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Canção e Música Popular Brasileira - marcelo::frizon

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<strong>Canção</strong> e<br />

<strong>Música</strong> <strong>Popular</strong><br />

<strong>Brasileira</strong><br />

Professor Marcelo Frizon


O que é canção?<br />

<strong>Canção</strong> é a união perfeita e harmoniosa entre<br />

letra e melodia.<br />

Quem compôe canções é considerado um<br />

cancionista, segundo o professor da USP Luiz<br />

Tatit.<br />

Tatit é autor dos livros O cancionista (Edusp,<br />

2002) e O Século da <strong>Canção</strong> (Ateliê, 2004).<br />

Luiz Tatit


Uma canção: Felicidade<br />

Felicidade - Caetano Veloso<br />

Composição: Lupicinio Rodrigues<br />

Felicidade foi se embora<br />

E a saudade no meu peito ainda mora<br />

E é por isso que eu gosto lá de fora<br />

Porque sei que a falsidade não vigora<br />

A minha casa fica lá de traz do mundo<br />

Onde eu vou em um segundo quando começo a cantar<br />

O pensamento parece uma coisa à toa<br />

mas como é que a gente voa quando começa a pensar<br />

(2 X)<br />

Felicidade foi se embora<br />

E a saudade no meu peito ainda mora<br />

E é por isso que eu gosto lá de fora<br />

Porque sei que a falsidade não vigora<br />

Na minha casa tem um cavalo tordilho<br />

que é irmão do que é filho daquele que o Juca tem<br />

E quando pego meu cavalo e encilho<br />

Sou pior que limpa trilho e corro na frente do trem<br />

Caetano Veloso<br />

Lupicínio Rodrigues


Surgimento da canção (I)<br />

O que se tinha até o século XIX era o LUNDU, um tipo de música<br />

originada nos batuques e nas danças que os negros africanos trouxeram<br />

para o Brasil, e a MODINHA, cujo caráter melódico evocava trechos de<br />

operetas européias, tocadas nos salões do século XIX.<br />

São estilos distintos, para classes sociais diferentes, mas muitas vezes se<br />

tornavam indistintos, impregnados da sensualidade brasileira. Em meio a<br />

esse ambiente é que começa a se formar a o que estamos chamando de<br />

canção, quando surge um elemento que se tornaria vital à sua<br />

identidade: a letra. Não tanto a letra-poema, típica das modinhas, ou a<br />

letra cômico-maliciosa dos lundus, mas a letra do falante nativo, aquela<br />

que já nasce acompanhada pela entoação correspondente.<br />

Sem nunca deixar de lado o lirismo ou mesmo a comicidade que já<br />

reinavam no séc. XIX, a nova letra substitui o compromisso poético pelo<br />

compromisso com a própria melodia, ou seja, o importante passou a ser a<br />

adequação entre o que era dito e a maneira de dizer, bem mais do que o<br />

valor intrínseco da letra como poema escrito ou declamado.


Surgimento da canção (II)<br />

A canção brasileira surgiu com o século XX;<br />

a canção veio ao encontro do anseio de um vasto setor da população que<br />

sempre se caracterizou por desenvolver práticas ágrafas. Não se “escrevia”<br />

canções;<br />

a canção chegou como se fosse simplesmente uma outra forma de falar dos<br />

mesmos assuntos do dia-a-dia, com uma única diferença: as coisas ditas<br />

poderiam então ser reditas quase do mesmo jeito e até conservadas para a<br />

posteridade. Isso porque surgiu a possibilidade de gravar essas canções;<br />

o primeiro suplemento de discos gravados no Brasil (primeiro selo de<br />

música do país) foi lançado em 1902 pela Casa Edison. Portanto, não é<br />

mera coincidência que essa canção tenha se definido como forma de<br />

expressão artística no exato momento em que se tornou praticável o seu<br />

registro técnico. Afinal, ela constitui a porção da fala que merece ser<br />

gravada.


