20.04.2013 Views

Defensor do Povo

Defensor do Povo

Defensor do Povo

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Um artigo editorial <strong>do</strong> "Matin„<br />

Damos hoje o logar d'honrã <strong>do</strong> nosso<br />

jornal ao seguinte notável artigo, d'uma<br />

alta significação politica, que acerca <strong>do</strong><br />

parti<strong>do</strong> republicano portuguez publicou o<br />

brilhante jornal parisiense Le Matin.<br />

Ainda bem que no estrangeiro já se<br />

ouve fali ar de Portugal, ligau<strong>do</strong>-lhe alguma<br />

importancia e toman<strong>do</strong>-o a serio.<br />

A m mmmn<br />

O parti<strong>do</strong> republicano<br />

em Hespanha e em Portugal<br />

Ultimo echo de 22 de setembro -— Os<br />

emigra<strong>do</strong>s portuguezes — Entrevista<br />

com Alves da Yeiga—Programma republicano<br />

Lemos a mensagem enviada<br />

por Alves da Veiga, chefe civil da<br />

revolução <strong>do</strong> Porto, e pelos emigra<strong>do</strong>s<br />

porluguezes residentes em Paris,<br />

ao presidente da Republica por<br />

occasião da festa commemoraliva<br />

de 22 de setembro. Era uma saudação<br />

dirigida á Republica.<br />

Pedimos ao chefe <strong>do</strong>s republicanos<br />

porluguezes que nos relatasse<br />

as iuclas <strong>do</strong> seu parti<strong>do</strong>, o seu<br />

programma, se linha esperanças <strong>do</strong><br />

proximo implanlamento da Republica<br />

na península Ibérica e as reformas<br />

que um regimen liberal e<br />

de renovação preconisaria em Portugal.<br />

Eis aqui a conversa que tivemos<br />

com Alves da Veiga e que publicamos<br />

a li lalo d'informação.<br />

A dynastia de Bragança<br />

— A situação politica de Portugal<br />

continua a ser má e não creio<br />

que possa melhorar emquanlo existirem<br />

as actuaes instituições.<br />

Temos em Porlugal uma dynastia<br />

que governa lia mais de tres<br />

séculos: a dynastia de Bragança.<br />

A sua administração tem si<strong>do</strong> o<br />

mais funesta possível para os interesses<br />

<strong>do</strong> paiz.<br />

Debaixo <strong>do</strong> ponto de vista colonial<br />

deixou perder Tanger, Bombaim,<br />

o Brazil, Ceula e uma parte<br />

da Africa orientai e occidenlal, sem<br />

fallar de Badajoz e Olivença, no<br />

continente. •<br />

Debaixo <strong>do</strong> ponto de vista economico,<br />

malou a industria nacional<br />

pelos vergonhosos trata<strong>do</strong>s de 1642,<br />

1654, 1661, 1703, e 1810, <strong>do</strong>s<br />

quaes única e exclusivamente aproveitaram<br />

os inglezes.<br />

Debaixo <strong>do</strong> ponto de vista financeiro<br />

os encargos <strong>do</strong> paiz são<br />

hoje tão peza<strong>do</strong>s que é completamente<br />

impossivel pagar os juros da<br />

divida, que ullrapassa a enorme cifra<br />

de Ires milhares e meio de francos.<br />

A dynastia de Bragança tem-se<br />

deixa<strong>do</strong> guiar sempre pela Inglaterra.<br />

Tem favoreci<strong>do</strong> as ambições<br />

inglezas, affaslan<strong>do</strong> Portugal da<br />

amizade da França e da Hespanha,<br />

suas alhadas naluraes pelas afinidades<br />

de raça, de lingua, d'hisíoria<br />

e de interesses.<br />

Durante a guerra da successão<br />

<strong>Defensor</strong><br />

BI-SEMANARIO REPUBLICANO<br />

de Hespanha, Porlugal tomou o<br />

parti<strong>do</strong> <strong>do</strong> archiduque Carlos d'Àustria<br />

contra a Hespanha e a França,<br />

debaixo da influencia ingleza, que<br />

defendia a cansa <strong>do</strong> archiduque. O<br />

resulta<strong>do</strong> foi o nosso isolamento na<br />

Europa.<br />

Hoje, apezar da legitima indignação<br />

da opinião publica, apezar<br />

de todas as violações, apezar <strong>do</strong><br />

ultimatum de 11 de janeiro de 1890,<br />

a casa real de Bragança continúa a<br />

politica anti-latina, desprezan<strong>do</strong> assim<br />

lo<strong>do</strong>s os sentimentos patrióticos.<br />

0 ministério actual<br />

A estes justos molivos de descontentamento,<br />

continúa Alves da<br />

Veiga, é necessário ajuntar os erros<br />

e os abusos <strong>do</strong>s parti<strong>do</strong>s inonarchicos,<br />

para poder explicar o movimento<br />

anli-dynaslico que se accenlua<br />

de dia para dia, neste paiz.<br />

Ha sobretu<strong>do</strong> <strong>do</strong>is grupos <strong>do</strong><br />

