um desejo que permanece comigo até hoje. Meu esposo e eu até<br />
nos tornamos um desses “missionários de além-mar” por um tempo.<br />
Hoje, pela mágica da tecnologia moderna, a maravilhosa mensagem da graça salvadora<br />
de Cristo pode voar em segundos ao redor do mundo. Toda essa tecnologia,<br />
porém, não acontece sem um custo. Talvez não possamos ir pessoalmente, mas com<br />
certeza podemos fazer nossa parte para possibilitar a vida dos que podem ir – nosso<br />
dinheiro pode viajar através desse feixe de luz que voa em volta da Terra.<br />
Na época do Natal, cantamos “Alegria para o Mundo”, mas pense na alegria absoluta,<br />
alegria inacreditável que sentiremos no reino de Deus, ao encontrarmos pessoas<br />
que estarão lá porque a mensagem do amor de Jesus chegou até elas, por causa de<br />
nossas ofertas.<br />
− Jeane De Haven, Sequim<br />
Washington, Estados Unidos<br />
“Eis que cedo venho…”<br />
Nossa missão é exaltar Jesus Cristo, unindo os<br />
adventistas do sétimo dia de todo o mundo numa só<br />
crença, missão, estilo de vida e esperança.<br />
Editor<br />
<strong>Adventist</strong> <strong>World</strong> é uma publicação dos <strong>Adventist</strong>as<br />
do Sétimo Dia, editada pela Igreja <strong>Adventist</strong>a na<br />
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A menos que indicado de outra forma, todas as referências<br />
bíblicas são extraídas da Versão João Ferreira de Almeida,<br />
Revista e Atualizada no Brasil pela Sociedade Bíblica do<br />
Brasil, 1993.<br />
<strong>Adventist</strong> <strong>World</strong> é uma revista mensal editada simultaneamente<br />
na Coréia, Austrália, Indonésia, Brasil e Estados<br />
Unidos.<br />
Vol. 3, No.12<br />
<strong>Dezembro</strong> 2007 | <strong>Adventist</strong> <strong>World</strong> 31
O Lugar Das<br />
PESS AS<br />
C O N H E Ç A S E U V I Z I N H O<br />
Um criminoso romeno, conhecido como<br />
um dos quatro mais perigosos do país, abriu<br />
mão da liberdade condicional, após se tornar<br />
adventista do sétimo dia. Preferiu continuar na<br />
prisão para compartilhar sua nova fé.<br />
Valeriu Curin, de 33 anos, foi um nome conhecido<br />
nos países do sudoeste da Europa, há 11<br />
anos, por seu envolvimento no crime organizado.<br />
Curin foi um dos oito condenados à prisão<br />
perpétua a entrar no tanque batismal portátil,<br />
em 21 de julho, na prisão da cidade de Craiova<br />
e a se declarar comprometido com a vida cristã.<br />
George Uba, missionário que trabalha com<br />
o ministério pessoal da Igreja <strong>Adventist</strong>a do<br />
Sétimo Dia na Romênia, disse que Curin, leitor<br />
ávido, fi nalmente recebeu uma Bíblia em sua<br />
cela, após recusá-la por vários anos. “Curin<br />
mergulhou gradativamente no poder da Palavra<br />
de Deus”, disse Uba.<br />
Sua vida foi transformada.<br />
Com pena de prisão perpétua, ele deveria requerer<br />
liberdade condicional após 20 anos, mas<br />
foi-lhe permitido solicitá-la após 11 anos, por<br />
boa conduta. Curin, porém, decidiu abrir mão<br />
de seu direito e permanecer<br />
na prisão para levar<br />
outros a Cristo,<br />
informou Uba.<br />
– Rajmund<br />
Dabrowski/Rede<br />
<strong>Adventist</strong>a de<br />
Notícias<br />
R A J M U N D D A B R O W S K I<br />
Q U E L U G A R É E S S E ?<br />
F R A S E D O M Ê S<br />
“Estamos vivendo no limiar do próximo grande<br />
ato de Deus; que tempo incrível para permanecer<br />
amando e servindo o Senhor!”<br />
— Bob Burgess, orador convidado na Igreja do Hospital <strong>Adventist</strong>a de<br />
Hong Kong, Stubbs Road, Hong Kong, China<br />
V I D A A D V E N T I S T A<br />
Sou uma viúva, só um pouco idosa, com meus 94 anos de<br />
idade que, com a ajuda de Deus, ainda consigo cuidar de mim<br />
mesma, inclusive dirigir meu carro!<br />
Lembro-me de quando ouvi, pela primeira vez, a maravilhosa<br />
mensagem adventista. Pensei: “Esse é o caminho certo e esta<br />
é a maneira que se deve viver.” Logo aprendi que não é assim<br />
que as coisas funcionam – não é assim tão fácil.<br />
Quando os livros forem abertos no céu, pode ser que não<br />
(por mais triste que seja) ouçamos o nome de nossos queridos.<br />
Pode ser que não ouça o meu nome, se não tiver óleo sufi ciente<br />
em minha lâmpada (o Espírito Santo) para guiar-me ao longo<br />
da vida.<br />
O que posso fazer? Honestamente oro para que, não somente<br />
eu, possa cumprimentar todos aqueles cujos nomes estão<br />
escritos nos livros da igreja!<br />
—Leona Macy, Pulaski, Virginia, Estados Unidos<br />
RESPOSTA: Em Costa Rica, um garoto que freqüenta uma de nossas escolas adventistas, abraça, com<br />
carinho, seu amigo, um cãozinho pintado.<br />
J E N N I F E R M A E B A R I Z O