01. Luar do sertão - Francisco Alves<br />

Composição: Catulo da Paixão Cearense e João Pernambuco<br />

Não há, ó gente, oh não<br />

Luar como este do sertão...<br />

Oh que saudade do luar da minha terra<br />

Lá na serra branquejando<br />

Folhas secas pelo chão<br />

Esse luar cá da cidade tão escuro<br />

Não tem aquela saudade<br />

Do luar lá do sertão<br />

Se a lua nasce por delas da verde mata<br />

Mais porem um sol de prata prateando a solidão<br />

A gente pega na viola que ponteia<br />

E a canção é a lua cheia<br />

A nos nascer do coração<br />

Se Deus me ouvisse<br />

Com amor e caridade<br />

Me faria essa vontade<br />

O ideal do coração:<br />

Era que a morte<br />

A descontar me surpreendesse<br />

E eu morresse numa noite<br />

De luar do meu sertão<br />

Francisco Alves<br />

Catulo da Paixão Cearense<br />

João Pernambuco


02. Jura - Mário Reis<br />

Composição: Sinhô (João Barbosa da Silva)<br />

Jura, jura, jura<br />

pelo Senhor<br />

Jura pela imagem<br />

da Santa Cruz do Redentor<br />

pra ter valor a tua jura<br />

jura, jura<br />

de coração<br />

para que um dia<br />

eu possa dar-te o amor<br />

sem mais pensar na ilusão<br />

Daí então dar-te eu irei<br />

o beijo puro da catedral do amor<br />

Dos sonhos meus, bem junto aos teus<br />

para fugirmos das aflições da dor<br />

Mário Reis<br />

Sinhô


03. Com Que Roupa? - Gilberto Gil<br />

Composição: Noel Rosa<br />

Agora vou mudar minha conduta, eu vou pra luta pois eu quero me aprumar<br />

Vou tratar você com a força bru.....ta, pra poder me reabilitar<br />

Pois esta vida não está sopa e eu pergunto: com que roupa?<br />

Com que roupa que eu vou pro samba que você me convidou?<br />

Com que roupa que eu vou pro samba que você me convidou?<br />

Agora, eu não ando mais fagueiro, pois o dinheiro não é fácil de ganhar<br />

Mesmo eu sendo um cabra trapacei.....ro, não consigo ter nem pra gastar<br />

Eu já corri de vento em popa, mas agora com que roupa?<br />

Com que roupa que eu vou pro samba que você me convidou?<br />

Com que roupa que eu vou pro samba que você me convidou?<br />

Eu hoje estou pulando como sapo, pra ver se escapo desta praga de urubu<br />

Já estou coberto de farrapo, eu vou acabar ficando nu<br />

Meu paletó virou estopa e eu nem sei mais com que roupa<br />

Com que roupa que eu vou pro samba que você me convidou?<br />

Com que roupa que eu vou pro samba que você me convidou?<br />

Noel Rosa Noel Rosa em seu casamento


04. Camisa Listada - Carmen Miranda<br />

Composição: Assis Valente<br />

Vestiu uma camisa listada e saiu por aí<br />

Em vez de tomar chá com torrada ele bebeu parati<br />

Levava um canivete no cinto e um pandeiro na mão<br />

E sorria quando o povo dizia: sossega leão, sossega leão<br />

Tirou o anel de doutor para não dar o que falar<br />

E saiu dizendo eu quero mamar<br />

Mamãe eu quero mamar, mamãe eu quero mamar<br />

Levava um canivete no cinto e um pandeiro na mão<br />

E sorria quando o povo dizia: sossega leão, sossega leão<br />

Levou meu saco de água quente pra fazer chupeta<br />

Rompeu minha cortina de veludo pra fazer uma saia<br />

Abriu o guarda-roupa e arrancou minha combinação<br />

E até do cabo de vassoura ele fez um estandarte<br />

Para seu cordão<br />

Agora a batucada já vai começando não deixo e não consinto<br />

O meu querido debochar de mim<br />

Porque ele pega as minhas coisas vai dar o que falar<br />

Se fantasia de Antonieta e vai dançar no Bola Preta<br />

Até o sol raiar<br />

Dorival Caymmi, Carmen Miranda e Assis Valente<br />

Assis Valente<br />

Carmen Miranda


05. Carinhoso - Dalva de Oliveira<br />

Composição: Pixinguinha e João de Barro<br />

Meu coração, não sei por quê<br />

Bate feliz quando te vê<br />

E os meus olhos ficam sorrindo<br />

E pelas ruas vão te seguindo,<br />

Mas mesmo assim foges de mim.<br />

Ah se tu soubesses<br />

Como sou tão carinhoso<br />

E o muito, muito que te quero.<br />

E como é sincero o meu amor,<br />

Eu sei que tu não fugirias mais de mim.<br />

Vem, vem, vem, vem,<br />

Vem sentir o calor dos lábios meus<br />

À procura dos teus.<br />

Vem matar essa paixão<br />

Que me devora o coração<br />

E só assim então serei feliz,<br />

Bem feliz.<br />

Ah se tu soubesses como sou tão carinhoso<br />

E o muito, muito que te quero<br />

E como é sincero o meu amor<br />

Eu sei que tu não fugirias mais de mim<br />

Vem, vem, vem, vem<br />

Vem sentir o calor dos lábios meus a procura dos teus<br />

Vem matar essa paixão que me devora o coração<br />

E só assim então serei feliz<br />

Bem feliz<br />

Dalva de Oliveira<br />

João de Barro<br />

Pixinguinha


06. Aquarela do Brasil - Francisco<br />

Alves<br />

Composição: Ary Barroso (com arranjo<br />

musical de Radamés Gnatalli)<br />

Brasil, meu Brasil Brasileiro,<br />

Meu mulato inzoneiro,<br />

Vou cantar-te nos meus versos:<br />

O Brasil, samba que dá<br />

Bamboleio, que faz gingar;<br />

O Brasil do meu amor,<br />

Terra de Nosso Senhor.<br />

Brasil!... Brasil!... Prá mim!... Prá mim!...<br />

Ô, abre a cortina do passado;<br />

Tira a mãe preta do cerrado;<br />

Bota o rei congo no congado.<br />

Deixa cantar de novo o trovador<br />

À merencória à luz da lua<br />

Toda canção do meu amor.<br />

Quero ver essa Dona caminhando<br />

Pelos salões, arrastando<br />

Radamés Gnatalli<br />

O seu vestido rendado.<br />

Brasil!... Brasil! Prá mim ... Prá mim!...<br />

Brasil, terra boa e gostosa<br />

Da moreninha sestrosa<br />

De olhar indiferente.<br />

O Brasil, verde que dá<br />

Para o mundo admirar.<br />

O Brasil do meu amor,<br />

Terra de Nosso Senhor.<br />

Brasil!... Brasil! Prá mim ... Prá mim!...<br />

Esse coqueiro que dá coco,<br />

Onde eu amarro a minha rede<br />

Nas noites claras de luar.<br />

Ô! Estas fontes murmurantes<br />

Onde eu mato a minha sede<br />

E onde a lua vem brincar.<br />

