Com a barriga cheia, partidos abandonam João ... - Revista Metrópole
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notas da <strong>Metrópole</strong><br />
Longo: “Aqui jaz, sob lousa fria,/Pois tudo<br />
no mundo acaba,/Vai fazer falta à Bahia,/<br />
Mas para os vermes: que mangaba!”<br />
Quando Antônio Carlos Magalhães, já<br />
com fama de malvadeza, sucedeu o governador<br />
Luiz Vianna, Rubião Braz ou Wilson<br />
Lins, satirizou, premonitório: “Vai<br />
governar no esporro./O Toninho é um<br />
caso sério!/Audiências: pronto socorro./<br />
Despachos: no cemitério”.<br />
Este, aqui, de autoria Roberto Correia<br />
(1876-1941) e dedicado “a um político<br />
cujo enterro não contou com muitos acompanhantes”,<br />
também caberia como uma<br />
luva a ACM: “Um estadista! Que enterro!/<br />
Vai como pobre cristão,/Só por caído no<br />
erro/De morrer na oposição”.<br />
Até o pai de ACM, o médico Magalhães<br />
Neto, não resistiu à sedução debochada dos<br />
O retorno<br />
Lembra de Severino Cavalcanti?<br />
Aquele do “mensalinho”, que<br />
quando assumiu a Presidência<br />
da Câmara Federal mandou<br />
aumentar o salário dos<br />
deputados? Pois é. Ele afirmou<br />
que está voltando. Severino (PP-<br />
PE), que não conseguiu se eleger<br />
na última eleição, é suplente de<br />
um deputado que mudou de<br />
legenda e aguarda que o TSE<br />
casse o mandato de seu colega<br />
de partido até março, por conta<br />
da infidelidade partidária, para<br />
voltar triunfante.<br />
Ildásio Tavares ainda é um dos poucos epigramistas que mantêm viva a arte milenar de espinafrar os outros em versos<br />
Invisíveis<br />
O ministro da Integração<br />
Nacional, Geddel Vieira Lima<br />
(PMDB), em tom irônico,<br />
afirmou que o movimento de<br />
artistas que estiveram presentes<br />
no Senado defendendo posição<br />
contrária à transposição do<br />
Rio São Francisco nem existe.<br />
“Aqueles dois que estavam lá na<br />
audiência ontem? Eu nem vi”,<br />
disse. “Aqueles dois”, citados pelo<br />
ministro, eram na verdade três, a<br />
atriz Letícia Sabatella e os atores<br />
Osmar Prado e Carlos Vereza.<br />
epigramas e tascou este para o marido de<br />
dona Edith, aquela mesma aconselhada a escrever,<br />
mas não editar: “— <strong>Com</strong>o vai, amigo<br />
Gama?/— Eu passo como Deus quer,/vivendo<br />
sempre da fama,/da minha santa mulher”.<br />
<strong>Com</strong>o o epigrama não prima pelo politicamente<br />
correto, defeitos físicos e “tiros<br />
surdos” (gays enrustidos) também são pratos<br />
cheios para a espinafrada satírica. Para<br />
um pedagogo prognata, Lafayete Spínola<br />
escreveu o epitáfio: “Pois-lhe à morte à<br />
vida fecho,/E o coveiro disse – Diacho!/<br />
Na cova o corpo eu encaixo,/Mas, onde<br />
encaixar o queijo?”<br />
Contra um deputado homossexual,<br />
Clóvis Amorim, falecido em 1970, enfiou<br />
o epitáfio: “Deputado de cartaz/ Na<br />
atual legislatura/ O moço tem por detrás/<br />
Quem lhe faça cobertura”. E impiedoso<br />
Culpado<br />
Quem falou que ninguém seria<br />
punido pelos escândalos que<br />
envolveram o ex-presidente do<br />
Congresso Nacional, Renan<br />
Calheiros (PMDB-AL). O<br />
Senado puniu o ex-subsecretário<br />
geral da Mesa Diretora, Marcos<br />
Santi, por ter acusado Renan<br />
de usar a posição de presidente<br />
da Casa para manipular o<br />
andamento dos processos<br />
que corriam contra o senador<br />
alagoano. Santi recebeu uma<br />
advertência.<br />
Coperphoto<br />
terminou de enterrar o defunto com outra<br />
quadrinha: “Vendo o gajo sepultado/ Um<br />
verme a rir comentou:/- Só para a morte o<br />
safado/ De bruços não se deitou.”<br />
O escritor Hélio Pólvora disse, certa<br />
vez, que “mais importante do que assinar<br />
uma sátira é fazê-la circular, sobretudo se<br />
a pancada dói, se a ferida lateja e custa cicatrizar,<br />
provocando assomos de revide, em<br />
geral sob a forma de agressão física”. Hélio<br />
lembra que alguns epigramistas enfrentam<br />
o perigo, pois preferem perder um amigo<br />
a uma boa quadra. Nos anos 40, tempos<br />
áureos do gênero na Bahia, os epigramas<br />
circulavam pela Rua Chile. “Das três às seis<br />
da tarde, acotovelavam-se na movimentada<br />
rua epigramistas e epigramáveis, na mais<br />
saudável cordialidade”, como anota Wilson<br />
Lins em “Musa Vingadora”.<br />
<strong>Revista</strong> <strong>Metrópole</strong> - fevereiro de 2008<br />
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