ESSE TREM CHAMADO DESEJO - Encontros de Dramaturgia
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MADEIRA O senhor é contra-regra não é dramaturgo, seu Coisinha!<br />
COISINHA A paixão é a mesma na vida e no palco!<br />
MADEIRA Só que na vida um corno furioso faz um estrago bem maior. E<br />
quieta que esse assunto me dá arrepios.<br />
COISINHA Está bem, mas será que o senhor não teria uns <strong>de</strong>z mil réis...<br />
MADEIRA Não, não tenho!<br />
COISINHA Está bem, <strong>de</strong>ixa estar! Vou falar com o Meireles ...<br />
MADEIRA (ASSUSTADO) Falar o que?<br />
COISINHA Talvez ele se mostre mais amigo e me empreste.<br />
MADEIRA (RECONSIDERA) Não tenho <strong>de</strong>z, mas dois posso lhe adiantar<br />
no momento.<br />
COISINHA Serve, obrigado. Quem encontra um amigo, encontra um tesouro!<br />
(PEGA O DINHEIRO E SAI. SURGE FLORISBELA VESTIDA DE ODALIS-<br />
CA).<br />
FLORIS Meu suspiro!<br />
MADEIRA Meu Bombom!<br />
FLORIS Não, não me toque!<br />
MADEIRA Meireles ainda não chegou!<br />
FLORIS Então, me toque, me toque! Agora chega, que eu também não<br />
sou uma qualquer! Não é hora nem lugar!<br />
MADEIRA Você me enlouquece! Porque não veio ontem ao nosso encontro?<br />
FLORIS Não pu<strong>de</strong>. O Meireles me requisitou para ensaios dramáticos<br />
<strong>de</strong> morte morrida e morte matada. Morte morrida repentina, aci<strong>de</strong>nte,<br />
longa agonia e enfarte. Morte matada a punhal, a tiro,<br />
suicídios variados por envenenamento, enforcamento, ai! Eu<br />
não agüento mais o Meireles!<br />
MADEIRA Amanhã, então?<br />
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