parli<strong>do</strong> monarchico: os regenera<strong>do</strong>res,<br />

cujo chefe é o sr. Serpa Pimentel,<br />

e os progressistas, cujo<br />

chefe é o sr. Luciano de Castro, os<br />

quaes, cada um por seu turno, tem<br />

governa<strong>do</strong> por varias vezes o paiz<br />

com tanta incapacidade e corrupção,<br />

que o rei, para evitar um movimento<br />

de indignação publica, teve de<br />

formar um ministério com os elementos<br />

dispersos da politica monarcliica.<br />

Eis aqui a razão da subida<br />

ao poder <strong>do</strong> sr. Dias Ferreira.<br />

As esperanças que o passa<strong>do</strong><br />

liberal de Dias Ferreira, advoga<strong>do</strong><br />

muito conheci<strong>do</strong>, tinham feito nascer,<br />

foram erróneas.<br />

Continúa a mesma politica intolerante<br />

<strong>do</strong>s seus antecessores,<br />

sem tomar medida alguma capaz<br />

de resolver as dificuldades financeiras<br />

em que se debate a nação.<br />

Deixou reenviar para a Africa o jornalista<br />

João Chagas, que tinha si<strong>do</strong><br />

condemna<strong>do</strong> injustamente, como o<br />

disse, numa carta, o ministro Lopo<br />

Vaz.<br />

Programma liberal<br />

Apezar da suppressão ás liberdades<br />

publicas, apezar de Iodas as<br />

perseguições, a propaganda republicana<br />

augmenla de dia para dia.<br />

Ultimamente as duas fracções <strong>do</strong><br />

parli<strong>do</strong> republicano, os modera<strong>do</strong>s<br />

e os radicaes, publicaram os seus<br />

manifestos assigna<strong>do</strong>s por milhares<br />

de cidadãos.<br />

Em Lisboa, ha seis jornaes republicanos;<br />

no Porto, <strong>do</strong>is e nas<br />

províncias lambem ha baslantes.<br />

Oulr'ora a força <strong>do</strong> parli<strong>do</strong> residia<br />

nos operários, nos indivíduos<br />

de pouca illuslração; mas hoje a<br />

sua influencia estendeu-se a todas<br />

as classes laboriosas e militares.<br />

Espera-se d'uma politica nova<br />

e d'homens novos a reparação das<br />

faltas comineltidas pela monarchia.<br />

Para allingir este fim, o parli<strong>do</strong><br />

republicano tem um programma de<br />

governo que comprehende:<br />

1.° A creação d'um novo syslema<br />

d'educação nacional;<br />

2.° A restauração das liberdades<br />

publicas, a afirmação <strong>do</strong> direito<br />

popular pelo sulfragio universal<br />

e, por consequência, o levantamento<br />

<strong>do</strong> regimen representativo;<br />

3.° O desenvolvimento da<br />

producção agrícola por meio de<br />

bancos de credito rural, com a garanlia<br />

hypothecaria, o que permitliria<br />

replantar as vinhas <strong>do</strong> Douro<br />

e explorar os vastos terrenos incultos<br />

<strong>do</strong> Alemlejo, Traz-os-Monles e<br />

Beira ;<br />

4.° Protecção ás industrias<br />

actuaes e seu desenvolvimento por<br />

meio de bancos industriaes;<br />

5.° Reducção <strong>do</strong> systema tributário<br />

actual por um pequeno numero<br />

de taxas;<br />

6.° Reorganisaçãoadministrativa<br />

<strong>do</strong> paiz segun<strong>do</strong> os princípios<br />

de descenlralisação applica<strong>do</strong>s na<br />

Suissa;<br />

7.° Reforma da magistratura,<br />

<strong>do</strong>s tribunaes e <strong>do</strong> processo civil e<br />

