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68 a Geração que Queria Mudar o Mundo: relatos - DHnet

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O processo de discussão interna, no coletivo, das <strong>que</strong>stões da ALN, resultou na formação<br />

do MOLIPO. Eu e “Aurora”, apesar de concordarmos com o grupo, achávamos <strong>que</strong> o<br />

racha só poderia se dar no Brasil e não no exterior. Fomos votos vencidos e apenas nós<br />

continuamos na ALN. Os demais do grupo dos 28 começaram a organizar o <strong>que</strong> mais<br />

tarde veio a ser o MOLIPO. O “Joel” era uma das suas lideranças, um dos maiores<br />

articuladores e criador do programa do Movimento de Libertação Popular.<br />

Essas discussões começaram quando tivemos notícia das diversas <strong>que</strong>das <strong>que</strong> vínhamos<br />

sofrendo; do impasse de sairmos do cerco do inimigo; da nossa não ida para o campo; da<br />

necessidade de ações de sobrevivência até <strong>que</strong> novas <strong>que</strong>das se repetissem, isolados da<br />

massa, sem trabalho de base nas escolas ou nas fábricas.<br />

Propúnhamos uma nova reestruturação, com o envio de quadros para o campo, volta ao<br />

trabalho de base, ações armadas de expropriação e de propaganda. Segundo o <strong>que</strong><br />

acompanhamos nos jornais a respeito do MOLIPO, alguns quadros foram mortos em<br />

áreas rurais mas, em sua grande maioria, repetiram os mesmos desvios <strong>que</strong> tanto<br />

criticamos.<br />

Nosso treinamento no campo foi feito em grupos diferentes. Não tenho informações de<br />

como o “Joel” se saiu, mas acredito <strong>que</strong> tenha se saído bem. Nossa casa, desde os primeiros<br />

<strong>que</strong> chegaram, foi sendo organizada visando e pensando na volta, na luta <strong>que</strong> nos<br />

esperava. Eu ou o “Humberto” (Adalberto Mortati) dirigíamos a ginástica <strong>que</strong> começava<br />

às 5 ou 6h da manhã. Eu era um atleta <strong>que</strong> havia praticado judô e o “Humberto” era faixa<br />

preta de karatê. No início, fomos devagar e depois fomos apertando na ginástica e, se<br />

não me falha a memória, um dia, tão forte era a carga <strong>que</strong> o grupo já suportava, <strong>que</strong> o<br />

“Joel” vomitou.<br />

Não custa lembrar <strong>que</strong> os companheiros <strong>que</strong> foram para treinamento, em geral, eram<br />

pessoas <strong>que</strong> nunca haviam praticado esporte. O “Joel” era um intelectual <strong>que</strong> exigia<br />

muito da cabeça e pouco do corpo. Nosso grupo foi considerado pelos cubanos como o<br />

de melhor aproveitamento nos cursos. Alguns companheiros, até hoje, acreditam <strong>que</strong> os<br />

cubanos tiveram mais influência sobre o grupo do 3º Exército do <strong>que</strong> na realidade. Fomos<br />

para fazer um bom treinamento e voltar. Fizemos isso. A confirmação está no fato de ter<br />

sido o grupo <strong>que</strong> teve maior número de baixas, seguido pelos companheiros do 2º<br />

Exército.<br />

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