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ano 10 • nº 22 • anual • 2009 - Alma Alentejana

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<strong>ano</strong> <strong>10</strong> <strong>•</strong> <strong>nº</strong> <strong>22</strong> <strong>•</strong> <strong>anual</strong> <strong>•</strong> <strong>2009</strong>


2<br />

índice<br />

FRENTE<br />

RIBEIRINHA<br />

SEIXAL – ARRENTELA<br />

<strong>10</strong> milhões<br />

de euros<br />

em projectos<br />

até 2011<br />

FRENTE<br />

RIBEIRINHA<br />

AMORA<br />

<strong>10</strong> milhões<br />

de euros em projectos<br />

até 2012<br />

Capa e contracapa: concelho do Seixal<br />

Ficha Técnica<br />

www.cm-seixal.pt<br />

BAÍA DO SEIXAL<br />

Valorizar – Investir – Criar Emprego<br />

Desenvolvimento Económico e Social<br />

PLANO<br />

DE PORMENOR<br />

TORRE DA MARINHA/<br />

/FOGUETEIRO<br />

Investimento<br />

no espaço público<br />

de <strong>10</strong> milhões<br />

de euros<br />

Projecto co-financiado pelo FEDER<br />

PROJECTO<br />

ARCO RIBEIRINHO<br />

SUL – PLANO<br />

DE PORMENOR<br />

DA EX-SIDERURGIA<br />

NACIONAL<br />

Investimento público<br />

de cerca de 150<br />

milhões de<br />

euros<br />

a Palavra ao Presidente da associação.........3<br />

Passagem de Testemunho.............................5<br />

À Escala Humana...........................................7<br />

Dar com uma mão e tirar com a<br />

outra - Parte II................................................9<br />

não caminharás sozinho.............................11<br />

um desafio constante.................................13<br />

Psicologia na alma......................................15<br />

Costa Vicentina - um mar de alentejo........17<br />

TuRISMo<br />

alentejo e Turismo......................................19<br />

MEMÓRIa<br />

Contrabando, lobos e vida campesina........20<br />

Contrabando no Séc. XX, na raia da Freguesia<br />

de Santana Cambas.....................................30<br />

a Terra de Elvas...........................................31<br />

alEnTEJo EM FoTo<br />

os Segredos do olhar..................................32<br />

MunICÍPIo Do SEIXal<br />

um concelho com qualidade de vida..........38<br />

Visita guiada ao Seixal.................................39<br />

Festas Populares animam o Seixal...............40<br />

Propriedade: <strong>Alma</strong> <strong>Alentejana</strong>, Associação para o Desenvolvimento,<br />

Cooperação e Solidariedade Social<br />

Sede: av. Prof. Ruy luís Gomes, 13 - R/c - laranjeiro - 28<strong>10</strong>-274 almada<br />

Telefone / Fax: 212 551 296 Email: revista@almaalentejana.pt<br />

Redacção: av. Prof. Ruy luís Gomes, 13 - R/c - laranjeiro - 28<strong>10</strong>-274<br />

<strong>Alma</strong>da<br />

a Baía na centralidade do concelho...........41<br />

Seixal é uma referência cultural no País.....42<br />

Pl<strong>ano</strong>s estatégicos para o concelho............43<br />

Pólo de desenvolvimento económico e social<br />

da Península de Setúbal.............................45<br />

Frente ribeirinha Seixal-arrentela..............46<br />

Investimento no valor de <strong>10</strong> milhões de<br />

euros em equipamentos sociais.................47<br />

alargamento e qualificação do Parque<br />

Escolar.........................................................48<br />

aumentar a prática da actividade física com<br />

desporto para todos...................................49<br />

Barbeiros e Barbearias...............................50<br />

SAÚDE<br />

Caril pode prevenir alzheimer....................52<br />

Borba em notícias... na américa.................54<br />

PoESIa<br />

Criaturas do Sobral.....................................56<br />

Espreitando a igualdade.............................58<br />

CulTuRa<br />

Camilo Mortágua “andanças para a<br />

liberdade” - volume II................................60<br />

ARTE<br />

João antónio Paiva.....................................62<br />

Pitéu à sombra de um chaparro.................64<br />

Doce Pecado...............................................65<br />

o alentejo é maior que o alentejo ............66<br />

notícias do alentejo...................................70<br />

Desenvolvimento.......................................74<br />

actividades Desenvolvidas.........................76<br />

actividades a Desenvolver..........................78<br />

Director coordenador: Joaquim Avó<br />

Director editorial: luís Maçarico<br />

Publicidade: Joaquim Avó<br />

Colaborador Técnico: Hélio Heitor<br />

Secretariado e Distribuição: António Oliveira e Hélio Heitor<br />

Tiragem: 2000 exemplares<br />

Fotolito, produção gráfica e paginação: a Triunfadora, artes Gráficas, lda.<br />

A <strong>Alma</strong> <strong>Alentejana</strong> Revista Cultural, não se responsabiliza pelas opiniões expressas pelos seus colaboradores


A PALAVRA AO PReSidenTe dA ASSOciAÇÃO<br />

Dar continuidade… apelar à participação<br />

de TODOS<br />

Foi com este lema que nos propusemos<br />

como candidatos aos Órgãos<br />

Sociais da <strong>Alma</strong> <strong>Alentejana</strong>,<br />

Associação para o Desenvolvimento, Cooperação<br />

e Solidariedade Social.<br />

Dar continuidade… significa, para nós, o<br />

reconhecimento do esforço e empenhamento<br />

de anteriores Direcções e dos Órgãos Sociais<br />

que ora cessaram funções que generosamente<br />

têm desenvolvido um imenso trabalho, por<br />

vezes com uma enorme sobrecarga para alguns<br />

dos seus elementos, com vista à realização<br />

da ideia sonhada e ambicionada pelos<br />

fundadores desta Associação, estatutariamente<br />

consagrada.<br />

apelar à participação de todos, constitui uma<br />

decisão e um compromisso dos actuais Corpos<br />

Sociais em desenvolver um trabalho de<br />

equipa e partilha para dar uma resposta capaz<br />

às suas tarefas.<br />

Implica também o reconhecimento do quanto<br />

é importante e indispensável para a alma<br />

<strong>Alentejana</strong> aumentar o envolvimento e<br />

empenho dum maior número de sócios nas<br />

suas actividades de carácter social, para a ma-<br />

nutenção, renovação, dinamização<br />

e eventual alargamento a novas<br />

solicitações dos Centros de Dia<br />

do laranjeiro e Pragal, Centros de<br />

Convívio da Cova da Piedade e<br />

Trafaria e o apoio Domiciliário,<br />

este, por enquanto apenas desenvolvido na<br />

Freguesia do laranjeiro, tendo por p<strong>ano</strong> de<br />

fundo o sonho antigo da criação do Monte<br />

Alentej<strong>ano</strong>, com Casa de Repouso, Creche e<br />

Infantário incluindo uma oficina do Idoso e<br />

uma Quinta Pedagógica, bem como nos eventos<br />

de âmbito cultural, desenvolvidas no seio<br />

da <strong>Alma</strong> <strong>Alentejana</strong>, das quais se destacam:<br />

- a página da Internet;<br />

- a Feira <strong>anual</strong> da alma alentejana;<br />

- Revista Cultural <strong>anual</strong> “alma alentejana”;<br />

- Boletim Trimestral de contacto e informação<br />

aos sócios;<br />

- Participação em iniciativas das autarquias<br />

quer locais quer do alentejo;<br />

- Jogos Florais;<br />

- os Grupos Culturais, desde o artesanato, às<br />

tradições e, em especial, o cante;<br />

Esperamos também continuar a merecer o<br />

apoio das Instituições, particularmente do Poder<br />

local Democrático do concelho, cuja postura<br />

em relação a esta Associação desde sempre<br />

tem constituído um enorme incentivo<br />

3


dia após dia, tentando conseguir proporcionar<br />

uma vida com maior dignidade a quem nos<br />

procura.<br />

Por último, um agradecimento e o reconhecimento<br />

de que sem a colaboração desinteressada,<br />

o voluntariado e até sacrifício pessoal<br />

de muitos dos trabalhadores da <strong>Alma</strong> <strong>Alentejana</strong><br />

e de muitos dos seus sócios e amigos,<br />

mais difícil seria aos órgãos sociais darem à<br />

<strong>Alma</strong> <strong>Alentejana</strong> a projecção e dimensão social<br />

e cultural de que hoje desfruta.<br />

4 para os homens e mulheres que aqui lutam,


PASSAGeM de TeSTeMUnHO<br />

Caros Associados e Amigos<br />

É verdade que passados que foram<br />

cinco <strong>ano</strong>s e meio e cumprindo<br />

não só os Estatutos mas também<br />

decisões a que a própria assembleia<br />

Geral foi obrigada, e depois<br />

da Comissão administrativa eleita, conseguimos<br />

eleger os Órgãos Sociais que irão gerir os<br />

destinos da alma alentejana, durante o Biénio<br />

<strong>2009</strong>/20<strong>10</strong>.<br />

Como é do conhecimento de todos a quem<br />

através de comunicados nos Órgãos de Informação,<br />

nas Revistas e Boletins Informativos<br />

que editámos, e em assembleias Gerais, procurámos<br />

a cooperação, participação e até<br />

mesmo apelos aos associados desde Dezembro<br />

de 2007 para que a eleição dos Órgãos<br />

Sociais se processasse, o que só agora se conseguiu<br />

em 30 em Março de <strong>2009</strong>.<br />

não foi fácil, mas acreditamos que os actuais<br />

eleitos conseguirão, em prol da promoção,<br />

preservação e divulgação da identidade cultural<br />

e social desta instituição, preservando<br />

sempre os interesses colectivos antes dos interesses<br />

individuais, responder aos desafios<br />

que lhes vão sendo lançados, promovendo<br />

acções de cooperação com instituições públicas<br />

e privadas interessadas no desenvolvimento<br />

solidário do nosso alentejo e sempre<br />

com o espírito de elevação da imagem desta<br />

associação, e assim cumprir o<br />

mandato para que foram eleitos.<br />

Para o efeito queremos informar<br />

que estamos a cumprir cabalmente<br />

os Acordos de Cooperação que<br />

celebrámos com o Instituto de Segurança<br />

Social, dando apoio no Centro de Dia<br />

do laranjeiro a 43 utentes, no Centro de Dia<br />

do Pragal a 35, no Centro de Convívio da Cova<br />

da Piedade a 34, no Centro de Convívio da Trafaria<br />

a 38 e no Serviço de apoio Domiciliário,<br />

no laranjeiro a 31 utentes.<br />

A situação económica é boa e não devemos<br />

nada a ninguém. Graças ao esforço dos Órgãos<br />

Sociais, dos Empregados, dos Colaboradores,<br />

dos amigos e Voluntários, tornam possíveis<br />

as actividades que desenvolvemos,<br />

designadamente os Fins de Semana Alentej<strong>ano</strong>s,<br />

Feiras da <strong>Alma</strong> <strong>Alentejana</strong>, Almoços Temáticos,<br />

jantares de aniversários, fornecimento<br />

de refeições a instituições públicas e<br />

privadas em datas comemorativas, para que<br />

seja possível essa boa situação.<br />

Cá estaremos nós, os que por impedimento<br />

estatutário não podemos continuar com intervenção<br />

directa na gestão da <strong>Alma</strong> <strong>Alentejana</strong>,<br />

mas estamos dispostos a ajudar e transmitir<br />

o nosso saber e experiência adquiridos ao<br />

longo destes mais de treze <strong>ano</strong>s, esforçandonos<br />

por cumprir os pl<strong>ano</strong>s de actividades<br />

5


proporcionar a melhor qualidade de vida aos<br />

mais de 180 menos jovens a quem damos<br />

apoio e que connosco coabitam, alguns deles<br />

há mais de <strong>10</strong> <strong>ano</strong>s e com quem criámos grande<br />

empatia e estima e um verdadeiro espírito<br />

de família.<br />

Estamos certos que com o apoio do Instituto<br />

de Segurança Social, das instituições públicas<br />

e privadas, das pessoas singulares, das autarquias<br />

e especialmente da Câmara Municipal<br />

de <strong>Alma</strong>da, com o valoroso apoio de todos os<br />

funcionários, dos membros dos Órgãos Sociais<br />

que terminaram o seu mandato e dos voluntários<br />

conseguiremos a real e merecida valorização<br />

do património cultural alentej<strong>ano</strong> nos<br />

seus diferentes aspectos histórico, social, literário,<br />

artístico, monumental, musical e etnográfico.<br />

Para todos um grande abraço solidário.<br />

o alEnTEJo nÃo TEM FIM<br />

6 aprovados e especialmente no sentido de


os bastidores da elaboração de<br />

uma revista como esta, contêm<br />

pormenores que muitas vezes passam<br />

despercebidos, e contudo têm<br />

uma importância, a meu ver fundamental.<br />

Em primeiro lugar, o conteúdo. o enriquecimento<br />

pessoal que as temáticas trazem aos<br />

leitores e ao prestígio da associação que se<br />

espelha nestas páginas, é vital.<br />

Depois, a forma - a objectividade e clareza<br />

dos temas desenvolvidos.<br />

neste aspecto, as gralhas - por vezes inexplicáveis<br />

- ensombram o intuito de quem idealiza.<br />

E não podem ser entendidas como fatalidade.<br />

Procurar que nenhum erro ou lacuna passem<br />

para a arte final é uma responsabilidade de<br />

todos os que estão envolvidos na paginação, a<br />

começar por aqueles que acompanham este<br />

trabalho com mais acuidade. Ou seja, todos<br />

têm de funcionar - e bem.<br />

neste número, regista-se a activa participação<br />

de vários elementos da “alma alentejana”,<br />

como o novo presidente da direcção António<br />

Oliveira (que saudamos, desejando bom trabalho),<br />

Bárbara Sebastião, José assunção,<br />

José Moutela (cidadão fraterno, que conheci<br />

num estimulante colóquio realizado na Junta<br />

de Freguesia do laranjeiro), José Rabaça Gas-<br />

À eScALA HUMAnA...<br />

par (um entusiasta da causa alentejana,<br />

vindo das terras do frio),<br />

Patricia alves, Paulo Mota e a criativa<br />

Rosa Dias.<br />

além da participação de Rosário<br />

Fernandes, cujo olhar continua a<br />

cativar-nos, pelos pormenores que nos ajuda<br />

a descobrir, chamo a atenção para um olhar<br />

sobre o Contrabando, trazido por um jovem<br />

cidadão de Mafamude (Gaia), arqueólogo de<br />

profissão, que casou com uma bejense e se<br />

detém no melhor património - que são as pessoas<br />

- com um cuidado que merece leitura<br />

atenta, apesar da sua extensão (o artigo, fruto<br />

da audição de uma<br />

testemunha, não se compadecia com meia<br />

dúzia de lugares comuns...)<br />

Mariana Costa, alentejana dum monte mertolense<br />

e mestranda do Curso “Portugal Islâmico<br />

e o Mediterrâneo”, num breve mas lúcido<br />

artigo, apresenta-nos o alentejo com potencialidades<br />

turísticas.<br />

a revelação de uma poetisa de Beja, espontânea<br />

e original, é igualmente motivo de júbilo.<br />

A procura de novos colaboradores deve ser<br />

tarefa de quem assume o compromisso de fazer,<br />

todos os <strong>ano</strong>s, uma revista que valha a<br />

pena ler, que informe e faça reflectir.<br />

nesse sentido, faço agora o devido destaque à<br />

figura ímpar, felizmente de boa saúde e cheio<br />

7


continua a partilhar o seu saber na revista<br />

“Callípole”, da Câmara Municipal de Vila Viçosa<br />

- o professor Joaquim Saial, antecessor entusiasta<br />

destas lidas, homem brilhante e solidário,<br />

discreto, práctico, peça decisiva para o<br />

bom gosto e eficácia de números anteriores<br />

da “alma alentejana”.<br />

Artur Bual, o pintor gestualista que também<br />

pintou o alentejo e utilizava terra alentejana<br />

nas suas telas, costumava dizer que ninguém<br />

nasce sozinho. Daí, ser meu dever para com o<br />

amigo, homem de cultura e ser fraterno que o<br />

professor Joaquim Saial efectivamente é, sublinhar<br />

esta verdade incontornável que convém<br />

lembrar.<br />

Com Joaquim Saial (e já agora, Joaquim avó,<br />

esse sonhador-mor, paladino do associativismo<br />

à escala humana, incansável presidente<br />

8 de energia para muitos decénios mais, que<br />

de uma parte dos <strong>ano</strong>s felizes desta associação)<br />

a revista atingiu um nível, que convém<br />

prosseguir, pois a comunidade de leitores certamente<br />

desejará, como nós, o melhor.


dAR cOM UMA MÃO e TiRAR cOM A OUTRA - PARTe ii<br />

a última edição do nosso Boletim<br />

Informativo - n.º 27, de Março/<br />

Junho de <strong>2009</strong> -, dava à estampa a<br />

aberrante situação de o nosso Estado<br />

entender, que as instituições<br />

particulares de solidariedade social:<br />

Poderiam ser ressarcidas do Imposto Sobre o<br />

Valor acrescentado - IVa - por elas suportado<br />

na aquisição de bens de investimento;<br />

Poderiam ser contempladas com uma percentagem<br />

do Imposto Sobre o Rendimento das<br />

Pessoas Singulares - IRS - desde que essas se<br />

disponibilizassem para o efeito;<br />

Tudo isto porque o “Estado reconhece e valoriza<br />

o importante e insubstituível papel das<br />

IPSS, reconhecimento e valorização que se<br />

traduzem na concessão de tais apoios …“<br />

Só que a aberração a que acima se faz referência<br />

assentava no incrível:<br />

- as duas situações não poderiam coexistir -<br />

ou as instituições se candidatavam a uma daquelas<br />

“benesses“ ou teriam que optar pela<br />

outra;<br />

“Esta era uma solução absurda dado que os<br />

dois impostos têm uma lógica diferente entre<br />

si …“sendo que “o objectivo era, evidentemente,<br />

o de auxiliar as instituições particulares<br />

de solidariedade social”;<br />

“… não fazia muito sentido que, em especial<br />

as IPSS não pudessem beneficiar,<br />

cumulativamente, da possibilidade<br />

de usufruir da restituição do<br />

IVa (facto que está ao abrigo de<br />

legislação própria, já anteriormente<br />

existente) e também da possibilidade<br />

de usufruir das quantias que os sujeitos<br />

passivos, em regime individual, em sede de<br />

IRS, tivessem decidido atribuir-lhes através<br />

das suas declarações anuais de rendimentos”.<br />

Mas … e como muito bem diz o nosso povo …<br />

mais vale tarde que nunca!<br />

Segundo informação veiculada por um matutino<br />

da última semana, terão já sido aprovados<br />

- na generalidade - em sede própria - assembleia<br />

da República - uma proposta de lei<br />

que visa “alargar a possibilidade de benefício<br />

da consignação de 0,5% do Imposto Sobre o<br />

Rendimento de Pessoas Singulares por igrejas<br />

e comunidades religiosas e por instituições<br />

particulares de solidariedade social“ e um<br />

projecto de lei que visa alterar os benefícios<br />

fiscais para as IPSS;<br />

Veremos como saem as mesmas depois de<br />

discutidas na especialidade.<br />

Sabendo, muito embora, que somos demasiado<br />

“ pequeninos “ para ter o dislate de pensar<br />

que tivemos alguma influência na pressa que<br />

agora houve em rectificar decisões erradas há<br />

9


mal que nos sintamos um pouquinho envaidecidos…<br />

De qualquer maneira - e a não ser que a lei<br />

venha também a ser alterada nesse sentido,<br />

permitimo-nos aqui e agora recordar a todas<br />

as IPSS que, para além do facto dos sujeitos<br />

passivos de IRS terem a obrigação - se essa for<br />

a sua vontade - de o declararem na respectiva<br />

declaração <strong>anual</strong>, cumpre às instituições requerer<br />

tal beneficio no <strong>ano</strong> imediatamente<br />

anterior -;<br />

… Mas parece que nem tudo são rosas;<br />

Vem aí o Código Contributivo.<br />

E com ele nova ameaça: ao que consta terá<br />

também já sido aprovada na assembleia da<br />

República essa nova lei que vem reunir num<br />

único tomo diversos diplomas avulsos que<br />

versam sobre a matéria;<br />

Diz-se que o Governo decidiu alterar os descontos<br />

feitos pelas IPSS para a Segurança Social<br />

dos actuais 19,6% para <strong>22</strong>,3%, o que representaria<br />

um aumento da taxa social única<br />

de 2,7%;<br />

Atenção que os Acordos de Cooperação assinados<br />

pelas IPSS com o Estado “prevêem preços<br />

que foram feitos tendo em conta os encargos<br />

financeiros ( … ) que as instituições têm<br />

obrigação de pagar“.<br />

aí estão eles a “sacar“ com a outra mão.<br />

… aguardemos por melhores dias para saber<br />

<strong>10</strong> muito tomadas, farão o favor de não levar a<br />

o que irá acontecer.<br />

Mas vamos estar atentos!


nÃO cAMinHARÁS SOZinHO<br />

Muito se tem falado da “alma” da<br />

nossa Instituição, que é pertença<br />

deste ou daquele. Sabemos que indubitavelmente<br />

ela estará para<br />

sempre ligada aos seus criadores e<br />

sem eles nada do que foi conseguido<br />

até hoje teria sido possível. Porém, não estiveram<br />

sozinhos nesta longa caminhada, que<br />

ainda vai a meio. É sobre os funcionários da<br />

<strong>Alma</strong> <strong>Alentejana</strong> que vos pretendo falar.<br />

Estes com o seu trabalho, empenho e dedicação,<br />

dão um importante contributo, sendo o<br />

primeiro cartão de visita desta Associação. Espelham<br />

desse modo a imagem da Instituição<br />

junto dos utentes, seus familiares e amigos.<br />

Utentes do Centro de Dia do Laranjeiro<br />

Sabemos que a necessidade faz a<br />

procura dos nossos serviços e aqui<br />

gostaria de destacar o Serviço de<br />

apoio Domiciliário, que neste momento<br />

integra 28 utentes, sendo<br />

no entanto, insuficiente para fazer<br />

face às carências de uma população cada vez<br />

mais carente. Contudo, temos a esperança de<br />

um amanhã mais risonho e que nos permita<br />

chegar a mais pessoas, que reconhecem na<br />

<strong>Alma</strong> <strong>Alentejana</strong> um sinónimo de qualidade.<br />

Hoje, a equipa que compõe esta Resposta Social<br />

é formada por 7 senhoras todas elas com<br />

as suas capacidades e defeitos, apesar de bastante<br />

jovens nalguns casos, mas acima de<br />

11


mo, vão dando mais e melhor conforto, alegria<br />

e qualidade de vida aos nossos utentes.<br />

Porém, não estão sozinhas pois parte do seu<br />

trabalho tem o acompanhamento do pessoal<br />

de cozinha, que confecciona as refeições que<br />

os utentes em casa recebem.<br />

Há também que dar destaque aos motoristas<br />

e às ajudantes de Centro de Dia, que se encontram<br />

sempre prontos para solucionar<br />

qualquer problema, com um sorriso estampado<br />

no rosto, dando uma vez mais uma imagem<br />

de solidariedade para quem mais precisa.<br />

Sem estes contributos diários não teria sido<br />

possível chegar onde chegamos.<br />

Todavia, não queremos apenas ficar por aqui.<br />

Pretendemos no futuro criar as condições necessárias<br />

para o estabelecimento de uma<br />

Quinta Pedagógica, capaz de dar resposta a<br />

jovens e menos jovens. Por outras palavras,<br />

um espaço inter-geracional, que contemple as<br />

12 tudo com bastante empenho e profissionalis-<br />

Funcionários da <strong>Alma</strong> <strong>Alentejana</strong><br />

Respostas Sociais de lar, Infantário e Jardimde-infância.<br />

Foi também elaborado, um diagnóstico para<br />

aferir da real necessidade de implementação<br />

de um Serviço de apoio Domiciliário, no nosso<br />

Centro de Dia do Pragal e que comprovou essa<br />

necessidade.<br />

Para darmos continuidade ao trabalho já desenvolvido<br />

e, aquele que esperamos vir a desenvolver,<br />

teremos sempre que contar com o<br />

labor e empenho de todos e de mais alguns.<br />

Para finalizar e para melhor se compreender<br />

toda esta “alma”, poderei efectuar uma analogia<br />

com uma canção entoada em estádios<br />

de futebol, por adeptos de um mítico clube<br />

inglês: “…you’ll never walk alone.”