Ô! Esse Brasil lindo e trigueiro<br />

É o meu Brasil Brasileiro,<br />

Terra de samba e pandeiro.<br />

Brasil!... Brasil!<br />

Francisco Alves<br />

Ary Barroso


07. O mar - Dorival Caymmi<br />

Composição: Dorival Caymmi<br />

O mar quando quebra na praia<br />

É bonito, é bonito<br />

O mar... pescador quando sai<br />

Nunca sabe se volta, nem sabe se fica<br />

Quanta gente perdeu seus maridos<br />

seus filhos<br />

Nas ondas do mar<br />

O mar quando quebra na praia<br />

É bonito, é bonito<br />

Pedro vivia da pesca<br />

Saia no barco<br />

Seis horas da tarde<br />

Só vinha na hora do sol raiá<br />

Todos gostavam de Pedro<br />

E mais do que todas<br />

Rosinha de Chica<br />

A mais bonitinha<br />

E mais bem feitinha<br />

De todas as mocinha lá do arraiá<br />

Pedro saiu no seu barco<br />

Seis horas da tarde<br />

Passou toda a noite<br />

Não veio na hora do sol raiá<br />

Deram com o corpo de Pedro<br />

Jogado na praia<br />

Roído de peixe<br />

Sem barco sem nada<br />

Num canto bem longe lá do arraiá<br />

Pobre Rosinha de Chica<br />

Que era bonita<br />

Agora parece<br />

Que endoideceu<br />

Vive na beira da praia<br />

Olhando pras ondas<br />

Andando rondando<br />

Dizendo baixinho<br />

Morreu, morreu, morreu, oh...<br />

O mar quando quebra na praia<br />

Jorge Amado e Dorival Caymmi<br />

Dorival Caymmi


Chega de saudade - Tom Jobim e Quarteto em Cy<br />

Composição: Tom Jobim e Vinícius de Moraes<br />

Vai minha tristeza,<br />

e diz a ela que sem ela não pode ser,<br />

diz-lhe, numa prece<br />

Que ela regresse, porque eu não posso Mais sofrer.<br />

Chega, de saudade<br />

a realidade, É que sem ela não há paz,<br />

não há beleza<br />

É só tristeza e a melancolia<br />

Que não sai de mim, não sai de mim, não sai<br />

Mas se ela voltar, se ela voltar<br />

Que coisa linda, que coisa louca<br />

Pois há menos peixinhos a nadar no mar<br />

Do que os beijinhos que eu darei<br />

Na sua boca,<br />

dentro dos meus braços<br />

Os abraços hão de ser milhões de abraços<br />

Apertado assim, colado assim, calado assim<br />

Abraços e beijinhos, e carinhos sem ter fim<br />

Que é pra acabar com esse negócio de você viver sem mim.<br />

Não quero mais esse negócio de você longe de mim..


Desafinado - João Gilberto<br />

Composição: Tom Jobim e Newton Mendonça<br />

Se você disser que eu desafino amor<br />

Saiba que isso em mim provoca imensa dor<br />

Só privilegiados têm ouvido igual ao seu<br />

Eu possuo apenas o que Deus me deu<br />

Se você insiste em classificar<br />

Meu comportamento de anti-musical<br />

Eu mesmo mentindo devo argumentar<br />

Que isto é bossa-nova, isto é muito natural<br />

O que você não sabe nem sequer pressente<br />

É que os desafinados também têm um coração<br />

Fotografei você na minha Roleiflex<br />

Revelou-se a sua enorme ingratidão<br />

Só não poderá falar assim do meu amor<br />

Este é o maior que você pode encontrar<br />

Você com sua música esqueceu o principal<br />

Que no peito dos desafinados<br />

No fundo do peito bate calado<br />

Que no peito dos desafinados<br />

Também bate um coração


Tiro ao Álvaro - Elis Regina e Adoniran Barbosa<br />

Composição: Adoniran Barbosa<br />

De tanto levar frechada do teu olhar<br />

Meu peito até parece sabe o quê?<br />

Táubua de tiro ao álvaro<br />

Não tem mais onde furar<br />

Táuba de tiro ao álvaro<br />

Não tem mais onde furar<br />

Teu olhar mata mais do que bala de carabina<br />

Que veneno e estriquinina<br />

que peixeira de baiano<br />

Teu olhar mata mais que atropelamento de automóver<br />

Mata mais que bala de revórver


Águas de março - Elis<br />

Regina e Tom Jobim<br />

Composição: Tom Jobim<br />

É pau, é pedra, é o fim do caminho<br />

É um resto de toco, é um pouco<br />

sozinho<br />

É um caco de vidro, é a vida, é o sol<br />

É a noite, é a morte, é o laço, é o<br />

anzol<br />

É peroba do campo, é o nó da madeira<br />

Caingá, candeia, é o MatitaPereira<br />

É madeira de vento, tombo da<br />

ribanceira<br />

É o mistério profundo, é o queira ou<br />

não queira<br />

É o vento ventando, é o fim da ladeira<br />

É a viga, é o vão, festa da cumeeira<br />

É a chuva chovendo, é conversa ribeira<br />

Das águas de março, é o fim da<br />

canseira<br />

É o pé, é o chão, é a marcha<br />

estradeira<br />

Passarinho na mão, pedra de<br />

atiradeira<br />

É uma ave no céu, é uma ave no chão<br />

É um regato, é uma fonte, é um<br />

pedaço de pão<br />

É o fundo do poço, é o fim do caminho<br />

No rosto o desgosto, é um pouco<br />

sozinho<br />

É um estrepe, é um prego, é uma<br />

ponta, é um ponto<br />

É um pingo pingando, é uma conta, é<br />

um conto<br />

É um peixe, é um gesto, é uma prata<br />

brilhando<br />

É a luz da manhã, é o tijolo chegando<br />

É a lenha, é o dia, é o fim da picada<br />

É a garrafa de cana, o estilhaço na<br />

estrada<br />

É o projeto da casa, é o corpo na cama<br />

É o carro enguiçado, é a lama, é a<br />

lama<br />

É um passo, é uma ponte, é um sapo,<br />

é uma rã<br />

É um resto de mato, na luz da manhã<br />

São as águas de março fechando o<br />

verão<br />

É a promessa de vida no teu coração<br />

É uma cobra, é um pau, é João, é José<br />

É um espinho na mão, é um corte no<br />

pé<br />

São as águas de março fechando o<br />

verão,<br />

É a promessa de vida no teu coração<br />

É pau, é pedra, é o fim do caminho<br />

É um resto de toco, é um pouco<br />

sozinho<br />

É um passo, é uma ponte, é um sapo,<br />

é uma rã<br />

É um belo horizonte, é uma febre<br />

terçã<br />

São as águas de março fechando o<br />

verão<br />

É a promessa de vida no teu coração<br />

pau, pedra, fim, caminho<br />

resto, toco, pouco, sozinho<br />

caco, vidro, vida, sol, noite, morte,<br />

laço, anzol<br />

São as águas de março fechando o<br />

verão<br />

É a promessa de vida no teu coração.


