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A Roda de Conversa na Educação Infantil - PUC-SP

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Importante <strong>de</strong>stacar, que o país se encontrava sob a égi<strong>de</strong> do governo norte-<br />

americano, que <strong>de</strong>ntre outras “ajudas”, trouxe o acordo MEC/USAID, um programa <strong>de</strong><br />

“assistência técnica” que significou uma interferência direta do governo americano <strong>na</strong> política<br />

educacio<strong>na</strong>l brasileira. Sob essa orientação, o conteúdo do ensino foi totalmente tecnificado e<br />

submetido a acirrado controle i<strong>de</strong>ológico. O material didático produzido, como cartilhas e<br />

livros, seguiam as recomendações dos assessores americanos, responsáveis pela<br />

implementação <strong>de</strong>sse programa.<br />

Ainda nos anos 1960-70, sob a influência <strong>de</strong> estudos norte-americanos e europeus,<br />

ganhou importante espaço <strong>na</strong>s discussões educacio<strong>na</strong>is a abordagem compensatória da<br />

educação. Essa perspectiva partia do pressuposto <strong>de</strong> que a criança das camadas menos<br />

favorecidas sofria <strong>de</strong> “privação cultural”. Os conceitos <strong>de</strong> carência e margi<strong>na</strong>lização cultural<br />

foram largamente utilizados para explicar o fracasso <strong>de</strong>ssa criança <strong>na</strong> escola. Tal discussão<br />

teve reflexos <strong>na</strong> <strong>Educação</strong> <strong>Infantil</strong> e, assim, após muitos <strong>de</strong>bates, chegou-se à conclusão <strong>de</strong><br />

que as pré-escolas po<strong>de</strong>riam <strong>de</strong>senvolver um trabalho que auxiliasse <strong>na</strong> superação das<br />

carências <strong>de</strong>ssa clientela.<br />

No mesmo período surgiram as creches e pré-escolas <strong>de</strong> cunho privado, uma vez que<br />

o Estado não atendia à <strong>de</strong>manda. Essas instituições tinham como clientela a burguesia<br />

emergente, disposta a pagar os “custos” sociais da educação <strong>de</strong> seus filhos (Oliveira, 2002).<br />

Em contrapartida, as instituições “prometiam diferenciar suas crianças, capacitando-as em<br />

prontidão para exames classificatórios da época. Trei<strong>na</strong>vam os infantis para ingressarem<br />

com louvor no Ensino Fundamental, garantindo que alcançassem um diferencial nos<br />

rendimentos escolares futuros” (Moscheto e Chiquito, 2007, p. 25). Segundo esses autores, no<br />

documento Projeto para a <strong>Educação</strong> Marista – Currículo em Movimento, o imaginário<br />

coletivo <strong>de</strong> competição e sucesso a qualquer custo fez crescer significativamente o número <strong>de</strong><br />

escolas privadas que propunham o preparo e o treino <strong>de</strong>ssas crianças, com professores<br />

formados para executarem com eficiência esse trabalho. Para essas instituições, a criança era<br />

vista como um “vir-a-ser adulto” e, por isso, necessitava do trabalho <strong>de</strong> prontidão.<br />

As décadas <strong>de</strong> 70 e 80 do século passado foram marcadas novamente por intensos<br />

conflitos <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m social, político e econômico. Os movimentos operário, estudantil e<br />

feminista <strong>de</strong>sempenharam importante papel para a <strong>de</strong>mocratização do país. Suas<br />

reivindicações giravam em torno do combate às <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong>s sociais e <strong>de</strong> melhores<br />

condições <strong>de</strong> trabalho. Dos segmentos citados, acredito que o movimento feminista merece<br />

especial atenção neste estudo, por sua significativa participação no <strong>de</strong>bate e,<br />

consequentemente, fortalecimento das bases que impulsio<strong>na</strong>ram a criação <strong>de</strong> creches. Esse<br />

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