23.04.2013 Views

QUE CORPO É ESTE QUE DANÇA A IMAGEM DO ... - Revista Alegrar

QUE CORPO É ESTE QUE DANÇA A IMAGEM DO ... - Revista Alegrar

QUE CORPO É ESTE QUE DANÇA A IMAGEM DO ... - Revista Alegrar

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

virtualidades e intensidades. Dá-se, então, um corpo que prolonga suas possibilidades e<br />

desdobra seus limites ilimitadamente. E assim:<br />

Espraiado e multiplicado em experiências divergentes e até mesmo incompatíveis e<br />

incongruentes, o corpo revela que nunca foi, na realidade, puramente natural ou estável,<br />

colocando a nu a pretensa ilusão de sua unificação, ao intercambiar e confundir de modo<br />

surpreendente as dicotomias entre interioridade e exterioridade, eu e outro, passado e futuro<br />

(SANTAELLA, 2004, p. 28).<br />

Destarte, tanto a definição de “corpo-próprio”, da fenomenologia de Merleau-Ponty,<br />

que desempenha o papel de garantir uma unidade dada da experiência e do mundo, como<br />

também a correspondência de um ego a um único “corpo-próprio” (enquanto condição de<br />

unidade desse mesmo ego), em Husserl, são abaladas junto com as noções de identidade, não<br />

resistindo “[...] à violação de sua integridade pressuposta” (SANTAELLA, 2004, 31). Por<br />

conseguinte, Santaella (2004, p. 32) indica a reconfiguração do estatuto do corpo que,<br />

desvinculado da unidade do “eu”, acontece enquanto singularidade como fluxo e<br />

multiplicidade, através da filosofia de Deleuze e de Guattari. Tal singularidade deve ser<br />

entendida “[...] no limiar da heteronímia e do devir-outro e é, em seu vetor centrífugo, na<br />

dissolução do „eu‟ e de suas figuras (psicológicas, sociais, morais, filosóficas) que ela se<br />

constitui” (SANTAELLA, 2004, p. 32).<br />

Depois da dissolução da ilusão que pressupõe uma forma humana unificada e<br />

coerente, da noção convencional, o corpo emerge como “[...] um volume em desintegração”<br />

(FOUCAULT, 1977 apud SANTAELLA, 2004, p. 20). E é, justamente, esse corpo dissociado<br />

de si, despedaçado em múltiplos segmentos enquanto sintoma de uma subjetividade não<br />

convencional, que dança a imagem do pensamento.<br />

ALEGRAR nº07 - set/2011 - ISSN 18085148<br />

www.alegrar.com.br<br />

REFERÊNCIA<br />

BADIOU, Alain. Pequeno manual de inestética. Tradução Marina Appenzeller. São Paulo:<br />

Estação Liberdade, 2002.<br />

CANTISTA M. J., Fenomenologia e percepção em Maurice Merleau-Ponty, in: <strong>Revista</strong><br />

Portuguesa de Filosofia, Braga, (41) 1985, pp. 385-404.<br />

DELEUZE, Gilles. Crítica e clínica. Tradução Peter Pál Pelbart. São Paulo: Ed. 34, 1997.<br />

_________, Gilles; GUATTARI, Félix. Mil Platôs: capitalismo e esquizofrenia, vol.3.<br />

Tradução Aurélio Guerra Neto et alii. Rio de Janeiro: Ed. 34, 1996.<br />

8

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!