Fasquias da Madeira

33
ruínas é tomado pelos holandeses, à falta de melhor.
Fasquias da Madeira
As lutas de conquista acirravam-se, pela rivalidade operada no campo espiritual, e a guerra alastrava-se, com o
pretexto político, travado entre os estados, parecendo impresso no fundo da alma um ódio de religião.
A Casa de Áustria acariciava a esperança de sufocar o protestantismo, porém, a união reformista, não se
submetendo a imposições, coligara-se para causar aos católicos todo o prejuízo encoberto ou aclarado.
Nisto, surgem outros interesses, e a França resolve entrar na luta ao lado da Holanda e da Suécia, pelo parecer do
célebre ministro, cardeal Richelieu!
Os franceses embargam as mercadorias espanholas nos seus portos e rompem a guerra. Novos tributos são
lançados para a sua sustentação, dobram as cizas, acrescem os direitos e nem respeitadas são as rendas que se destinavam
á remissão dos cativos portugueses, em poder dos mouros.
Além da contribuição de 10.000 cruzados por ano, que a Madeira e Porto Santo pagavam para a restauração de
Pernambuco, e reforços enviados, uma ordem da vice-rainha D. Margarida manda levantar aqui um terço de 1.000
homens para ir a Corunha pelejar contra os franceses que auxiliavam a revolução catalã.
Nas Canárias organiza-se una leva forzada para el ejercito de Flandes, oferecendo-se para a conduzir à Peninsula,
D. Juan de Castella, o intruso marquês, persuadido que, com este serviço, muito adiantaria para a consolidação do famoso
pleito que litigava ainda com o ramo pretendente da Madeira.
D. António Herrera Acioli, dispondo de fortuna das suas grossas rendas no Funchal, não se deixara levar de
vencido pelo triunfo de D. Juan de Castilla, na posse do estado de Lançarote, outorgado à marquesa D. Luiza.
A sapa e contra-sapa foram processos antigos no ataque e contra ataque duma fortaleza. Minou por intervalos,
compreendendo a resistência da ocasião. Tinha o seu partido organizado nas Canárias, mormente entre os lançarotenses
que lhe reconheciam os direitos, qual outro D. António na pretensão portuguesa, mas, como o prior do Crato, fracassaramlhe
os apoios.
D. Juan D. Castilla ia-se desfazendo dos seus antagonistas caladamente, e por um processo bem simples, —
recrutava-os para as levas e sob pretexto de desobediência, metendo-os antecipadamente na prisão.