01.05.2013 Views

Telefone celular e infância: alguns tensionamentos - Unirevista

Telefone celular e infância: alguns tensionamentos - Unirevista

Telefone celular e infância: alguns tensionamentos - Unirevista

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

<strong>Telefone</strong> <strong>celular</strong> e <strong>infância</strong>: <strong>alguns</strong> <strong>tensionamentos</strong>!<br />

Lilian Ivana Born<br />

algo porque os outros também possuem/compram. Na falta de uma referência a ser seguida, as pessoas<br />

encontram caminhos alternativos para sentirem-se “identificadas” umas com as outras, e um desses<br />

caminhos é o consumo. Por meio do consumo de determinados objetos, criam-se grupos e/ou comunidades<br />

que se unem não apenas em função de laços de amizade ou por necessidade, mas sim pelo valor, pelo<br />

capital simbólico que tais objetos proporcionam a quem os adquire. Cria-se, desta forma, uma rede, um<br />

circuito, em que os produtos acabam constituindo nossa identidade, nos fazendo sujeitos identificados com<br />

determinada cultura, mesmo que essa se constitua dentro do consumo. Sarlo (2000), ao falar dessa<br />

construção simbólica em relação aos objetos e da importância de adquiri-los para sentir-se identificado, diz:<br />

(...) tornaram-se tão valiosos para a construção de uma identidade, são tão centrais no discurso da<br />

fantasia, despejam tamanha infâmia sobre quem não os possui, que parecem feitos da matéria<br />

resistente e inacessível dos sonhos. Frente a uma realidade instável e fragmentária, em processo de<br />

velocíssimas metamorfoses, os objetos são uma âncora, porém uma âncora paradoxal, pois ela<br />

mesma deve mudar o tempo todo, oxidar-se e destruir-se, entrar em obsolescência no próprio dia<br />

de sua estréia. Com tais paradoxos constrói-se o poder dos objetos: a liberdade daqueles que os<br />

consomem surge da férrea necessidade do mercado de converter-nos em consumidores<br />

permanentes. A liberdade dos nossos sonhos de objetos escuta a voz do ponto teatral mais poderoso,<br />

e com ela nos fala. (p.30)<br />

Essa importância dos objetos, em especial o <strong>celular</strong> (artefato que venho analisando neste texto), pode ser<br />

observada nas seguintes falas das crianças:<br />

pessoas.<br />

Ele representa algo bom. É importante em nossas vidas porque a gente pode se conectar com as<br />

UNIrevista - Vol. 1, n° 2 : (abril 2006)<br />

(B. menina, 10 anos, 5ª série, escola estadual)<br />

O <strong>celular</strong> é uma tecnologia fantástica, porque ele é pequeno e contem muitas coisas, o <strong>celular</strong> é uma<br />

forma de comunicação à longa distância e é importante ter um porque você se comunica com as pessoas<br />

fora e dentro de casa.<br />

(J. menina, 11 anos, 5ª série, escola estadual)<br />

Um meio de comunicação que pode ser para brincar, falar, escrever, até ficar informada, mas<br />

também pode ser algo só para se comunicar (é isso que os adultos fazem).<br />

(A. menina, 11 anos, 6ª série, escola particular)<br />

Representa um aparelho para se comunicar e se localizar. É importante ter um <strong>celular</strong> para quando<br />

sair, jogar e repito, se comunicar.<br />

(F. menina, 12 anos, 6ª série, escola estadual)<br />

Num estudo sobre os processos de interações sociais mediados pelo <strong>celular</strong>, Moura & Maciel Mantovani<br />

(2005) 6 , dizem que:<br />

6 MOURA, Maria Aparecida & MACIEL MANTOVANI, Camila. 2005, Fluxos informacionais e agregação just-in-time:<br />

interações mediadas pelo <strong>celular</strong>, Revista TEXTOS de la CiberSociedad, 6. Temática Variada. Disponível em:<br />

Acesso 30 abril 2005.<br />

5

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!