criminal, fazen<strong>do</strong> da administração<br />

judiciaria uma instituição democrática,<br />

simples e economica ;<br />

8.° Nova organisação <strong>do</strong> exercito,<br />

ten<strong>do</strong> por base o serviço egual<br />

e obrigatorio;<br />

9.° Legislação protectora <strong>do</strong><br />

trabalho ; organisação <strong>do</strong>s syndicatos<br />

professionaes; seguros obrigalorios<br />

contra os accidentes <strong>do</strong> trabalho<br />

e a constituição d'uma caixa<br />

geral de aposentações;<br />

10.° Reorganisação da administração<br />

colonial pela exploração<br />

das colonias.<br />

As affinidades naturaes<br />

— Qual será a politica exterior<br />

<strong>do</strong> parli<strong>do</strong> republicano?<br />

—Será essencialmente pacifica.<br />

Não temos odios; mas temos afinidades<br />

que se impõem: na Europa<br />

a Hespanha e a França são as nossas<br />

alliadas naluraes; na America<br />

temos o Brazil onde pre<strong>do</strong>mina a<br />

raça e a lingua portuguezas.<br />

Pelo implanlamento da Republica<br />

em Porlugal e em Hespanha,<br />

esses <strong>do</strong>is povos irmãos que occupam<br />

a mais . formidável situação<br />

geographica, ajudar-se-hão reciprocamenlo,<br />

constituin<strong>do</strong> uma grande<br />

potencia que, ao la<strong>do</strong> da Republica<br />

franceza, exercerá uma influencia<br />

profunda na mareha da civilisação.<br />

Poderão assim realisar a união <strong>do</strong>s<br />

povos latinos.<br />

Como será proclamada a Republica?<br />

Parece-me que unicamente pela<br />

revolução que julgo muito fácil e<br />

muito próxima. O povo e o exercito<br />

fraternisarão no mesmo pensamento<br />

de regeneração nacional como no<br />

Brazil.<br />

Não leremos de soffrer os horrores<br />

d'uma guerra civil, porque as<br />

ideias republicanas eslão hoje tão<br />

espalhadas nas províncias e nas<br />

cidades, que no dia em que Lisboa<br />

ou o Porto acclamarem esla redemplora<br />

politica, lo<strong>do</strong> o paiz os secundará<br />

com enthusiasmo.<br />

E o que fará a Hespanha?<br />

O implanlamento da Republica<br />

em Porlugal exercerá uma acção<br />

dicisiva sobre a nação visinha. A<br />

dynastia burbonica não se poderá<br />

sustentar depois de tal acontecimento,<br />

porque os interesses <strong>do</strong>s<br />

<strong>do</strong>is povos peninsulares são idênticos<br />

e só podem estar debaixo da<br />

mesma forma de governo.<br />

ANNO I Coimbra., 6 de dezembro de 1892 N.° 46<br />

<strong>do</strong> <strong>Povo</strong><br />

PELA POLITICA<br />

Ha já noticia de terem si<strong>do</strong> apresentadas<br />

as seguintes candidaturas repuhlicanas:<br />

Villa Real—Dr. Antonio Claro, advoga<strong>do</strong>.<br />

Santo Thyrso—Dr. Cunha e Costa,<br />

advoga<strong>do</strong> e jornalista.<br />

Villa N»va de Gaya—Dr. Maximiano<br />

de Oliveira Lemos, lente da escola medica<br />

<strong>do</strong> Porto.<br />

Moncorvo — Antonio Maria Leitão,<br />

professor.<br />

Vizeu—Francisco Mendes, antigo deputa<strong>do</strong>.<br />

Trancoso—Padre Francisco Augusto<br />

de Albuquerque Ferreira.<br />

Abrantes—Dr. Ramiro Guedes, medico.<br />

Évora—Dr. Julio Martins, advoga<strong>do</strong>.<br />

Reja—Dr. Manuel de Brito Camacho,<br />

medico.<br />

Faro—Dr. João José da Silva, presidente<br />

