327 ANEXO A ENTREVISTA COM O PROFESSOR ADIR BOTELHO
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aprenderam no “atelier” de gravura da Escola Nacional de Belas Artes, e à cooperação<br />
de todos os que ali trabalham, os alunos de Adir Botelho. 330<br />
Pelo que se depreende da leitura deste artigo, podemos perceber o quanto o<br />
processo de ensino levado a cabo por Adir Botelho se diferenciava da tradicional forma<br />
de ensino da maioria dos professores com os quais estudara durante sua graduação em<br />
Pintura. Aqueles, sempre muito formais, mantinham certa distância de seus alunos, os<br />
quais não tinham muita liberdade para proporem exercícios diferentes daqueles<br />
estipulados pelo mestre. Da mesma maneira, não havia muito intercâmbio interno,<br />
sendo difícil, fora do ambiente das salas, um aluno pedir opiniões sobre seus trabalhos a<br />
professores de outras disciplinas que encontrassem pelos corredores da EBA. 330 Uma<br />
das exceções ficou por conta do próprio Goeldi, cujo método de ensino vem descrito,<br />
por ele mesmo, desta forma:<br />
Não sou propriamente um professor, mas sim um orientador. Há uma parte técnica em<br />
toda manifestação artística que deve ser ensinada por quem tem mais experiência; mas a<br />
parte da criação é puramente interior e querer guiá-la ou dar-lhe orientação seria mutilar<br />
a personalidade do artista. Faço assim não só com as crianças da Escolinha [de Arte de<br />
Augusto Rodrigues], mas também com os alunos da Escola Nacional de Belas Artes.<br />
Cada um deve seguir as suas próprias tendências, sem se apegar a escolas e grupos. 330<br />
Esta maneira de Goeldi entender seu trabalho como professor – totalmente<br />
modesto e não invasivo - foi herdada por seu discípulo Adir que, como vimos no artigo<br />
do Globo, sempre a colocava em prática durante suas aulas e avaliações. Fui testemunha<br />
disto, pois pude me beneficiar dela quando, por meu turno, freqüentei a Oficina de<br />
Gravura como aluno do curso de Pintura, pelos idos de 1985. Naquela época o atelier de<br />
gravura não mais estava no tradicional ambiente do antigo prédio da ENBA, no centro<br />
do Rio, mas numa grande sala térrea, nos fundos de um longo corredor do prédio da<br />
Reitoria da UFRJ, construído na Ilha do Fundão, para o qual a Escola fora transferida na<br />
segunda metade da década de 70, onde funciona até hoje. Mas lá ainda se formava a<br />
mesma roda de alunos a discutirem as gravuras uns dos outros sob os olhares atentos do<br />
próprio professor Adir Botelho e dos professores Marcos Varela e Kazuo Hia. O clima<br />
era sempre bastante descontraído e cooperativo, de estimulo a troca de idéias e<br />
experiências, entrando o professor Adir, sempre no momento certo, para instigar nos<br />
alunos a reflexão sobre o que estes haviam criado durante as aulas do semestre e a