Garota De Ipanema - Tom Jobim e Vinicius de Moraes<br />

Olha que coisa mais linda<br />

Mais cheia de graça<br />

É ela menina<br />

Que vem e que passa<br />

No doce balanço, a caminho do mar<br />

Moça do corpo dourado<br />

Do sol de Ipanema<br />

O seu balançado é mais que um poema<br />

É a coisa mais linda que eu já vi passar<br />

Ah, porque estou tão sozinho<br />

Ah, porque tudo é tão triste<br />

Ah, a beleza que existe<br />

A beleza que não é só minha<br />

Que também passa sozinha<br />

Ah, se ela soubesse<br />

Que quando ela passa<br />

O mundo inteirinho se enche de graça<br />

E fica mais lindo<br />

Por causa do amor [Bis]


Mas que nada - Jorge<br />

Ben Jor<br />

Composição: Jorge Ben Jor<br />

Remexendo<br />

Remexendo<br />

Remexendo<br />

Remexendo<br />

Menina Sarará remexe aí<br />

Que eu quero ver<br />

Menina Sarará remexe aí<br />

Que eu quero ver<br />

Remexe de cima em baixo<br />

Que eu canto pra você<br />

Remexe de cima em baixo<br />

Que eu toco pra você<br />

Remexendo<br />

Remexendo<br />

Remexendo<br />

Remexendo<br />

Ô, ô, ô, ô, ô, ariá, raiô<br />

Obá, obá, obá<br />

Ô, ô, ô, ô, ô, ariá, raiô<br />

Obá, obá, obá<br />

Mas que nada sai da minha<br />

frente<br />

Que eu quero passar<br />

Pois o samba está animado<br />

E o que eu quero é sambar<br />

Esse samba<br />

Que é misto de maracatu<br />

Samba de preto velho<br />

Samba de preto tutú<br />

Mas que nada um samba<br />

Como este tão legal<br />

Você não vai querer<br />

Que eu chegue no final<br />

Ô, ô, ô, ô, ô, ariá, raiô<br />

Obá, obá, obá<br />

Ô, ô, ô, ô, ô, ariá, raiô<br />

Obá, obá, obá<br />

Ô, mas que nada<br />

Ô, mas que nada<br />

Ô, mas que nada<br />

Ô, mas que nada<br />

Esse samba é gostoso<br />

Essa dança é danada<br />

Mas que nada<br />

Mas que nada<br />

Esse samba<br />

Que é misto de maracatu<br />

Samba de preto velho<br />

Samba de preto tutú<br />

Mas que nada um samba<br />

Como este tão legal<br />

Você não vai querer<br />

Que eu chegue no final<br />

Ô, ô, ô, ô, ô, ariá, raiô<br />

Obá, obá, obá<br />

Ô, ô, ô, ô, ô, ariá, raiô<br />

Obá, obá, obá<br />

Obá, obá, obá<br />

Obá, obá, obá<br />

Obá, obá, obá<br />

Mas que nada


Eu sou terrível - Roberto Carlos<br />

Composição: Roberto Carlos<br />

Eu sou terrível<br />

E é bom parar<br />

Com esse jeito de provocar<br />

Você não sabe<br />

De onde venho<br />

O que eu sou<br />

Nem o que tenho<br />

Eu sou terrível<br />

Vou lhe dizer<br />

Que ponho mesmo<br />

Pra derreter<br />

Estou com a razão no que digo<br />

Não tenho medo nem do perigo<br />

Minha caranga é máquina quente<br />

Eu sou terrível<br />

E é bom parar<br />

Porque agora vou decolar<br />

Não é preciso nem avião<br />

Eu vôo mesmo aqui no chão<br />

Eu sou terrível<br />

Vou lhe contar<br />

Não vai ser mole<br />

Me acompanhar<br />

Garota que andar do meu lado<br />

Vai ver que eu ando mesmo apressado<br />

Minha caranga é máquina quente<br />

Eu sou terrível, eu sou terrível...


Ando meio desligado - Os Mutantes<br />

Composição: Arnaldo Baptista - Rita Lee - Sérgio Dias<br />

Ando meio desligado<br />

Eu nem sinto meus pés no chão<br />

Olho e não vejo nada<br />

Eu só penso se você me quer<br />

Eu nem vejo a hora de lhe dizer<br />

Aquilo tudo que eu decorei<br />

E depois o beijo que eu já sonhei<br />

Você vai sentir, mas...<br />

Por favor, não leve a mal<br />

Eu só quero que você me queira<br />

Não leve a mal


Alegria, alegria -<br />

Caetano Veloso<br />

Composição: Caetano Veloso<br />

Caminhando contra o vento<br />

Sem lenço e sem documento<br />

No sol de quase dezembro<br />

Eu vou...<br />

O sol se reparte em crimes<br />

Espaçonaves, guerrilhas<br />

Em cardinales bonitas<br />

Eu vou...<br />

Em caras de presidentes<br />

Em grandes beijos de amor<br />

Em dentes, pernas, bandeiras<br />

Bomba e Brigitte Bardot...<br />

O sol nas bancas de revista<br />

Me enche de alegria e preguiça<br />

Quem lê tanta notícia<br />

Eu vou...<br />

Por entre fotos e nomes<br />

Os olhos cheios de cores<br />

O peito cheio de amores vãos<br />

Eu vou<br />

Por que não, por que não...<br />

Ela pensa em casamento<br />

E eu nunca mais fui à escola<br />

Sem lenço e sem documento,<br />

Eu vou...<br />

Eu tomo uma coca-cola<br />

Ela pensa em casamento<br />

E uma canção me consola<br />

Eu vou...<br />

Por entre fotos e nomes<br />

Sem livros e sem fuzil<br />

Sem fome, sem telefone<br />

No coração do Brasil...<br />

Ela nem sabe até pensei<br />

Em cantar na televisão<br />

O sol é tão bonito<br />

Eu vou...<br />

Sem lenço, sem documento<br />

Nada no bolso ou nas mãos<br />

Eu quero seguir vivendo, amor<br />

Eu vou...<br />

Por que não, por que não...<br />

Caetano Veloso e os argentinos dos Beat Boys, quando<br />

apresentaram “Alegria, Alegria”