da Relação de Loanda.<br />

Funchal—Dr. Antonio Maria França,<br />

advoga<strong>do</strong>.<br />

Ponta Delgada — Dr. Theophilo Rraga,<br />

lente <strong>do</strong> curso superior de letlras;<br />

Casimiro Franco, proprietário; e Augusto<br />

Cymbron Rorges de Sousa.<br />

A commissão eleitoral de Freixo de<br />

Espada á Cinta participou á grande commissão<br />

<strong>do</strong> Porio que o candidato republicano<br />

escolhi<strong>do</strong> por aquelle circulo era<br />

o sr. Antonio Maria Quintão, professor<br />

<strong>do</strong> ensino livre.<br />

Na eleição d'Angola, Rodrigues de<br />

Freitas, Magalhães Lima e Eduar<strong>do</strong> de<br />

Abreu, obtiveram bastantes votos.<br />

—Em Lourenço Marques votarão nos<br />

candidatos d'aecl»mação.<br />

Os jornaes da monarchia apregoam<br />

num glorioso unisono de satisfação, que<br />

suas magestades pagarão <strong>do</strong> seu real<br />

bolso as despezas da viagem á Hespanha.<br />

Attenden<strong>do</strong> á prosperidade da casa<br />

de Bragança e ao antiquíssimo costume<br />

de que suas magestades pagam sempre á<br />

sua custa as viajatas e divertimentos,<br />

estamos plenamente convenci<strong>do</strong>s de que<br />

assim será.<br />

Será e deve ser, porque suas magestades<br />

não querem de mo<strong>do</strong> nenhum contribuir<br />

para a ruina <strong>do</strong> paiz.<br />

Cre<strong>do</strong>! Deus nos livre!<br />

Esperem e verão que a coisa ha de<br />

ser faliada.<br />

*<br />

Consta que a sr. D. Maria Pia, ficará<br />

regen<strong>do</strong> o reino durante a ausência<br />

de seus extremosos e queri<strong>do</strong>s filhos.<br />

Ainda bem que é por pouco tempo,<br />

senão ouviríamos novamente os <strong>do</strong>nos das<br />

lojas de modas de Paris a dizerem que<br />

continuam a receber pedi<strong>do</strong>s da sua melhor<br />

fregueza—a rainha de Portugal.<br />

Na camara <strong>do</strong>s pares, constituída em<br />

tribunal de justiça, foi julga<strong>do</strong> na terça<br />

feira passada o par <strong>do</strong> reino Men<strong>do</strong>nça<br />

Cortez.<br />

Presidiu á sessão o sr. Rarjona de<br />

Freitas.<br />

O libello accusatorio consta <strong>do</strong> seguinte<br />

:<br />

P. que em 31 de janeiro de 1891<br />

foram depositadas no Baneo Lusitano<br />

2563 obrigações de 4 1|2 p. c. <strong>do</strong> governo<br />

portuguez <strong>do</strong>s emprestiinos de 1888<br />

e 1889, no valor real de 204:637^000<br />

réis, pertencentes á Caixa das reformas<br />

e pensões da Companhia Real <strong>do</strong>s Caminhos<br />

de Ferro Portuguezes.<br />

2.»<br />

P. que o deposito fôra regular, e<br />

com declaração expressa de que era<br />

para ser guarda<strong>do</strong> na casa forte, e poden<strong>do</strong><br />

somente ser levanta<strong>do</strong> pela fórma<br />

designada na respectiva cautela.<br />

3.°<br />

P. que, contra a expressa declaração<br />

<strong>do</strong> deposito, inserida no <strong>do</strong>cumento<br />

a fl , a Direcção <strong>do</strong> Banco Lusitano<br />

de que é presidente o indicia<strong>do</strong> Men<strong>do</strong>nça<br />

Cortez, toda solidaria nos termos<br />

da legislação em vigor, desencaminhou<br />

o referi<strong>do</strong> deposito, mandan<strong>do</strong>-o empenhar,<br />