UM deSAFiO cOnSTAnTe<br />

aprender, adaptar, integrar, inserirse<br />

no meio…no fundo palavras e<br />

expressões que, transmitem ao ser<br />

hum<strong>ano</strong> um sentido contínuo e<br />

processual de experiências desafiantes,<br />

onde os obstáculos são um<br />

princípio determinante que é necessário ultrapassar.<br />

Em resumo, a vida humana carece<br />

de objectivos, os quais são essenciais para podermos<br />

descodificar a nossa razão de ser, de<br />

estar e de nos relacionarmos com os outros.<br />

O ambiente, o espaço envolvente, funciona<br />

como um dos factores determinantes que estrutura<br />

as nossas acções, seja na construção<br />

dos nossos valores, das nossas relações familiares,<br />

económicas e culturais, seja ao nível<br />

comunitário como numa visão mais global.<br />

ao nível comunitário, as Instituições de Solidariedade<br />

Social encontram-se dependentes<br />

na construção dos seus objectivos, articulados<br />

com a necessidade de intervir junto de uma<br />

população alvo que carece de necessidades<br />

específicas e distintas do resto da população.<br />

São determinadas por uma conduta exterior<br />

no seu modo de funcionamento, a organização<br />

torna-se um sistema aberto, entra em interacção<br />

com o meio e necessita da sua energia,<br />

ou seja, torna-se essencial para a sua<br />

sustentabilidade a troca de informação com o<br />

meio exterior.<br />

Pensemos na nossa Instituição, a alma alentejana,<br />

como um Sistema Aberto que permanentemente<br />

troca informação com outras Instituições,<br />

a Segurança Social, os Poderes<br />

locais (ex. Juntas de Freguesia, Câmara Municipal),<br />

unidades de Saúde Familiares, Hospitais<br />

e até os próprios Familiares fazem parte<br />

desta rede de informação. Em síntese, um<br />

todo organizado formado por elementos in-<br />

terdependentes.<br />

Referenciando os cinco meses já<br />

passados desde a minha integração<br />

numa “Casa” que me recebeu<br />

muitíssimo bem, posso descrever<br />

esta nova etapa e experiência da<br />

minha vida como um desafio constante, traçado<br />

por objectivos profissionais que pelo seu<br />

caminho vão encontrando alguns obstáculos<br />

a serem ultrapassados, através de soluções<br />

alternativas ao alcance dos mesmos.<br />

O espaço envolvente é um dos primeiros<br />

factores que determinam o comportamento<br />

organizacional de uma Instituição, no caso do<br />

Centro de Dia do Pragal, esse espaço determina<br />

formas de estar que se enquadram em soluções<br />

alternativas, por exemplo, o facto de<br />

estarmos inseridos num edifício cuja estrutura<br />

interior é caracterizada por andares em escada,<br />

determina quem pode ou não pode subir<br />

as mesmas, já que no piso inferior se<br />

encontra a sala de refeições e no piso superior<br />

a zona de convívio e lazer. a solução a adoptar<br />

implica um esforço constante não só por parte<br />

dos utentes menos habilitados a subir escadas,<br />

como da parte destes, a compreensão de<br />

que não é possível permanecer nas horas pós<br />

refeições na sala indicada para esse efeito.<br />

a solução alternativa, já que se pretende constantemente<br />

alcançar as necessidades e satisfação<br />

dos nossos utentes, o que por vezes pa-<br />

rece uma tarefa quase impossível, passa por<br />

alguns passeios na zona exterior, quando o<br />

tempo o permite, onde existe uma zona de<br />

lazer, mesmo assim pouco espaçosa para o<br />

número de utentes existente.<br />

Entrando em articulação com outras entidades,<br />

designadamente o Poder local, o Instituto<br />

de Segurança Social de Setúbal e sua Exce-<br />

13


14<br />

lência o Secretário de Estado do Ministério do<br />

Trabalho e Solidariedade Social, tentamos encontrar<br />

uma solução válida e estabilizadora<br />

para este problema, através da possível implementação<br />

de uma cadeira elevatória entre<br />

o rés-do-chão e o primeiro piso. Por conseguinte,<br />

é esta troca de informação, já que um<br />

sistema fechado torna inviável o seu funcionamento,<br />

essencial de modo a adoptar uma<br />

via apta a responder às necessidades de grupos<br />

alvo específicos, como é o caso dos nossos<br />

Idosos.<br />

Planeando sempre um futuro melhor, surgem<br />

obstáculos que proporcionam um alongamento<br />

do processo pensado, a demora na obtenção<br />

de subsídios e o facto de estarmos inseridos<br />

num edifício e num espaço que não<br />

facilita a mobilidade dos nossos utentes, são<br />

elementos reactivos que nos forçam a actuar<br />

com persistência no intuito de alcançar as<br />

nossas convicções e cumprirmos o acordo de<br />

Cooperação estabelecido com o Instituto de<br />

Segurança Social de Setúbal. na certeza, de<br />

que com o nosso empenho, dedicação e participação<br />

das entidades às quais solicitámos<br />

apoio, conseguiremos proporcionar a melhor<br />

Festa de Carnaval no Centro de Dia do Pragal<br />

qualidade de vida aos nossos utentes.<br />

num Mundo em constante inter-relação torna-se<br />

premente a cooperação e articulação<br />

com o meio onde nos inserimos, as Instituições<br />

de Solidariedade Social são constantemente<br />

confrontadas com essa necessidade, já<br />

que a sua sustentabilidade advém dessa articulação,<br />

tornando-se um desafio, não apenas<br />

individual mas colectivo e uma responsabilidade<br />

de todos nós cooperar nesta rede de informação<br />

para que o seu resultado seja positivo.


PSicOLOGiA nA ALMA<br />

Encontro-me a exercer a função de<br />

Psicóloga na alMa alEnTEJana<br />

desde Janeiro do corrente <strong>ano</strong>.<br />

Como tal tenho feito o<br />

acompanhamento dos utentes dos<br />

Centros de Dia do laranjeiro e do<br />

Pragal.<br />

a faixa etária com que trabalho é maioritariamente<br />

a idosa. O processo de envelhecimento<br />

é complexo, uma vez que tanto podem existir<br />

idosos bem-sucedidos e activos como idosos<br />

com uma autonomia reduzida devido à situação<br />

de doença ou pelo fraco contexto social<br />

em que vivem.<br />

É necessário promover um envelhecimento<br />

saudável, não só em termos de saúde mas<br />

também do funcionamento físico e mental,<br />

que conduzirão a uma maior autonomia<br />

e independência. o Psicólogo<br />

tem um papel importante, o<br />

de promover o bem-estar psicológico.<br />

Este bem-estar é caracterizado<br />

por sentimentos de competência,<br />

autonomia, estabelecimento de relações<br />

sociais significativas, o estatuto socioeconómico<br />

e a integração na sociedade.<br />

não é fácil para os idosos manter este bemestar<br />

psicológico, no entanto nunca é tarde<br />

para nos reajustarmos e adaptarmos, de<br />

modo a permitir uma vida o mais sã possível!<br />

Com ajuda torna-se mais fácil adquirir este<br />

bem-estar. nesta fase da vida, o que aparece<br />

como obstáculo são uma série de adaptações<br />

que o idoso tem de fazer. Tem de se adaptar<br />

15


perca de vida activa, ter um menor poder económico,<br />

o ser viúvo ou de um modo geral<br />

adaptar-se a uma série de percas, tanto de familiares<br />

como amigos e vizinhos. Tem também<br />

de enfrentar, por vezes, o fraco ou nenhum<br />

amparo familiar. Se juntarmos a isto as questões<br />

inevitáveis relacionadas com a saúde que<br />

lhes diminui a autonomia, tornam a vida do<br />

idoso mais difícil, sendo assim muito importante<br />

a ajuda psicológica. Se tiver satisfação<br />

pela vida, surge consequentemente o bemestar<br />

psicológico.<br />

um dos factores referidos em cima destaca-se<br />

por ser um factor determinante a esta satisfação<br />

pela vida, que são todas as questões relacionadas<br />

com a convivência social.<br />

O relacionamento com os familiares molda o<br />

estado de espírito dos idosos e determina de<br />

modo bastante intenso a sua facilidade e felicidade<br />

em viver o dia-a-dia.<br />

A perca de familiares, amigos e do(a)<br />

companheiro(a) de uma vida, revela-se assim<br />

como o factor chave para uma maior tristeza e<br />

fechamento em si. Desta forma, todo o apoio<br />

dado pelas Instituições como a alMa alEnTE-<br />

JANA vem colmatar estas percas, não porque<br />

se substituem as relações perdidas mas porque<br />

permite ao idoso estar acompanhado e<br />

sentir-se estimado e acarinhado. Muitos deles<br />

vêm a alMa alEnTEJana como uma segunda<br />

casa!<br />

16 ao facto de ser reformado e à consequente<br />

A ajuda psicológica reforça este apoio dando,<br />

na instituição, um espaço exclusivo ao utente,<br />

onde ele e o psicólogo estabelecem uma relação<br />

terapêutica. o psicólogo dá o suporte<br />

emocional, é compreensivo e apoia o utente.<br />

Cria-se um espaço onde o utente pode falar<br />

do que quiser e onde se procura encontrar a<br />

melhor forma para lidar com os problemas. O<br />

apoio é essencial para assegurar a autonomia,<br />

uma imagem positiva de si e um equilíbrio<br />

mental. É sempre necessário ter em conta que<br />

cada individuo tem uma história de vida e de<br />

comportamentos única, por isso, cada caso<br />

tem de ser encarado como único, até porque<br />

não existem duas pessoas iguais. na relação<br />

terapêutica procura-se um sentido para a vida<br />

do indivíduo, tentando sempre ter em conta a<br />

sua história pessoal e as limitações que possam<br />

existir na vida.<br />

O envelhecimento não deve ser encarado<br />

como uma fase sombria mas sim como uma<br />

fase de descoberta de novos aspectos da vida,<br />

vistos de um modo mais sabedor e equilibrado,<br />

onde se retira partido de todas as aprendizagens<br />

que fez ao longo da existência. neste<br />

sentido, o psicólogo surge como um meio facilitador<br />

para ajudar a encarar a fase de<br />

envelhecimento com um maior positivismo.<br />

o apoio psicológico que presto estende-se<br />

também pelos utentes do apoio domiciliário,<br />

aos sócios da alMa alEnTEJana mas também<br />

a toda a comunidade que recorra a esta<br />

ajuda, incluindo qualquer faixa etária.<br />

Ser psicóloga na alMa alEnTEJana constitui<br />

um trabalho muito abrangente e que me permite<br />

desempenhar a função que sempre<br />

quis!


cOSTA VicenTinA - UM MAR de ALenTejO<br />

a Ilha do Pessegueiro desviada cerca<br />

de 200 metros das praias de Porto<br />

Covo, com uma história rica de feitos<br />

na defesa estratégica da costa em tempos<br />

remotos (consta-se que desde os<br />

<strong>ano</strong>s 218-202 a.C., no período dos cartagineses,<br />

parece vigiar Sines, dá-nos a sensação de guardamor<br />

dum futuro que a vista não alcança. Ao largo,<br />

os navios, os grandes petroleiros, vão e vêm num<br />

frenesim imenso, lavrando o mar e alimentando<br />

as fábricas de matéria-prima a transformar, na<br />

produção de bens e riqueza, concretizando, em<br />

parte, o sonho de muita gente quando nas décadas<br />

de 60/70 os mentores do projecto Sines -<br />

um porto para a Europa idealizaram a criação de<br />

milhares de postos de trabalho, e a consequente<br />

valorização social, criando infra-estruturas, acessibilidades,<br />

dando incentivos fiscais para a fixação<br />

de empresas no Concelho de Sines.<br />

Hoje, para além dos petroleiros, dos pesqueiros,<br />

há uma nova realidade que são os barcos de<br />

recreio, os veleiros. Os tempos são outros. As<br />

motivações para “remar” a Sines são também<br />

outras. o turismo está a descobrir a Costa<br />

Vicentina. o Poeta “foi além da Taprobana”, nós,<br />

numas mini-férias, fomos para além da Comporta<br />

e descobrimos um mundo novo. abancámos em<br />

Sines, onde revimos uma terra linda e rica culturalmente,<br />

não nos esquivamos a contar que na noite<br />

de <strong>10</strong> de Junho, fomos obsequiados com um concerto<br />

de música renascentista, sublinhando um<br />

texto histórico, síntese da vida de Vasco da Gama,<br />

onde não faltaram excertos de os lusíadas. Tudo<br />

isto no espaço renovado e acolhedor do Castelo.<br />

Foi bonito comemorar o Dia de Camões, a portugalidade,<br />

desta forma.<br />

Também nestas mini-férias rumámos<br />

a Santo André, passando primeiro<br />

por Santiago do Cacém onde deparámos<br />

com uma vila muito bonita,<br />

muito asseada, cativadora da nossa<br />

simpatia e do nosso orgulho, pois como diz um<br />

amigo meu, “gosto de ver uma casa limpa, podese<br />

comer no chão”. Das ameias do seu castelo<br />

a nossa vista atravessa o arvoredo e alcança as<br />

chaminés altaneiras das fábricas de Sines. Por entre<br />

curvas e contra curvas, chegámos a Vila nova<br />

de Santo André, onde umas sardinhas assadas<br />

fizeram as delícias de estômagos que estavam<br />

mesmo a pedi-las. a barriga cheia e a sonolência<br />

consequente pediam o que se seguiu: o espraiar<br />

a mente e o corpo nas limpas areias da lagoa de<br />

Santo andré. Meu Deus, como está linda aquela<br />

praia, como nos chama aquele murmúrio dum<br />

mar tão azul, onde um mar com ondas tão suaves<br />

e constantes quase nos dizem o que queremos<br />

ouvir... Com a tarde a aproximar-se da noite,<br />

numa pequena esplanada, na nova povoação de<br />

Santo andré, uns caracóis, um “panito” torrado<br />

e umas imperiais selaram um dia magnífico, por<br />

tudo, pela praia, pelo sol, pela paisagem, pela<br />

família, pelos amigos. Por este formidável litoral<br />

alentej<strong>ano</strong>.<br />

E de Vila nova de Mil Fontes a Zambujeira do<br />

Mar, é um descobrir de paisagens e lugares<br />

sedentos duma descrição poética de que assumi-<br />

mos a nossa incapacidade para tal. Mas o que vimos<br />

foi digno de fazer registo e partilhar. Zambujeira<br />

é tão bonita, com as suas falésias rompendo<br />

de cima para baixo um mar sempre revolto. Há<br />

eventos que têm a capacidade de pôr as terras<br />

no mapa. a juventude e a Música criaram um es-<br />

17


um dia visitar Zambujeira do Mar. E sem demora<br />

o devem fazer.<br />

De regresso a Vila nova de Mil Fontes, que desde<br />

sempre foi conhecida pela Princesa do Alentejo,<br />

gozámos a beleza das praias e visitámos o Forte<br />

de São Clemente, cuja história é digna duma visita<br />

mais detalhada e duma leitura atenta, para que<br />

se perceba a importância das fortificações no litoral<br />

alentej<strong>ano</strong> na defesa da nação portuguesa.<br />

Esta incursão pelo Sudoeste Alentej<strong>ano</strong> não<br />

ficaria completa sem uma abordagem à gastronomia<br />

alentejana... aquela massada de peixe<br />

em Porto Covo, estava de comer e (não) chorar<br />

por mais. Seria pecado. A superior qualidade<br />

e frescura do peixe ficou na nossa memória. as<br />

migas com entrecosto na Zambujeira do Mar só<br />

pecaram pelo tempo de espera. um serviço que<br />

esperamos seja melhorado. Já as sardinhas em<br />

Sines eram do tipo “á boca das urnas”. acabadas<br />

de sair da brasa, num instante surgiam na mesa.<br />

E que dizer daquele tinto? Da pipa. De graduação<br />

adequada. E paladar a condizer. Que se “devia<br />

mastigar com cerimónia”, disse o empregado.<br />

18 paço próprio no mapa para que a todos apeteça<br />

Ilha do Pessegueiro<br />

Concluimos, dizendo que um alentej<strong>ano</strong> no<br />

alentejo não faz turismo. anda por ali. Vive e<br />

revive, ora a infância, ora as origens. Com alma.<br />

Com alma de alentej<strong>ano</strong>. Sempre. E como é bom<br />

constatar que visitar o litoral alentej<strong>ano</strong> é de<br />

alguma maneira fazer o regadio de um corpo<br />

sedente de mar.<br />

Castelo de Sines


TURiSMO<br />

Alentejo e Turismo<br />

o alentejo é, actualmente, um destino turístico<br />

em ascensão, alternativo ao chamado turismo<br />

de “mar e sol”. Sabemos também que o vasto e<br />

riquíssimo património cultural e natural, aliado<br />

ao sossego e à qualidade de vida que o Alentejo<br />

proporciona, está na base desta procura. Sem esquecer,<br />

obviamente, a gastronomia!<br />

Quando falo em património cultural não me refiro<br />

apenas ao património construído ou arqueológico,<br />

embora sejam determinantes para a<br />

nossa identidade histórica e para a estratégia de<br />

desenvolvimento turístico. Refiro-me também ao<br />

imaterial. aquele que infelizmente corre o risco<br />

de desaparecer se não agirmos rapidamente<br />

em defesa dos saberes ancestrais, se não revitalizarmos<br />

as nossas aldeias e os nossos centros<br />

históricos; se não devolvermos à agricultura a sua<br />

originalidade; se não preservarmos o cante e as<br />

tradições…<br />

a estratégia para um desenvolvimento turístico<br />

integrado no Alentejo é, primeiro que tudo, não<br />

deixar morrer a nossa identidade. a verdadeira<br />

hospitalidade alentejana implica partilhar com o<br />

visitante o que temos de melhor: dormirem nas<br />

nossas casas, comerem à nossa mesa, contar-lhes<br />

a história da nossa terra. É isso a alma alentejana…<br />

Mas para que isso seja possível é preciso<br />

combater urgentemente a desertificação.<br />

Como escreveu Orlando Ribeiro a emigração<br />

é um facto novo na sociedade alentejana mas<br />

generalizou-se em menos de um decénio. Dela se<br />

pode ter uma imagem nos montes abandonados<br />

e nas fiadas de habitações fechadas nas aldeias,<br />

onde apenas os velhos se juntam nos largos, comentando<br />

casos do passado e a saudade e a fortuna<br />

dos filhos. não é fácil inverter esta tendên-<br />

Mariana Costa<br />

cia. os últimos trinta e cinco <strong>ano</strong>s transformaram<br />

a sociedade e a paisagem agrícola como nunca<br />

sucedera antes. A deslocação em massa da população<br />

activa para o litoral ou para o estrangeiro,<br />

a modernização do país e as políticas agrícolas e<br />

económicas da união Europeia, determinaram o<br />

desaparecimento de modos de vida, profissões e<br />

técnicas ancestrais.<br />

o desenvolvimento turístico pode constituir um<br />

factor de fixação da população mas, em cada<br />

região, e em cada Município, essa estratégia deve<br />

ter em conta a identidade e a realidade local, para<br />

que as populações se possam identificar com os<br />

projectos e o visitante possa realmente viver a experiência<br />

do que é ser alentej<strong>ano</strong>!<br />

19


20<br />

MeMÓRiA<br />

Marco Paulo G. F. Valente<br />

Contrabando, lobos e vida campesina<br />

Memórias da Dona Catarina Conceição Maria Pedro<br />

Catarina da Conceição Maria Pedro, 72 <strong>ano</strong>s, filha<br />

de augusto Pedro e de Conceição Maria. nasceu<br />

na freguesia do Espírito Santo, concelho de Mértola.<br />

Vivia com os pais e dois irmãos na Quinta de<br />

Malpique, próxima da ribeira de Chança 1 . Foi<br />

para lá viver com a sua família por volta dos seus<br />

7 / 9 <strong>ano</strong>s. o seu pai era o “Hortelã” da Quinta, o<br />

caseiro digamos. Esta quinta ficava situada numa<br />

zona elevada e nas proximidades situavam-se<br />

dois outros casais. um que ficava encarregue da<br />

criação das ovelhas, e que estava sob a responsabilidade<br />

do Sr. José Mendes e outro que estava<br />

direccionado para a criação das vacas, do qual era<br />

responsável o Sr. Manuel Horta, natural de Santana<br />

de Cambas. O dono destes terrenos era o<br />

Dr. Emídio. Esta quinta era enorme, de acordo<br />

com as palavras da minha interlocutora.<br />

a mãe da Dona Catarina é que fazia a comida<br />

para este pessoal. os seus pais não faziam discriminação<br />

de ninguém, conviviam com todos:<br />

guardas-fiscais, carabineiros, e como não podia<br />

deixar de ser, os contrabandistas. Do lado<br />

espanhol os contrabandistas vinham cá buscar<br />

mais o café e o açúcar. “os nossos” quando vendiam<br />

os produtos que levavam, compravam sedas,<br />

roupas bonitas na povoação que ficava do<br />

lado de lá, em Espanha, em Cumbres.<br />

os pais da Dona Catarina costumavam fazer fes-<br />

tas nessa Quinta, onde tinham todo o género de<br />

animais: ovelhas, vacas, perus, galinhas, patos. Os<br />

guardas-fiscais caçavam lebres – o que era proibido,<br />

mas faziam-no – e traziam também para a<br />

mãe da Dona Catarina arranjar e fazer grandes<br />

ensopados 2 . os guardas-fiscais eram quase todos<br />

do Norte. Estes eram tão bem tratados aqui que<br />

costumavam dizer: «É a minha mãe e as minhas<br />

foto de D. Catarina Conceição Maria Pedro<br />

1 Nos nossos dias, e de acordo com conversas que a Dona Catarina tem tido com pessoas dos seus conhecimentos,<br />

a dita Quinta encontra-se submersa pela albufeira da Barragem do Chança, concluída em 1986.<br />