Tropicália -<br />

Caetano Veloso<br />

Composição: Caetano Veloso<br />

Sobre a cabeça os aviões<br />

Sob os meus pés os caminhões<br />

Aponta contra os chapadões<br />

Meu nariz<br />

Eu organizo o movimento<br />

Eu oriento o carnaval<br />

Eu inauguro o monumento<br />

No planalto central do país<br />

Viva a Bossa, sa, sa<br />

Viva a Palhoça, ça, ça, ça, ça<br />

Viva a Bossa, sa, sa<br />

Viva a Palhoça, ça, ça, ça, ça<br />

O monumento<br />

É de papel crepom e prata<br />

Os olhos verdes da mulata<br />

A cabeleira esconde<br />

Atrás da verde mata<br />

O luar do sertão<br />

O monumento não tem porta<br />

A entrada é uma rua antiga<br />

Estreita e torta<br />

E no joelho uma criança<br />

Sorridente, feia e morta<br />

Estende a mão<br />

Viva a mata, ta, ta<br />

Viva a mulata, ta, ta, ta, ta<br />

Viva a mata, ta, ta<br />

Viva a mulata, ta, ta, ta, ta<br />

No pátio interno há uma piscina<br />

Com água azul de Amaralina<br />

Coqueiro, brisa e fala nordestina<br />

E faróis<br />

Na mão direita tem uma roseira<br />

Autenticando eterna primavera<br />

E no jardim os urubus passeiam<br />

A tarde inteira entre os girassóis<br />

Viva Maria, ia, ia<br />

Viva a Bahia, ia, ia, ia, ia<br />

Viva Maria, ia, ia<br />

Viva a Bahia, ia, ia, ia, ia<br />

No pulso esquerdo o bang-bang<br />

Em suas veias corre<br />

Muito pouco sangue<br />

Mas seu coração<br />

Balança um samba de tamborim<br />

Caetano Veloso e<br />

Gilberto Gil, na<br />

época do lançamento<br />

do movimento<br />

Tropicalista<br />

Emite acordes dissonantes<br />

Pelos cinco mil alto-falantes<br />

Senhoras e senhores<br />

Ele põe os olhos grandes<br />

Sobre mim<br />

Viva Iracema, ma, ma<br />

Viva Ipanema, ma, ma, ma, ma<br />

Viva Iracema, ma, ma<br />

Viva Ipanema, ma, ma, ma, ma<br />

Domingo é o fino-da-bossa<br />

Segunda-feira está na fossa<br />

Terça-feira vai à roça<br />

Porém...<br />

O monumento é bem moderno<br />

Não disse nada do modelo<br />

Do meu terno<br />

Que tudo mais vá pro inferno<br />

Meu bem<br />

Que tudo mais vá pro inferno<br />

Meu bem<br />

Viva a banda, da, da<br />

Carmem Miranda, da, da, da, da<br />

Viva a banda, da, da<br />

Carmem Miranda, da, da, da, da


Sampa - Caetano Veloso<br />

Composição: Caetano Veloso<br />

Alguma coisa acontece no meu coração<br />

Que só quando cruza a Ipiranga e a avenida São João<br />

É que quando eu cheguei por aqui eu nada entendi<br />

Da dura poesia concreta de tuas esquinas<br />

Da deselegância discreta de tuas meninas<br />

Ainda não havia para mim Rita Lee<br />

A tua mais completa tradução<br />

Alguma coisa acontece no meu coração<br />

Que só quando cruza a Ipiranga e a avenida São João<br />

Quando eu te encarei frente a frente não vi o meu rosto<br />

Chamei de mau gosto o que vi, de mau gosto, mau gosto<br />

É que Narciso acha feio o que não é espelho<br />

E à mente apavora o que ainda não é mesmo velho<br />

Nada do que não era antes quando não somos mutantes<br />

E foste um difícil começo<br />

Afasto o que não conheço<br />

E quem vende outro sonho feliz de cidade<br />

Aprende depressa a chamar-te de realidade<br />

Porque és o avesso do avesso do avesso do avesso<br />

Do povo oprimido nas filas, nas vilas, favelas<br />

Da força da grana que ergue e destrói coisas belas<br />

Da feia fumaça que sobe, apagando as estrelas<br />

Eu vejo surgir teus poetas de campos, espaços<br />

Tuas oficinas de florestas, teus deuses da chuva<br />

Pan-Américas de Áfricas utópicas, túmulo do samba<br />

Mais possível novo quilombo de Zumbi<br />

E os novos baianos passeiam na tua garoa<br />

E novos baianos te podem curtir numa boa


É proibido proibir - Caetano Veloso<br />

Composição: Caetano Veloso<br />

A mãe da virgem diz que não<br />

E o anúncio da televisão<br />

E estava escrito no portão<br />

E o maestro ergueu o dedo<br />

E além da porta<br />

Há o porteiro, sim...<br />

E eu digo não<br />

E eu digo não ao não<br />

Eu digo: É!<br />

Proibido proibir<br />

É proibido proibir<br />

É proibido proibir<br />

É proibido proibir...<br />

Me dê um beijo meu amor<br />

Eles estão nos esperando<br />

Os automóveis ardem em chamas<br />

Derrubar as prateleiras<br />

As estantes, as estátuas<br />

As vidraças, louças<br />

Livros, sim...<br />

(falado)<br />

Cai no areal na hora adversa que Deus concede aos seus<br />

para o intervalo em que esteja a alma imersa em sonhos<br />

que são Deus.<br />

Que importa o areal, a morte, a desventura, se com Deus<br />

me guardei<br />

É o que me sonhei, que eterno dura e esse que<br />

regressarei.<br />

E eu digo sim<br />

E eu digo não ao não<br />

E eu digo: É!<br />

Proibido proibir<br />

É proibido proibir<br />

É proibido proibir<br />

É proibido proibir<br />

É proibido proibir...<br />

Me dê um beijo meu amor<br />

Eles estão nos esperando<br />

Os automóveis ardem em chamas<br />

Derrubar as prateleiras<br />

As estátuas, as estantes<br />

As vidraças, louças<br />

Livros, sim...<br />

E eu digo sim<br />

E eu digo não ao não<br />

E eu digo: É!<br />

Proibido proibir<br />

É proibido proibir<br />

É proibido proibir<br />

É proibido proibir<br />

É proibido proibir...


