Fernando Negrão - ANBP
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Alto Risco<br />
Abril de 2011<br />
seminário<br />
A missão dos jornalistas no exercício<br />
da sua profissão e a relação que estabelecem<br />
com os agentes da protecção civil em<br />
cenários de catástrofe e risco, estiveram<br />
em debate no Padrão dos Descobrimentos,<br />
no passado dia 6 de Abril. O seminário<br />
“Jornalistas e Bombeiros - construir<br />
redes sociais”, promovido pela Associação<br />
Nacional de Bombeiros Profissionais,<br />
e inserido nas XX Jornadas de Prevenção<br />
e Segurança na Floresta do Betão, contou<br />
com a participação de três jornalistas de<br />
diferentes órgãos de comunicação social -<br />
Agência Lusa, SIC e Rádio Renascença -,<br />
por um lado, e com uma plateia de bombeiros<br />
e de agentes de protecção civil, por<br />
outro.<br />
O Secretário de Estado da Protecção<br />
Civil, Vasco Franco, presidiu à cerimónia<br />
de abertura, salientando a relevância<br />
da articulação entre os órgãos de comunicação<br />
social e a protecção civil. A<br />
este propósito, recordou os exemplos da<br />
Missão da FOCON no HAITI, salientando<br />
u Vasco Franco lembrou a importância dos<br />
jornalistas em cenários de catástrofe<br />
u <strong>Fernando</strong> Curto agradeceu a<br />
presença de todas as entidades e<br />
dos jornalistas convidados<br />
Bombeiros e jornalistas<br />
debatem em seminário<br />
o espírito de cooperação. Lembrou ainda o<br />
sismo do Japão, onde a comunicação teve<br />
um papel relevante nos primeiros alertas<br />
e na transmissão de mensagens com recomendações<br />
à população.<br />
Disso mesmo deu conta Anselmo Crespo,<br />
jornalista da SIC, ligado à economia,<br />
mas a quem coube a “aventura” de fazer a<br />
cobertura do tsunami no Japão. Num país<br />
onde pouco se fala inglês, valeu-lhe um<br />
tradutor que o ia ajudando a identificar<br />
as mensagens que surgiam no telemóvel<br />
comprado no país e que alertavam para<br />
a iminência de uma réplica. Num país<br />
em que “em 24 horas, tudo o que poderia<br />
acontecer de mau, aconteceu”, o povo está<br />
“preparado” e a sensibilização da opinião<br />
pública passa também pelos órgãos de comunicação<br />
social e pelos seus “actores”.<br />
Ainda assim, destacou a dificuldade<br />
de obter informações nos locais, tendo<br />
qualquer explicação sido remetida para<br />
Pequim.<br />
O impacto de uma câmara de filmar<br />
ou de um microfone pode intimidar o interlocutor<br />
e atrapalhar a relação de confiança<br />
entre a fonte e o jornalista, mas,<br />
de acordo com Gabriela Chagas, “uma caneta<br />
e um papel não intimidam ninguém”.<br />
A jornalista da Agência Lusa defendeu a<br />
“responsabilidade social” do jornalista,<br />
lembrando que a necessidade de transmitir<br />
a informação se cruza também com<br />
a necessidade de proteger as vítimas, por<br />
exemplo, num cenário de catástrofe. Ainda<br />
assim, lamentou o facto de hoje em dia<br />
se retratar “pouco as pessoas e muito os<br />
números”.<br />
A importância da verdade dos<br />
números e a tentativa de os ocultar por<br />
parte de algumas entidades, num cenário<br />
de catástrofe, foi um dos aspectos realçados<br />
por João Cunha. O jornalista da Rádio<br />
Renascença relembrou a experiência<br />
vivida, em território Nacional, na ilha da<br />
Madeira, aquando da tragédia de 20 de<br />
Fevereiro de 2010. Também a passagem<br />
pela Turquia, em 1999, foi um momento<br />
Jornal da Associação Nacional dos Bombeiros Profissionais<br />
u O Governador Civil de Lisboa, António<br />
Galamba,respondeu a algumas questões<br />