2 Os carabineiros já não traziam caça, mas costumavam trazer também prendas: louças e panelas, ou seja,<br />

os próprios carabineiros também faziam contrabando às escondidas. Não era pelo negócio, nem para ganhar<br />

a vida, mas para recompensar aquilo que esta família fazia por eles todos sem distinção. Não eram todos,<br />

só aqueles com quem se tinha mais confiança, quando eram desconhecidos “eles lá e a gente cá.”


foto de Sr. Augusto Pedro<br />

irmãs!». Eles comiam todos juntos também com<br />

os carabineiros, sendo todos muito jovens, quer<br />

os portugueses, como os espanhóis. Assim Dona<br />

Catarina e seus familiares tinham também liberdade<br />

para irem à Espanha quando quisessem e<br />

eles não lhes faziam mal.<br />

Havia alturas que a ribeira estava quase seca de<br />

um dos lados e eram as melhores alturas para<br />

os contrabandistas passarem de um lado para o<br />

outro. andavam a pé, quer guardas-fiscais, quer<br />

contrabandistas. As mulheres quando iam, iam<br />

sempre duas ou três juntas. os pais da Dona<br />

Catarina apiedavam-se dessa gente e quando o<br />

rio enchia de repente ou as comportas abriam e<br />

não tinham estes(as) maneiras de o atravessar em<br />

segurança ficavam a dormir na Quinta. os pais da<br />

Dona Catarina fizeram em segredo uma divisão<br />

na casa que tinha uma entrada camuflada, onde<br />

os contrabandistas repousavam e se escondiam,<br />

quando era caso disso. Esta divisão tinha a particularidade<br />

de ter janelas mais baixas que o resto<br />

da casa, e mais adiante veremos qual o porquê.<br />

Nesta divisão não entravam guardas nem carabineiros,<br />

só se quisessem «rabiscar», mas como<br />

havia uma grande confiança entre estes e a<br />

família da Dona Catarina tal nunca veio a sucederse.<br />

Muitas vezes dava-se o caso de guardas-fiscais<br />

e carabineiros estarem a comer na Quinta e a mãe<br />

da Dona Catarina lhes dizer “Comam! Comam!”<br />

e enquanto estes comiam, ia à pressa à rua abrir<br />

as janelas dessa divisão que era para as contrabandistas<br />

“espanholas” poderem fugir e escapar<br />

à vontade por aqueles cerros. Nessa divisão os<br />

contrabandistas também por vezes deixavam lá<br />

as cargas escondidas. Aquilo era muito perigoso<br />

(o contrabando), porque para além de serem<br />

estes perseguidos, quer por guardas-fiscais como<br />

carabineiros havia muito lobo por ali.<br />

Para os lobos não havia fronteira, quer atacavam<br />

lá como cá. atacavam pessoas e rebanhos. Das<br />

ovelhas comiam tudo e deixavam só a lã, com<br />

que a esposa do Sr. augusto fazia colchões. um<br />

dia o Sr. Augusto, que andava perto da ribeira de<br />

Chança viu qualquer coisa estranha e foi ver do<br />

que se tratava. Encontrou farrapos de roupas e<br />

umas botas com os pés de um homem lá dentro.<br />

Nunca se soube de quem se tratava, quem<br />

é que falava, quem é que dizia alguma coisa com<br />

medo?<br />

uma vez o irmão da Dona Catarina – Manuel<br />

augusto ou Filipe como era mais conhecido – ia<br />

sendo comido pelos lobos. O Homem que guardava<br />

as ovelhas, o pastor, o Sr. José Mendes, muitas<br />

das vezes dizia ao patrão que uma ou duas<br />

ovelhas tinham morrido devido a alguma erva<br />

que tivessem comido, como por exemplo a «alfavaca»,<br />

porque quem comesse daquela erva morria,<br />

homem ou animal. E as mais das vezes era<br />

este Sr. que as matava para poderem ter carne<br />

com que se alimentarem e como moeda de troca<br />

para favores que a família da Dona Catarina lhe<br />

pudesse prestar. Este Sr. também ia dando alguns<br />

borreguinhos de vez em quando ao Filipe e um<br />

dia o Filipe – que teria uns seis ou sete aninhos –<br />

virou-se para a mãe e disse: “Mãe, eu vou ali ver<br />

os meus borreguinhos!” muito entusiasmado.<br />

a mãe virou-se para ele e disse-lhe que levasse<br />

21


Monte Alentej<strong>ano</strong> - Pintura de Maria da Luz<br />

se alimentar. E assim foi. O moço pegou no tarro<br />

e lá foi ver os borreguinhos. Porém já começava<br />

a entardecer e o moço não havia modos de<br />

aparecer. Ele já estava de regresso a casa e os pais<br />

interrogando-se que seria feito dele. o Sr. augusto<br />

sobressaltou-se e disse logo “ai os lobos!” e<br />

assomaram à janela mais baixa da casa gritando<br />

pelo nome dele. E o Filipe gritava, quase já sem<br />

forças “os lobos! os lobos”. o seu pai solta logo<br />

três ou quatro rafeiros, com coleiras com pontas<br />

metálicas à volta do pescoço, secundados por<br />

outros tantos ainda mais pequenos que estes três<br />

ou quatro mas superiores em valentia.<br />

Acorrem as pessoas das quintas assim que ouvem<br />

a gritaria gritando eles também. os guardas-fiscais<br />

<strong>22</strong> o «tarro»3 , onde estava a comida para o pastor<br />

que iam entrar ao serviço de noite apercebem-se<br />

da comoção e reboliço e da situação em si e vá de<br />

dar tiros para o ar. ainda viram os primeiros a chegar<br />

ao local os lobos que arrancavam os sargaços<br />

e as estevas com os dentes para cima do miúdo<br />

que entretanto desmaiara 4 , como que preparando<br />

a lauta refeição que se avizinhava. os lobos tal<br />

foi a quantidade de pessoas que se aproximavam<br />

do local, os cães rafeiros e os tiros da guarda-fiscal<br />

puseram-se logo em fuga, em busca de presa<br />

mais fácil.<br />

Por vezes, também quando os cães iam dar as<br />

suas voltas os lobos aproveitavam e começavam<br />

a rodear a casa e aproximavam-se,<br />

arranhando as janelas – as que ficavam mais baixas e<br />

uivando continuamente. E as pessoas de dentro<br />

da casa assomavam às janelas de cima e gritava o<br />

Sr. augusto – para dar confiança à esposa e<br />

filhos – “Venham cá!!! Venham cá se as querem<br />

ver!!!” ao que a esposa retorquia também tendo<br />

os lobos como destinatários: “Querias comer-me,<br />

mas aqui não chegas tu!!!”. E os lobos pulavam,<br />

mas nada conseguiam, pois as janelas eram muito<br />

altas.<br />

Não havia dia em que não aparecesse uma<br />

ovelha morta. Muitos eram aqueles que morriam<br />

às mãos destes animais, que escolhiam o entardecer<br />

ou o breu da noite para atacar. De dia só<br />

ousavam atacar em algum sítio mais ermo. Também<br />

numa outra altura, e perto do sítio onde o<br />

irmão da Dona Catarina tinha sido atacado, em<br />

Malpique, ia a passar uma senhora já de uma<br />

certa idade de visita a uma filha que vivia lá para<br />

os lados de Espanha. Mas a hora já era tardia e<br />

começava a escurecer. Subiu por uma árvore acima<br />

e ali passou a noite entre aquelas ramagens.<br />

Os lobos saltando para a apanhar e ela a tremer<br />

de medo lá em cima. De manhãzinha, com o raiar<br />

3 Ou a marmita, para quem não saiba o seu significado.<br />

4 O rapaz, algum tempo mais tarde, após se ver a salvo, dizia que ao regressar tinha começado a sentir<br />

frio, muito frio – era o medo que lhe tolhia os membros – e quando olhou em volta começou a ver os lobos.<br />

As pessoas terão chegado na altura precisa em que estes se estavam preparando para o tolher.<br />

Foi quando ele desmaiou. O irmão da Dona Catarina ficou com um trauma tão grande que nos <strong>ano</strong>s<br />

que se seguiram acordava sobressaltado em sua cama gritando em alta voz: “Os Lobos! Os Lobos!”


do sol e o afastar dos lobos é que a dita senhora<br />

abalou para ir à da filha em Espanha. Só se soube<br />

desta história porque a dita senhora sobreviveu<br />

para a contar.<br />

um tio da Dona Catarina, o Sr. antónio Filipe –<br />

irmão da Dona Conceição –, também era contrabandista.<br />

Vivia este Sr. no Espírito Santo. E quando<br />

tinha algum tempo, pois também subsistia pela<br />

agricultura ia a Espanha fazer o seu contrabando.<br />

uma certa noite, já nas cercanias da Quinta de<br />

Malpique este Sr. teve de se esconder numa<br />

toca de uma árvore sob chuva torrencial, pois os<br />

carabineiros, guardas-fiscais e cães andavam por<br />

perto. Chegando completamente enregelado<br />

pela manhã e dizendo que depois ia com tempo<br />

buscar as mercadorias onde as tinha escondido,<br />

embrulhadas em sacos de serapilheira, que carregava<br />

às costas com umas cordas a fazer de mochila.<br />

uma vez, o filho deste senhor, rapaz dos<br />

seus 16/17 <strong>ano</strong>s e de seu nome Manuel antónio<br />

Filipe, virou-se para o pai dizendo-lhe: “Eu gos-<br />

Mértola - Pintura de Maria da Luz<br />

tava de ir contigo pai! leva-me!” ao que o pai<br />

lhe respondia: Cala-te, tu não sabes onde te vais<br />

meter.” e ele retorquia “Eu não tenho medo!!”. E<br />

o pai lá lhe fez a vontade “Então vem lá. Que é<br />

para saberes. Vem lá buscar aquilo que queres.”<br />

Ele foi. Quando vinham de regresso estavam os<br />

carabineiros a patrulhar perto do sítio onde eles<br />

andavam, e os guardas-fiscais do lado de cá. assim<br />

que o pai vê os carabineiros por perto estes<br />

também se apercebem da sua presença, mas não<br />

tinham visto ainda o filho que vinha mais abaixo<br />

cá atrás na encosta. Este joga a carga ao filho<br />

dizendo que se escondesse e vai de correr para<br />

outro lado para atrair os carabineiros atrás de<br />

si. Galgou muros e sebes pelo meio das quintas<br />

e conseguiu escapar-se aos seus perseguidores,<br />

regressando então para trás, a buscar o filho. o<br />

filho tremia de medo escondido. Quando ouviu<br />

o pai chamando pelo seu nome disse “Óstia! Estava<br />

a ver que eles o tinham matado! Vossemecê<br />

nunca mais aparecia!”. assim que o filho viu que<br />

23


24<br />

foto de Guarda Rodrigues<br />

se encontravam do lado de cá e a salvo virou-se<br />

para o pai dizendo: “nunca mais na minha vida!<br />

nem que eu morresse à fome!”. a vida do contrabando<br />

não era para qualquer um.<br />

Quanto aos guardas-fiscais 5 , o Sr. Augusto chegava<br />

a dar-lhes parcelas de terreno na horta<br />

para estes cultivarem o que mais lhes aprouvesse.<br />

Quando estes queriam ir às festas do lado<br />

de Espanha mudavam de roupa na Quinta de<br />

Malpique. Vestiam a fatiota dos dias festivos e lá<br />

iam. O mais irónico de toda esta estória era que<br />

as armas e fardas ficavam arrecadadas na mesma<br />

divisão secreta onde se abrigavam os contrabandistas<br />

quando por ali passavam e necessitavam<br />

de um local onde repousar. De manhã quando<br />

os guardas-fiscais regressavam após a festa do<br />

lado espanhol a mãe da Dona Catarina tinha já<br />

as fardas deles preparadas e as armas para eles<br />

vestirem, numa outra divisão da casa. arrecadava<br />

novamente a farpela dos bailaricos e eles vestiam<br />

a farda para ir para o posto 6 .<br />

As pessoas que iam trabalhar para Espanha 7 por<br />

vezes traziam alguns “regalos” para os familiares,<br />

alguma prenda. Pois os guardas apanhando-os<br />

tiravam-lhes tudo, muitas das vezes para ficarem<br />

eles próprios com a mercadoria. E diziam-lhes<br />

eles: “E podem ir muito contentes de não irem<br />

presos para o posto!”. num tal episódio um<br />

desses homens muito choroso dizia a propósito<br />

5 Dona Catarina recorda-se dos nomes de alguns desses guardas-fiscais, que eram naquela altura maioritariamente<br />

nortenhos, ou “galegos”, como por aqui eram conhecidos. Desde o Rodrigues (Bragança) – estória<br />

dos brincos, contada em seguida –, ao Alferes (Chaves), passando pelo Gomes (mais idoso) e o Firmino<br />

(que falava achim). Todos eram nortenhos. Este último, inclusive, casou-se com uma tal Maria Leonor, que<br />

era das Cortes Pereiras. Quanto a este Firmino, Dona Catarina contou duas estórias que me apraz registrar.<br />

Eche – referindo-se ao Firmino – era muito engrachado. Uma vez perguntou à minha mãe: “Qué icho Chenhora<br />

Concheichão ?” E depois eram figos da Índia. E ele nunca tinha visto: “E icho cómeche ?” E minha mãe:<br />

“Come-se pois !”. E ele começou a comer e diz assim: “E agora, o que facho às grainhas ?” E minha mãe disse<br />

assim: “Olhe, engula-as !”. Esse era muito engraçado. E depois no posto ele tinha que apresentar serviço e ele<br />

não apresentava nunca serviço. Nunca apanhava ninguém. E diziam-lhe assim: “Mas você nunca os apanha<br />

(aos contrabandistas) ? Os outros apanham e você não os apanha porquê? ” Ao que ele respondia: “Eh. Não<br />

bejo contrabandistas ! Chó bejo é pachar de noite, toda a noite, para cá e para lá homens com chacos de<br />

batatas ach cochtas!” Muito engraçado. “Chó bejo é pachar os homens com chacos de batatas ach cochtas!”<br />

6<br />

Aquela vivência daqueles tempos e todos estes episódios ainda são hoje recordados com muitas saudades e<br />

nostalgia pela Dona Catarina.<br />

7Já naqueles tempos havia falta de trabalho, deslocando-se as pessoas também para Espanha para a apanha da<br />

fruta, mormente o figo.


da apreensão de uns certos brincos vermelhos:<br />

“Tanto que a minha filha me pediu os brincos! 8<br />

E eu levava os brinquinhos. Senhor, deixe-me<br />

ao menos os brinquinhos!”. E o guarda, duro e<br />

impassível não acedia ao pedido do homem. o<br />

Sr. augusto cerrava os punhos dizendo: “aqui não<br />

há mais contrabando para ninguém. Vão rabiscar<br />

para outro lado porque aqui não rabiscam mais!”<br />

E a Dona Catarina apiedou-se deste homem.<br />

Mas um dos guardas, lá do norte, de Bragança,<br />

Rodrigues de seu nome afirmava: “Escusa de se<br />

estar a lamentar que não apanha os brincos coisíssima<br />

nenhuma! os brincos já têm dono! Estes são<br />

para a Catarininha! E eu (Dona Catarina) vendo o<br />

homem chorar olhei para os brincos – que eram<br />

muito bonitos por sinal – e disse assim «Mas<br />

eu não os quero, são para a menina daquele<br />

senhor»! E não quis os brincos!”<br />

Os contrabandistas e aqueles que iam trabalhar<br />

para Espanha traziam por vezes vestimentas, sobretudos<br />

e outras peças de vestuário e a esposa<br />

do Sr. augusto recorria a uma artimanha para<br />

enganar os guardas. Espalhava salpicos de água<br />

pelo chão, pisando as roupas e amarrotando-as<br />

para lhes dar uma aparência de usadas. Dizia ela<br />

para os contrabandistas que aquela sujidade com<br />

água saía. ora os guardas fiscais quando iam ver<br />

a carga destes, aqueles retorquiam que eram<br />

mudas de roupa, que era roupa velha. As roupas<br />

com aquela aparência enganavam qualquer um.<br />

assim, com esta artimanha, se passavam estas<br />

mercancias. Os pais da Dona Catarina, no seu<br />

entender, e assim nos quer parecer, foram muito<br />

bons para todos sem discriminação. Tinham<br />

sempre comida a mais para alguém que pudesse<br />

aparecer fugido ou que necessitasse de se alimentar<br />

e de pernoitar por aquelas bandas.<br />

Também armazenava lenha por causa do frio, e<br />

também esta era alvo de cobiça, pois as noites<br />

por aqueles lados são gélidas, quanto mais<br />

naqueles tempos, e as pessoas necessitavam de<br />

se aquecer. o Sr. augusto armazenava a lenha,<br />

mas vinham sempre um grupo de homens para<br />

a roubar e este Sr. não podia fechar os olhos sempre.<br />

Numa certa ocasião vieram roubar lenha em<br />

plena luz do dia. os homens já tinham os molhos<br />

feitos para levar. o Sr. augusto chegou-se ao pé<br />

deles dizendo:<br />

Sr. augusto: “«Shut! Por favor! Isto já é a gozar,<br />

ponham já aí a lenha! não levam a lenha.» o<br />

meu pai, pois, conhecia-os. «não levam a lenha,<br />

já disse!»<br />

um dos homens: «Eh! Faz-nos tanta falta!» Pois,<br />

com que é que eles se aqueciam? aquecimento e<br />

comida era tudo feito à base de lenha.<br />

Sr. augusto: «Já vos disse! Ponham aí a lenha e<br />

vão-se embora! Porque aqui isso foi à descarada.»<br />

Quando era a safra dela o meu pai fechava os<br />

olhos. Na altura o meu pai falou assim e eles<br />

puseram a lenha no chão. Mas disseram assim:<br />

«o senhor tem filhos. Quer criá-los?»<br />

Sr. augusto: «Que conversa é essa?»<br />

um dos homens: «Se os quer criar...deixe-nos levar<br />

a lenha!» E o meu pai disse-lhe assim:<br />

Sr. augusto: «ai que vocês agora é que nunca<br />

mais levam daqui nem um graveto!» - com o jeito<br />

dele. Eles pediram desculpa ao meu pai. Meu pai<br />

disse: «nunca mais vocês levam daqui – o meu<br />

pai sabia que eles que levavam. (...) De maneiras<br />

que eles pediram depois desculpa ao meu pai. O<br />

meu pai fez de conta que não coiso e disse:<br />

«levem lá a lenha e vejam lá a hora em que vêmna<br />

roubar!» E eles ficaram muito contentes 9 .”<br />

Ambos os avós de Dona Catarina eram mineiros<br />

8Após este episódio, o pai da Dona Catarina, o Sr. Augusto abraçou-a dizendo-lhe: “Tiveste coração filha. Tiveste<br />

coração.” Este tal Rodrigues tinha-se encantado pela Dona Catarina, ainda menina e moça, mas esta nunca correspondeu<br />

às suas pretensões. Ele queria com ela casar e oferecia-se inclusive para pagar a sua educação e tratando-a<br />

sempre com respeito. Mas o sentimento de Catarina por tal homem nunca passou da amizade e admiração<br />

e gosto numa primeira fase pela atenção que ele lhe dispensava. Pois se ela era uma moça ainda menor e ele um<br />

homem já feito.<br />

9Com este singelo episódio se verifica como as pessoas se tratavam de comum acordo, quase que à boa maneira<br />

oriental, não “perdendo a face” de parte a parte e praticando a interajuda comunitária. A vida era dura.<br />

