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GONÇALVES, Tatiana Mol. Devoção à Virgem em Mariana

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Os Capítulos de Visita também mencionam o rosário 37 (comportando cento e<br />

cinqüenta ave-marias, <strong>em</strong> correspondência aos salmos, de mesmo quantitativo) 38 , b<strong>em</strong><br />

como a versão reduzida desta oração, o terço (com suas cinqüenta Ave-Marias) 39 : “[...]<br />

Compete, pois, aos referidos Capelães [...] recitar devotamente com os mesmos Fiéis as<br />

saudações do Rosário Mariano e do Ângelus.” 40 A legitimação tridentina a tais orações<br />

foi reforçada pelas confirmações pontifícias de Pio V (1569 e 1571) e pela concessão de<br />

indulgências por Bento XIII (1724) e Bento XIV (1742), conforme destacado pelos<br />

prelados: “[...] e no principio de cada mês exort<strong>em</strong> a que se confess<strong>em</strong> nele para<br />

ganhar<strong>em</strong> a indulgência plenária que concedeu o nosso Santíssimo Padre Benedito<br />

décimo tércio, aos que rezar<strong>em</strong> de joelhos as três Ave-Marias [...]”. 41 Tais indulgências,<br />

por sua vez, não pod<strong>em</strong> ser dissociadas de uma conotação política: rezado desde o<br />

medievo, o rosário <strong>em</strong>erge como símbolo identitário da cristandade com a vitória dos<br />

príncipes cristãos sobre os muçulmanos na batalha de Lepanto, <strong>em</strong> 1571; a partir de<br />

então, ele teve sua recitação coletiva e pública estimulada pelos dominicanos, sobretudo<br />

por ocasião de alguma crise social ou enfrentamento armado, como nos combaters<br />

contra os protestantes. 42 O rosário foi difundido na América Portuguesa pelos frades<br />

capuchinhos, que para isto obtiveram licença do superior geral dos dominicanos,<br />

difundindo também a devoção entre os grupos africanos. 43 Neste sentido, “Já o<br />

primeiro bispo de <strong>Mariana</strong>, D. Frei Manuel da Cruz, atestava que no interior de Minas,<br />

inclusive nas capelas, estava <strong>em</strong> prática a recitação do rosário [...]”. 44<br />

37 A partir do século XII, a oração da Ave-Maria alcançou maior difusão, sendo repetida com auxílio de<br />

cordinhas munidas por nós, e sendo também unida <strong>à</strong> prece do Pai-Nosso. Durante séculos, a tradição<br />

considerou s. Domingos como o criador do rosário. Não é possível aduzir provas decisivas neste sentido,<br />

mas é certo que o rosário teve orig<strong>em</strong> na ord<strong>em</strong> dos pregadores, no início do século XIII. Também outras<br />

associações religiosas, como a Companhia de Jesus, o adotaram e contribuíram de maneira significativa<br />

para sua difusão <strong>em</strong> toda a Igreja. BALTHASAR, Hans Urs von et alii. Op. Cit. p. 267.<br />

38 Capítulo de Visita do Dr. José dos Santos <strong>à</strong> Igreja Paroquial do Sr. Bom Jesus do Monte do Furquim,<br />

10 jul. 1761. Apud: Ibid. V. 2. Ver também Capítulo de Visita do Dr. José dos Santos <strong>à</strong> Igreja paroquial<br />

do Sr. João Baptista do Morro Grande.Apud: Ibid. V. 2.<br />

39 Capítulo de Visita do Dr. José dos Santos e D. Fr. Manoel da Cruz <strong>à</strong> Capela de Nossa Senhora da<br />

Conceição da Cachoeira do Brumado, 13 maio 1764. Apud: Ibid. V. 2. Cf. também Capítulo de Visita do<br />

Dr. José dos Santos <strong>à</strong> Igreja Paroquial de Santo Antonio da Casa Branca, 28 abr. 1768. Apud: Ibid. V. 2.<br />

40 Relatório do Episcopado de <strong>Mariana</strong> Para a Sagrada Congregação do Concílio de Trento [1º de julho de<br />

1757]. Apud: RODRIGUES, Flávio Carneiro de, mons. Cadernos Históricos do Arquivo Eclesiástico da<br />

Arquidiocese de <strong>Mariana</strong>. V. 3. <strong>Mariana</strong>, 2005. p. 81.<br />

41 Carta Pastoral de D. Frei Antônio de Guadalupe, 14 dez. 1727. Apud: RODRIGUES, Flávio Rodrigues,<br />

mons. Op. Cit. V. 1. p.12.<br />

42 BOFF, Clodovis. Mariologia social: o significado da <strong>Virg<strong>em</strong></strong> para a sociedade. São Paulo: Paulus,<br />

2006. p. 112-113.<br />

43 HOORNAERT, Eduardo et alii. História da Igreja no Brasil. Op. Cit. p. 348.<br />

44 RUPERT, Arlindo. A Igreja no Brasil. V. III (1700-1822). Santa Maria: Pallotti, 1988. p. 267.<br />

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