colocadas pelos jornalistas convidados<br />
u (da esquerda para a direita)- Gabriela Chagas<br />
(Lusa), Filomena Barros (moderadora do debate),<br />
Anselmo Crespo (SIC) e João Cunha (RR)<br />
u O debate contou com a<br />
participação da plateia<br />
marcante para João Cunha, ao integrar<br />
uma missão portuguesa de ajuda e salvamento,<br />
comandado pelo Inspector Manuel<br />
Velloso, actual presidente da ANAFS -Associação<br />
Nacional dos Alistados das Formações<br />
Sanitárias. “Senti que era mais<br />
um elemento naquela equipa”, recorda,<br />
relatando um dos episódios em que ajudou<br />
a descarregar um camião de ajuda<br />
humanitária.<br />
As dificuldades de comunicação com<br />
os agentes da protecção civil, bem como<br />
as dificuldades criadas pela utilização de<br />
terminologia técnica por parte destes para<br />
a explicação de um sinistro, estiveram<br />
entre os principais problemas apontados<br />
pelos jornalistas na sua relação com bombeiros<br />
e demais agentes no terreno. Ficou,<br />
assim, no ar a sugestão por parte destes<br />
profissionais da comunicação social para<br />
que as entidades relacionadas com este<br />
sector da protecção civil criem formações<br />
para os jornalistas para que a relação se<br />
torne mais simples e eficaz.<br />
Jornal da Associação Nacional dos Bombeiros Profissionais<br />
setúbal<br />
<strong>ANBP</strong>/SNBP e Sapadores<br />
de Setúbal contestam<br />
medidas da autarquia<br />
Vigílias, manifestações e greve. São as<br />
formas de luta ponderadas pela Associação<br />
Nacional de Bombeiros Profissionais e pelo<br />
Sindicato Nacional de Bombeiros Profissionais<br />
para contestarem, uma vez mais,<br />
o actual sistema de turnos na Companhia<br />
Bombeiros Sapadores de Setúbal e a falta<br />
de efectivos.<br />
Numa conferência de Imprensa realizada<br />
no passado dia 14 de Abril, em Setúbal,<br />
<strong>Fernando</strong> Curto lembrou que, com o novo<br />
sistema de cinco turnos (em vez de quatro),<br />
existem menos elementos de reforço que<br />
“são chamados à folga e pagos como horário<br />
extraordinário a 200% continuando com<br />
um défice de quatro a cinco elementos por<br />
turno, em relação ao horário anterior”. A isto<br />
acrescenta-se o facto de alguns elementos<br />
serem obrigados a fazer até 60 horas semanais<br />
devido à sobreposição de turnos e ao insuficiente<br />
número de efectivos. Actualmente,<br />
a CBSS tem menos 39 bombeiros e a <strong>ANBP</strong>/<br />
notícias<br />
uO Presidente da <strong>ANBP</strong>, <strong>Fernando</strong> Curto e o<br />
Presidente do SNBP Sérgio Carvalho com<br />
elementos do Secretariado Regional de Setúbal<br />
Simulacro em Torres<br />
Vedras detecta falhas<br />
nas comunicações<br />
Dois anos após o ciclone que atingiu o concelho, a Protecção<br />
Civil de Torres Vedras promoveu, no passado dia 23 de Abril, um<br />
simulacro para testar o novo plano municipal. O exercício contemplou<br />
um cenário de sismo de magnitude entre 5.o e 5.9 na escala de<br />
Richter, seguido de tsunami. Estiveram envolvidos pescadores, escolas<br />
e mais de maia centena de pessoas das 16 entidades concelhias.<br />
Em declarações à Agência Lusa, o vice-presidente da Câmara<br />
Municipal de Torres Vedras, Carlos Bernardes, concluiu que este “foi<br />
o maior simulacro desde sempre e o primeiro desde o ciclone, com<br />
13 cenários diferentes que revelaram problemas nas comunicações,<br />
com contactos telefónicos desactualizados”, à semelhança do que<br />
aconteceu na intempérie de 2009.<br />
SNBP lembram que não entram bombeiros<br />
na Companhia desde 2006.<br />
A este factor junta-se “um défice de viaturas”,<br />