25


esposo de Catarina Gaspar, e residentes ambos<br />

na almoinha Velha (Espírito Santo) comandava<br />

equipas de mineiros, assim como seu outro avô,<br />

antónio Pedro, esposo de Guilhermina Mariana,<br />

e moradores na Bicada (Espírito Santo). “Quem<br />

comandava aquilo eram os ingleses.”<br />

a propósito dos pais dessa tal de Catarina Gaspar<br />

– avó de Dona Catarina – um pequeno episódio<br />

demonstra o tal alentejo sem lei, que por vezes<br />

se ouve falar, e que sucedia por esses tempos que<br />

já lá vão. os tempos da bisavó de Dona Catarina.<br />

A sua bisavó, Catarina também de seu nome, estava<br />

casada com um tal de Gaspar, homem rude<br />

e com instintos de malvadez. Dos seus filhos, só<br />

três sobreviveram, a tal avó de Dona Catarina, a<br />

Silvéria e o lifonso <strong>10</strong> . Estes seus bisavôs eram<br />

pessoas muito ricas, tinham muitas fazendas e<br />

muitos homens a trabalhar. Mas o Gaspar é que<br />

administrava o dinheiro todo e não prestava contas<br />

à esposa. Punha e dispunha à vontade dele<br />

e ninguém se podia meter. Matavam animais e<br />

tinham uma casa só para as petiscadas, onde<br />

filhos e esposa deste homem estavam proibidos<br />

de entrar. Algum empregado dissesse algo que<br />

ele não gostava de ouvir ou dissesse alguma má<br />

resposta e ele matava-o logo naquele mesmo<br />

instante, sendo sepultado no local e bico calado.<br />

até dos próprios filhos ele matou. Pelo menos<br />

três sei que ele os matou 11 .<br />

os irmãos e a mãe tinham que calar a tristeza que<br />

cá dentro sentiam, não fosse lhes suceder o mesmo.<br />

Tratava bem a esposa... desde que ela não<br />

se metesse nos seus assuntos. nunca lhe batia<br />

nem nada. Só que ela imagino, matando-lhe os<br />

26 nas minas de S. Domingos. o avô, Joaquim Filipe,<br />

filhos! Houve uma altura que esse meu tio lifonso<br />

estava muito mau numa cama, das porradas<br />

que tinha levado. ora morre, ora não morre, que<br />

nessa altura não havia medicamentos. A minha<br />

bisavó chorava muito e andava muito triste. Foi lá<br />

a casa uma senhora muito rica, família, parenta, e<br />

minha bisavó contou-lhe a vida que estava a levar<br />

e que ele matava-lhe os filhos e aquilo tudo. E ela<br />

disse-lhe: “Eu queria salvar estes! aquele está no<br />

estado em que está! Eu tenho estas duas.” E então<br />

ela disse para aquela Sra. (que era cá de Beja):<br />

“ai que eu quero salvar as minhas filhas! Quero<br />

salvar aquele!” ao que esta Sra. Respondeu: “Eu<br />

levava-as, mas como é que eu as levo sem autorização<br />

dele?” E a minha bisavó lá combinou e<br />

disse: “a comadre vai para Beja e eu vou mandar<br />

um dos homens, foi fazer aqui o enxovalzinho<br />

delas, para elas depois irem no carro para Beja.”<br />

Ela então virou-se para as filhas e disse-lhes:<br />

“olhem filhas – com muitas lágrimas nos olhos<br />

disse - filhas, para eu vos salvar do vosso pai. (Estava<br />

já tudo feito) Mas têm que dizer ao teu pai.<br />

Têm que pedir licença.” “Mas como é que agora<br />

se pede licença? – responderam. Mas tiveram,<br />

tiveram que a pedir.<br />

Filhas: “Meu pai, nós gostávamos de conhecer<br />

Beja. não conhecemos Beja! lá a Dona Fulana!<br />

Íamos para a casa dela passar lá uma temporada.<br />

Se o pai nos dá licença!” E ele, ele sorriu-lhe e<br />

disse:<br />

Gaspar: “oh minhas filhas! Então não dou? Pois<br />

dou! Sim senhor. Querem ir não querem?”<br />

Filhas: “Pois queremos.”<br />

Gaspar: “Então vão. agora vão lá além buscar<br />

aqueles paus grossos que estão além. Tragam<br />

<strong>10</strong> Este último ficou para sempre deficiente do braço e perna esquerda, de tantas agressões que<br />

suportou de seu pai, o tal Gaspar. Pontapés, sopapos e pauladas eram o Pão Nosso de Cada Dia.<br />

11 Um matou-o porque ele tinha curiosidade de saber qual o sabor da aguardente. Entrou às escondidas<br />

nessa tal casa – onde mãe e seus irmãos estavam proibidos de entrar, só os amigalhaços – para beber<br />

um copinho. Quando ia para beber o copinho da aguardente o pai apanhou-o “Quem te deu autorização<br />

?”. O gaiato foge e pula para cima de uma árvore para se safar ao pai. O pai pega em pedras e vai de<br />

atirá-las até que o miúdo caiu de lá de cima morrendo estatelado no chão. Ou da queda, ou das pedradas<br />

que levou. Outro seu irmão, também curioso com o sabor dos vinhos entrou também à socapa e a mesma<br />

história sucedeu. Só que este nem tempo teve de subir para uma árvore. Levou tanta porrada cá em<br />

baixo, que deverá ter morrido com um pontapé que o pai lhe deu que o arrojou contra a parede dessa casa.


lá.”<br />

E elas coitadinhas foram buscar a vara. Porrada<br />

numa e porrada noutra e deixou-as todas escalavradas.<br />

Mas mesmo assim elas vieram. Todas<br />

doentes, todas feridas depois, mas vieram.<br />

Chegaram a Beja. Entretanto, houve um dos<br />

que comeu e bebeu, que também lhe chegou já<br />

aquilo e disse: “Então mas tu! Quem te julgas tu<br />

que és? Então tu matas os teus filhos, matas os<br />

teu empregados! Mas tu pensas que só tu é que<br />

és Homem? Então dá cá um abraço!” E estoirou-o<br />

todo. E disse para a minha bisavó, levando-o de<br />

rojo “Prepare aí a cama!” E deitou-o lá para cima.<br />

“Mande já as suas filhas já de volta, que ele não<br />

está aí nem por horas.” aquilo era assim naquele<br />

tempo, olho por olho, dente por dente. um<br />

Homem valente. a polícia não se metia nisso,<br />

Guadiana - Pintura de Maria da Luz<br />

nem havia polícia naquele tempo. ali teve que<br />

o ouvir. E ela mandou um homem montar-se lá<br />

num carro e ir chamar as suas filhas. E ele lá foi.<br />

Elas nem aqueceram o lugar (em Beja) todas contentes.<br />

A minha bisavó andava sempre (de semblante)<br />

muito carregado. lenço na cabeça, chapéu na cabeça,<br />

tudo assim é que ela levava a vida. E depois,<br />

o homem, o meu bisavô morreu. E ela: “Enterrem-no<br />

praí, onde ele tem enterrado os outros!”<br />

E tirou a roupa toda preta. Vestiu-se toda de ver-<br />

melho! um belo chapéu na cabeça, toda vestida<br />

de vermelho. Montou-se num cavalo e desatou<br />

a cantar por aquelas terras fora a ver o que era<br />

dela. o que é que era e o que não era já dela. a<br />

ver se ainda tinha alguma coisa. Porque ele vendia<br />

tudo. E então ela ia cantando.<br />

27


Catarina!”<br />

Dizia o outro: “Éh, não pode sêri! ai não pode<br />

sêri! Então ela vem cantando! alguma vez? Vem<br />

ela sempre de luto! não era ela.”<br />

E ela aproximou-se: “Sou eu! não tão enganadas!<br />

Sou eu, sou! Sou eu própria! Olhem, enquanto eu<br />

havia de cantar, chorei. Agora ao invés de chorar,<br />

canto.”<br />

Ela foi ver o que tinha de fazendas e ainda as recuperou.<br />

Ainda a minha avó herdou e agora aquilo<br />

está tudo ao abandono. as terras ficaram todas<br />

abandonadas lá. Pois. Eles lá viveram com a mãe<br />

e quando ela morreu eles dividiram entre os três<br />

e se não tiveram herdeiros aquilo lá continuará<br />

ao abandono. Hortas, searas, olivais tudo ficou<br />

ao abandono. Hortas, só meus tios que vivem lá<br />

28 Dizia um: “Pois ei! Parece ali a Sra.! aí é a Sra.<br />

A caminho da ceifa - Pintura de Maria da Luz<br />

ao pé vão cultivando. abalaram quase todos já, e<br />

pronto! Minha mãe ainda disse: “Fica um monte<br />

daqueles ao abandono! não deixamos perder o<br />

monte! a gente faz aquilo entre todos, fica uma<br />

casa para irmos passar um Natal, uma festa assim,<br />

ou um casamento. Fazíamos lá, tipo rústico.”<br />

Minha mãe pensou: “ Se você fizer, todos<br />

querem! Entrar ninguém quer, mas se você<br />

fizer todos querem!” E a minha mãe depois olha,<br />

deixa 12 .<br />

não queríamos deixar de fazer referência a<br />

um poema da autoria da neta do Sr. Augusto,<br />

Homem exemplar e a quem convém prestar a<br />

devida homenagem, dando assim voz àqueles<br />

que a maior parte das vezes nunca é ouvida. Sem<br />

mais delongas, aqui fica. »»»<br />

12 Muitos dos montes abandonados que temos observado um pouco por todo o Alentejo, também têm uma estória<br />

de abandono semelhante. Como os herdeiros eram muitos optaram por deixá-los abandonados do que por os<br />

recuperar. O espírito comunitário tão característico desta região tem-se vindo a esbater com o passar dos tempos.


“O Bê à Bá do meu avô”<br />

o Bê à Bá não conheci<br />

mas não deixei de viver<br />

o Bê à Bá nunca escrevi<br />

e também não soube ler<br />

Para o Bê à Bá aprender<br />

Eu tinha que ir à escola<br />

Mas para poder comer<br />

usei a enchada não a sacola<br />

Se o tivesse aprendido<br />

Tinha tido melhor futuro<br />

não tinha tanto sofrido<br />

Com este trabalho tão duro<br />

nunca tive uma infância<br />

Como as crianças de agora<br />

Eu sempre vivi na ânsia<br />

De não recorrer à esmola<br />

Por isso desde pequeno<br />

No campo eu trabalhei<br />

De branco passei a moreno<br />

analfabeto eu fiquei<br />

Assim sem conhecer as letras<br />

Nunca o meu nome escrevi<br />

Para mim eram secretas<br />

As cartas que recebi<br />

Com uma cruz se assinava<br />

Quem na escola não aprendeu<br />

Era assim que se marcava<br />

O nome que Deus nos deu<br />

Podiam parecer iguais<br />

Túnel - Pintura de Maria da Luz<br />

29


30<br />

MeMÓRiA<br />

Contrabando no século XX, na raia da<br />

freguesia de Santana de Cambas<br />

Um crime, ou uma luta pela sobrevivência?<br />

Das gerações que viveram dos <strong>ano</strong>s trinta aos<br />

<strong>ano</strong>s sessenta do século passado, não há ninguém<br />

que não se recorde do contrabando para<br />

Espanha. Eram grupos de homens e até mulheres<br />

com 25 kg e mais de café, açúcar, ovos e farinha<br />

às costas. Era tudo aquilo que servia para minimizar<br />

as dificuldades das famílias, a maioria composta<br />

por sete, oito, nove e mais pessoas. A vida<br />

do campo era muito complicada e o trabalho na<br />

mina não dava para todos. E mesmo aqueles que<br />

ali trabalhavam, encontravam no contrabando<br />

um complemento para fazer face às condições<br />

difíceis da vida de então.<br />

Por outro lado, os espanhóis viviam com grandes<br />

dificuldades. o regime franquista tal, como o de<br />

Salazar no nosso país, limitara-lhes o desenvolvimento,<br />

para além de ter envolvido toda a Espanha<br />

numa guerra civil. Essas dificuldades fizeram-se<br />

sentir de uma forma profunda na raia. Tanto com<br />

a escassez de géneros de primeira necessidade,<br />

como as perseguições e os fuzilamentos de todos<br />

aqueles que se opunham ao poder ditatorial.<br />

Foi através do contrabando de sobrevivência, que<br />

José Rodrigues Simão<br />

muitos homens e mulheres, andando duas, três,<br />

quatro noites a palmilhar dezenas e dezenas de<br />

quilómetros, conseguiam trazer mais meia dúzia<br />

de tostões para casa (isto quando não perdiam<br />

a carga, por ser capturada pela guarda fiscal ou<br />

pelos carabineiros) para proporcionar uma vida<br />

melhor aos seus filhos.<br />

Sabemo-lo dos depoimentos orais, de vários contrabandistas<br />

da altura, e que hoje infelizmente se<br />

vão perdendo se nada fizermos. E nós queremos<br />

que esta história seja transmitida aos nossos netos.<br />

Foi com a edição do livro “Memórias do<br />

Contrabando em Santana de Cambas”, de<br />

luís Maçarico, e na perspectiva de construir<br />

a história da freguesia de Santana de Cambas<br />

que criamos o museu do contrabando. Que<br />

queremos sempre aberto a novos relatos,<br />

histórias, depoimentos e outros elementos que<br />

possam vir a engrandecer o já vasto historial<br />

deste museu.<br />

Contamos consigo!


MeMÓRiA<br />

A Terra de Elvas<br />

Esta é a pequena história da minha avó Maria<br />

e da sua amada Elvas, terra mítica de lendas<br />

familiares.a minha avó nasceu nos finais do século<br />

XIX, no seio de uma família alentejana abastada.<br />

Habituou-se a ver o ciclo dos campos através da<br />

“mais linda janela do alentejo”, a sentir o cheiro<br />

forte da terra, a amá-la. Casou com um beirão,<br />

e acompanhou-o na subida ao litoral, tendo-se<br />

fixado nas Caldas da Rainha. Por morte dos pais,<br />

nos <strong>ano</strong>s 20, herdou a chamada “Terra de Elvas”,<br />

uma pequena propriedade em que assentam os<br />

formidáveis arcos do aqueduto da amoreira. E a<br />

avó Maria passou a dizer: “nunca vendam aquela<br />

terra” como se o seu coração ali estivesse preso<br />

para sempre. E a terra tornou-se uma lenda. Só a<br />

avó Maria a conhecia. Éramos pobres, não havia<br />

recursos para aventuras alentejanas. Mas a Terra<br />

de Elvas estava em nós. Tornou-se parte de nós,<br />

tal a veemência com que aquele pedido de “não<br />

a vendam nunca” era dito. Contava que, quando<br />

todo o alentejo secava, aquela terra era a única<br />

que frutificava em espigas, que sempre assim<br />

tinha sido e sempre assim seria. não havia explicação<br />

para o facto. Dois palmos de terra perdidos<br />

no coração de uma terra ressequida, frutificando.<br />

a proximidade da água do aqueduto e a extrema<br />

com o cemitério davam um ar racional ao “milagre”.<br />

De facto nunca o soubemos. a terra estava<br />

arrendada e era paga em alqueires de trigo. Não<br />

era, portanto, pelo dinheiro que a avó Maria<br />

insistia naquele pedido. Quando uma bela fatia<br />

lhe foi roubada para ser construída a estrada para<br />

Portalegre, vi-a chorar.<br />

o tempo passou, a minha avó morreu em 1958<br />

pedindo sempre “não a vendam, não a vendam”.<br />

Maria Ramalho<br />

E aqueles palmos de chão se já eram lenda, mais<br />

lenda se tornaram. Que podia ter de tão valioso<br />

aquela terra? Seria o fim do arco-íris e lá estaria<br />

enterrado o pote de ouro prometido? ou só repousaria<br />

ali finalmente o coração de alguém que<br />

amou profundamente a sua terra?<br />

Entretanto a Câmara de Elvas quis a terra. Ou a<br />

bem ou a mal. Foi a bem. Alugada pelo preço de<br />

coisa nenhuma, “o chão do meu pão” transformou-se<br />

em chão da feira de S. Mateus.<br />

Em 2007 a minha mãe viu-se confrontada de<br />

novo pela câmara de Elvas. Já com muita idade,<br />

cedeu e vendeu-a. a Terra de Elvas é hoje estradas<br />

e rotundas...<br />

Casei entretanto. Quis o destino que uma parte<br />

da família de meu marido fosse de Pias. E também<br />

para ele Alentejo fosse sinónimo de terra<br />

solidária, de gente boa que o acolheu quando a<br />

PIDE o perseguiu e onde, por força das circunstâncias,<br />

se tornou aprendiz de podador de oliveiras.<br />

a voz da avó Maria e a de meu marido fazem-<br />

se ouvir em mim cada vez que o alentejo está<br />

presente. no telúrico do cheiro, na cor dos seus<br />

campos, na luta das suas gentes, no seu cante, no<br />

imenso espaço de liberdade, na memória de uma<br />

terra que não conheço mas que amo como uma<br />

raiz.<br />

31


32<br />

ALenTejO eM FOTO<br />

Os Segredos do Olhar<br />

Foto Rosário Fernandes - Igreja em Montemor-o-Novo<br />

Rosário Fernandes


Foto Rosário Fernandes -Marvão<br />

33


34<br />

Foto Rosário Fernandes - Pousada de Flor da Rosa em Portalegre


Foto Rosário Fernandes - Brasão em Portalegre<br />

35


36<br />

Foto Rosário Fernandes - Évora


Foto Rosário Fernandes - Montemor<br />

37


38<br />

MUnicíPiO dO SeixAL<br />

Um concelho com qualidade de vida<br />

o Seixal é um Município ribeirinho inserido na<br />

Área Metropolitana de lisboa e na Península de<br />

Setúbal. Situado a poucos minutos da capital, o<br />

concelho conta com uma localização geográfica<br />

muito privilegiada, factor atractivo para os muitos<br />

visitantes que por cá passam. as actividades<br />

culturais e desportivas, aliadas a uma gastronomia<br />

de qualidade e a um património valorizado<br />

são alguns dos motivos que fazem com que o<br />

Seixal conte actualmente com cerca de 170 mil<br />

habitantes.<br />

Fisicamente o concelho tem uma área de 93,6<br />

km2, divididos por seis freguesias: aldeia de Paio<br />

Pires, Amora, Arrentela, Corroios, Fernão Ferro e<br />

Seixal. É hoje o concelho da Península de Setúbal<br />

com maior número de habitantes e conta com<br />

uma população jovem e activa, que aqui encontra<br />

os factores necessários para uma boa qualidade<br />

de vida.<br />

não faltam motivos para visitar este Município. a<br />

Baía, com uma área de 500 ha convida a passeios<br />

a bordo de embarcações tradicionais ou aos mais<br />

variados desportos náuticos.<br />

as iniciativas como o Seixal Jazz, o Março Jovem<br />

ou a Seixalíada, são também motivo de visita.<br />

As Quintas Senhoriais, como a Fidalga ou a Trindade,<br />

com a sua história e património merecem<br />

um passeio alargado. Para descansar, o Parque do<br />

Serrado ou o Parque urb<strong>ano</strong> das Paivas oferecem<br />

a tranquilidade necessária para umas horas de<br />

repouso.


Visita guiada ao Seixal<br />

Pelas suas características ribeirinhas, pela sua<br />

cultura e património, o Seixal tem para oferecer<br />

diariamente uma agenda muito diversificada de<br />

actividades onde toda a família pode participar.<br />

aconselha-se um passeio pedestre junto à<br />

Marginal, entre o núcleo urb<strong>ano</strong> antigo do Seixal<br />

e de arrentela, onde existe um passeio ribeirinho<br />

ao longo das margens da Baía.<br />

ao longo deste percurso sugere-se uma visita ao<br />

núcleo da Mundet do Ecomuseu Municipal, para<br />

uma visita a exposições sobre a cortiça.<br />

Encontra-se um pouco mais à frente, em<br />

arrentela, o núcleo naval do Ecomuseu, onde<br />

são construídos artesanalmente barcos do Tejo.<br />

Continuando o percurso sempre junto à Baía do<br />

Seixal, uma sugestão é o passeio pelos Jardins da<br />

Quinta da Fidalga, um espaço do século XV que<br />

foi propriedade de Paulo da Gama, irmão de<br />

Vasco da Gama.<br />

numa subida ao Miradouro da Igreja Matriz de<br />

PATRiMÓniO<br />

arrentela, tem-se uma vista privilegiada sobre a<br />

Baía e sobre lisboa. E se a visita ao Seixal for planeada<br />

atempadamente pode navegar a bordo do<br />

bote- -de-fragata Baía do Seixal, uma embarcação<br />

tradicional do Tejo, ou aproveitar um dos programas<br />

turísticos temáticos que acontecem ao longo<br />

de todo o <strong>ano</strong>.<br />

Horários de funcionamento<br />

núcleo naval do Ecomuseu Municipal<br />

e núcleo da Mundet<br />

Horário de Verão ( de Junho a Setembro ) – De<br />

terça a sexta, das 9 às 12 e das 14 às 17 horas.<br />

Sábados, domingos e feriados, das 14.30 às 18.30<br />

horas.<br />

Jardins da Quinta da Fidalga<br />

até final de Setembro, este espaço funciona de<br />

terça a domingo, entre as <strong>10</strong>.15 e as 19.45 horas.<br />

39


40<br />

FeSTiVAL de VeRÃO ATÉ 30 de AGOSTO<br />

Festas Populares animam o Seixal<br />

até 30 de agosto, o Festival de Verão anima o<br />

Seixal com as Festas Populares a acontecerem em<br />

todas as freguesias. São meses de muita música,<br />

marchas, artesanato e convívio popular.<br />

Já se realizaram as Festas de S. Pedro, no Seixal e<br />

as Festas de arrentela. Mas ainda vão subir aos<br />

palcos das festividades muitos artistas consagrados<br />

e nomes do concelho.<br />

Fernão Ferro<br />

De 18 a 26 de Julho, no Parque das lagoas, têm<br />

lugar as Festas de Fernão Ferro.<br />

Diversos grupos de dança e projectos<br />

musicais sobem aos dois palcos das festividades<br />

para animar as noites de baile da freguesia. A<br />

Grande noite do Fado Vadio, aberta à participação<br />

popular, o Festival de Folclore e o espectáculo de<br />

encerramento com Miguel e andré são apenas<br />

alguns dos destaques destas Festas.<br />

Aldeia de Paio Pires<br />

Estas Festas têm início a 29 de Julho e as<br />

celebrações em honra de n.ª Sra. da anunciada<br />

estendem-se até ao dia 2 de agosto. Do programa<br />

fazem parte as actuações do Grupo “Brazil”,<br />

Banza e Cláudia Isabel. Destaque também para as<br />

largadas Taurinas e para a noite da Sardinha assada,<br />

no dia 31 de Julho.<br />

Amora<br />

De 12 a 16 agosto a freguesia de amora recebe as<br />

actuações dos uHF, angélico, Clã e Deolinda.<br />

Corroios<br />

De 21 a 30 de agosto esta freguesia recebe os<br />

concertos de ana Moura, Quim Barreiros, Xutos<br />

e Pontapés, anjos, Blasted Mechanism, Martinho<br />

da Vila e Marco Paulo. o Festival de Folclore faz<br />

também parte da programação.


