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P O R A N G A B A - S U A H I S T Ó R I A - MiniWeb Educação

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(História da Vida Privada no Brasil – Nicolau Sevcenko –<br />

pág. 216)<br />

3.5.2 O Imigrante Italiano<br />

A imigração italiana para São Paulo<br />

somente se intensificou a partir de 1870; antes, Rio<br />

Grande do Sul, Paraná, Santa Catarina, Minas Gerais<br />

e Espírito Santo já tinham recebido italianos. São<br />

Paulo não teve jamais uma colonização como<br />

ocorreu nos estados do sul. O italiano veio para<br />

substituir o braço escravo nas atividades agrícolas,<br />

no final do século passado, quase que<br />

exclusivamente. Os paulistas não aceitavam o<br />

italiano como operário, artífice, etc., mas<br />

unicamente como mão de obra agrícola. Esse<br />

movimento migratório teve em São Paulo, como<br />

consequência, estreita ligação com a abolição da<br />

escravatura dos negros. Ao final da segunda década<br />

do século passado começou o declínio da imigração<br />

italiana para o Brasil e houve uma verdadeira<br />

debandada à Argentina, em decorrência dos<br />

incentivos e de uma política mais agressiva nos<br />

recrutamentos. É importante citar que muitos<br />

imigrantes eram totalmente inadequados ao trabalho<br />

agrícola e se recusavam, logo que chegavam, a<br />

rumar para as fazendas. Esse foi, portanto, o resíduo<br />

que veio formar o proletariado imigrante urbano,<br />

que buscava ofícios mais simples, leves, como<br />

engraxar sapatos e vender bilhetes de loterias, etc.<br />

Ao contrário de outros grupos de imigrantes, os<br />

italianos se espalharam por todo território paulista,<br />

tanto na zona urbana como rural. No interior, além<br />

da agricultura, do comércio e do artesanato,<br />

dedicaram-se também à atividade industrial e<br />

introduziram fábricas de adubos, colas, peneiras,<br />

pregos, massas alimentícias, tecidos, indústrias<br />

domésticas, etc. A influência italiana também se fez<br />

notar nas construções urbanas, a partir de 1880,<br />

através de um tipo de edificação trazido pelos<br />

mestres-de-obras, com destaque especial para as<br />

fachadas das casas e que chegou a alterar a<br />

fisionomia das cidades. Fundaram também escolas e<br />

bandas musicais. Carlos Penteado Rezende,<br />

historiador, na obra “São Paulo, Terra e Povo”,<br />

escreve:<br />

“Em pleno Império, as bandas de música<br />

desfrutavam por toda parte de imensa popularidade.<br />

A tradição vinha de longe. As banda militares já nos<br />

tempos coloniais e depois as bandas civis<br />

(corporações, liras, filarmônicas, etc.) concorreram<br />

para o desenvolvimento musical na província,<br />

apresentando-se garbosamente nas festas,<br />

procissões, retretas. Para a consagração popular<br />

dessas bandas é de justiça realçar que a imigração<br />

italiana, incrementada após a república, forneceu<br />

a história de porangaba<br />

www.porangabasuahistoria.cjb.net/<br />

apreciável dose de entusiasmo e pessoal<br />

habilitado”.<br />

3.5.3 Os Imigrantes em Porangaba<br />

A chegada de imigrantes europeus na<br />

“Bella Vista de Tatuhy”, ocorreu, certamente, a<br />

partir de 1880, e com maior intensidade nos<br />

primeiros anos do século passado. No início,<br />

exclusivamente como mão de obra agrícola, embora<br />

existissem exceções principalmente entre os<br />

portugueses, os primeiros a chegar. Manoel Isidoro<br />

Brenhas, um dos fundadores, e o capitão Francisco<br />

da Silva Cardoso, o segundo intendente, eram<br />

portugueses. O mesmo ocorreu com os italianos,<br />

cuja maioria veio para trabalhar na lavoura. A<br />

verdade é que muitos viajaram também por conta<br />

própria, como voluntários, estabelecendo-se no<br />

comércio; outros como artistas e artesãos. Muitos<br />

chegaram pelo sistema de subvenção, (mesmo<br />

alguns portugueses) como a maioria dos italianos<br />

que veio para a Fazenda São Martinho.<br />

Curiosamente, muitos homens vieram antes, na<br />

frente, sozinhos, para depois trazer o restante da<br />

família, mas alguns não conseguiram concluir o<br />

sonho, pois viriam a falecer quando já trabalhavam<br />

na lavoura de café, acidentados ou atacados por<br />

venenosas cobras que existiam na região. Tivemos,<br />

também, casos de imigrantes que chegaram via<br />

América do Norte e Argentina, onde trabalharam<br />

temporariamente. Buscavam novas oportunidades,<br />

melhores condições de vida, pois a situação<br />

econômica nos paises europeus era difícil e<br />

recessiva. Até a suspensão da subvenção em 1927, o<br />

maior grupo recebido foi o italiano, vindo depois o<br />

português, o espanhol e outros.<br />

Portanto, a influência do europeu na nossa cultura<br />

foi enorme, alterando alguns hábitos e costumes,<br />

interferindo nos métodos de trabalho na lavoura, na<br />

culinária, no artesanato, na educação, na música, no<br />

esporte, na linguagem, etc.<br />

A Fazenda São Martinho, que pertenceu à Família<br />

Guedes de Tatuí, foi a propriedade rural que mais<br />

recebeu imigrantes - principalmente italianos, pois<br />

as atividades agro-industriais ali desenvolvidas<br />

exigiam mão de obra direcionada à lavoura e, ainda,<br />

para operar máquinas a vapor, caldeiras e serraria.<br />

Existiu uma outra fazenda, na divisa com Bofete, no<br />

bairro da Boa Vista, que pertenceu a Antônio<br />

Brenhas e João Koch (alemão), área cafeeira, que<br />

também recebeu imigrantes. Um dos<br />

administradores foi o italiano Giuseppe Colombara,<br />

que, depois, fixou-se em Porangaba e formou<br />

tradicional família.<br />

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