Caetano Veloso, Gilberto Gil e Os Mutantes na apresentação de<br />

É proibido proibir, no Festival da Record de 1968


Aquele abraço -<br />

Gilberto Gil<br />

Composição: Gilberto Gil<br />

O Rio de Janeiro<br />

Continua lindo<br />

O Rio de Janeiro<br />

Continua sendo<br />

O Rio de Janeiro<br />

Fevereiro e março<br />

Alô, alô, Realengo<br />

Aquele Abraço!<br />

Alô torcida do Flamengo<br />

Aquele abraço<br />

Chacrinha continua<br />

Balançando a pança<br />

E buzinando a moça<br />

E comandando a massa<br />

E continua dando<br />

As ordens no terreiro<br />

Alô, alô, seu Chacrinha<br />

Velho guerreiro<br />

Alô, alô, Terezinha<br />

Rio de Janeiro<br />

Alô, alô, seu Chacrinha<br />

Velho palhaço<br />

Alô, alô, Terezinha<br />

Aquele Abraço!<br />

Alô moça da favela<br />

Aquele Abraço!<br />

Todo mundo da Portela<br />

Aquele Abraço!<br />

Todo mês de fevereiro<br />

Aquele passo!<br />

Alô Banda de Ipanema<br />

Aquele Abraço!<br />

Meu caminho pelo mundo<br />

Eu mesmo traço<br />

A Bahia já me deu<br />

Régua e compasso<br />

Quem sabe de mim sou eu<br />

Aquele Abraço!<br />

Prá você que me esqueceu<br />

Ruuummm!<br />

Aquele Abraço!<br />

Alô Rio de Janeiro<br />

Aquele Abraço!<br />

Todo o povo brasileiro<br />

Aquele Abraço!


Pra não dizer que não<br />

falei de flores -<br />

Geraldo Vandré<br />

Composição: Geraldo Vandré<br />

Caminhando e cantando<br />

E seguindo a canção<br />

Somos todos iguais<br />

Braços dados ou não<br />

Nas escolas, nas ruas<br />

Campos, construções<br />

Caminhando e cantando<br />

E seguindo a canção...<br />

Vem, vamos embora<br />

Que esperar não é saber<br />

Quem sabe faz a hora<br />

Não espera acontecer...(2x)<br />

Pelos campos há fome<br />

Em grandes plantações<br />

Pelas ruas marchando<br />

Indecisos cordões<br />

Ainda fazem da flor<br />

Seu mais forte refrão<br />

E acreditam nas flores<br />

Vencendo o canhão...<br />

Vem, vamos embora<br />

Que esperar não é saber<br />

Quem sabe faz a hora<br />

Não espera acontecer...(2x)<br />

Há soldados armados<br />

Amados ou não<br />

Quase todos perdidos<br />

De armas na mão<br />

Nos quartéis lhes ensinam<br />

Uma antiga lição:<br />

De morrer pela pátria<br />

E viver sem razão...<br />

Vem, vamos embora<br />

Que esperar não é saber<br />

Quem sabe faz a hora<br />

Não espera acontecer...(2x)<br />

Nas escolas, nas ruas<br />

Campos, construções<br />

Somos todos soldados<br />

Armados ou não<br />

Caminhando e cantando<br />

E seguindo a canção<br />

Somos todos iguais<br />

Braços dados ou não...<br />

Os amores na mente<br />

As flores no chão<br />

A certeza na frente<br />

A história na mão<br />

Caminhando e cantando<br />

E seguindo a canção<br />

Aprendendo e ensinando<br />

Uma nova lição...<br />

Vem, vamos embora<br />

Que esperar não é saber<br />

Quem sabe faz a hora<br />

Não espera acontecer...(4x)