AcTiVidAdeS ReLAciOnAdAS cOM O RiO<br />

A Baía na centralidade do concelho<br />

não se poderia falar do Seixal sem se falar da<br />

sua Baía, pois é esta que mais caracteriza o concelho.<br />

Foi junto às suas margens que cresceram<br />

os núcleos antigos de arrentela, Seixal e amora,<br />

que acolheram pessoas provenientes de todo<br />

o País e que fazem do Seixal aquilo que hoje<br />

é. as tradições e costumes que estas pessoas<br />

trouxeram das suas terras de origem criaram a<br />

diversidade gastronómica e de costumes que<br />

proliferam hoje no Seixal.<br />

Foi também junto à Baía do Seixal, que conta com<br />

uma área de cerca de 500 ha, que cresceram as<br />

quintas seculares, como a Fidalga e a Trindade. As<br />

suas condições naturais permitem o desenvolvimento<br />

de diversas actividades relacionadas com<br />

o rio, tais como a c<strong>ano</strong>agem, a pesca desportiva<br />

ou o passeio em embarcações tradicionais.<br />

Seixal tem serviço de Marinheiro desde Maio<br />

Desde Maio que o Seixal passou a contar com o<br />

Serviço de Marinheiro que permite transportar os<br />

nautas entre terra e a sua embarcação. Os nautas<br />

que se desloquem ao Seixal têm agora possibilidade<br />

de deixar os seus barcos ancorados na Baía<br />

e serem transportados para terra através de uma<br />

embarcação da autarquia, que fará também o<br />

regresso dos passageiros. Os interessados podem<br />

requisitar este serviço através da frequência rádio<br />

– Canal VHS 9.<br />

Horário: De 30 de Maio a 1 de novembro Das <strong>10</strong><br />

às 18 horas<br />

De 14 de novembro a20 de Dezembro<br />

Das <strong>10</strong> às 16 horas<br />

Custo: 3 Euros<br />

41


42<br />

cULTURA<br />

Seixal é uma referência cultural no País<br />

o Seixal assume-se hoje como um concelho que<br />

aposta num programa cultural de qualidade. O<br />

Seixal Jazz é um dos exemplos. actualmente, este<br />

evento é uma referência incontornável no p<strong>ano</strong>rama<br />

nacional de festivais e encontros desta área<br />

da música, apresentando um elevado padrão de<br />

qualidade e um modelo totalmente inovador que<br />

já cativou um público próprio e procura agora não<br />

só mantê-lo como atrair apreciadores de outras<br />

áreas musicais.<br />

o Seixal Jazz conta este <strong>ano</strong> com a sua <strong>10</strong>.ª edição,<br />

que decorre entre 21 de outubro e 7 de novembro,<br />

no Fórum Cultural do Seixal e nos antigos Re-<br />

feitórios da Mundet, como vem sendo habitual.<br />

Para além desta iniciativa, destaca-se também o<br />

Festival de Teatro, que traz <strong>anual</strong>mente ao concelho<br />

várias peças e actores bem conhecidos do<br />

público.<br />

o Março Jovem, uma iniciativa dedicada particularmente<br />

à juventude conta com muitos adeptos<br />

nas inúmeras actividades que proporciona, como<br />

concertos, workshops, ateliês, exposições, entre<br />

tantas outras.<br />

Destaque ainda para o Seixal Graffiti, que tem<br />

como objectivo a divulgação e promoção do<br />

graffiti, elevando-o a um estatuto de arte urbana.<br />

Todos os <strong>ano</strong>s, diversos writters mostram a sua<br />

arte nas paredes da antiga Fábrica Corticeira<br />

Mundet, transformando as paredes brancas em<br />

arte.<br />

a Medalha tem também o seu espaço no<br />

Seixal, com a realização de Congressos Mundiais<br />

de Medalhística como a Bienal Internacional<br />

de Medalha Contemporânea, que integra uma<br />

Exposição Internacional de Medalha Contemporânea,<br />

uma Feira da Medalha e diversos workshops<br />

sobre a temática.<br />

É de referir ainda a programação cultural regular<br />

no auditório Municipal.


TeRRiTÓRiO dinâMicO e ATRAcTiVO<br />

Pl<strong>ano</strong>s estratégicos para o concelho<br />

o Município do Seixal é um território dinâmico e<br />

atractivo, com crescente diversificação de actividades<br />

e modernização do seu tecido económico.<br />

Tendo em conta esta realidade, a proposta de<br />

revisão do Pl<strong>ano</strong> Director Municipal enquadra<br />

um conjunto de pl<strong>ano</strong>s estratégicos que irão promover<br />

novos investimentos públicos e privados,<br />

a criação de emprego e qualidade de vida da<br />

população<br />

43


da Marinha-Fogueteiro<br />

Contempla a reestruturação da rede viária entre o<br />

nó do Fogueteiro e a Baía do Seixal; a valorização<br />

ambiental do corredor ecológico do rio Judeu; a<br />

criação de um parque urb<strong>ano</strong> e de novos equipamentos<br />

colectivos e a recuperação do património<br />

industrial da Companhia de lanifícios de arrentela.<br />

Pl<strong>ano</strong> de urbanização da Zona Ribeirinha<br />

de Amora<br />

Integra a construção e ligação do passeio<br />

ribeirinho entre o Correr d’ Água e o<br />

Talaminho; a preservação do património<br />

construído e valorização do núcleo urb<strong>ano</strong><br />

antigo; a qualificação dos estaleiros<br />

navais, dinamização da náutica de<br />

recreio e criação de um complexo desportivo e de<br />

lazer.<br />

Pl<strong>ano</strong> de urbanização arrentela-Seixal<br />

e Pl<strong>ano</strong> de Pormenor Baía Sul<br />

Prevê a qualificação das frentes ribeirinhas e<br />

revitalização dos núcleos urb<strong>ano</strong>s antigos; a<br />

preservação e valorização do património natural<br />

e construído; criação de novos equipamentos<br />

colectivos e de lazer; qualificação do estaleiro naval,<br />

promoção da náutica de recreio e do desenvolvimento<br />

turístico.<br />

Pl<strong>ano</strong> de Pormenor da Área da ex-Siderurgia nacional,<br />

Paio Pires<br />

Vai permitir o desenvolvimento económico e a<br />

criação de emprego, com a localização de novas<br />

indústrias, logística, náutica de recreio e escola<br />

de novas tecnologias; a recuperação e qualificação<br />

ambiental; a criação de um parque urb<strong>ano</strong><br />

e de equipamentos públicos; a valorização do<br />

património do alto-Forno e a construção de novas<br />

acessibilidades com a travessia Seixal-Barreiro<br />

e a ligação à CRIPS.<br />

44 Pl<strong>ano</strong> de Pormenor de arrentela-Torre<br />

Estudo de Reordenamento e Qualificação urbana<br />

de Corroios<br />

Inclui a qualificação das acessibilidades e mobilidade;<br />

criação de uma ciclovia; criação e requalificação<br />

de equipamentos colectivos e valorização<br />

da estrutura ecológica urbana, sapal de Corroios<br />

e espaço ribeirinho.<br />

Pl<strong>ano</strong> de urbanização de Fernão Ferro nascente<br />

e reconversão urbanística<br />

Visam a qualificação urbana do território e de<br />

infra-estruturas; a consolidação da rede viária e<br />

ligação às acessibilidades municipais e regionais<br />

e a criação de novos equipamentos colectivos,<br />

espaços verdes e áreas de lazer.


ÀReA dA SideRURGiA nAciOnAL<br />

Pólo de desenvolvimento<br />

económico e Social da Península de Setúbal<br />

a área da antiga Siderurgia nacional, com cerca<br />

de 500 hectares, pela sua localização, dimensão<br />

e capacidade de dinamização económica, representa<br />

um espaço estratégico na organização da<br />

estrutura do território municipal, constituindo<br />

uma área de oportunidades na atractividade de<br />

novos investimentos e criação de emprego.<br />

O Pl<strong>ano</strong> de Pormenor da Área da Siderurgia Nacional<br />

consagra a sustentabilidade ambiental,<br />

económica e urbanística, o desenvolvimento<br />

de infra-estruturas viárias, a instalação de equipamentos<br />

educativos, sociais e desportivos e a<br />

valorização do património do alto-Forno.<br />

Projecto do Arco Ribeirinho Sul.<br />

a zona da Siderurgia nacional é uma das três<br />

áreas industriais da margem sul integradas no<br />

Projecto do Arco Ribeirinho Sul.<br />

Este projecto contempla ainda 55 hectares na<br />

Margueira, concelho de almada, e 290 hectares<br />

nos terrenos da Quimiparque, no concelho do<br />

Barreiro. o objectivo é requalificar estas 3 áreas<br />

da margem sul do Tejo, com potencialidades<br />

de reconversão, capazes de protagonizar uma<br />

estratégia de desenvolvimento urbanístico sustentável<br />

e de contribuir para a valorização e competitividade<br />

da Área Metropolitana de lisboa.<br />

45


46<br />

PROjecTOS<br />

Frente Ribeirinha Seixal - Arrentela<br />

o Programa de acção Integrada de Regeneração<br />

e Valorização da Frente Ribeirinha Seixal-arrentela<br />

foi alvo de uma candidatura ao QREn, já aprovada,<br />

e engloba a concretização de 20 projectos<br />

até ao 3.º trimestre de 2011.<br />

Irá criar novas dinâmicas económicas e sociais,<br />

permitir a regeneração urbana dos núcleos antigos,<br />

dinamizar o turismo e criar emprego. Representa<br />

um investimento total de 9 657 620 euros,<br />

sendo 6 361 820 euros do orçamento municipal e<br />

3 500 000 euros provenientes do FEDER.<br />

Esta acção integrada engloba a reformulação<br />

do passeio ribeirinho, com o seu alargamento e<br />

melhoramento, a qualificação do espaço público<br />

e do núcleo urb<strong>ano</strong> antigo, o aumento de zonas<br />

verdes, criação de áreas de lazer e recreio, o aumento<br />

de lugares de estacionamento automóvel,<br />

a qualificação e dinamização dos serviços e do<br />

comércio local e a instalação de um pontão.<br />

na Quinta da Fidalga, vão ser desenvolvidos três<br />

importantes projectos: o Museu-oficina de artes<br />

Manuel Cargaleiro; o Centro Internacional de<br />

Medalha Contemporânea e a qualificação dos<br />

jardins e do lago de Maré.<br />

Em termos de equipamentos, é de referir a requalificação<br />

do Centro de Dia da associação<br />

unitária de Reformados, Pensionistas e Idosos<br />

do Seixal e a adaptação de um edifício para nova<br />

sede da associação Portuguesa de Deficientes –<br />

delegação do Seixal.<br />

Está também prevista a criação da CInaRTE –<br />

Centro De Inclusão pela arte, de um Centro Integrado<br />

de actividades Culturais nos antigos Refeitórios<br />

Mundet e do Espaço Cultura e Educação<br />

na actual Escola Básica Conde de Ferreira.<br />

O programa envolve ainda a criação do Parque<br />

urb<strong>ano</strong> D’ana, a recuperação de embarcações<br />

tradicionais e a formação do núcleo náutica de<br />

Recreio do Seixal e do núcleo Empresarial do<br />

Seixal.


AcÇÃO SOciAL<br />

Investimento no valor de <strong>10</strong> milhões<br />

de euros em equipamentos sociais<br />

até 2011, serão construídos <strong>10</strong> novos equipamentos<br />

sociais no Concelho, que permitirão<br />

uma resposta social no apoio à infância e terceira<br />

idade, num investimento total de cerca de <strong>10</strong><br />

milhões de euros.<br />

Estes equipamentos vão ser construídos no âmbito<br />

do programa Pares e Modelar da administração<br />

Central, mas não são financiados na totalidade<br />

pelo Governo.<br />

Como as instituições sociais não possuem capacidade<br />

financeira para suportar a construção<br />

dos equipamentos, será através do investimento<br />

municipal que as infra--estruturas se tornarão<br />

uma realidade. A Autarquia apoia com um investimento<br />

na ordem dos 4 milhões de euros, tendo<br />

cedido os terrenos para a construção dos equipamentos.<br />

De referir que este investimento irá atenuar algumas<br />

das carências que o Seixal e o próprio distrito<br />

de Setúbal sofrem na área social. o distrito vai<br />

ficar com um rácio de 30 por cento na rede de<br />

creches e lares quando o rácio do País é de 35 por<br />

cento.<br />

Quanto ao concelho do Seixal, actualmente com<br />

170 mil habitantes, terá uma oferta a nível de<br />

equipamentos sociais que contribuirá para uma<br />

melhor qualidade de vida dos munícipes.<br />

Equipamentos sociais a construir<br />

<strong>•</strong>Creche Social, lar e Centro de Dia de Idosos do<br />

Seixal;<br />

<strong>•</strong>Creche Sonho azul da Cooperativa Pelo Sonho é<br />

que Vamos, aldeia de Paio Pires;<br />

<strong>•</strong>Creche Social de amora;<br />

<strong>•</strong>Creche Social de Sta Marta Pinhal, Corroios;<br />

<strong>•</strong>Creche Social de Corroios;<br />

<strong>•</strong>Creche Social de Fernão Ferro;<br />

<strong>•</strong>unidade Cuidados Continuados de amora;<br />

<strong>•</strong>unidade de Cuidados Continuados de<br />

arrentela *;<br />

<strong>•</strong>lar de Idosos de Corroios *;<br />

<strong>•</strong>lar da Cercisa.<br />

* As candidaturas aos programas de financiamento<br />

encontram--se em fase de definição, estando o espaço<br />

para edificação dos equipamentos garantido pela<br />

Câmara Municipal do Seixal.<br />

Lar da Cercisa<br />

Unidade de Cuidados Continuados de Amora<br />

47


48<br />

edUcAÇÃO<br />

Alargamento e qualificação do Parque Escolar<br />

até 2012 a Câmara Municipal do Seixal vai investir<br />

34 milhões de euros no alargamento e<br />

qualificação do Parque Escolar do concelho. o investimento<br />

inclui novas escolas e a ampliação de<br />

equipamentos, bem como a construção de ginásios,<br />

refeitórios e pavilhões desportivos.<br />

na rede do 1.º ciclo e jardins-de-infância, a Câ-<br />

mara Municipal vai realizar um investimento de<br />

cerca de 26 milhões de euros, criando mais 128<br />

salas de aulas, sendo que 76 são do 1.º ciclo e 52<br />

de jardim-de--infância.<br />

a autarquia tem vindo a apresentar várias candidaturas<br />

a programas de apoio do Governo (PID-<br />

DaC) e da união Europeia (QREn), sendo que até,<br />

ao momento, nove equipamentos foram já apro-<br />

vados, o que representa um apoio na ordem dos<br />

4 milhões de euros.<br />

o investimento irá qualificar o parque escolar,<br />

alargando de forma significativa a rede pública de<br />

jardins-de-infância.<br />

Este programa significa um aumento qualitativo<br />

na rede pública, que passará a responder às necessidades<br />

do crescimento do concelho, dando<br />

condições a todas as famílias para que as crianças<br />

possam frequentar o ensino pré-escolar e do 1.º<br />

ciclo da rede pública.<br />

as obras já estão no terreno e vão passar pelas 6<br />

freguesias do concelho. Incluem a construção de<br />

<strong>10</strong> equipamentos e a ampliação ou remodelação<br />

de 4 edifícios escolares.


