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Igreja de Nossa Senhora da Graça do Estreito - Universidade da ...

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<strong>de</strong> revés ao proprietário, que <strong>de</strong>ixou, <strong>de</strong> repente,<br />

<strong>de</strong> ter uma aju<strong>da</strong> preciosa que lhe permitisse<br />

fazer o que mais gostava, animar os clientes,<br />

numa altura em que o negócio prosperava a<br />

olhos vistos.<br />

Aproveitan<strong>do</strong> a in<strong>de</strong>finição em relação ao<br />

futuro, um <strong>do</strong>s sócios <strong>do</strong> Hotel Savoy ficou, em<br />

1961, com o restaurante Riba-Mar, até porque<br />

um <strong>do</strong>s filhos <strong>de</strong> Nunes <strong>de</strong> Oliveira tinha emigra<strong>do</strong><br />

para o Brasil e os outros eram ain<strong>da</strong> novos<br />

<strong>de</strong>mais para “pegar” no negócio.<br />

A empresa que acabou por se tornar proprietária,<br />

José Dias <strong>do</strong> Nascimento Her<strong>de</strong>iros<br />

L<strong>da</strong>., pediu então licença para manter o local<br />

em funcionamento até às 4 horas <strong>da</strong> madruga<strong>da</strong>,<br />

o que foi prontamente autoriza<strong>do</strong>.<br />

A nova socie<strong>da</strong><strong>de</strong> foi <strong>de</strong> tal forma frutífera<br />

que durante a sua existência foram para ali encaminha<strong>do</strong>s,<br />

por semana, três autocarros com<br />

turistas <strong>do</strong> Savoy, em excursões, para jantar e<br />

assistir à animação musical. Consta que foi naquele<br />

espaço câmara-lobense eu se <strong>da</strong>nçou,<br />

pela primeira vez, o “bailinho <strong>da</strong> Ma<strong>de</strong>ira” em<br />

restaurantes, para animar os turistas, ten<strong>do</strong><br />

o elemento masculino, á cabeça, o tradicional<br />

chapéu <strong>de</strong> palha que os pesca<strong>do</strong>res levavam<br />

para o mar quan<strong>do</strong> iam à ruama.<br />

Durante a permanência <strong>da</strong> família Dias no<br />

Riba-Mar apareceu no Savoy um jovem negro,<br />

funcionário <strong>de</strong> uma estação <strong>de</strong> serviço, que<br />

pediu para fazer uma espécie <strong>de</strong> teste <strong>de</strong> voz,<br />

achan<strong>do</strong> que tinha jeito para cantar. Disse que<br />

cantava um bocadinho <strong>de</strong> tu<strong>do</strong>, até fa<strong>do</strong>. Foi<br />

prestar provas ao pianista <strong>do</strong> hotel, na presença<br />

<strong>de</strong> Rui Dias, que <strong>de</strong>pressa reparou que ali<br />

estava uma <strong>da</strong>s melhores vozes que ouvira em<br />

to<strong>da</strong> a sua vi<strong>da</strong>. Faltava apenas provi<strong>de</strong>nciar um<br />

“smoking” e uma camisa com gola farfalhu<strong>da</strong>.<br />

Tony Cruz, como disse que se chamava, foi<br />

cantar para o Riba-Mar, porque o quadro <strong>de</strong><br />

anima<strong>do</strong>res <strong>do</strong> hotel estava cheio e <strong>de</strong>pressa<br />

apareceu uma formação que ficou conheci<strong>da</strong><br />

por “Trio Riba-Mar”.<br />

Cruz actuava to<strong>da</strong>s as noites no Riba Mar,<br />

ten<strong>do</strong> leva<strong>do</strong> muita gente à então vila <strong>de</strong> Câmara<br />

<strong>de</strong> Lobos para apreciar o cantor e o seu<br />

repertório, perfeitamente apropria<strong>do</strong> aos públicos<br />

para quem actuava e que conhecia ca<strong>da</strong><br />

vez melhor. Nessa altura, num <strong>do</strong>s la<strong>do</strong>s <strong>da</strong> sala<br />

funcionava a sala <strong>de</strong> refeições, enquanto no<br />

outro havia apenas lugar a serviço <strong>de</strong> bebi<strong>da</strong>s,<br />

permitin<strong>do</strong> a quem quisesse apenas beber um<br />

Revista Girão 130<br />

copo e apreciar a música, po<strong>de</strong>r fazê-lo sem ter<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>spen<strong>de</strong>r dinheiro na refeição.<br />

