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Fasquias da Madeira

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<strong>Fasquias</strong> <strong>da</strong> <strong>Madeira</strong><br />

A decisão pontifícia foi mais um pedido, do que uma sentença desse tribunal supremo que se via assoberbado,<br />

nesse tempo, com as graves questões religiosas que dividiam a Igreja.<br />

Por morte de Guillen de Ias Casas, coube o domínio <strong>da</strong>s Ilhas Canárias e sua filha D. Inês, casa<strong>da</strong> com Fernão<br />

Peraça, nobre sevilhano que se apresentou com a ostentação de um rei, a tomar posse do património de sua mulher, e<br />

pouco depois, armando três fragatas com numerosa gente de desembarque, enviou seu filho á conquista <strong>da</strong> Ilha <strong>da</strong> Palma,<br />

malogrado intento, em que este perdeu a vi<strong>da</strong> e as per<strong>da</strong>s castelhanas foram consideráveis.<br />

Fernão Peraça, ferido pela desdita, tornou-se despótico e rancoroso, oprimindo os naturais com pesados tributos e<br />

reduzindo-os até á condição de escravos.<br />

Maciot de Bethencourt, na sua Ilha de Lançarote, habilmente contrastava no procedimento, isentando do quinto<br />

to<strong>da</strong>s as mercadorias que fossem leva<strong>da</strong>s ás outras ilhas e mostrava-se indulgente e generoso.<br />

Assim, nasceram rivali<strong>da</strong>des e conten<strong>da</strong>s que se atearam a tal ponto, que Peraça levantou um pleito sobre a razão<br />

que lhe assistia em tomar a administração de to<strong>da</strong>s as ilhas conquista<strong>da</strong>s, querendo derrogar a concessão de seu sogro a<br />

Maciot, por este ultrapassar o direito de usufrutuário, contrapondo-se ao seu senhorio territorial.<br />

Por outro lado, Maciot, remontando á efectivi<strong>da</strong>de <strong>da</strong> ocupação <strong>da</strong>s quatro ilhas menores, por seu tio João de<br />

Bethencourt, demonstrava ter sido o seu depositário, continuador e loco-tenente, e se ven<strong>da</strong> fizera ao conde de Niebla, era<br />

essa contrária ao direito, e fora um acto de coação duma alça<strong>da</strong> que não o inculpou, não tivera execução, nem proferira<br />

sentença.<br />

Desgostoso com o caminho de represálias que a questão tomava e receoso <strong>da</strong> influência dos Peraças na Corte de<br />

Castela, tomou uma resolução bem estranha, propondo a ven<strong>da</strong> de todos os seus direitos sobre as Ilhas Canárias, ao<br />

Infante D. Henrique de Portugal.<br />

De algum modo, parece que Zarco foi o intermediário dessa proposta. Para esto pasó un religioso de Lanzarote a la<br />

<strong>Madeira</strong>. (Clavijo—Tomo 2.°).<br />

Em 1446, pede o Infante ao Regente D. Pedro, seu irmão, que lhe desse carta, defendendo que ninguém tratasse de<br />

ir ás Canárias sem sua autorização e lhe fosse concedido o quinto de qualquer coisa que de lá viesse 6 .

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