P O R A N G A B A - S U A H I S T Ó R I A - MiniWeb Educação
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satisfação das necessidades vitais, mas<br />
mantinha intacta a grande propriedade; o<br />
colono, uma vez cumprida as suas<br />
obrigações, estava livre para se mudar<br />
para onde quisesse, pois não possuía terra<br />
e, caso tivesse vindo de área urbana de seu<br />
país de origem, poderia mudar-se para a<br />
cidade, já que eram enormes as<br />
disparidades entre as oportunidades rurais<br />
e urbanas;<br />
• 2 a - muitos imigrantes subvencionados<br />
ficavam nas cidades e, já no ano de 1887,<br />
por exemplo, as autoridades brasileiras<br />
decidiram evitar a vinda de negociantes e<br />
artistas italianos de Genova para São<br />
Paulo, preferindo as famílias de<br />
agricultores. O europeu de classe inferior<br />
(aqueles que vinham exclusivamente para a<br />
lavoura), que fosse empreendedor,<br />
descobria que a sociedade paulistana<br />
oferecia considerável oportunidade<br />
econômica e social. Uma via comum para<br />
progredir era o comércio de “mascate”.<br />
Carregado de mercadorias baratas e de<br />
quinquilharias da cidade, (se fosse<br />
próspero, conduzindo uma ou duas mulas),<br />
o mascate percorria fazendas, vendendo ou<br />
fazendo trocas. Sonhava em conseguir o<br />
capital suficiente para abrir um pequeno<br />
armazém de artigos generalizados (secos e<br />
molhados) numa estrada movimentada do<br />
interior, numa cidade ou povoado, e<br />
progredir. Por volta de 1880, os italianos,<br />
principalmente os oriundos da Calábria,<br />
monopolizavam o comércio de mascates,<br />
mas logo seriam deslocados pelos sagazes<br />
e espertos sírios. O influxo dos italianos na<br />
capital paulista, no ano de 1897, chegou a<br />
superar numericamente os brasileiros na<br />
proporção de dois para um.<br />
Imigração Européia<br />
Italianos Portugueses Espanhóis Alemães<br />
202.503 25.925 14.954 6.196<br />
Imigração Européia - via porto de Santos - 1882/1891<br />
Fonte: Richard M. Morse-1953 - Da Comunidade à Metrópole<br />
Leitura<br />
“No processo de imigração é preciso destacar: de um<br />
lado, a Europa expulsora e, de outro, a América ávida por<br />
povoadores. Nessa época é que populações inteiras, cujo<br />
horizonte estava circunscrito às aldeias nativas e o<br />
comportamento pautado por regras seculares, que<br />
passavam de pai para filho pela via oral, viram-se<br />
atiradas num vasto mundo de anônimos. Povos,<br />
a história de porangaba<br />
www.porangabasuahistoria.cjb.net/<br />
portadores de culturas e hábitos diferentes, passaram a<br />
conviver entre si, obedecendo regras não controladas<br />
pelas comunidades a que pertenciam, mas por<br />
autoridades invisíveis como as do Estado, da burguesia e<br />
dos novos patrões nas terras de adoção. O choque foi<br />
inevitável, refletindo nos hábitos de morar, de cuidar da<br />
higiene pessoal, de se alimentar e ainda nas práticas<br />
religiosas, educacionais e sanitárias, bastante diferentes<br />
daquelas de seu mundo natal. O Brasil era um atrativo<br />
para essas famílias mais pobres e que para cá se<br />
deslocaram em virtude do quadro de atração de mão de<br />
obra para o nosso país. Foi a atitude tomada pelo<br />
Governo Imperial, após a abolição dos escravos, com o<br />
objetivo de atrair e não deixar faltar trabalhadores,<br />
principalmente em São Paulo, onde a multiplicação dos<br />
cafezais depois de 1870 passou a exigir mais mão de obra.<br />
É preciso entender porque houve essa maciça imigração:<br />
• por existir na Europa, já na segunda metade do<br />
século 19, a idéia do mundo imaginário de um Brasil<br />
gentil, onde tudo se multiplicaria à larga;<br />
• a passagem do sistema de produção feudal para o da<br />
produção capitalista trouxe profundas modificações<br />
naqueles paises e, à medida que foi implantado tal<br />
processo, houve a liberação do excedente de mão de<br />
obra que a industrialização tardia da Itália e da<br />
Alemanha não absorveu;<br />
• crescimento demográfico da Europa;<br />
• desenvolvimento tecnológico que permitiu a<br />
substituição do homem pela máquina;<br />
• a melhoria dos transportes, que liberou para o<br />
mercado camponeses sem terra e desocupados.<br />
Tudo contribuiu para uma confusão generalizada, que<br />
gerou fome e miséria, primeiro nas cidades, onde vivia<br />
uma multidão expulsa da agricultura, principalmente nos<br />
paises industrializados, e depois no campo. Emílio<br />
Franzina, na obra “La Grande Emigrazione”, página<br />
191, cita que na Itália, na região do Vêneto (que<br />
participou com 30% do total de imigrantes para o Brasil)<br />
os observadores da época extasiavam-se pelo fato de que<br />
ali “podia-se morrer de inanição e que a única<br />
alimentação da classe rural não passava de polenta, uma<br />
vez que a carne de vaca era um mito e o pão de farinha de<br />
trigo totalmente inacessível pelo seu alto preço”. Imigrar<br />
foi a solução, já que o panorama combinava com as<br />
necessidades dos novos paises – Estados Unidos, Brasil e<br />
Argentina, cujos governos iniciaram um grande<br />
movimento para atrair imigrantes para suas terras.<br />
Muitos vinham pensando em conseguir dinheiro e voltar e,<br />
quando a vida aqui no Brasil não lhes possibilitou<br />
conseguir o pedaço de terra almejado, começaram a se<br />
movimentar dentro do território brasileiro na busca de<br />
melhores salários para que pudessem concretizar o<br />
anseio. Transferiram-se de fazenda em fazenda, buscando<br />
sempre melhorar as condições de vida. Muitos<br />
procuraram atividades mais compatíveis com suas<br />
experiências anteriores de vida; as diversas profissões<br />
que tinham exercido no seu país natal foi o que<br />
possibilitou uma certa ascensão, pois permitiu abandonar<br />
o trabalho na lavoura e trabalhar como pequenos<br />
artesãos na cidade.Outros, quando surgiu a oportunidade,<br />
chegaram a imigrar para paises diferentes ”.<br />
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