no dia 3 de fevereiro de 1891,<br />

no Monte-pio Geral, como caução d'um<br />

empréstimo de 150:0001000 réis, que<br />

que foram applica<strong>do</strong>s era proveito <strong>do</strong><br />

Banco.<br />

4.o<br />

P. e é egualmente objecto da pronuncia,<br />

que o indicia<strong>do</strong> Men<strong>do</strong>nça Cortez<br />

no mesmo dia 3 de fevereiro se<br />

aproveitou de parte <strong>do</strong> deposito constante<br />

a fl. , descontan<strong>do</strong> no Banco<br />

Lusitano oito lettras no valor de réis<br />

80:00()$000, das quaes era sacca<strong>do</strong>r.<br />

5.o<br />

P. que nos termos expostos e nos<br />

<strong>do</strong> direito deve o conselheiro par <strong>do</strong><br />

reino Men<strong>do</strong>nça Cortez ser julga<strong>do</strong> incurso<br />

na sancção penal <strong>do</strong>s art. oa 453.°<br />

e 421.o ,i0 God, penai.<br />

Men<strong>do</strong>nça Cortez foi absolvi<strong>do</strong>.<br />

A monarchia para ser coherente não<br />

podia fazer outra cousa.<br />

Do nosso collega a Vanguarda extrahimos<br />

os seguintes trechos <strong>do</strong> seu artigo<br />

de fun<strong>do</strong> que traduzem lambem o<br />

nosso mo<strong>do</strong> de pensar:<br />

«Que importa que fosse roubada a<br />

caixa de soccorros <strong>do</strong> caminho de ferro?<br />

A Africa fez-se para João Chagas.<br />

Que importa que muitas famílias ficassem<br />

arruinadas com esse roubo?<br />

A Africa fez-se para o tenente Coelho.<br />

Que importa que os depositários <strong>do</strong><br />

Banco Lusitano perdessem os seus haveres.<br />

A Penitenciaria fez-se para o cabo<br />

Salomé.<br />

Que importa que muitas pessoas<br />

perdessem o producto das suas economias?<br />

O exílio fez-se para os apóstolos <strong>do</strong><br />

bem.<br />

Que importa que o pequeno commercio<br />

se definhasse com a fallencia <strong>do</strong><br />

Banco Lusitano ?<br />

O segre<strong>do</strong> fez-se para o sargento<br />

Gallo.<br />

Que importa que fossem rouba<strong>do</strong>s<br />

cinco mil contos <strong>do</strong>s cofres da companhia<br />

<strong>do</strong>s caminhos de ferro ?<br />

As algemas tizeram-se para o alferes<br />

Malheiros.»<br />

Eis a moralidade e a justiça da monarchia.<br />

Deixa fugir uns e absolve os outros.<br />

E querem salvar a nação !...<br />

*<br />

D'um telegramma da Havas para as<br />

Novidades:<br />

Moçambique, 30. — (Origem estrangeira).<br />

Consta que os Masistis saquearam<br />

a costa septentrional de Moçambique,<br />

ten<strong>do</strong> alguns súbditos britaunicos<br />

soflri<strong>do</strong> perdas.<br />

Eis uma noticia que deve ter incoramoda<strong>do</strong><br />

extraordinariamente o sr. D. Carlos.<br />

Pobres inglezes!...<br />

Karl.<br />

LEMBRETES<br />

xn<br />

Zé Dias não acceitou<br />

A ordem da Torre e Espada.<br />

Emíim, vá lá, praticou<br />

Uma medida accertada.<br />

Mas praticou-a sem querer.<br />

Não foi coisa d'encommenda.<br />

Nem julgem qne foi por vêr<br />

Que não m'recia a commenda.<br />

Elle anda <strong>do</strong>i<strong>do</strong> por ella.<br />

A Torre ? I O' Deus quem lh'a dera !.<br />

Tem o brilho d'uma estrella,<br />

Os encantos de chythera.<br />

Mas o Zé Dias, coita<strong>do</strong>,<br />

(Isto é coisa já antiga)<br />

E' muito, muito agarra<strong>do</strong>.<br />

Se gasta... <strong>do</strong>e-lhe a barriga.<br />

E pensou co'os seus botões:<br />

— Vae custar um dinheirão.<br />

Adeus, adeus illusões...<br />

E disse logo que não.<br />

Que não, qud não a queria,<br />

Cheio de grave modéstia.<br />

Mas eu já o conhecia<br />

E descobri-lhe a moléstia:<br />

Pois não a pode acceitar<br />

(E querem saber porquê)<br />

E' só por ter de pagar<br />

Os direitos de mercê.<br />

RUT BLAS.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!