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A Roda de Conversa na Educação Infantil - PUC-SP

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por tradição objeto <strong>de</strong> discussão nos níveis fundamental e médio da escolarida<strong>de</strong>. A<br />

questão inovadora <strong>de</strong>sta pesquisa é investigar a referida modalida<strong>de</strong> discursiva <strong>na</strong><br />

produção do conhecimento com crianças da educação infantil.<br />

Segundo De Chiaro e Leitão (2005), a argumentação, entendida como “uma<br />

ativida<strong>de</strong> social e discursiva, caracterizada pela justificação <strong>de</strong> pontos <strong>de</strong> vista e<br />

consi<strong>de</strong>ração <strong>de</strong> perspectivas contrárias com o objetivo <strong>de</strong> promover mudanças <strong>na</strong>s<br />

representações dos participantes sobre o tema discutido”, assume uma dimensão<br />

privilegiada como recurso <strong>de</strong> mediação em processos <strong>de</strong> construção <strong>de</strong> conhecimento.<br />

Essa “ativida<strong>de</strong> social e discursiva”, como <strong>de</strong>nomi<strong>na</strong>m as autoras, traz em si uma<br />

dimensão crítica, segundo a qual, “pontos <strong>de</strong> vista são construídos, negociados e<br />

transformados” (De Chiaro e Leitão, 2005, p. 350).<br />

Para as autoras, a mediação do professor é vista como um importante fator <strong>na</strong><br />

emergência do argumento em classe. Apontam, também, que o processo social <strong>de</strong><br />

apropriação do conteúdo curricular <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> significativamente das ações discursivas<br />

<strong>de</strong>ste, <strong>na</strong> medida em que conferem status epistêmico ao discurso do aluno.<br />

Com essa afirmação, De Chiaro e Leitão si<strong>na</strong>lizam a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> uma<br />

compreensão mais refi<strong>na</strong>da do papel do professor <strong>na</strong> construção discursiva da<br />

argumentação em sala <strong>de</strong> aula e, consequentemente, das relações <strong>de</strong> produção <strong>de</strong><br />

conhecimento nesse lugar específico.<br />

Em contexto diferente, Pontecorvo (2005) discute o papel da argumentação <strong>na</strong><br />

articulação do pensamento e aponta para a relevância da interação cooperativa e<br />

conflitual <strong>na</strong> construção <strong>de</strong> conhecimento em sala <strong>de</strong> aula. Segundo a autora, as<br />

situações <strong>de</strong> conflito <strong>de</strong> opinião para explicar e argumentar não têm sido utilizados <strong>na</strong><br />

escola para fins <strong>de</strong> aprendizagem. Nas trocas verbais orientadas pelo adulto, em geral,<br />

não são previstos momentos <strong>de</strong> real discussão e, portanto, <strong>de</strong> possíveis conflitos. Como<br />

salienta a pesquisadora, a estrutura usual das interações em sala <strong>de</strong> aula tem seguido a<br />

típica sequência – pergunta do professor, resposta do aluno, comentário do professor –,<br />

com o objetivo <strong>de</strong> avaliar o aluno, verificando os conhecimentos que ele apreen<strong>de</strong>u.<br />

Salienta que esse tipo <strong>de</strong> interação verbal não tem favorecido a construção <strong>de</strong> novos<br />

conhecimentos e muito menos a contraposição dos pontos <strong>de</strong> vista.<br />

Pontecorvo (2005) mostra, ainda, a relevância da construção social do<br />

pensamento em contextos <strong>de</strong> discussão em sala <strong>de</strong> aula. Aponta a capacida<strong>de</strong> das<br />

crianças pré-escolares para captarem o pensamento do outro e construírem em conjunto<br />

um “pensamento discurso”. Ressalta que o raciocínio sobre um argumento específico se<br />

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