Disparada - Jair<br />

Rodrigues<br />

Composição: Geraldo Vandré e<br />

Theo de Barros<br />

Prepare o seu coração<br />

Prás coisas<br />

Que eu vou contar<br />

Eu venho lá do sertão<br />

Eu venho lá do sertão<br />

Eu venho lá do sertão<br />

E posso não lhe agradar...<br />

Aprendi a dizer não<br />

Ver a morte sem chorar<br />

E a morte, o destino, tudo<br />

A morte e o destino, tudo<br />

Estava fora do lugar<br />

Eu vivo prá consertar...<br />

Na boiada já fui boi<br />

Mas um dia me montei<br />

Não por um motivo meu<br />

Ou de quem comigo houvesse<br />

Que qualquer querer tivesse<br />

Porém por necessidade<br />

Do dono de uma boiada<br />

Cujo vaqueiro morreu...<br />

Boiadeiro muito tempo<br />

Laço firme e braço forte<br />

Muito gado, muita gente<br />

Pela vida segurei<br />

Seguia como num sonho<br />

E boiadeiro era um rei...<br />

Mas o mundo foi rodando<br />

Nas patas do meu cavalo<br />

E nos sonhos<br />

Que fui sonhando<br />

As visões se clareando<br />

As visões se clareando<br />

Até que um dia acordei...<br />

Então não pude seguir<br />

Valente em lugar tenente<br />

E dono de gado e gente<br />

Porque gado a gente marca<br />

Tange, ferra, engorda e mata<br />

Mas com gente é diferente...<br />

Se você não concordar<br />

Não posso me desculpar<br />

Não canto prá enganar<br />

Vou pegar minha viola<br />

Vou deixar você de lado<br />

Vou cantar noutro lugar<br />

Na boiada já fui boi<br />

Boiadeiro já fui rei<br />

Não por mim nem por ninguém<br />

Que junto comigo houvesse<br />

Que quisesse ou que pudesse<br />

Por qualquer coisa de seu<br />

Por qualquer coisa de seu<br />

Querer ir mais longe<br />

Do que eu...<br />

Mas o mundo foi rodando<br />

Nas patas do meu cavalo<br />

E já que um dia montei<br />

Agora sou cavaleiro<br />

Laço firme e braço forte<br />

Num reino que não tem rei


Ponteio - Edu Lobo<br />

Composição: Edu Lobo/<br />

Capinam<br />

Era um, era dois, era cem<br />

Era o mundo chegando e<br />

ninguém<br />

Que soubesse que eu sou<br />

violeiro<br />

Que me desse o amor ou<br />

dinheiro...<br />

Era um, era dois, era cem<br />

Vieram prá me perguntar:<br />

"Ô voce, de onde vai<br />

de onde vem?<br />

Diga logo o que tem<br />

Prá contar"...<br />

Parado no meio do mundo<br />

Senti chegar meu momento<br />

Olhei pro mundo e nem via<br />

Nem sombra, nem sol<br />

Nem vento...<br />

Quem me dera agora<br />

Eu tivesse a viola<br />

Prá cantar...(4x)<br />

Prá cantar!<br />

Era um dia, era claro<br />

Quase meio<br />

Era um canto falado<br />

Sem ponteio<br />

Violência, viola<br />

Violeiro<br />

Era morte redor<br />

Mundo inteiro...<br />

Era um dia, era claro<br />

Quase meio<br />

Tinha um que jurou<br />

Me quebrar<br />

Mas não lembro de dor<br />

Nem receio<br />

Só sabia das ondas do mar...<br />

Jogaram a viola no mundo<br />

Mas fui lá no fundo buscar<br />

Se eu tomo a viola<br />

Ponteio!<br />

Meu canto não posso parar<br />

Não!...<br />

Quem me dera agora<br />

Eu tivesse a viola<br />

Prá cantar, prá cantar<br />

Ponteio!...(4x)<br />

Pontiarrrrrrrr!<br />

Era um, era dois, era cem<br />

Era um dia, era claro<br />

Quase meio<br />

Encerrar meu cantar<br />

Já convém<br />

Prometendo um novo<br />

ponteio<br />

Certo dia que sei<br />

Por inteiro<br />

Eu espero não vá demorar<br />

Esse dia estou certo que<br />

vem<br />

Digo logo o que vim<br />

Prá buscar<br />

Correndo no meio do mundo<br />

Não deixo a viola de lado<br />

Vou ver o tempo mudado<br />

E um novo lugar prá<br />

cantar...<br />

Quem me dera agora<br />

Eu tivesse a viola<br />

Prá cantar<br />

Ponteio!...(4x)<br />

Lá, láia, láia, láia...<br />

Lá, láia, láia, láia...<br />

Lá, láia, láia, láia...<br />

Quem me dera agora<br />

Eu tivesse a viola<br />

Prá cantar<br />

Ponteio!...(4x)<br />

Prá cantar<br />

Pontiaaaaarrr!...(4x)<br />

Quem me dera agora<br />

Eu tivesse a viola<br />

Prá Cantar!


A banda - Chico Buarque<br />

Composição: Chico Buarque<br />

Estava à toa na vida<br />

O meu amor me chamou<br />

Pra ver a banda passar<br />

Cantando coisas de amor<br />

A minha gente sofrida<br />

Despediu-se da dor<br />

Pra ver a banda passar<br />

Cantando coisas de amor<br />

O homem sério que contava dinheiro parou<br />

O faroleiro que contava vantagem parou<br />

A namorada que contava as estrelas parou<br />

Para ver, ouvir e dar passagem<br />

A moça triste que vivia calada sorriu<br />

A rosa triste que vivia fechada se abriu<br />

E a meninada toda se assanhou<br />

Pra ver a banda passar<br />

Cantando coisas de amor<br />

Estava à toa na vida<br />

O meu amor me chamou<br />

Pra ver a banda passar<br />

Cantando coisas de amor<br />

A minha gente sofrida<br />

Despediu-se da dor<br />

Pra ver a banda passar<br />

Cantando coisas de amor<br />

O velho fraco se esqueceu do cansaço e pensou<br />

Que ainda era moço pra sair no terraço e dançou<br />

A moça feia debruçou na janela<br />

Pensando que a banda tocava pra ela<br />

A marcha alegre se espalhou na avenida e<br />

insistiu<br />

A lua cheia que vivia escondida surgiu<br />

Minha cidade toda se enfeitou<br />

Pra ver a banda passar cantando coisas de amor<br />

Mas para meu desencanto<br />

O que era doce acabou<br />

Tudo tomou seu lugar<br />

Depois que a banda passou<br />

E cada qual no seu canto<br />

Em cada canto uma dor<br />

Depois da banda passar<br />

Cantando coisas de amor<br />

Depois da banda passar<br />

Cantando coisas de amor...


Sabiá - MPB4<br />

Composição: Tom Jobim e Chico<br />

Buarque<br />

Vou voltar<br />

Sei que ainda vou voltar<br />

Para o meu lugar<br />

Foi lá e é ainda lá<br />

Que eu hei de ouvir cantar<br />

Uma sabiá<br />

Vou voltar<br />

Sei que ainda vou voltar<br />

Vou deitar à sombra<br />

De um palmeira<br />

Que já não há<br />

Colher a flor<br />

Que já não dá<br />

E algum amor Talvez possa espantar<br />

As noites que eu não queira<br />

E anunciar o dia<br />

Vou voltar<br />

Sei que ainda vou voltar<br />

Não vai ser em vão<br />

Que fiz tantos planos<br />

De me enganar<br />

Como fiz enganos<br />

De me encontrar<br />

Como fiz estradas<br />

De me perder<br />

Fiz de tudo e nada<br />

De te esquecer<br />

Vou voltar<br />

Sei que ainda vou voltar<br />

E é pra ficar<br />

Sei que o amor existe<br />

Não sou mais triste<br />

E a nova vida já vai chegar<br />

E a solidão vai se acabar<br />

E a solidão vai se acabar<br />

No III Festival Internacional da<br />

<strong>Canção</strong>, em 1968, “Sabiá” foi<br />

interpretada por Cynara e Cibele e<br />

ficou em 1º lugar, na frente de<br />

“Pra não dizer que não falei de<br />

flores”, de Geraldo Vandré, o que<br />

gerou vaias e constrangimento para<br />

Tom e Chico.


