Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
11<br />
reservado, com o rei de Portugal.<br />
<strong>Fasquias</strong> <strong>da</strong> <strong>Madeira</strong><br />
D. Afonso V que então reinava, amolou a paciência dos diferentes embaixadores com intermináveis delongas,<br />
pedindo documentos e mais documentos justificativos de to<strong>da</strong>s as concessões acerca <strong>da</strong>s Canárias, e por ultimo queria que<br />
Fernão Peraça se embarcasse a Lisboa, a deduzir os seus direitos, convite a que este não acedeu.<br />
Neste estado de ânimos, deram-se actos de hostili<strong>da</strong>de, entre embarcações portuguesas e castelhanas, nos mares<br />
<strong>da</strong>s Canárias e <strong>da</strong> <strong>Madeira</strong>, fomentando-se de parte a parte, revoltas ao domínio territorial. Os lançarotenses não tomaram<br />
a bem a ordem para não correr mais na ilha a moe<strong>da</strong> castelhana e, ain<strong>da</strong>, a mu<strong>da</strong>nça nos pesos e medi<strong>da</strong>s, para outros dos<br />
padrões portugueses.<br />
Castela enviara à Ilha de Lançarote um comissário régio com funções de secuestrario, e uma ultima embaixa<strong>da</strong>,<br />
em 1451, a Portugal, que desta vez parece ter sido atendi<strong>da</strong>, como afirma um historiador castelhano:<br />
«En resolucion de todo, el Soberano les prometió <strong>da</strong>ria sus ordenes para que el infante don Enrique su tio, no se<br />
entrometiese en lo sucesivo en la jurisdiccion de las islãs de Lançarote y Gomera» 9 .<br />
João de Barros, porém, quando fala no abandono <strong>da</strong>s Canárias pelo Infante, apenas diz:<br />
«mais era por salvar as almas dos seus moradores pagãos, que por algum proveito que delias tivesse & muitas<br />
despesas, não prosseguiu mais».<br />
Fernão Peraça não chegou a tomar posse <strong>da</strong> Ilha de Lançarote, porque a morte o veio surpreender em 1452,<br />
deixando uma filha, também Inês, nome materno, casa<strong>da</strong> com Diogo Herrera que se habilitou à ilha sequestra<strong>da</strong>, porém,<br />
os seus habitantes achavam-se bem sob o domínio directo de Castela e fizeram-lhe oposição, sustentando uma deman<strong>da</strong><br />
complexa, em que Maciot é embrulhado como vendedor <strong>da</strong> Ilha a um príncipe estrangeiro.<br />
A sentença do Tribunal em Valadolid, de 30 de Junho de 1454, condena-o ao pagamento de 3.351 maravedis e não<br />
o fazendo, fossem seus bens confiscados, ficando decidido o pleito a favor dos Herreras.<br />
Com isso, pouco se lhe deu Maciot de Bethencourt que, há anos já, se achava no Funchal, com sua filha segun<strong>da</strong> D.<br />
Maria, e dois sobrinhos, Henrique e Gaspar, gozando <strong>da</strong> ren<strong>da</strong> de 20.000 reis anuais, estipula<strong>da</strong> na escritura além do lucro<br />
variável proveniente <strong>da</strong> ven<strong>da</strong> do sabão preto na Ilha <strong>da</strong> <strong>Madeira</strong>.