327 ANEXO A ENTREVISTA COM O PROFESSOR ADIR BOTELHO
327 ANEXO A ENTREVISTA COM O PROFESSOR ADIR BOTELHO
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Terra, compreendi que as histórias de um Brasil perdido estão aí, que elas existem. O<br />
verdadeiro poder dele, no entanto, não reside no simples fato de conter histórias<br />
contadas pelos pajés ou pelas mães que amavam repetir aos filhos as recordações da<br />
tribo, mas o de compreender o alcance da educação através da arte e da estética.”<br />
Diante de tanta energia e profusa manifestação de criatividade aos 79 anos, só<br />
posso afirmar, sem medo de estar exagerando, que a aposentadoria do professor Adir é<br />
uma das mais ativas e produtivas, dentre professores e artistas, de que tenho notícia<br />
nestes meus 30 anos de relacionamento com a EBA.<br />
Adir, o xilogravador e desenhista<br />
Mas falando agora sobre sua carreira artística como xilogravador, ela foi<br />
construída paralelamente às suas atividades de professor, designer de decoração<br />
carnavalesca para as avenidas do Rio de Janeiro (pela qual o artista Adir Botelho<br />
também é bastante lembrado), diagramador e ilustrador, tendo seu trabalho xilográfico<br />
sido premiado em eventos nacionais e internacionais de grande importância. Recebeu<br />
críticas e comentários de nomes de peso no campo das artes e tem sua obra representada<br />
em acervos como os do MASP, Itaú Cultural, Museu Nacional de Belas Artes,<br />
Biblioteca Nacional e MAM do Rio de Janeiro. Seu currículo completo tomaria muito<br />
espaço do número pequeno de páginas de que disponho para escrever, no entanto posso<br />
citar, entre os muitos eventos de que participou e prêmios que recebeu, os seguintes:<br />
expositor na V, VI, VII, VIII e IX Bienais de São Paulo; expositor no Salão Nacional de<br />
Arte Moderna, de 1954 a 1972 (Prêmios de Isenção de Júri e Viagem ao País, em 1958<br />
e 1959); Salão de Arte Moderna do Paraná, 1962, (Prêmio de Melhor Gravador<br />
Nacional) 330 etc. Como afirmei, a lista é longa...<br />
E dentre as suas séries de xilogravuras, a mais conhecida é Canudos, já citada<br />
acima, composta por 120 xilogravuras e realizada em 20 anos de trabalho sem<br />
interrupção (1978 a 1998). Baseada na Guerra de Canudos, descrita na imortal obra de<br />
Euclides da Cunha, Os Sertões, estas gravuras são estilisticamente associadas ao<br />
Expressionismo, contudo com evidente preocupação com uma profunda pesquisa da<br />
forma, aliada a uma técnica derivada, em parte, dos meios pictóricos, os quais o artista<br />
domina completamente. Mas passo a palavra mais uma vez à professora Angela, que<br />
descreve desta maneira a série: