ESSE TREM CHAMADO DESEJO - Encontros de Dramaturgia
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Agua<strong>de</strong>iros tem<br />
Violeiros tem<br />
Cachoeiras aqui tem também<br />
Tem tropeiros, tem<br />
Tem vaqueiros, tem<br />
E nascentes aqui tem também<br />
Mu-mu-mu-mu-um...<br />
Aguar<strong>de</strong>nte tem<br />
Boa gente tem<br />
Amiza<strong>de</strong> aqui tem também<br />
Tem minérios, tem<br />
Tem pomares, tem<br />
Paisagens bonitas também<br />
Curral <strong>de</strong>l Rey é o próprio paraíso<br />
Deus fez e pôs a gente pra cuidar<br />
E quando for o dia do juízo<br />
Bem junto <strong>de</strong>le nós vamos ficar.<br />
MEIRELES E o nosso campônio, livre e <strong>de</strong>scuidado, espera. Um novo tempo,<br />
nova era, como um lavrador egípcio, um bucólico camponês<br />
romano ele espera. (NUM CRESCENDO) Do alto das alcantiladas<br />
montanhas ele franze o cenho e vislumbra o futuro<br />
que vem, o engenho, a força humana, as máquinas, o trem!<br />
Cruzam os ares <strong>de</strong> Curral <strong>de</strong>l Rey os secos sons do trabalho, a<br />
bigorna, o malho, os estalidos do ferro, or<strong>de</strong>ns, alarido, o frêmito<br />
do progresso como vozes <strong>de</strong> a<strong>de</strong>us! A<strong>de</strong>us Curral <strong>de</strong>l Rey!<br />
(CAMPONÊS TANGE OS BOIS PARA FORA. TEM ALGUMA DIFICULDADE<br />
EM TIRAR AS CORISTAS DE CENA QUE INSISTEM EM APARECER).<br />
CAMPONÊS Num turtuvia, num turtuvia, maiada! Aqui num tem mais nada<br />
pro bico d‟ocês! Isso aqui tá tudo virando uma borresca!<br />
CAMPONESA Óia, lá embaixo! Como cresce casa, prédio mais <strong>de</strong> carreira<br />
que pé <strong>de</strong> milho!<br />
CAMPONÊS E as rua, então? Tudo retin, retin, tudo às direita, feito linha esticadinha!<br />
Tudo coisa <strong>de</strong> genheiro!<br />
CAMPONESA Ma, óia! Eita, povo! Já tão <strong>de</strong>rrubando o que levantaram prá<br />
erguer <strong>de</strong> novo.<br />
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