deSPORTO<br />

Aumentar a prática da actividade física<br />

com Desporto para Todos<br />

no Concelho do Seixal, o desporto é entendido<br />

como um fenómeno social, cultural, formativo e<br />

económico de valor incontornável que visa que os<br />

benefícios que resultam da sua prática, quando<br />

correctamente concebida e orientada, cheguem<br />

a um número progressivamente mais alargado<br />

de pessoas que vivem e trabalham no Município.<br />

assim, a Câmara Municipal do Seixal lançou, há<br />

cerca de uma década, o Pl<strong>ano</strong> de Desenvolvimento<br />

Desportivo Municipal.<br />

Este Pl<strong>ano</strong> integra diversos projectos, realizados<br />

em articulação com as escolas do Concelho, Juntas<br />

de Freguesia e movimento associativo, bem<br />

como um investimento no alargamento da rede<br />

de equipamentos desportivos municipais e na<br />

variedade de modalidades colocadas à disposição<br />

dos munícipes.<br />

Em termos de projectos, destacam-se a Milha<br />

urbana Baía do Seixal, o Corta-Mato Cidade de<br />

amora – Cross Internacional, Jogos do Seixal ou<br />

a Seixalíada.<br />

Especialmente dirigidos aos alunos das escolas<br />

do 1.º ciclo, estão a ser desenvolvidos o Projecto<br />

de apoio à Educação Física e o Pl<strong>ano</strong> de Desen-<br />

volvimento do Xadrez.<br />

o Programa Continuar integra actividades físicas<br />

destinadas aos idosos do Concelho e o Projecto<br />

de Desporto para a População com Deficiência<br />

contribui para a melhoria da qualidade de vida e<br />

inclusão desta população.<br />

49


ARbeiROS e bARbeARiAS<br />

as barbearias e dos barbeiros no<br />

concelho de Santiago do Cacém,<br />

deu o mote ao primeiro número dos<br />

Cadernos do Património, editado<br />

em 2008, pelo Museu Municipal de Santiago do<br />

Cacém, intitulado «a Barbearia: a arte de barbear<br />

e pentear». Esta publicação resultou de uma<br />

pesquisa antropológica no terreno realizada por<br />

mim em 2004, tendo contado também com a colaboração<br />

de nuno Vilhena, na realização de algumas<br />

entrevistas a antigos barbeiros da região.<br />

Espaço dedicado à arte de barbear e pentear, ao<br />

encontro e convívio masculino, a barbearia representou<br />

até aos <strong>ano</strong>s 70, um ponto de referência<br />

importante, no concelho de Santiago do Cacém.<br />

Estes estabelecimentos encontram-se porém,<br />

à beira do fim, ameaçados pela idade avançada<br />

da maioria dos seus praticantes e à falta de transmissão<br />

do seu saber às gerações mais jovens.<br />

Este trabalho de natureza etnográfica caracteriza<br />

assim a figura do barbeiro, não só na região de<br />

Santiago do Cacém, mas do seu papel ao longo<br />

da história, resgata memórias e histórias de<br />

vida de inúmeros profissionais, salientando-se<br />

aspectos ligados à aprendizagem do ofício e ao<br />

exercício do mesmo, assim como descreve ambientes,<br />

espaços e sociabilidades.<br />

Como pude comprovar nesta região do Alentejo,<br />

estes espaços têm vindo a perder a sua caracterização,<br />

sendo hoje marcados pelos novos ritmos<br />

da modernidade, contrariamente à assiduidade<br />

semanal do passado, pois quer o rico, quer o<br />

pobre tinha de cortar “barba e cabelo” no barbeiro.<br />

Com a invenção das máquinas de barbear<br />

descartáveis, e com o corte da barba em casa, as<br />

50 O tema que vos apresento, sobre<br />

barbearias começaram a ver decair a<br />

sua clientela.<br />

Porém, as barbearias ainda<br />

existentes, sobretudo as localizadas<br />

nas freguesias mais rurais, como<br />

abela, ou alvalade do Sado, são autênticos museus<br />

vivos. a cadeira de barbeiro rotativa, da<br />

antiga fábrica antónio Pessoa é uma presença<br />

quase obrigatória em todas estas barbearias. Os<br />

espelhos enchem esses espaços, muitas vezes<br />

exíguos e acatitados. as paredes encontram-se<br />

forradas com calendários, galhardetes clubísticos<br />

ou fotografias antigas. nas bancadas expõem-se<br />

uma multiplicidade de objectos, alguns dos quais<br />

já sem uso, como navalhas, assentadores, limpanavalhas,<br />

máquinas manuais de cortar o cabelo,<br />

perfumes, loções, entre outros produtos, que<br />

servem apenas para decoração.<br />

Do ponto de vista social, estes lugares<br />

desempenharam desde sempre um papel crucial<br />

na sociabilidade masculina. Num passado recente,<br />

esse convívio era favorecido também pelo


© Ana Machado - Barbearia Ramos, Alvalade, Concelho de Santiago do Cacém<br />

horário alargado que estes estabelecimentos<br />

possuíam, sobretudo ao sábado quando se juntavam<br />

mais homens, funcionando, muitas vezes<br />

até à meia-noite, uma hora da manhã. alguns<br />

chegavam a ir para este estabelecimento apenas<br />

para passar o tempo, depois dos cafés fecharem.<br />

A barbearia era de tal modo conotada com um<br />

local onde se sabiam as notícias, que os clientes<br />

quando chegavam à barbearia costumavam perguntar<br />

ao barbeiro se haviam novidades.<br />

actualmente, nas poucas barbearias existentes,<br />

do concelho de Santiago do Cacém, ainda se<br />

vive um certo ambiente familiar e acolhedor,<br />

promovido pela figura do barbeiro, mas a sua<br />

função social tem vindo, gradualmente, a perder<br />

importância, tendo encerrado muitos destes espaços<br />

comerciais, consoante os seus proprietários<br />

ou empregados vão falecendo ou entrando na<br />

reforma.<br />

a par da sua actividade nos estabelecimentos<br />

comerciais, os barbeiros, até cerca dos <strong>ano</strong>s 40/<br />

50, do século XX, possuíam também alguma<br />

actividade ambulante, sobretudo em alturas de<br />

feiras, deslocando-se até elas para trabalhar. não<br />

precisavam de muito espaço, apenas o indispensável<br />

para desempenhar as suas funções, ocupando<br />

um lugar geralmente perto de uma taberna<br />

ou café, para se abastecerem de água. armavam<br />

uma barraquinha com uns p<strong>ano</strong>s, colocavam<br />

uma ou duas cadeiras e com a ferramenta que<br />

traziam dentro de uma mala ou de um caixote e<br />

começavam a trabalhar. Diz quem se lembra, que<br />

na feira da Abela costumava haver sempre um ou<br />

outro barbeiro a cortar barbas e cabelo.<br />

outra das vertentes curiosas do ofício de barbeiro<br />

foi em tempos recuados a de sangrador e<br />

dentista. Existem relatos dos finais do século XIX,<br />

inícios do século XX, que nos indicam este tipo de<br />

práticas entre os barbeiros, já não nos hospitais<br />

e com a projecção que noutro tempo tiveram,<br />

mas como técnica de recurso, em pequenas<br />

localidades, onde nem sempre o acesso a um<br />

médico era possível. nessas situações, o barbeiro<br />

continuou a desempenhar esse papel, sendo<br />

51


52<br />

© Ana Machado - Aspecto da Barbearia de<br />

António Cardita, em S. Domingos<br />

também uma espécie de curandeiro.<br />

no início do século XX, era vulgar encontrar<br />

os barbeiros Tira Dentes também em feiras.<br />

outros barbeiros, exibiam à porta dos seus estabelecimentos,<br />

tabuletas onde informavam que<br />

arrancavam dentes, fazendo-o dentro das lojas,<br />

ou tendas, onde trabalhavam. Nos primeiros<br />

<strong>ano</strong>s do século passado, essa função tornou-se<br />

exclusiva dos dentistas, que se especializaram<br />

nesse domínio, embora ainda haja recordação<br />

entre os barbeiros mais antigos do concelho de<br />

Santiago do Cacém, de colegas de profissão, que<br />

arrancaram dentes, sem as mínimas condições<br />

de higiéne e de segurança.<br />

Todo este imaginário popular em relação aos<br />

dotes terapêuticos do barbeiro, encontra-se<br />

actualmente esquecido, sobrevivendo apenas o<br />

ditado “a quem dói um dente, vai ao barbeiro”,<br />

citado por muitos dos barbeiros do concelho de<br />

Santiago do Cacém.<br />

actualmente, o ofício de barbeiro, tal como o<br />

conhecemos no passado, está em mudança,<br />

começando a existir em Santiago do Cacém<br />

algumas barbearias com estilo moderno,<br />

que só fazem praticamente cortes de cabelo,<br />

assemelhando-se a salões de cabeleireiro masculino.<br />

O património imaterial do saber do barbeiro, tal<br />

como as navalhas e os instrumentos de trabalho,<br />

vão-se convertendo gradualmente em objectos<br />

museológicos. Em pouco tempo, restará apenas<br />

a memória e as histórias que os mais velhos<br />

contarão sobre a convivência nas barbearias,<br />

as peripécias lá passadas, as “navalhadas” dos<br />

aprendizes, os dentes que se arrancavam de<br />

forma dolorosa. Mais um capítulo da história dos<br />

ofícios se escreve.


SAÚde<br />

Caril pode prevenir alzheimer<br />

Comer caril, uma ou duas vezes por semana, pode<br />

ajudar na prevenção de alzheimer ou demência,<br />

revela um investigador americ<strong>ano</strong>.<br />

Se você não é fã de comida asiática, a pesquisa<br />

agora revelada no Reino unido pode fazê-lo<br />

mudar de ideias: segundo o professor Murali Doraiswamy,<br />

da universidade de Duke na Carolina<br />

do norte, Eua, a curcumina - componente de<br />

uma raiz usada para fazer caril - consegue evitar<br />

que se espalhem as placas amilóides, depósitos<br />

de proteínas que degradam as ligações entre as<br />

células cerebrais.<br />

Este efeito poderia prevenir doenças como<br />

alzheimer ou demência, um benefício para os<br />

amantes de caril que incluam na sua alimentação<br />

esta mistura de especiarias entre duas a três vezes<br />

por semana. Segundo o site da BBC, os investigadores<br />

obtiveram resultados positivos nos testes<br />

que efectuaram com ratos, estando agora a estudar<br />

uma forma de aplicar a mesma terapêutica<br />

em pacientes de alzheimer, que poderão tirar<br />

proveito da curcumina.<br />

ainda assim, Doraiswamy sublinha que só uma<br />

dieta equilibrada, aliada ao exercício físico e à<br />

ingestão de caril conseguirá os efeitos de prevenção<br />

desejados. Está também a ser estudada<br />

a hipótese de desenvolver um comprimido com<br />

esta substância, a curcumina, para que não seja<br />

necessária a ingestão de caril em grandes quantidades.<br />

53


ORbA eM nOTíciAS... nA AMÉRicA<br />

bida em muitas fontes. Encontramo-las<br />

em arquivos de vária ordem,<br />

nacionais ou estrangeiros, municipais,<br />

paroquiais, na posse de particulares,<br />

até na tradição oral. um deles é a imprensa. E<br />

essa imprensa, mais uma vez, pode ser de âmbito<br />

diverso e por vezes imprevista. nesta curta prosa,<br />

mostramos algumas notícias saídas nos primeiros<br />

<strong>ano</strong>s 20 do século passado, no jornal alvorada<br />

Diária (depois Diário de notícias), de new Bedford,<br />

Massachussets, Estados unidos da américa,<br />

recentemente digitalizado com a comparticipação<br />

do Governo Regional dos açores e dos doadores<br />

luís Pedroso (accutronics) e Mark e Elisa Saab<br />

(advandec Polymers Incorporated). Encabeçado<br />

pelo título de “Único jornal diário de origem portuguesa<br />

publicado nos Estados unidos, com larga<br />

circulação” e concebido para a grande colónia de<br />

portugueses ali radicada (com imensos açori<strong>ano</strong>s<br />

e cabo-verdi<strong>ano</strong>s), recebia notícias de Portugal<br />

que depois divulgava, sendo na maior parte dos<br />

casos, para além da correspondência familiar, a<br />

única ponte que os nossos compatriotas dessa<br />

época estabeleciam com a pátria de origem.<br />

Caso de Borba… Tanto podemos ver retratado<br />

no Alvorada um assalto como um ataque de cães<br />

raivosos, passando por questões de melhoramentos<br />

locais (instalação da luz eléctrica), crimes de<br />

morte, situação das vindimas e do tempo atmosférico<br />

e até inventário de actividades profissionais<br />

e outras do burgo.<br />

aqui seguem então as notícias, transcritas na<br />

grafia original, com os muitos erros ortográficos<br />

e gralhas que nela surgem (que num caso ou<br />

54 A história dos locais, pode ser be-<br />

outro corrigimos ao lado, para<br />

melhor compreensão do texto):<br />

8.Junho.1920<br />

Foi assaltado e roubado, quando entrava<br />

para sua casa, ficadno gravemente ferido, o<br />

comerciante dsta vila, sr. João lopes Pereira. a autoridade<br />

administrativa tomou conta do caso.<br />

7.abril.1921<br />

a RaIVa<br />

Por um cão atacado de raiva, foram mordidos:<br />

alexandre de Jesus, Maria do Rosario, antonia<br />

Rosa Branco, Catarina d Rsari [do Rosário] e ana<br />

de Jesus Branco.<br />

11.abril.1921<br />

Brevemente o sr. Squiapa [Schiappa?] Monteiro<br />

fará uma conferencia sobre a apresentação dos<br />

trabalhos referentes á instalação da luz electrica<br />

nesta localidade.<br />

12.Maio.1921<br />

aGRESSÃo MoRTal<br />

um homem temido, assassinado á cacetada<br />

no logar de S. Gregório foi morto á cacetada<br />

José Siga. Era um homem temido por todos os<br />

haitantes do concelho, por isso era objeto de repulsa<br />

geral. Ignora-se quem sea [seja] o autor ou<br />

autores do assassínio.<br />

4.outubro.19<strong>22</strong><br />

ESTRanGulaDa PElo MaRIDo<br />

Na visinha freguesia de Orada, um individuo chamado<br />

Francisco Maria Baton, apoz uma breve al


tercação com sua mulher, Maria Joana Rebola, de<br />

54 <strong>ano</strong>s, estrangulou-a.<br />

Quando no dia seguinte uma patrulha da G.n.R.<br />

o foi prender, atirou-se aos soldados, atacando-os<br />

á dentada. Conduzido a Borba, confessou o crime<br />

ao administrador do concelho, declarando estar<br />

arrependido do ato praticado.<br />

o assassino, que tem 60 <strong>ano</strong>s, deu entrada na cadeia<br />

de Vila Viçosa.<br />

27.outubro.19<strong>22</strong><br />

Está no auge a faina das vindimas. a uva vende-se<br />

a 4$50 e 5$00 os 15 kilos e o vinho, que tem tido<br />

rande [grande] procura, a 15$00 os 20 litros.<br />

18.abril.1924<br />

O tempo tem corrido chuvoso e bastante frio, o<br />

que tem beneficiado a agricultura, apresentando<br />

as cearas um bonito aspecto.<br />

31.agosto.1926<br />

(…) Em Borba ha um advogado, dois medicos,<br />

uma parteira, um notario, tres professores officiaes,<br />

um solicitador e um veterenario.<br />

Possue uma Comissão de Assistencia publica,<br />

uma asociação de Socorros Mutuos (Monte Pio<br />

operario Borbense), uma Misericordia de que é<br />

provedor o sr. Joaquim José Nunes, duas sociedades<br />

de recreio (Recreativa e Philarmonica probidade).<br />

Tem um teatro, Municipal.<br />

Em Borba ha 4 hospedarias e tres estalagens.<br />

Tem duas grandes companhias: oleicola limitada,<br />

Marmores e Ceramica, dirigidas respectivamente<br />

por D. Sebastião de Heredia e alfredo lisboa de<br />

lima.<br />

Freguezias:<br />

orada (nossa Senhora) a 9 kilometros da villa.<br />

Escola.<br />

Santa Barbara, a 5 kilometros da villa.<br />

S. Thiago de Rio de Moinhos, a 7 kilometros da<br />

villa. Tem estação postal e escolas.<br />

Eis aqui, pois, algumas <strong>ano</strong>tações relacionadas<br />

com a história da mais nova cidade do Alentejo,<br />

curiosos e demonstrativos exemplos noticiosos<br />

de um tempo afinal não tão longínquo como<br />

isso e que muitos ainda guardam na memória<br />

– mesmo que em segunda ou terceira geração<br />

de conversas familiares. Em pitoresca prosa,<br />

vinda do outro lado do atlântico, embora na<br />

generalidade ali recebida pelos portugueses ou<br />

luso-descendentes um tanto requentada, devido<br />

às contingências comunicacionais da época…<br />

55


56<br />

POeSiA<br />

Criaturas do Sobral<br />

O Alentejo vibrou de novo<br />

Eu vi, no olhar do nosso povo<br />

Espanto, orgulho e emoção<br />

Preso a um pequeno ecrã<br />

Nesse dia de manhã<br />

Com gente da televisão<br />

lá no café da aldeia<br />

onde a notícia escasseia<br />

Foi uma surpresa e tanto<br />

uma pequena caixinha<br />

Em cima duma mesinha<br />

Prendia o povo de espanto<br />

Era um filme virtual<br />

Feito aqui em Portugal<br />

Que p’rá foi ensejo<br />

Mostrando o que há por aqui<br />

uma passarada sem fim<br />

Nos céus do nosso Alentejo<br />

Gato bravo atiradiço<br />

De olhar fixo qual feitiço<br />

Correndo veloz sem medo<br />

Mostrando a raça, na caça<br />

Duma elegância com graça<br />

Expondo p’ra nós seu segredo<br />

Nem se queria acreditar<br />

Tanta bicharada a saltar<br />

Por essa planície inteira<br />

o pastor dizia então<br />

Este, conheço não<br />

Mas esta, esta é a águia caçadeira<br />

o sobro árvore imponente<br />

Nasce ali à nossa frente<br />

Nos campos da solidão<br />

Tem nove <strong>ano</strong>s de pousio<br />

E volta de novo a ter brio<br />

na cortiça, cascarão<br />

Rosa Guerreiro Dias


Diz o homem resisto<br />

Mas a gostar de ver isto<br />

Por esta, esperava agora<br />

Ver aqui a nossa terra<br />

Que tanta beleza encerra<br />

Parecem coisas de fora<br />

Pelo cante dizer<br />

Seu nome, sem estar a ver<br />

Passarada que aqui se acoita<br />

Conheço cada passada<br />

Cada pedacinho de estrada<br />

Cada árvore cada moita<br />

Depois de tanto passarem<br />

E por esses campos penarem<br />

Chora o pastor de saudade<br />

lembrando as histórias contadas<br />

As reais e as inventadas<br />

Todas contêm verdade<br />

Cai a lágrima, molha o rosto<br />

Vem sereno o Sol - posto<br />

Aquietar o coração<br />

A estes homens de aldeia<br />

Que vão em busca da ceia<br />

Depois de tanta emoção<br />

Como é que numa pequena caixa<br />

Tanta coisa ali se encaixa<br />

É demais p’ró pensar<br />

Mudou tudo tanto, tanto<br />

Fica a gente meio tonto<br />

Se nos vêem a explicar<br />

Estas modernices de agora<br />

Feitas aqui e lá fora<br />

Até que são engraçadas<br />

Escarafuncham por todo o lado<br />

Mostram o presente e o passado<br />

Com máquinas sofisticadas<br />

Se pai erguesse a cabeça<br />

E visse tanta diferença<br />

Nesta nova geração<br />

Morria <br />

Nem sequer dava tempo à gente<br />

De lhe explicar a evolução<br />

Agradeço estes momentos<br />

Ao lembrar outros encantos<br />

Das sofridas mocidades<br />

Tinham muito mais pureza<br />

Mais apego à natureza<br />

E deixaram tantas saudades<br />

Ficamos de novo à espera<br />

Seja Verão, ou Primavera<br />

Há por aqui muitas belezas<br />

Raras pedras, flores raras<br />

Há papoilas e searas<br />

Nestas terras Portuguesas<br />

Voltem sempre meus amigos<br />

Mostrem aos novos e aos antigos<br />

Memórias da nossa gente<br />

Do povo a que pertencemos<br />

Será bom, nunca esquecermos<br />

Passado sempre presente<br />

57


58<br />

POeSiA<br />

Espreitando a igualdade<br />

Homem, acorda do teu sonho<br />

Porque esta mulher é real<br />

Não levantes tanta poeira<br />

Deixa-me ver o meu caminho<br />

Porque te cansas a erguer-me muros?<br />

Para eu não conseguir subir?<br />

E porque me pões tantas pedras no caminho?<br />

Para eu tropeçar?<br />

Mas repara, eu posso sempre contorná-los<br />

Mesmo que leve mais tempo<br />

Mesmo que o vento me faça retroceder<br />

Eu rompo através dele, eu rasgo-o<br />

Ceifa - Pintura de Maria da Luz<br />

Maria da Luz<br />

Eu bracejo, eu furo-o<br />

Mas avanço<br />

O que importa é chegar<br />

Cuidado, eu não te quero ferir, nem derrubar<br />

Eu preferia-te ao meu lado<br />

Vem!<br />

Não sejas tolo, não me empurres mais<br />

Repara que o teu travar<br />

Faz-me mais forte<br />

Cria-me mais músculo, mais calo<br />

até já enfrento melhor a dor<br />

Dizes que tenho rugas, é verdade


Rugas. Mas não,<br />

não as escondo mais de ti<br />

São marcas da minha vitória<br />

orgulho-me delas<br />

Por isso não me olhes com desdém<br />

Estão no meu rosto para não me esquecer<br />

Vá lá, acompanha-me<br />

Dá-me a mão<br />

Porque eu sei o caminho para chegar<br />

E chegarei, ou contigo, ou sem ti<br />

Eu chegarei<br />

É verdade que posso já chegar<br />

Sem a beleza em que me vias no teu sonho<br />

Mas uma coisa te digo:<br />

Chegarei ainda como mulher.<br />

A história da tartaruga e da lebre<br />

nada te ensinou?<br />

Castelo de Beja - Pintura de Maria da Luz<br />

59


60<br />

cULTURA<br />

Camilo Mortágua<br />

“Andanças para a liberdade” - volume I<br />

Partindo de uma aldeia portuguesa da Beira<br />

litoral, estas “andanças” atravessarão mares<br />

e continentes, em viagens de ida e volta. nos<br />

dois volumes desta obra dá-se conta, nomeadamente:<br />

do derrube da ditadura venezuelana e<br />

das solidariedades com a revolução cubana; da<br />

concepção, preparação e execução do assalto<br />

ao Santa Maria; da ascensão e queda de Jânio<br />

Quadros e da implantação da ditadura militar no<br />

Brasil; do assalto ao quartel de Beja e da campanha<br />

de Humberto Delgado para a Presidência<br />

da República; de certos «mistérios» relacionados<br />

com os primórdios da guerra colonial; da preparação<br />

e execução da operação VaGÓ (desvio<br />

do avião da TaP a partir de Marrocos); das misérias<br />

e dos desânimos de quem não se conformava,<br />

e das traições entre militantes; da oposição do<br />

PCP à luta armada; da preparação e execução do<br />

José Rabaça Gaspar<br />

assalto ao Banco da Figueira da Foz e do subsequente<br />

aparecimento da luaR; dos percursos de<br />

muitos dos nossos “líderes” de hoje nesses tempos<br />

de Medo e Resistência…<br />

Estas «andanças» de Camilo Mortágua, para<br />

além de nos oferecerem uma visão global dos<br />

tempos da Ditadura Salazarista, remetem-nos<br />

para três valências (3Ms) que no contexto da obra<br />

assumem especial relevância: 1) a Metáfora das<br />

raízes: não há cultura válida sem ligação às origens;<br />

2) a Mestria da arte de contar: pelo expres-


Notas na contra capa<br />

Através da memória do autor ficamos a conhecer andanças de desespero e esperança, e algumas das estórias dos<br />

combates contra a ditadura, num inesperado contributo para a história da luta dos portugueses pela liberdade e<br />

