Quanto m o conhecemos misterioso 6 • Ípsilon • Sexta-feira 22 Maio 2009
<strong>Andy</strong><strong>Warhol</strong> ais s, mais ele é SUSANA VERA/ REUTERS Famoso em vida, ícone <strong>de</strong>pois da morte. <strong>Andy</strong> <strong>Warhol</strong>, o artista mais conhecido da segunda meta<strong>de</strong> do século XX, continua a olhar para nós, <strong>de</strong>safi andonos. Em todo o mundo, com <strong>de</strong>staque para uma retrospectiva em Paris, a maior que lhe é <strong>de</strong>dicada nos últimos 20 anos, volta-se a reavaliar o seu legado. <strong>Andy</strong>, nunca pareceu estar tão presente.Vítor Belanciano Pop Art Foram décadas <strong>de</strong> discussão permanente e <strong>de</strong> mediatização sistemática. Toneladas <strong>de</strong> documentos produzidos sobre ele. Já tudo parece ter sido dito sobre <strong>Andy</strong> <strong>Warhol</strong>. Nasceu a 6 <strong>de</strong> Agosto <strong>de</strong> 1928, Pittsburgh. Morreu a 22 <strong>de</strong> Fevereiro <strong>de</strong> 1987, em Nova Iorque. Nenhuma data especial se celebra este ano. Mas entra-se nas livrarias mais comuns <strong>de</strong> Paris e em <strong>de</strong>staque estão livros <strong>de</strong>le. Nos cafés mais mundanos discute-se a sua obra. Nos transportes publicita-se a maior exposição <strong>de</strong>dicada ao autor <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1979, aquela que é a mais vasta mostra <strong>de</strong> retratos da sua autoria alguma vez exibida, “O Gran<strong>de</strong> Mundo <strong>de</strong> <strong>Andy</strong> <strong>Warhol</strong>”, no Grand Palais - até 13 <strong>de</strong> Julho - ou a mostra “<strong>Warhol</strong> TV”, no La Maison Rouge, <strong>de</strong>dicada aos programas que criou para TV. Uma mostra da Hayward Gallery <strong>de</strong> Londres, aberta ao público até Janeiro último, era publicitada com a frase “pensam que o conhecem? Pensem novamente!” Parece que o mundo está mesmo <strong>de</strong>cidido a fazê-lo. Nos últimos meses, <strong>de</strong> Berlim a Amesterdão, outras cida<strong>de</strong>s tiveram exposições suas e aquela que será a gran<strong>de</strong> exposição <strong>de</strong> Provocador, disse que <strong>de</strong>sejava “fazer os piores filmes do mundo” Capa Outono da Tate Mo<strong>de</strong>rn <strong>de</strong> Londres - “Pop Life: Art In A Material World” - irá interrogar o seu legado, olhando para as sucessivas gerações <strong>de</strong> artistas que se guiaram pelos paradigmas que propagou, <strong>de</strong> Jeff Koons a Tracey Emin, <strong>de</strong> Keith Haring a Takashi Murakami ou <strong>de</strong> Damien Hirst a Cindy Sherman. Nos Estados Unidos circula a exposição “A Música e a Dança na Obra <strong>de</strong> <strong>Warhol</strong>”, que interpela a sua relação com a música. São Francisco e, mais tar<strong>de</strong>, o museu <strong>Andy</strong> <strong>Warhol</strong> <strong>de</strong> Pittsburgh irão receber esta mostra, iniciada pelo Museu <strong>de</strong> Belas Artes <strong>de</strong> Montreal. <strong>Warhol</strong>, o pintor, o fotógrafo, o cineasta, o fundador em 1969 da revista “Interview” <strong>de</strong>dicada aos “ricos e famosos”, o mentor do grupo rock Velvet Un<strong>de</strong>rground, o homem da TV nos anos 80, o actor, o manequim, o “dandy eterno”, estratega das aparências, das superfícies, dos rostos, dos aspectos imprevisíveis, volta a ser reavaliado. Nunca <strong>de</strong>sapareceu, é verda<strong>de</strong>. É omnipresente. É impossível pensar o nosso tempo sem ele, mas existem alturas em que parece estar mais do que nunca no meio <strong>de</strong> nós. Porquê agora? Os mais cínicos dizem que é apenas uma reacção das instituições artísticas que, face ao clima <strong>de</strong> crise, preferem apostar em valores seguros, capazes <strong>de</strong> atrair o gran<strong>de</strong> público. Não é essa a visão do francês Alain Cueff, comissário da exposição <strong>de</strong> Paris. “É verda<strong>de</strong> que é uma gran<strong>de</strong> figura, mas está longe <strong>de</strong> ser consensual”, diz-nos. “Ao contrário do que se possa pensar, não o foi nos anos 60 e 70 e hoje também não. Às vezes é <strong>de</strong>masiado subtil e labiríntico para ser entendido na totalida<strong>de</strong> pelo gran<strong>de</strong> público e, outras vezes, é visto como sendo apenas um artista pop, no meio artístico, o que é redutor. A multiplicação <strong>de</strong> exposições é, precisamente, um sinal evi<strong>de</strong>nte da sua complexida<strong>de</strong>.” A fila gigante à entrada do Grand Palais, e os sucessivos salões repletos num vulgar dia <strong>de</strong> semana, parecem contradizê-lo, mas percebe-se o que quer afirmar. <strong>Warhol</strong> é alguém que se oferece às mais diversas inter- Ípsilon • Sexta-feira 22 Maio 2009 • 7