327 ANEXO A ENTREVISTA COM O PROFESSOR ADIR BOTELHO
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de Belas Artes), sendo visitada com entusiasmo pelo garoto Adir que, contudo, não se<br />
sentia ainda preparado para nela estudar, preferindo aguardar o momento certo para<br />
fazer o vestibular 330 . Desta forma, só em 1949 finalmente ingressa, aos 18 anos, no<br />
tradicional curso de Pintura da ENBA, também “ligando-se desde cedo à redação e<br />
diagramação de jornais e revistas [tendo trabalhado] nos jornais Tribuna da Imprensa, O<br />
Globo, Shoping News, e no Instituto Nacional do Livro”. 330<br />
Porém, ao saber que seria aberto na ENBA um curso de gravura com a duração<br />
de dois anos (que atualmente seria considerado um curso de extensão), Adir Botelho foi<br />
o primeiro aluno a nele se inscrever, antes mesmo de concluir o seu bacharelado em<br />
Pintura. 330 Isto ocorreu “em 1951, quando a Congregação da Escola, em 13/11/1950,<br />
aprovou a indicação de Raimundo Brandão Cela para a regência da cadeira de Gravura<br />
de Talho-Doce, Água-Forte e Xilografia.” 330 Começava aí a sua longa ligação com a<br />
gravura que, suplantando seu interesse inicial pela pintura, o tornou um dos mais<br />
importantes gravadores brasileiros da segunda metade do século XX:<br />
336<br />
Participei do Salão, creio que em 55, 56, com gravura em madeira e não parei mais e<br />
todas as vezes, e sempre, nunca mais expus em pintura, em nenhuma mostra, por menor<br />
que fosse, nem do Rio, nem de fora. Sempre fiz questão de participar de todo e qualquer<br />
evento, sempre e tão somente, com gravura em madeira. Coisa que faço até hoje...” 330<br />
A partir deste momento seu nome fica também indissociável do ensino da<br />
gravura na ENBA. Em 1953, com apenas 20 anos, torna-se auxiliar de Cela, após os 2<br />
anos de estudos requeridos pelo curso, assumindo pouco depois a responsabilidade pela<br />
cadeira durante o internamento daquele mestre por motivos de saúde. Com a morte de<br />
Cela em 1954, Oswaldo Goeldi assumiu a regência da cadeira, tornando-se Adir<br />
também seu auxiliar e discípulo durante 6 anos, até que, com o falecimento deste<br />
segundo mestre em 1961, vê-se efetivado como professor do atelier de gravura da<br />
ENBA por 51 anos ininterruptos, até sua aposentadoria compulsória.<br />
Sob sua orientação, após o impulso inicial dado por Cela e Goeldi, o atelier de<br />
Gravura se tornou um dos setores mais produtivos da ENBA (tornada EBA depois de<br />
1965), recebendo tanto alunos regularmente matriculados quanto “ouvintes” que,<br />
atraídos pela dinâmica imprimida por seu jovem professor, iam ali buscar aprendizado e<br />
desenvolver suas linguagens em plena efervescência político-cultural dos anos 60. Já em<br />
1966, apenas 5 anos depois de ter assumido a regência do atelier de gravura, é publicado