Livro em PDF (679KB) - Valdir Aguilera
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Corpus Hermeticum – Hermes Trismegisto<br />
10 Tais coisas, Asclépios, se possuísses a inteligência, te pareceriam verazes, mas se não<br />
tens o conhecimento, ser-te-ão incríveis. Pois ter tido fé, é ter feito um ato de inteligência e ter<br />
faltado à fé, é ter faltado à inteligência. Pois o logos não consegue progredir até a verdade. Mas o<br />
intelecto, sendo poderoso, e após ter sido guiado até o ponto da rota pelo logos, pode progredir<br />
até a verdade. Então, tendo abarcado com uma mesma visão todos os seres, descobrindo que<br />
tudo está de acordo com o que foi explicado pelo discurso, acredita e encontra seu repouso nesta<br />
nobre crença. Para aqueles então que compreenderam, graças ao Dom de Deus, essas palavras,<br />
são então críveis, mas para aqueles que não as compreenderam, permanec<strong>em</strong> incríveis. Eis<br />
quanto basta no que tange a intelecção e a sensação.<br />
X - A CHAVE (DE HERMES TRISMEGISTOS)<br />
1 - Foi a ti ó Asclépios, que dediquei o discurso de ont<strong>em</strong>. O de hoje, deve ser por justiça,<br />
dedicado a Tat, pois este discurso é apenas um resumo das Lições Gerais que desenvolvi para<br />
ele. Deus todavia, o Pai, ó Tat, t<strong>em</strong> a mesma natureza; ou melhor, a mesma atividade que o B<strong>em</strong>.<br />
Pois o termo natureza se aplica ao fato de impelir a crescer, o que se verifica apenas nas coisas<br />
mutáveis e móveis, enquanto que o termo atividade alcança as coisas imóveis também, isto é,<br />
alcança as coisas divinas e humanas, e por si mesmo transforma a energia, como mostramos<br />
anteriormente relativamente às coisas divinas e humanas, ensinamentos que ser-te-ão necessários<br />
manter na mente quanto a este assunto.<br />
2 - Ora, a atividade de Deus, é sua vontade e sua essência é de querer a existência das<br />
coisas. Que é efetivamente Deus, o Pai, o B<strong>em</strong>, senão o ser das coisas, ainda que atualmente não<br />
sejam, como digo, a própria realidade de tudo o que é? Eis o que é Deus, eis o que é o Pai, eis o<br />
que é o B<strong>em</strong>, ao qual não se dá nenhuma outra qualificação. Pois se o mundo, tanto quanto o Sol,<br />
é pai dos seres que são por participação, todavia não é para os viventes, na mesma medida que<br />
Deus, a causa do B<strong>em</strong>, e não mais ainda, da vida, e se for a sua causa, é unicamente sob coerção<br />
do b<strong>em</strong>-querer, s<strong>em</strong> o qual nada pode existir n<strong>em</strong> vir a Ser.<br />
3 - O pai só é o autor da geração e da subsistência de seus filhos, enquanto recebe a<br />
compulsão do b<strong>em</strong> pelo canal do sol. Pois é o B<strong>em</strong> que é o princípio eficiente: esta qualidade não<br />
pode aparecer <strong>em</strong> nenhum outro que não ele mesmo, que jamais recebe coisas, mas que quer a<br />
existência das coisas. Eu não direi, ó Tat, "qu<strong>em</strong> faz os seres", pois aquele que faz pode ser<br />
deficiente durante longos intervalos enquanto faz e não faz; pode ser deficiente relativamente à<br />
qualidade e à quantidade, pois faz tais qualidades e tais quantidades e ao mesmo t<strong>em</strong>po seus<br />
contrários. Mas Deus é o Pai e o B<strong>em</strong> naquilo <strong>em</strong> que as coisas exist<strong>em</strong>.<br />
4 - Assim é quanto cabe aquele que pode "ver". Pois disso também, Deus, quer a<br />
existência, e disso mesmo sobretudo é que é a causa. Verdadeiramente, todo o resto existe só<br />
para isso: pois a marca própria do B<strong>em</strong>, é que o B<strong>em</strong> seja conhecido, ó Tat.<br />
- Tornaste-nos repletos, ó pai, da boa e completamente bela visão, e pouco é preciso para<br />
que o olho de meu intelecto renda homenag<strong>em</strong> sob a influência de uma tal visão. - S<strong>em</strong> dúvida,<br />
pois não é da visão do B<strong>em</strong> como do raio soltar, que pela sua natureza ígnea deslumbra os olhos<br />
pela sua luz, e os força a se fechar; contrariamente esta visão ilumina, e isso tanto mais quanto<br />
mais se é capaz de receber o influxo do esplendor inteligível. Mais agudo que o raio solar para<br />
nos penetrar, é por outro lado, inofensiva e repleta de toda imortalidade, tão b<strong>em</strong> que aqueles que<br />
aí pod<strong>em</strong> se abeberar desta visão freqüent<strong>em</strong>ente caindo no sonho e se destacando do corpo,<br />
chegam à visão mais bela tal como ocorreu a Uranus e Cronos, nossos ancestrais. - Possa-nos<br />
também assim suceder, ó meu pai! - Apraz a Deus, meu filho. Mas agora, ainda somos muito<br />
fracos para chegar a essa visão; ainda não t<strong>em</strong>os força suficiente para abrir os olhos de nosso<br />
intelecto e cont<strong>em</strong>plar a beleza daquele B<strong>em</strong>, sua beleza imperecível, incompreensível. Quando<br />
nada mais puderes dizer, é somente então que vê-la-ás. Pois o conhecimento que se toma é<br />
silêncio divino, inibição de nossos sentidos.<br />
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