O que será (À flor da<br />

Terra) - Chico Buarque e<br />

Milton Nascimento<br />

Composição: Chico Buarque e<br />

Milton Nascimento<br />

O que será que será<br />

Que andam suspirando<br />

Pelas alcovas?<br />

Que andam sussurrando<br />

Em versos e trovas?<br />

Que andam combinando<br />

No breu das tocas?<br />

Que anda nas cabeças?<br />

Anda nas bocas?<br />

Que andam acendendo<br />

Velas nos becos?<br />

Estão falando alto<br />

Pelos botecos<br />

E gritam nos mercados<br />

Que com certeza<br />

Está na natureza<br />

Será, que será?<br />

O que não tem certeza<br />

Nem nunca terá!<br />

O que não tem concerto<br />

Nem nunca terá!<br />

O que não tem tamanho...<br />

O que será? Que Será?<br />

Que vive nas idéias<br />

Desses amantes<br />

Que cantam os poetas<br />

Mais delirantes<br />

Que juram os profetas<br />

Embriagados<br />

Está na romaria<br />

Dos mutilados<br />

Está nas fantasias<br />

Dos infelizes<br />

Está no dia a dia<br />

Das meretrizes<br />

No plano dos bandidos<br />

Dos desvalidos<br />

Em todos os sentidos<br />

Será, que será?<br />

O que não tem decência<br />

Nem nunca terá!<br />

O que não tem censura<br />

Nem nunca terá!<br />

O que não faz sentido...<br />

O que será? Que será?<br />

Que todos os avisos<br />

Não vão evitar<br />

Porque todos os risos<br />

Vão desafiar<br />

Porque todos os sinos<br />

Irão repicar<br />

Porque todos os hinos<br />

Irão consagrar<br />

E todos os meninos<br />

Vão desembestar<br />

E todos os destinos<br />

Irão se encontrar<br />

E mesmo padre eterno<br />

Que nunca foi lá<br />

Olhando aquele inferno<br />

Vai abençoar!<br />

O que não tem governo<br />

Nem nunca terá!<br />

O que não tem vergonha<br />

Nem nunca terá!<br />

O que não tem juízo...(2x)


Apesar de você - Chico<br />

Buarque<br />

Composição: Chico Buarque<br />

Amanhã vai ser outro dia<br />

Hoje você é quem manda<br />

Falou, tá falado<br />

Não tem discussão, não.<br />

A minha gente hoje anda<br />

Falando de lado e olhando pro<br />

chão<br />

Viu?<br />

Você que inventou esse Estado<br />

Inventou de inventar<br />

Toda escuridão<br />

Você que inventou o pecado<br />

Esqueceu-se de inventar o perdão<br />

Apesar de você<br />

amanhã há de ser outro dia<br />

Eu pergunto a você onde vai se<br />

esconder<br />

Da enorme euforia?<br />

Como vai proibir<br />

Quando o galo insistir em cantar?<br />

Água nova brotando<br />

E a gente se amando sem parar<br />

Quando chegar o momento<br />

Esse meu sofrimento<br />

Vou cobrar com juros. Juro!<br />

Todo esse amor reprimido,<br />

Esse grito contido,<br />

Esse samba no escuro<br />

Você que inventou a tristeza<br />

Ora tenha a fineza<br />

de "desinventar"<br />

Você vai pagar, e é dobrado,<br />

Cada lágrima rolada<br />

Nesse meu penar<br />

Apesar de você<br />

Amanhã há de ser outro dia.<br />

Ainda pago pra ver<br />

O jardim florescer<br />

Qual você não queria<br />

Você vai se amargar<br />

Vendo o dia raiar<br />

Sem lhe pedir licença<br />

E eu vou morrer de rir<br />

E esse dia há de vir<br />

antes do que você pensa<br />

Apesar de você<br />

Apesar de você<br />

Amanhã há de ser outro dia<br />

Você vai ter que ver<br />

A manhã renascer<br />

E esbanjar poesia<br />

Como vai se explicar<br />

Vendo o céu clarear, de repente,<br />

Impunemente?<br />

Como vai abafar<br />

Nosso coro a cantar,<br />

Na sua frente.<br />

Apesar de você<br />

Apesar de você<br />

Amanhã há de ser outro dia.<br />

Você vai se dar mal, etc e tal,<br />

La, laiá, la laiá, la laiá??


Águas de março - Elis Regina e Tom Jobim<br />

Composição: Tom Jobim<br />

É pau, é pedra, é o fim do caminho<br />

É um resto de toco, é um pouco sozinho<br />

É um caco de vidro, é a vida, é o sol<br />

É a noite, é a morte, é o laço, é o anzol<br />

É peroba do campo, é o nó da madeira<br />

Caingá, candeia, é o MatitaPereira<br />

É madeira de vento, tombo da ribanceira<br />

É o mistério profundo, é o queira ou não queira<br />

É o vento ventando, é o fim da ladeira<br />

É a viga, é o vão, festa da cumeeira<br />

É a chuva chovendo, é conversa ribeira<br />

Das águas de março, é o fim da canseira<br />

É o pé, é o chão, é a marcha estradeira<br />

Passarinho na mão, pedra de atiradeira<br />

É uma ave no céu, é uma ave no chão<br />

É um regato, é uma fonte, é um pedaço de pão<br />

É o fundo do poço, é o fim do caminho<br />

No rosto o desgosto, é um pouco sozinho<br />

É um estrepe, é um prego, é uma ponta, é um ponto<br />

É um pingo pingando, é uma conta, é um conto<br />

É um peixe, é um gesto, é uma prata brilhando<br />

É a luz da manhã, é o tijolo chegando<br />

É a lenha, é o dia, é o fim da picada<br />

É a garrafa de cana, o estilhaço na estrada<br />

É o projeto da casa, é o corpo na cama<br />

É o carro enguiçado, é a lama, é a lama<br />

É um passo, é uma ponte, é um sapo, é uma rã<br />

É um resto de mato, na luz da manhã<br />

São as águas de março fechando o verão<br />

É a promessa de vida no teu coração<br />

É uma cobra, é um pau, é João, é José<br />

É um espinho na mão, é um corte no pé<br />

São as águas de março fechando o verão,<br />

É a promessa de vida no teu coração<br />

É pau, é pedra, é o fim do caminho<br />

É um resto de toco, é um pouco sozinho<br />

É um passo, é uma ponte, é um sapo, é uma rã<br />

É um belo horizonte, é uma febre terçã<br />

São as águas de março fechando o verão<br />

É a promessa de vida no teu coração<br />

pau, pedra, fim, caminho<br />

resto, toco, pouco, sozinho<br />

caco, vidro, vida, sol, noite, morte, laço, anzol<br />

São as águas de março fechando o verão<br />

É a promessa de vida no teu coração.

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