pela democracia.<br />

sivo visualismo que se traduz numa escrita feita<br />

de oralidade; 3) o Mito das utopias: daquelas que<br />

afinal se tornam possíveis e realizáveis…<br />

Nota extra – Camilo Mortágua, estabeleceu a sua<br />

residência em alvito, alentejo, desde os <strong>ano</strong>s<br />

oitenta. É no Alentejo que, depois de uma vida<br />

de aventuras que nos vai contar no anunciado<br />

segundo e provavelmente terceiro volume, desde<br />

o assalto ao Santa Maria, onde termina este primeiro,<br />

passando pelo desvio do avião da TAP, o<br />

assalto ao banco da Figueira da Foz e o trabalho<br />

desenvolvido para o derrube da ditadura, integrado<br />

na luaR…, nos há-de dar conta do seu imenso<br />

trabalho em dezenas de cooperativas e trabalho<br />

cultural, que assenta especialmente no empenho<br />

dos cidadãos no Desenvolvimento local da sua<br />

terra… da sua região… do seu país… do mundo…<br />

não será por acaso que, vivendo no alentejo<br />

profundo, é, pela sua experiência e dinamismo o<br />

Presidente da associação das universidades Rurais<br />

Europeias (aPuRE). (Pode ver mais em http://<br />

www.ure-apure.org/Base-PT/Base-PT.htm e tam-<br />

bém http://camilomortagua.no.sapo.pt/ e ainda em<br />

www.joraga.net/camilo)<br />

61


62<br />

ARTe<br />

João António Da Costa Paiva<br />

nascido a 23 de Janeiro de 1940 no lugar da Fonte-<br />

Santa – Caparica, cresceu no seio de uma família<br />

de fracos recursos encontrando em seu pai, sapateiro<br />

de profissão, a figura de um homem inteligente<br />

e de grande experiência de vida.<br />

Costuma dizer a propósito: “… sou filho de sapateiro,<br />

mas toda a vida andei descalço!..”<br />

Como aluno, cedo deixou a escola, ao ser expulso<br />

quando frequentava a 3ª classe, por ser notória a<br />

sua irreverência e contestação a tudo o que lhe<br />

parecia injusto. Acabou por terminar a instrução<br />

primária, embora tardiamente, na escola da<br />

azenha. no entanto, o contacto com o ensino e<br />

a influência que sofreu dos seus familiares, todos<br />

eles com grande vocação artística, permitiu-lhe<br />

a descoberta da sua própria vocação. o<br />

desenho, a sua grande especialidade, serviu também<br />

para encobrir trabalhos dos seus colegas que<br />

generosamente a troco de um tostão ele (João),<br />

executava mentindo aos professores para<br />

beneficiar aqueles que menos jeito tinham para<br />

concluir os respectivos desenhos. É obvio que<br />

isso lhe custou imensas vezes várias reguadas e<br />

grandes castigos.<br />

aos 14 <strong>ano</strong>s iniciou a aprendizagem de outra arte,<br />

que lhe permitiu sobreviver ao longo de 30 <strong>ano</strong>s.<br />

Durante todo esse tempo assumiu a profissão<br />

de cabeleireiro, criando novos penteados para<br />

as caras que então desenhava, alimentando a<br />

mágoa de não poder aprofundar o estudo das


Belas-artes.<br />

ao fim de 30 <strong>ano</strong>s e cansado de cabelos, entra<br />

para a Câmara Municipal de almada. Passa então<br />

a deixar a sua marca nos cartazes mais bonitos do<br />

concelho.<br />

a par da sua vida profissional, demonstrou também<br />

estar alerta para as transformações sociais<br />

do país, integrando a luta antifascista desde 1968<br />

sempre em prol do bem-estar comum.<br />

não existindo a categoria de pintor artístico nos<br />

quadros da C.M.a., sujeitou-se então a ganhar<br />

pouco mais que o ordenado mínimo nacional,<br />

desempenhando no entanto, as funções com<br />

brio, aplicação e entrega total ao que lhe era solicitado,<br />

mas como poeta que também é, lá vai<br />

resistindo a todas as agrugras, transmitindo para<br />

a pintura e para a poesia todo o seu sentimento.<br />

a alma alentejana orgulha-se de apresentar<br />

este artista e amigo, filho deste concelho, que<br />

connosco tem colaborado desinteressadamente<br />

e com mérito, cuja arte permanece encoberta<br />

para a maioria de todos nós.<br />

63


64<br />

PiTeÚ À SOMbRA dO cHAPARRO<br />

Sopa de Beldroegas<br />

na década de 70, motivos profissionais levaram<br />

a família Monteiro, da Figueira da Foz para Évora.<br />

uma nova cultura gastronómica iria ser experimentada.<br />

assim, não resistimos a contar uma<br />

pequena estória que se passou com estes amigos.<br />

Numa das primeiras idas às compras, na praça<br />

(mercado), uma vendedeira sugeriu-lhes a compra<br />

dum molho de beldroegas e recebe como<br />

resposta: “na minha terra nem os burros comem<br />

isso”. Passado algum tempo, em casa de amigos<br />

é-lhes servido uma sopa de que gostaram muito.<br />

Era uma sopa de beldroegas! Ainda hoje se fala<br />

neste episódio, pois foi o início da “entrada” destas<br />

pessoas nos sabores da comida alentejana,<br />

de que são, ainda hoje, militantes entusiastas.<br />

assim, trazemos hoje às páginas da nossa Revista<br />

uma das muitas receitas de Sopa de Beldroegas,<br />

retirada do livro os Comeres dos Ganhões, de<br />

Anibal Falcato Alves.<br />

Ingredientes:<br />

1 molho de beldroegas<br />

2 queijos alentej<strong>ano</strong>s de meia cura<br />

4 cabeças de alho<br />

½ dl de azeite<br />

Pão alentej<strong>ano</strong><br />

4 ovos<br />

Colorau e sal q.b.<br />

José Moutela<br />

Preparação:<br />

Partem-se as beldroegas em bocados, até onde<br />

os caules oferecem resistência. Tiram-se as cascas<br />

exteriores dos alhos, mantendo as cabeças<br />

inteiras. aquece-se o azeite e refogam-se as cabeças<br />

dos alhos, mexendo para não queimar.<br />

Quando estiverem refogadas, juntam-se os queijos<br />

partidos em quartos e as beldroegas. Deixa-se<br />

refogar ligeiramente e junta-se o colorau e água<br />

suficiente para o caldo. Quando estiverem cozidas,<br />

rectifica-se o sal e verte-se o caldo numa terrina,<br />

sobre o pão cortado ás fatias. os queijos e os<br />

alhos são servidos numa travessa à parte. Também<br />

há quem, para enriquecer este prato, adicione<br />

ovos escalfados.


Migas Doces<br />

Em Moreanes (Mértola) quando terminado o<br />

almoço ( uma fantástica sopa de grão) pedimos<br />

a sobremesa, o empregado disparou: querem<br />

umas migas doces? não hesitámos, já que no<br />

alentejo quando nos “aventam” um petisco, ou<br />

mesmo um doce, é sempre uma boa sugestão.<br />

Espantou-nos o facto de ter vindo para a mesa<br />

um só dose e duas colheres. Justificação: comam<br />

esse que deve chegar... Tudo tão linear e tão simples,<br />

como é a vida quando vivida com amor. O<br />

resto é conversa. Que no final também a houve,<br />

na companhia de excelente café e respectivo digestivo.<br />

agora vem a receita:<br />

Ingredientes:<br />

250gr de açúcar<br />

Miolo de 1/2 pão<br />

6 gemas<br />

1/2 copo de água<br />

dOce PecAdO<br />

canela<br />

José Moutela<br />

Preparação:<br />

leve ao lume o açúcar com a água.<br />

Quando estiver a ferver bem misture o miolo de<br />

pão e deixe ferver até engrossar e ficar uma papa<br />

espessa. Retire do lume e deixe arrefecer.<br />

Bata as gemas e misture no pão.<br />

leve de novo ao lume mexendo sempre até cozer<br />

as gemas.<br />

Deite numa travessa e polvilhe com canela.<br />

NOTA: Doce excelente para aproveitar restos de<br />

pão. Pode enriquecer esta sobremesa juntando<br />

noz ou amêndoa ralada.<br />

65


66<br />

O ALenTejO É MAiOR qUe O ALenTejO<br />

No rescaldo do<br />

14º Congresso Alentejo XXI<br />

Uma sugestão/desafio para o Alentejo<br />

Sou um sobrevivente do 1º Congresso sobre o<br />

alentejo, Évora, outubro de 1985.<br />

a proposta da criação de um IaC/D (Instituto<br />

alentej<strong>ano</strong> de Cultura / Desenvolvimento para<br />

investigar, recolher, catalogar, estudar, divulgar<br />

e promover os Valores Culturais do Alentejo,<br />

parece ter sido bem aceite e ficou registado tanto<br />

nas actas como na síntese final! a ideia foi posteriormente<br />

objecto de várias reuniões e apareceu<br />

em várias publicações. Vinte e três <strong>ano</strong>s depois,<br />

nada de concreto e visível, mas muita gente a trabalhar<br />

no património.<br />

Inscrevi-me para este 14º Congresso. Fui chamado<br />

para intervir,<br />

no sábado, dia em<br />

que tinha avisado não<br />

poder estar presente<br />

e, no Domingo, já não<br />

havia espaço para as<br />

inúmeras intervenções!<br />

aí ficam:<br />

Em 3 pontos, 3 ideias:<br />

José Rabaça Gaspar<br />

1º - o alEnTEJo é maior que o alEnTEJo.<br />

aliás, este simples nome alEnTEJo envolve uma<br />

série de equívocos e contradições. o noME<br />

alEnTEJo, basta uma simples análise linguística,<br />

nem sequer é propriedade de alEnTEJ<strong>ano</strong>S!<br />

Nenhum Alentej<strong>ano</strong>, mesmo analfabeto ou assim<br />

considerado, diria, na solidão do seu alEn-<br />

TEJo: Eu (nÓS) estou (estamos) aQuI, alÉM do<br />

Tejo!!!<br />

além disso e talvez como consequência deste<br />

nome imposto com laivos de colonização, os<br />

pretensos “colonizadores” delimitaram-lhe um<br />

território mais ou menos indefinido, tentando<br />

espartilhá-lo em sub-regiões: primeiro em duas,<br />

Baixo e alto alentejo, depois, como Baixo alentejo<br />

ou Sul (Beja), alentejo litoral (Sines), alentejo<br />

Central (Évora), Norte Alentej<strong>ano</strong> (Portalegre).<br />

Apesar de tudo, olhando o mapa de Portugal,<br />

a mancha do alentejo impõe um certo respeito.<br />

Cerca de<br />

um terço do<br />

território<br />

Nacional.<br />

Considerado<br />

durante séculos<br />

o celeiro do<br />

País, foi, contudo,<br />

considerada<br />

como região<br />

deprimida,<br />

sujeita ao<br />

abandono, à<br />

exploração e à<br />

desertificação.<br />

Pouco mais.


2º - o alEnTEJo MIGRanTE e EMIGRanTE<br />

Certamente, por causa ou como consequência<br />

disto mesmo, muitos alentej<strong>ano</strong>s, um dia (ver gráficos<br />

de migração para Grande lisboa e Margem<br />

Sul, <strong>ano</strong>s 1930 e 1960) (ver ainda EMIGRaÇÃo<br />

para o CanaDÁ e EuRoPa) viram-se obrigados a<br />

partir, por constatarem o que o nome alÉM TEJo<br />

lhes indica – o alentejo, como o próprio nome<br />

diz: não lhes pertencia. apesar deste impulso, as<br />

comunidades de forte migração de Alentej<strong>ano</strong>s,<br />

observáveis, (ver por ex a zona de Grande lisboa e<br />

Margem Sul) matêm os fortes sinais da sua identidade<br />

na preservação dos seus usos costumes,<br />

desde a alimentação, convívio, cultura, que manifestamente<br />

se torna mais visível (ou audível) no<br />

CanTE e no número de Grupos Corais actuantes<br />

nas zonas de migrantes (Ver gráfico com dados)<br />

que, quando actuam, permitem muitas vezes a<br />

manifestação de outros Valores Culturais, como<br />

os Poetas Populares, a Comida, além dos seus<br />

produtos de referência: o Pão, o azeite e as azeitonas<br />

(pisadas, retalhadas ou curadas), o Vinho<br />

e os saborosos enchidos!!!. Quando for possível<br />

fazer um recenceamento real da presença de<br />

alentej<strong>ano</strong>s em empresas, colectividades, associações<br />

e até autarquias nestas zonas, poderemos<br />

tomar consciência da re/conquista do seu espaço<br />

próprio. Conviria também alargar o estudo às<br />

simples manifestações e festas familiares em que<br />

um casamento, um baptizado, um funeral se tornam<br />

ocasião de encontros de grande número de<br />

Alentej<strong>ano</strong>s.<br />

Além das visitas regulares e permanentes à sua<br />

terra natal, estamos possivelmente na HORA,<br />

apesar da estabilidade e integração conseguida e<br />

adaptação às novas comunidades, de reconhecer<br />

que, a maioria dos alentej<strong>ano</strong>s Migrantes e Emigantes,<br />

uma vez refeitos e recuperados no essencial,<br />

estão em condições de voltarem os olhos para<br />

a sua terra natal de uma forma mais interventiva<br />

e tomarem consciência, que a distanciação lhes<br />

proporcionou, de que, afinal, a TERRa alEnTEJo<br />

é sua, são eles os donos do seu território, que<br />

continua a ser cobiçado por muitos, que é seu<br />

o Património natural e Construído e são eles,<br />

os alEnTEJ<strong>ano</strong>S (apesar do nome) os respon-<br />

sáveis pelo seu desenvolvimento sustentável<br />

e sustentado. afinal, como os alentej<strong>ano</strong>s que<br />

permaneceram no Alentejo e procuraram dar<br />

uma vida melhor aos seus filhos e descendentes,<br />

também estes abriram os horizontes e a maioria<br />

permitiu que os seus filhos tirassem um curso<br />

67


sua vida, pode ser útil à região donde eles ou seus<br />

pais e avós são oriundos. (Ver exemplo dos jovens<br />

“alentejo2015”-http://www.alentejo2015.com/)<br />

3º - Como utilizar tudo isto para transformar o<br />

Alentejo dos Alentej<strong>ano</strong>s, de região deprimida,<br />

desprezada e tantas vezes ignorada ou abandonada,<br />

em motor do seu Desenvolvimento<br />

do PaÍS? (Ver palavras do ilustrePresidente da<br />

CM Beja e do 14º Congresso em diversas intervenções<br />

– ver http://www.otic.uevora.pt/index.<br />

php/noticias_e_informacoes/eventos/universidade_empresa/141_congresso_alentejo_xxi).<br />

