Com a barriga cheia, partidos abandonam João ... - Revista Metrópole

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anda ali no Porto da Barra e vê os meninos
vendendo cola, maconha, um monte de
prostitutas, nada contra as prostitutas, eu
até sou a favor de se devolver os bordéis na
cidade de Salvador - foi até um projeto meu
de faculdade, “A revitalização da Ladeira
da Montanha”, devolver os motéis com
classe, com gás, com prostituas bonitas,
saudáveis, ambiente agradável, uma
cidade que se preze tem que ter bordel de
primeira, é entretenimento, é um nicho de
mercado fantástico, legalizado, bonitinho
é uma maravilha. Enfim, o problema
todo, a orla, pelo fato de não se justificar
o investimento por não conseguir obter
retorno, ela começa a entrar num processo
de degradação e que chega aonde chegou
porque o cara que está ocupando ali não
tem dinheiro para fazer a manutenção
do negócio e, por mais que ele invista,
hoje não vai rodar, a não ser que haja um
consenso e se reforme tudo, o que só a
iniciativa privada tem poder de fazer.
M – Você acha que a soliticitação do
governador Jaques Wagner para que Oscar
Niemeyer fizesse um projeto para uma nova
Fonte Nova foi uma atitude política?
– Eu acho que não é política, não.
Eu acho que qualquer pessoa, qualquer
governante, tem exatamente a noção da
importância que é ter um projeto de um
arquiteto como o Oscar Niemeyer, que já
tá com 100 anos e que tá mais pra lá do
que pra cá, mas que tá aí, vivo, talvez um
dos últimos arquitetos dos modernistas
vivo, brasileiro, e que pode fazer. Eu, por
exemplo, adoraria fazer o projeto da Fonte
Nova, inclusive estou atrás de saber como
está isso, mas, por exemplo, no caso de
o Niemeyer fazer, eu acredito que todos
os outros arquitetos que querem fazer
abririam mão para ter um equipamento
do porte da Fonte Nova com a assinatura
de Oscar Niemeyer. Isso vira ponto de
visitação turística e isso está acima da
manobra política, óbvio que vai tirar
proveito disso, mas se trouxer um projeto
de Niemeyer do tamanho que é a Fonte
Nova a gente só tem a ganhar com isso.
M – “A decoração entra quando a
arquitetura falha”. Você falou essa frase?
– É, falei (risos). Essa frase não é da
minha autoria, quem falava isso era Lina
Bo Bardi, se eu não me engano, que fez o
Solar do Unhão, o Masp, a Casa do Benin,
e eu concordo com isso. Quando se tem
um projeto arquitetônico bem resolvido,
inclusive eu uso isso nos meus projetos, se
está bem resolvido não é a cor do sofá que
vai deixar a casa bonita.
M – Quais obras daqui de Salvador
você acha que não cabe mais?
– Eu acho que uma cidade do porte
de Salvador tem que ter um Centro de
Convenções bem estruturado até porque
um nicho de mercado muito grande é o de
turismo de negócio, e acho que o Centro de
Convenções da Bahia é subdimensionado
Divulgação
A casa Quinta da Lagoa, no Condomínio Guarajuba, é uma das centenas que Quintela projetou nos últimos dez anos
e subutilizado, o que não quer dizer que
não é necessário. Eu acho que o Centro
de Convenções não é bem resolvido
arquitetonicamente, mas ele é necessário,
então acho que merecia ter um Centro de
Convenções melhor, um lugar para fazer
eventos como tem que ser. Mas o poder
público e a iniciativa privada deveriam dar
um melhor uso a ele. Acabou virando um
local para formatura, que agora nem isso
pode mais. Então tem que se fazer um Centro
de Convenções que atenda as demandas da
vida moderna, que são feiras imobiliárias, de
serviço, eventos turísticos. Agora, que é um
equipamento ultrapassado, isso é.
M – Fora a Fonte Nova, qual o projeto
que você gostaria de fazer aqui em
Salvador? Wagner falou que vai fazer um
oceanário na região do Clube Português,
que foi derrubado...
– Pra mim é um absurdo não derrubar
aquilo ali. Eu acho que é o que vai acontecer
nas docas, eu queria fazer o projeto das
docas, a Fonte Nova, a Copa do Mundo vem
aí e vem o negócio do marketing, mídia...
Além disso, eu gostaria de fazer uma igreja
católica, eu fiz a revitalização do Gantois. •