No local era reserva<strong>do</strong> o direito <strong>de</strong> admissão,<br />

até porque ali era frequente encontrar-se<br />

os senhores ricos <strong>do</strong> Funchal. Com esta “barreira”<br />

a funcionar tanto na hora <strong>de</strong> jantar, como<br />

<strong>de</strong>pois, quan<strong>do</strong> começava a animação musical.<br />

O Riba-Mar era, no entanto, uma aposta que<br />

significava muito pouco na estrutura <strong>do</strong> grupo<br />

empresarial, razão pela qual acabaram, poucos<br />

anos <strong>de</strong>pois, por <strong>de</strong>ixar o projecto, não sem ter<br />

leva<strong>do</strong> a Câmara <strong>de</strong> Lobos Maria Pia <strong>de</strong> Sabóia<br />

e o Príncipe Alexandre, para conhecer o local<br />

afama<strong>do</strong>.<br />

Outra <strong>da</strong>s razões que levou ao aban<strong>do</strong>no <strong>do</strong><br />

restaurante foi o facto <strong>de</strong> que nem tu<strong>do</strong> foram<br />

rosas na relação entre as famílias Dias e Nunes<br />

Por um la<strong>do</strong>, os primeiros proprietários queriam<br />

manter a “fórmula” inicial e, por outro, quan<strong>do</strong><br />

os hoteleiros ficaram com o negócio, causaram<br />

uma ruptura com to<strong>do</strong> o passa<strong>do</strong> e os problemas<br />

entre ambas as famílias começaram. Poucos<br />

anos <strong>de</strong>pois, havia inclusivamente processos<br />

em tribunal e a casa chegou a estar fecha<strong>da</strong><br />

durante mais <strong>de</strong> um ano.<br />

O <strong>de</strong>sfecho <strong>de</strong>sse processo foi o aban<strong>do</strong>no,<br />

por parte <strong>da</strong> família Dias, <strong>do</strong> local, que acabaria<br />

por voltar para as mãos <strong>do</strong>s Nunes, mas já para<br />

as <strong>do</strong> seu filho, que fizera uma proposta para ficar<br />

com o estabelecimento <strong>de</strong> volta. Passou uma<br />

procuração, pois estava na altura emigra<strong>do</strong> em<br />

Inglaterra e recebeu a notícia, por telegrama, alguns<br />

meses <strong>de</strong>pois, <strong>de</strong> que o Riba-Mar era seu.<br />

Arrumou as malas e voltou, em Maio <strong>de</strong><br />

1969. Durante um mês, limpou e arrumou to<strong>do</strong><br />

o local, ten<strong>do</strong> reaberto a casa com uma gran<strong>de</strong><br />

festa, na noite <strong>de</strong> São Pedro, a maior festa popular<br />

que acontece na se<strong>de</strong> <strong>de</strong> concelho.<br />

O jovem tocava acor<strong>de</strong>ão, como o pai. Também<br />

apren<strong>de</strong>ra <strong>de</strong> ouvi<strong>do</strong>, durante os anos que<br />

viu o progenitor <strong>de</strong>dilhar as teclas para ganhar<br />

a vi<strong>da</strong>.<br />

Des<strong>de</strong> o início <strong>do</strong>s anos 70, até 2003, fez “a<br />

casa”, tentan<strong>do</strong> manter o mais fiel possível o espírito<br />

que o pai imprimira.<br />

NOTA:<br />

1 De acor<strong>do</strong> com Jornal <strong>da</strong> Ma<strong>de</strong>ira, <strong>de</strong> 4 <strong>de</strong> Dezembro <strong>de</strong><br />

1952. No sába<strong>do</strong> seguinte iria ser inaugura<strong>do</strong> em Câmara<br />

<strong>de</strong> Lobos, no local on<strong>de</strong> havia si<strong>do</strong> o Riba-mar um<br />

novo restaurante que se apresenta instala<strong>do</strong> com <strong>de</strong>coração<br />

e mobiliário reproduzin<strong>do</strong> apetrechos <strong>de</strong> pesca.

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