a InVEnTaRIaÇÃo - REColHa – CaTaloGaÇÃo<br />

– ESTuDo – DIVulGaÇÃo – PRoMoÇÃo dos<br />

ValoRES CulTuRaIS que tornam visíveis os sinais<br />

marcantes da sua IDEnTIDaDE.<br />

Para que isto aconteça de modo sustentado e<br />

sustentável e de um modo verdadeiro e autêntico,<br />

este regresso às origens, tem de ser (apesar<br />

e por causa da globalização) devidamente<br />

alicerçado nas suas raízes. “não esperemos que<br />

de fora nos venham trazer o que nos compete e<br />

somos capazes de fazer.” Presidente do CCDRa no<br />

13º congresso de Montemor. “São os alentej<strong>ano</strong>s<br />

os obreiros do rumo do futuro e do desenvolvimento”<br />

a. Biscainho, vice Pr da CM Portalegre no<br />

13º congresso.<br />

Desafio a todos os Centros de Saber (Ver intervenção<br />

do Reitor da universidade de Évora no<br />

13º Congresso, 2004, Montemor): universidade<br />

de Évora, Instituto Politécnico de Beja, Instituto<br />

Politécnico de Portalegre, com todas as Escolas<br />

de todos os níveis em ligação com os guardiães e<br />

criadores de Cultura Popular e Tradicional. Ter em<br />

conta ainda as universidades Séniores que estão<br />

68 superior que, além de servir para governarem a<br />

a aparecer por todo o lado e os Centros de Saber<br />

nas zonas com grande presença de alentej<strong>ano</strong>s<br />

Migrantes, como o Instituro Piaget em almada, a<br />

universidade aberta prevista para ter a sua sede<br />

no Seixal; e as universidades Séniores uSalMa<br />

(almada) e unISSEIXal (Seixal), Barreiro…<br />

Talvez apoiados no trabalho que tem vindo a ser<br />

desenvolvido pelo CPAE (Centro do Património<br />

da alta Estrmadura -leiria, recomendado como<br />

exemplo pelo Professor José Mattoso, ver Expresso,<br />

1996.04.13) Criar um IaC/D, animalEn-<br />

TEJo, e ou alEnTEJoemredeCulTuRa ou o que<br />

os representantes destes Centros do SABER em<br />

conjunto com as Instituições e associações do<br />

Património locais vierem a decidir.<br />

É preciso que este contributo reflita a evolução<br />

e as novas descobertas, que supõem a inventariação,<br />

recolha, estudo e valorização de todos<br />

os sinais válidos da sua Identidade marcante:<br />

a qualidade da cultura das sua gentes, mesmo<br />

dos considerados analfabetos (vide MPatrício,<br />

Reitor da uniÉvora, 13º Congr. que fala dos «poetas<br />

analfabetos que não erram um verso»!!!)…<br />

verificada e estudada e sancionada no seu valor<br />

autêntico em ligação com os Centros do Saber<br />

– (univ. Évora, Politécnicos de Portalegre e Beja)<br />

(ver mais universidades Séniores emergentes<br />

e Fundações… sugestão de Manuel Malheiros,<br />

Pres. as. Geral, Casa do alentejo…) (ver ainda, Escolas<br />

desde o Superior ao Básico, associações de<br />

Defesa do Património, Entidades, associações e<br />

Individualidades empenhadas no estudo e defesa<br />

dos valores culturais do Alentejo) que são e seriam<br />

uma fonte permanente de InVEnTaRIaÇÃo,<br />

REColHa, ESTuDo e DIVulGaÇÃo dos Valores<br />

da Cultura (Tradicional, Popular e Erudita) e sinais<br />

de uma marcante e visível Identidade alentejana.<br />

Enfim conseguir a desejável interligação entre os


“guardiães” e “criadores / fazedores” das mais<br />

diversas manifestações de Cultura (tradições,<br />

alimentação, poesia, contos, lendas, anedotas,<br />

cante…) e os especialistas das diversas áreas do<br />

saber que entretanto nasceram e se formaram<br />

nos Centros do Saber no e fora do Alentejo.<br />

ConCluSÃo - assim, com um IaC/D, animalEn-<br />

TEJO ou outro nome, estariam criadas as condições<br />

para a um alEnTEJoemredeCulTuRa<br />

ou outro nome, coordenado e validado pelos<br />

considerados responsáveis e capazes, conseguir<br />

aquilo que todos desejamos: ao mesmo tempo<br />

que estimularia e desenvolveria as capacidades<br />

dos criadores, lhes permitiria uma actuação e<br />

mostra e promoção regular e gratifcante das suas<br />

criações – no alentejo territorial… no alentejo<br />

dos alentej<strong>ano</strong>s migrantes… e num intercâmbio<br />

saudável com as outras culturas e Povos…<br />

a SEDE ou sedes naturais que já são pólos<br />

de aglutinação, empenho e encontro de<br />

numerosos alentej<strong>ano</strong>s, sem distinção de subregiões,<br />

propomos, à falta de outra ideia melhor,<br />

a CaSa Do alEnTEJo em lisboa em interligação<br />

com a alMa alEnTEJana em almada e Seixal.<br />

Com um protocolo com as 47 Câmaras de todo<br />

o alentejo e as autarquias das zonas de acolhimento,<br />

Grande lisboa e Margem Sul tendo como<br />

associados tanto Pessoas, Entidades, associações<br />

particulares como também as Entidades Públicas<br />

que já trabalham e seja preciso estimular e /ou<br />

apoiar ou as que se venham a criar onde se mostrar<br />

necessário,<br />

teríamos criado, na<br />

PRÁTICa a Região<br />

alEnTEJo.<br />

Em vez de<br />

p e r d e r -<br />

mos tempo e<br />

energias numa cíni-<br />

ca e desgastante luta pelo referendo ou decisão<br />

milagrosa e exterior, MÃoS À oBRa. “nós somos<br />

os responsáveis e temos de ser o motor do nosso<br />

próprio Desenvolvimento… e, olhando os nosos<br />

Valores e Dimensão, seremos, sem dúvida, um<br />

importante motor do Desnvolvimento deste País<br />

que não sai de uma permanente crise!!!” Quando<br />

os “os Grandes Senhores” decidirem, enfim,<br />

nós já teremos a nossa Região empenhada num<br />

Desenvolvimento sustentado.<br />

Temos já em carteira o esboço dos documentos,<br />

como Fichas de Inscrição, rascunho de Protocolos<br />

a estabelecer com Entidades e associações, e<br />

um esboço de um Regulamento Interno ou projecto<br />

de Estatutos para serem estudados, discutidos<br />

até uma forma definitiva por uma Comissão<br />

Instaladora a definir, para serem enviados ao<br />

maior número possível de possíveis aderentes.<br />

Documentos em estudo: http://www.joraga.net/<br />

ealentejo/<br />

Já agora, se me é permitida mais uma sugestão<br />

atrevida, propunha que este projecto pudesse<br />

ser uma tarefa do Secretariado do Congresso –<br />

entre – Congressos, sem que seja redutora, mas<br />

devido à delicadeza e ao número de contactos<br />

a fazer, à definição do faseamento da calendarização<br />

e à logística e conhecimentos sobre o<br />

Alentejo que esta tarefa implica, para que possa<br />

vir a ter o êxito e a eficácia desejada com resultados<br />

gratificantes.<br />

69


70<br />

nOTíciAS dO ALenTejO<br />

V Festival Islâmico em<br />

“Martulah”.<br />

Em Maio, realizouse<br />

em Mértola,<br />

antiga capital do<br />

reino Islâmico,<br />

nos séculos XI e<br />

XII, o V Festival Islâmico.<br />

Composto<br />

por um mercadofeira<br />

“souk” que<br />

se estende ao<br />

longo das ruas de<br />

Mértola com a<br />

venda de produtos<br />

marcantes do<br />

artesanato árabe,<br />

roupas e ervas, em<br />

especial chás. as<br />

ruas transformamse<br />

em verdadeiros<br />

bazares, onde a música de raíz árabe misturada<br />

com o cante alentej<strong>ano</strong> e os sons da andaluzia,<br />

a par dos cheiros e sabores da gastronomia, os<br />

trajes de seda com cores brilhantes, carregados<br />

de lantejoulas e de sensualidade, trazendo à<br />

memória de todos as vivências de um passado<br />

rico de história e de tradição, e no qual está presente,<br />

também muita da nossa história e raízes<br />

culturais.<br />

o Município de Mértola está de parabéns por<br />

este magnífico evento que propicia a toda a<br />

população e aos muitos milhares de visitantes<br />

que, ao que ouvimos, já têm programada a próxima<br />

ida a Mértola - no VI Festival.<br />

Diário do Alentejo<br />

não vai ser privatizado<br />

o presidente da associação de municípios, proprietária<br />

do jornal «Diário do alentejo» mostrou-se<br />

satisfeito com o veto do Presidente da República<br />

à lei do «pluralismo» e da não concentração dos<br />

meios de comunicação social. «Estamos plenamente<br />

satisfeitos, porque isto não é o “quero<br />

posso e mando”, que é aquilo que este governo<br />

acha» , afirmou à agencia lusa o presidente do<br />

conselho directivo da associação de Municípios<br />

do Baixo alentejo e alentejo litoral (ambaal),<br />

João Rocha. Cavaco Silva vetou no dia 20 pela<br />

segunda vez, a lei do «pluralismo» e da não concentração<br />

dos meios de comunicação social, depois<br />

de ter devolvido o diploma pela primeira vez<br />

ao Parlamento a 2 de Março.Em nota divulgada<br />

no site da Presidência da República, o Chefe de<br />

Estado justifica a nova devolução do diploma à<br />

assembleia da República por considerar que as alterações<br />

introduzidas pelo Parlamento mantêm,<br />

«no essencial, inalteradas quer a substância do<br />

anterior diploma, quer as condições políticas de<br />

aprovação do mesmo».A entrada em vigor da lei<br />

implicaria que o Governo Regional da Madeira<br />

privatizasse o «Jornal da Madeira» e a ambaal o<br />

«Diário do alentejo». afirmando-se desfavorável<br />

à lei do Governo, João Rocha advertiu tratarse<br />

de um diploma «claramente dirigido a dois<br />

órgãos de comunicação». «Já no primeiro veto<br />

achámos bem que o [Presidente da República]<br />

o tivesse feito, porque é uma lei que era dirigida<br />

ao “Diário do alentejo” e ao “Jornal da Madeira”,<br />

disse. «no fundo, era o Governo a querer silenciar<br />

aquilo que não está com o Governo», acusou<br />

considerando que a lei «não tem pés nem cabeça<br />

e nem é democrática».<br />

In Alentejo Popular de 28/05/09


Chainho homenageado<br />

Santiago do Cacém dá nome<br />

do artista a auditório<br />

«Temos finalmente<br />

um novo equipamento<br />

para servir a população<br />

do Município,<br />

as crianças, os jovens,<br />

a boa idade, toda a<br />

população, um equipamento<br />

ao serviço da<br />

cultura». Foram palavras<br />

do Presidente da<br />

Câmara Municipal de<br />

Santiago do Cacém, Vitor Proença, no Sábado<br />

passado, na inauguração do auditório Municipal<br />

António Chainho. O equipamento custou mais de<br />

um milhão de euros e tem capacidade para 242<br />

pessoas. Para além da sala de espectáculos, o<br />

edifício conta ainda na recepção com uma zona<br />

para bar/cafetaria e outra dedicada a informações e<br />

bilheteira. Vitor Proença, acompanhado pelo<br />

Presidente da assembleia Municipal, Sérgio Bento,<br />

por vereadores da Câmara e Presidentes de<br />

Juntas de Freguesia, homenageou o guitarrista,<br />

natural de S.Francisco da Serra, uma das freguesias<br />

de Santiago do Cacém. Reconhecido, antónio<br />

Chainho, acompanhado pela família, considerou<br />

que o seu nome no auditório municipal representa<br />

“o topo de tudo o que fiz até hoje”. o guitarrista<br />

manifestou no desejo de o equipamento<br />

contribuir a divulgação da música e de outras<br />

manifestações de cultura junto dos mais jovens.<br />

um dos momentos altos da noite foi o concerto<br />

de inauguração do auditório municipal. António<br />

Chainho, acompanhado à viola por Fernando<br />

alvim e pelas cantoras Teresa Salgueiro e Isabel<br />

de noronha, protagonizou um espectáculo que<br />

ficará na memória da todos os presentes.<br />

In Alentejo Popular de 28/05/09<br />

Alentejo Solidário<br />

as Câmaras Municipais de Beja e de Vidigueira<br />

ajudaram o campo de refugiados de Dakhla, com<br />

um donativo de dois mil euros. o objectivo é a<br />

construção de uma escola.<br />

As câmaras municipais de Beja e de Vidigueira<br />

entregaram um cheque de dois mil euros ao<br />

campo de refugiados de Dakhla, situado no Sul da<br />

argélia, com o intuito de ser construída uma escola,<br />

para crianças saharauís.<br />

o presidente da Câmara Municipal de Beja,<br />

Francisco Santos, classificou os saharauís como<br />

um “povo que luta pela sua independência”. E<br />

afirmou:”a decisão de entregar o donativo foi<br />

unânime”.<br />

Salem lebhrir, governador do campo de refugiados<br />

de Dakhla, agradeceu o gesto das autarquias,<br />

e considerou que “a presença das pessoas é mais<br />

importante que o apoio material, sobretudo no<br />

que diz respeito à ajuda política e moral”.<br />

o responsável saharauí contou que o seu povo<br />

“vive há 34 <strong>ano</strong>s em campos de refugiados” e<br />

acusou Espanha, antigo colonizador, “ de ter<br />

abandonado os seus compromissos, em relação<br />

a um referendo sobre a independência, tendo<br />

entregado o país a Marrocos e á Mauritânia”. na<br />

verdade, passados três <strong>ano</strong>s a Mauritânia retirouse<br />

do território e reconheceu a soberania do<br />

Sahara ocidental. no entanto Marrocos intensificou<br />

a sua presença e construiu um muro<br />

com quase dois mil kilómetros, com minas<br />

antipessoais. Em cada <strong>10</strong> kilómetros existem<br />

postos de controle marroquinos.<br />

In Alentejo Popular de 28/05/09<br />

71


72<br />

CEBAL convida investigador de<br />

Universidade dos EUA.<br />

Interacção entre comunidade científica e<br />

população<br />

Angus Kingon, professor<br />

universitário americ<strong>ano</strong>,<br />

esteve em Beja na<br />

passada segunda-feira,<br />

para participar na iniciativa<br />

”um dia com…”,<br />

organizado pelo Centro<br />

de Biotecnologia agrícola<br />

e agro-alimentar<br />

do Baixo alentejo (Cebal).<br />

“Este evento pretende trazer à região<br />

especialistas em áreas distintas”, disse Sónia<br />

Gonçalves, investigadora do Cebal. aqui os<br />

oradores são convidados a partilhar as suas<br />

experiências profissionais com a plateia e o<br />

objectivo é realizar estas acções de dois em dois<br />

meses.<br />

a pretensão, segundo a investigadora “é fomentar<br />

a interacção entre a comunidade científica e<br />

a população, mas, por outro lado, permitir que os<br />

alunos do IPB troquem ideias com especialistas<br />

de determinadas áreas”. Sónia Gonçalves mencionou<br />

igualmente “investigadores e associações<br />

empresariais” como público-alvo desta iniciativa.<br />

Angus Kingon, o protagonista da segunda<br />

edição que se intitulou “Transferência de Tecnologia<br />

– Criação de Empresas Inovadoras de Base<br />

Tecnológica”, é professor de Engenharia de Materiais<br />

de Empreendedorismo nas universidades<br />

de north Carolina State e Brown. Sónia Gonçalves<br />

destacou “a importância da presença deste espe-<br />

cialista” e salientou “os concelhos que foram dados,<br />

durante a sua intervenção, nomeadamente<br />

no que diz respeito às decisões que as instituições<br />

devem de tomar sobre o tipo de investigação que<br />

realizam para criar valor”.<br />

In Alentejo Popular de 28/05/09<br />

Hotel de 5 estrelas avança<br />

em Vila Viçosa<br />

um hotel de cinco estrelas vai ser construído<br />

em Vila Viçosa, distrito de Évora, num investimento<br />

de 6,7 milhões de euros, revelou uma<br />

responsável da empresa promotora.<br />

Mariana alves, sócia-gerente da empresa<br />

Jardimagestic, de capitais privados, que vai investir<br />

na construção da unidade hoteleira cujo<br />

nome não está ainda definido, adiantou que o hotel<br />

será construído no edifício do antigo lagar da<br />

Cooperativa de olivicultores da localidade.<br />

Segundo a empresária, o novo hotel vai ter 47<br />

quartos e duas suites e a obra deve iniciar-se em<br />

Setembro ou outubro deste <strong>ano</strong>, prevendo-se a<br />

sua conclusão em 2011.<br />

De acordo com Mariana alves, a empresa<br />

Jardimagestic, de Vila Viçosa, adquiriu o edifício<br />

do antigo lagar, frente ao largo da feira, que vai<br />

ser recuperado e adaptado a unidade hoteleira.<br />

a empresária indicou que o investimento no hotel<br />

deve atingir os 6,7 milhões de euros, prevendo<br />

a empresa vir a beneficiar de fundos da união Europeia<br />

para apoio ao turismo, através do Quadro<br />

de Referência Estratégico nacional (QREn).<br />

O novo hotel vai nascer numa altura em que o<br />

município de Vila Viçosa está a desenvolver um<br />

processo de candidatura da localidade alentejana<br />

a Património Mundial, galardão atribuído pela


unESCo (organização das nações unidas para a<br />

Educação, Ciência e Cultura).<br />

Vila Viçosa, conhecida por “Vila Museu”, possui<br />

um importante património histórico, monumental<br />

e cultural.<br />

o Palácio Ducal, castelo, pelourinho, igreja de<br />

Nossa Senhora da Conceição (Padroeira de Portugal)<br />

e os antigos conventos dos agostinhos e das<br />

Chagas são alguns dos monumentos da vila.<br />

Vila Viçosa dispõe ainda de diversos museus, tais<br />

como de armaria, arte sacra, arqueologia, caça e<br />

de carruagens, além do Arquivo Histórico da Casa<br />

de Bragança.<br />

A vila alentejana é também conhecida pelos seus<br />

mármores, integrando o triângulo dos mármores<br />

alentej<strong>ano</strong>s, juntamente com Estremoz e Borba.<br />

In Diário do Sul online de 14/07/09<br />

Alentejo “mais verde”<br />

Cinco unidades de alojamento do Alentejo contam-se<br />

entre os empreendimentos turísticos nacionais<br />

que foram galardoados com o Diploma<br />

Chave Verde, selo de qualidade de dimensão internacional<br />

que pretende reconhecer boas práticas<br />

empresariais no domínio da racionalização<br />

dos consumos de água e de energia.<br />

o alentejo foi a segunda região turística do continente<br />

a receber mais Chaves, logo a seguir ao<br />

Centro. Os empreendimentos seleccionados fo-<br />

ram as unidades hoteleiras “o Poejo” e “El Rei D.<br />

Manuel”, ambas localizadas no concelho de Marvão,<br />

o turismo rural “Quinta da Dourada”, de Portalegre,<br />

o agro-turismo “Quinta da Bela Vista”, de<br />

Castelo de Vide e o “Hotel Vila Park”, situado em<br />

Santo andré, concelho de Santiago do Cacém.<br />

As unidades foram premiadas pelo seu desempenho<br />

e melhoria contínua de Boas Práticas de<br />

Gestão e Educação ambientais, incluindo a sua<br />

promoção junto dos respectivos clientes.<br />

O Turismo do Alentejo, ERT integrou a comissão<br />

de auditoria que a nível regional visitou os empreendimentos<br />

premiados. o objectivo dos<br />

responsáveis da entidade regional de turismo do<br />

alentejo passa por aumentar nos próximos <strong>ano</strong>s<br />

o número de unidades distinguidas com aquele<br />

diploma internacional, indo ao encontro de uma<br />

das prioridades do seu pl<strong>ano</strong> de acção quadrienal,<br />

que aponta para o desenvolvimento e promoção<br />

de um destino turístico ambientalmente<br />

responsável.<br />

In Diário do Sul de 14/07/09<br />

73


deSenVOLViMenTO<br />

A central solar fotovoltaica de Amareleja<br />

começou a produzir energia em Março de 2008,<br />

tendo começado a produzir em pleno a partir de<br />

Dezembro do mesmo <strong>ano</strong>.<br />

Esta é a maior central solar fotovoltaica do mundo,<br />

com 46 Mwp de potência, a produzir 93<br />

milhões de Kw, o equivalente ao consumo de 30<br />

mil habitações. o investimento foi de 261 milhões<br />

de euros. <strong>anual</strong>mente será evitada a emissão de<br />

89,383 toneladas de Co2.<br />

a central ocupa uma superfície de 250 hectares,<br />

sendo composta por 2.520 seguidores de 140<br />

m2 cada, os quais contém cada um <strong>10</strong>4 painéis<br />

de silício policristalino. no total são 262.080<br />

74 Energias renováveis<br />

painéis. obviamente está a cumprir todas as nossas<br />

expectativas, não só pelo facto de estar concluída<br />

e em funcionamento, mas também pelas<br />

perspectivas de desenvolvimento de outras<br />

acções em torno da energia solar.<br />

na sua construção, a central criou cerca de 250<br />

postos de trabalho e, facto extremamente positivo,<br />

com recurso a mão de obra local, quase na<br />

sua totalidade, com excepção de três ou quatro<br />

casos. Para a sua manutenção, foram criados<br />

cerca de 20 postos de trabalho. a juntar a estes<br />

há cerca de <strong>10</strong>0 postos de trabalho criados pela<br />

fábrica de assemblagem de painéis solares, em<br />

Moura, o que faz com que, parte do objectivo da


Câmara de Moura esteja cumprido.<br />

a central solar fotovoltaica e a fábrica de painéis<br />

solares sempre foram assumidos pela Câmara<br />

Municipal de Moura como o ponto de partida<br />

para outras iniciativas. Foi pensada, desde logo,<br />

na criação de um Parque Tecnológico/Zona Industrial<br />

que teria, entre outras valências, um<br />

laboratório de investigação na área do<br />

fotovoltaico, o qual está já a funcionar, com dois<br />

investigadores a trabalhar.<br />

a lógica, EM, empresa criada pela Câmara<br />

Municipal de Moura para gerir o fundo de três<br />

milhões de euros resultantes da venda da amper<br />

à acciona, está a dinamizar estes processos.<br />

Estão também em desenvolvimento dois novos<br />

projectos, desta vez na área do termo-solar. Por<br />

outro lado, têm sido estabelecidas parcerias, a<br />

nível nacional, com a Rede ECoS, em que participam<br />

municípios de várias regiões do país, e o<br />

Projecto SunFlower, do qual a Câmara de Moura<br />

é coordenadora e que envolve mais sete países<br />

da Europa.<br />

São acções passíveis de atrair investimentos<br />

para o concelho, gerando a criação de emprego,<br />

factor que foi sempre um dos motivos que levou<br />

à concepção e execução do projecto das energias<br />

renováveis.<br />

75


76<br />

AcTiVidAdeS deSenVOLVidAS<br />

De 2 de Dezembro a 9 de Janeiro, 30 actuações<br />

das Cantadeiras da alma alentejana, na iniciativa<br />

“Do natal aos Reis”, em lares, Centros de Dia,<br />

Juntas de Freguesia do laranjeiro e Cova da Piedade<br />

e no Solar dos Zagalos, Escola Básica <strong>nº</strong>. 1<br />

do laranjeiro, e Igrejas de almada e da Cova da<br />

Piedade, no concelho de <strong>Alma</strong>da.<br />

16 de Janeiro de <strong>2009</strong>, integrado no Grupo de<br />

Idosos actuação do Grupo de Teatro da alma<br />

alentejana no auditório lopes Graça do Fórum<br />

Municipal Romeu Correia em almada<br />

De 2 a 8 de Fevereiro de <strong>2009</strong>, participação no<br />

II EnConTRo InTERCulTuRal DE SaBoRES E<br />

SaBERES, no Pavilhão Municipal do alto do<br />

Moinho, a convite do Centro Cultural e Recreativo<br />

do alto do Moinho onde tivemos em exposição<br />

e venda produtos regionais do Alentejo e<br />

actuação do Grupo de Cantadeiras e do Grupo de<br />

Cavaquinhos da <strong>Alma</strong> <strong>Alentejana</strong>.<br />

27 e 28 de Fevereiro e 1 de Março, Fim de Semana<br />

alentej<strong>ano</strong>, nas instalações da Junta de Freguesia<br />

da Charneca de Caparica, com exposição e venda<br />

de produtos regionais alentej<strong>ano</strong>s e animação<br />

cultural diária.<br />

8 de Março de <strong>2009</strong> nas comemorações do “Dia<br />

Internacional da Mulher” actuação das Cantadeiras<br />

da alma alentejana no Museu da Cidade de<br />

<strong>Alma</strong>da.<br />

14 de Março de <strong>2009</strong>, ainda integrado nas<br />

Comemorações do Dia Internacional da Mulher,<br />

actuação do Grupo de Cavaquinhos da alma<br />

alentejana, também no Museu da cidade de almada.<br />

21 de Março de <strong>2009</strong> actuação na <strong>10</strong>ª. Semana<br />

Cultural alentejana do Grupo de Cantadeiras da<br />

alma alentejana, a convite do Clube Recreativo<br />

do Feijó.


29 de abril de <strong>2009</strong> actuação do Grupo de Cantadeiras<br />

da <strong>Alma</strong> <strong>Alentejana</strong> na Associação de<br />

Reformados, Pensionistas e Idosos do Concelho<br />

de <strong>Alma</strong>da.<br />

28 de Maio de <strong>2009</strong> participação da alma alentejana<br />

no VII Concurso de Doçaria na a.R.P.I.l.F., no<br />

Feijó, <strong>Alma</strong>da<br />

19 de Junho de <strong>2009</strong> , a convite da Associação<br />

do Grupo Coral da Granja, actuação do Grupo de<br />

Cantadeiras da alma alentejana no 4º.Encontro<br />

de Grupos Corais naquela localidade, concelho<br />

de Moura.<br />

24 de Junho de <strong>2009</strong>, Nas vésperas do dia de S.<br />

João, a <strong>Alma</strong> <strong>Alentejana</strong>, reuniu os utentes dos<br />

Centros de Dia do Pragal, Cova da Piedade e<br />

laranjeiro, nas instalações do laranjeiro, onde<br />

organizámos uma tarde de convívio, num espaço<br />

decorado a preceito pelos colaboradores, tendo<br />

actuado o nosso Grupo de Cavaquinhos. Foi uma<br />

tarde de alegria, com muita música, muita dança<br />

e grande participação de todos, terminando com<br />

um lanche.<br />

27 de Junho de <strong>2009</strong>, a convite da Associação<br />

dos amigos da Cidade de almada, participação<br />

“Burricadas - Festas da cidade de almada, com<br />

actuações do Grupo de Cavaquinhos da alma<br />

alentejana e anúncio dos “Pregões” através das<br />

utentes do Centro de Convívio da Cova da Pie-<br />

dade, da <strong>Alma</strong> <strong>Alentejana</strong>.<br />

4 de Julho de <strong>2009</strong>, festa amarela, no laranjeiro,<br />

<strong>Alma</strong>da. A <strong>Alma</strong> <strong>Alentejana</strong> esteve mais uma vez<br />

presente com uma mostra-venda de produtos<br />

alentej<strong>ano</strong>s, desde o artesanato aos queijos e aos<br />

enchidos, passando pelos vinhos e azeites, fornecendo<br />

também 130 almoços e 130 jantares aos<br />

participantes. na vertente cultural, as Cantadeiras<br />

da <strong>Alma</strong> <strong>Alentejana</strong> actuaram e encantaram<br />

toda a assistência com as modas e cantares do<br />

nosso alentejo. actuou também o nosso Grupo<br />

de Sevilhanas.<br />

a Festa amarela é um evento desportivo e cultural,<br />

em que os clubes e associações, participam<br />

mostrando à população o resultado do seu<br />

trabalho em prol da juventude, do desporto, da<br />

cultura e com uma componente muito forte no<br />

aspecto intercultural, já que na margem sul do<br />

Tejo há uma forte implantação de imigrantes, nomeadamente,<br />

dos países lusófonos.<br />

8 de Julho de <strong>2009</strong> colóquio sobre Antropologia<br />

com a participação do Dr. luis Maçarico e da Dra.<br />

ana Machado, a convite da Junta de Freguesia do<br />

laranjeiro, e nas suas instalações, também com<br />

actuação do Grupo de Cantadeiras da alma alentejana.<br />

9 de Julho de <strong>2009</strong> ainda a convite da Junta<br />

de Freguesia do laranjeiro e integrado numa<br />

Tertúlia”os Poetas e os Trovadores são Eternos”,<br />

actuação das Cantadeiras da <strong>Alma</strong> <strong>Alentejana</strong><br />

<strong>10</strong> de Junho de <strong>2009</strong> ainda integrada na <strong>10</strong>ª. Semana<br />

Cultural do laranjeiro, actuação do Grupo<br />

das Cantadeiras da <strong>Alma</strong> <strong>Alentejana</strong>, num encontro<br />

de “Grupos da nossa Terra”, também a convite<br />

da Junta de Freguesia do laranjeiro.<br />

77


78<br />

AcTiVidAdeS A deSenVOLVeR<br />

24 de Julho a 2 de agosto de <strong>2009</strong> 11ª. Feira<br />

da <strong>Alma</strong> <strong>Alentejana</strong> no pavilhão da Escola Secundária<br />

Cacilhas-Tejo, em almada onde teremos<br />

em exposição e venda os tradicionais produtos<br />

alentej<strong>ano</strong>s com animação cultural diária, com a<br />

tradicional cozinha alentejana e actuação de 24<br />

agentes culturais, a maior parte vindos do nosso<br />

Alentejo, durante estes dias, e uma tradicional<br />

noite de “Poesia e Fados” com artistas alentej<strong>ano</strong>s.<br />

De 25 de Setembro a 30 de outubro de <strong>2009</strong><br />

estará presente no Museu Municipal de avis a<br />

nossa “Exposição Fotográfica – alentejo com<br />

alma – Terras com História”, composta por 47<br />

painéis de 1,2x0,90m, um de cada concelho do<br />

alentejo, com fotografias históricas e monografia<br />

de cada concelho, as 47 bandeiras de todos os<br />

concelhos e os respectivos suportes.<br />

25 de outubro de <strong>2009</strong> encerramento dos<br />

IX Jogos Florais da alma alentejana, no auditório<br />

lopes Graça, do Fórum Municipal Romeu Correia,<br />

em <strong>Alma</strong>da, tendo este <strong>ano</strong> como Patrono<br />

o nosso mui digno Presidente da Assembleia<br />

Municipal de almada, José Manuel Maia nunes<br />

de Almeida.


80<br />

FRENTE<br />

RIBEIRINHA<br />

SEIXAL – ARRENTELA<br />

<strong>10</strong> milhões<br />

de euros<br />

em projectos<br />

até 2011<br />

FRENTE<br />

RIBEIRINHA<br />

AMORA<br />

<strong>10</strong> milhões<br />

de euros em projectos<br />

até 2012<br />

www.cm-seixal.pt<br />

BAÍA DO SEIXAL<br />

Valorizar – Investir – Criar Emprego<br />

Desenvolvimento Económico e Social<br />

PLANO<br />

DE PORMENOR<br />

TORRE DA MARINHA/<br />

/FOGUETEIRO<br />

Investimento<br />

no espaço público<br />

de <strong>10</strong> milhões<br />

de euros<br />

Projecto co-financiado pelo FEDER<br />

PROJECTO<br />

ARCO RIBEIRINHO<br />

SUL – PLANO<br />

DE PORMENOR<br />

DA EX-SIDERURGIA<br />

NACIONAL<br />

Investimento público<br />

de cerca de 150<br />

milhões de<br />

euros

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