Livro em PDF (679KB) - Valdir Aguilera
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Corpus Hermeticum – Hermes Trismegisto<br />
<strong>em</strong>palidecer e desaparecer a gravidade, a solidez, a virtude eficaz dos vocábulos de nossa língua.<br />
Pois os Gregos, ó rei, possu<strong>em</strong> apenas discursos vazios, bons para o efeito de d<strong>em</strong>onstrações: e é<br />
isto que é toda a filosofia dos Gregos, um rumor de palavras. Quanto a nós, não nos servimos de<br />
simples palavras, mas de sons repletos de eficácias.<br />
3 Começarei dest'arte meu discurso, por uma invocação à Deus, o mestre, criador, pai e<br />
envoltório do universo inteiro, aquele que sendo o Um é tudo e que sendo tudo é Um. Pois o<br />
pleroma de todos os seres é um e está no Um, não que o Um se desdobre, mas os dois<br />
conjuntamente perfaz<strong>em</strong> apenas a unidade. Guarda este modo de pensar, ó rei, durante todo o<br />
decurso de minha exposição. Pois se alguém tenta separar do Um, tomando a palavra, tudo, no<br />
sentido de uma pluraridade e não de uma totalidade, o que parece ser tudo e um e mesmo, acaba,<br />
coisa impossível, por ter separado o Todo do Um, por destruir o Todo. É necessário,<br />
verdadeiramente que tudo seja um, se pelo menos existe um Um - ora existe e jamais deixa de<br />
ser um - para que o pleroma não seja dissolvido.<br />
4 Eis então, que na terra, nas suas partes mais centrais, jorram muitas fontes d'água e de<br />
fogo e que desta forma pod<strong>em</strong>os ver juntas no mesmo lugar as três naturezas do fogo, da água e<br />
da terra, dependentes de uma mesma raiz. O que leva a acreditar que existe um mesmo depósito<br />
que, de um lado, provê ao fornecimento de matéria e por outro recebe de volta a substância que<br />
v<strong>em</strong> do alto. 5 É desta forma que o d<strong>em</strong>iurgo, quero dizer, o Sol, conjunta o céu e a terra,<br />
enviando para baixo a substância e elevando a matéria, levando para perto de si e para si as<br />
coisas e fazendo sair de si e dando tudo a todos e espargindo sobre todos, liberalmente, a luz:<br />
pois ele é aquele cujas boas energias penetram não somente no céu e no ar, mas também na terra,<br />
até o golfo mais profundo e no abismo.<br />
6 Por outro lado, se existe também alguma substância inteligível, ela é o volume do Sol e<br />
a luz do Sol poderia ser dita o receptáculo dessa substância. Agora, do que se compõe ou de onde<br />
é proveniente esta substância, apenas o próprio Sol o sabe e para sabê-lo seria necessário ser-lhe<br />
próximo ou do lugar ou da natureza.<br />
7 Quanto à visão do Sol, esta não é objeto de conjectura, mas o raio solar envolve com<br />
seu próprio brilho mais rutilante o mundo inteiro e a parte que está <strong>em</strong>baixo é a parte que está <strong>em</strong><br />
cima: pois o Sol está estabelecido no meio do mundo, portando o mundo como uma coroa e<br />
como um bom conduto assegurou o equilíbrio do carro do mundo, subiu, e ele com medo que<br />
este fosse colocado <strong>em</strong> um curso desordenado. As renas são a vida, a alma, o sopro, a<br />
imortalidade e a geração. Deixou de tanto sofrear as renas para que o mundo pudesse conduzir<br />
seu curso não longe dele, mas para dizer a verdade, com ele, 8 e é desta maneira que as coisas<br />
são continuamente criadas, dando aos seres imortais a duração eterna e alimentando com a parte<br />
de sua luz que se dirige para o alto, isto é, com os raios projetados pela sua face voltada para o<br />
céu, as partes imortais do mundo, enquanto que, com a luz que está aprisionada no mundo e que<br />
banha com seu brilho, inteiramente, a concavidade da água, da terra e do ar, vivifica e põe <strong>em</strong><br />
movimento, pelos nascimentos e metamorfoses, os seres viventes que subsist<strong>em</strong> nestas partes do<br />
mundo, r<strong>em</strong>odelando-os e transformando-os uns nos outros como numa espiral - a mudança de<br />
uns nos outros operando uma troca contínua de gênero a gênero e de espécie - logo, exercendo<br />
sobre esta parte do mundo a mesma atividade criadora que sobre os grandes corpos. Pois de todo<br />
corpo a duração é mudança: do corpo imortal uma mudança s<strong>em</strong> dissolução, do corpo mortal<br />
uma mudança acompanhada de dissolução. E esta é precisamente a diferença do imortal<br />
relativamente ao mortal e do mortal com o imortal.<br />
10 Da mesma forma que o Sol expande s<strong>em</strong> cessar sua luz, também continua<br />
indefinidamente a criar a vida s<strong>em</strong> jamais interromper o seu trabalho, n<strong>em</strong> quanto ao lugar, n<strong>em</strong><br />
quanto à produção. E efetivamente, o Sol t<strong>em</strong> ao seu redor numerosos coros de daimons,<br />
s<strong>em</strong>elhantes a grupos armados de forma diversa, que conviv<strong>em</strong> com os mortais s<strong>em</strong> perder a<br />
imortalidade e que após ter<strong>em</strong> recebido como sua parte a região dos homens, velam sobre seus<br />
negócios. E executam o que lhes é ordenado pelos deuses, por meio de t<strong>em</strong>pestades, de ciclones,<br />
de mar<strong>em</strong>otos, de vicissitudes no el<strong>em</strong>ento ígneo, terr<strong>em</strong>otos e fome e guerra, castigando a<br />
impiedade. 11 Este é realmente o maior pecado dos homens contra os deuses: pois aos deuses<br />
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