segundo Pedro Dinis, do Secretariado<br />
Regional de Setúbal da <strong>ANBP</strong>/SNBP,<br />
ao que se acrescenta o facto de aguardarem<br />
“há largos anos, por um veículo de Salvamento<br />
e Desencarceramento Pesado”.<br />
A <strong>ANBP</strong>/SNBP considera que, o que<br />
está em causa, são “as vidas e os haveres<br />
das populações” e a exemplo disso um dos<br />
bombeiros presentes na conferência de imprensa<br />
relatou um incêndio ocorrido numa<br />
habitação, em Azeitão. De acordo com sapador,<br />
a única viatura disponível no Destacamento<br />
de Azeitão era vocacionada para<br />
incêndio em mato e deveria ser guarnecida<br />
por quatro efectivos. No entanto, só havia<br />
dois bombeiros disponíveis e o apoio de<br />
Setúbal só chegou 35 minutos depois.<br />
Os dirigentes da <strong>ANBP</strong>/SNBP consideram<br />
que o Destacamento de Azeitão “não<br />
Faltam<br />
simulacros<br />
no Túnel<br />
do Marquês<br />
possui as condições mínimas para que os<br />
bombeiros sapadores prestem socorro”.<br />
As suas estruturas opõem-se à intenção<br />
da câmara em tornar o actual destacamento<br />
de Azeitão da CBSS num quartel<br />
de bombeiros voluntários.<br />
Este vai ser, de resto, um dos assuntos<br />
que vão integrar um memorando que<br />
vai ser enviado à Câmara Municipal de<br />
Setúbal, do qual vai constar ainda um<br />
pedido para repensar a actual situação de<br />
efectivos, viaturas e horas extraordinárias.<br />
Vai ainda ser pedida uma audiência à presidente<br />
Maria das Dores Meira e ao vereador<br />
da Protecção Civil, Carlos Rabaçal.<br />
Alto Risco<br />
Abril de 2011 11<br />
Caso não seja conseguido um entendimento,<br />
os Sapadores dizem estar prontos<br />
para realizar manifestações locais e nacionais,<br />
vigilas frente aos Paços do Concelho<br />
e, possivelmente, uma greve.<br />
Durante a conferência de Imprensa,<br />
o presidente da <strong>ANBP</strong>, <strong>Fernando</strong> Curto,<br />
abordou ainda a alegada “incompatibilidade”<br />
dos cargos de José Luís Bucho.<br />
O Coordenador Municipal de Protecção<br />
Civil é também presidente da Associação<br />
Humanitária dos Bombeiros Voluntários<br />
de Setúbal. “Ninguém pode ser juiz<br />
em causa própria”, defendeu <strong>Fernando</strong><br />
Curto.<br />
Quatro anos depois da inauguração do Túnel do Marques, a<br />
Associação Nacional de Bombeiros Profissionais mantém as suas<br />
preocupações relativamente à falta de realização de simulacros e às<br />
questões de segurança.<br />
A <strong>ANBP</strong> admite que as questões relacionadas com a estrutura<br />
física não poderiam sofrer alterações, como a dimensão dos passeios,<br />
mas lembra que nem sequer foram realizados simulacros, considerados<br />
“simples de fazer”, que servem para testar a capacidade<br />
dos bombeiros em “socorrer e retirar pessoas do interior do túnel”.<br />
A realização de simulacros, desde o túnel até às estações do<br />
metro ou centros comerciais é um dos pontos que a <strong>ANBP</strong> pretende<br />
abordar numa audiência que solicitou ai vereador da Protecção Civil<br />
da Câmara Municipal de Lisboa, Manuel Brito.<br />
Ainda assim, a <strong>ANBP</strong> registou mudanças positivas, como a permanência<br />
de elementos da segurança a tempo inteiro no Túnel e<br />
mais visitas regulares do Regimento dos Sapadores Bombeiros de<br />
Lisboa.<br />
A Câmara de Lisboa quer requalificar a Avenida Joaquim António<br />
de Aguiar e reajustar os tempos dos semáforos na Alexandre<br />
Herculano para solucionar os engarrafamentos que persistem, mesmo<br />
quatro anos depois da sua inauguração.