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68 a Geração que Queria Mudar o Mundo: relatos - DHnet

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todo ano – inclusive nomearam-me generosamente Presidente Perpétuo do CACO, sala e<br />

placa alusivas –, sempre lembro <strong>que</strong> não houve gesto heróico algum. O <strong>que</strong> deve ser<br />

registrado, por importante, é o fato de o Brasil contar com eles hoje, ainda nas lutas por<br />

uma sociedade melhor e mais justa. Provou-se <strong>que</strong> aquilo não era coisa de juventude<br />

rebelde (?), de jovens imaturos. Bendita juventude, aliás, a<strong>que</strong>la.<br />

Eis os nomes de alguns desses jovens – hoje cin<strong>que</strong>ntões ou sessentões – <strong>que</strong> ali estavam<br />

no CACO e com os quais (a maioria) sempre mantemos contacto, principalmente os do<br />

Grupo Tortura Nunca Mais: Professora e Psicóloga Cecília Coimbra, Presidente do Grupo<br />

Tortura Nunca Mais.<br />

Professora Flora Abreu, diretora do Grupo Tortura Nunca Mais. Professora Victória<br />

Grabois, diretora do Grupo Tortura Nunca Mais. Professora Maria Helena, diretora do<br />

Grupo Tortura Nunca Mais. Dr. Walter Oaquim, Secretário do Governo Estadual e vicepresidente<br />

do Flamengo F.C. Dr. Brandão Monteiro, Secretário do Governo Estadual. Dr.<br />

Celso Soares, advogado. Dr. Oscar Araújo, escritor. Professores César Guilmar, Victor<br />

Giudice e Rodolfo Motta Lima. Sr. José Rocha, produtor teatral. Sr. Acir H. da Costa,<br />

Funarte. Dr. Moisés Azhenblat, diretor do Teatro Casa Grande. Professor Luís Fernando de<br />

Carvalho, assessor do Governo Estadual. Dr. Alexandre Addor, Diplomata. Sr. Francisco<br />

das Chagas Monteiro, o Frank, ator e produtor de teatro, o Chiquinho do CPC.<br />

A sucinta listagem acima foi feita por ocasião da pesquisa/entrevista de alunos de<br />

Comunicação da FACHA. Já se passaram muitos anos. Alguns dos citados já morreram, a<br />

maioria ocupa outros cargos ou segue outros projetos e ou se aposentou. Permanece o<br />

espírito de todos, sem esmorecimento, na certeza de <strong>que</strong>, jovens, já vislumbraram <strong>que</strong> era<br />

preciso desempenhar um papel digno, espécie de missão, profissão-de-fé, ao longo de<br />

sua existência. Muito distante, assim, da<strong>que</strong>la pregação reacionária, conveniente e<br />

preconceituosa, em torno de <strong>que</strong> “os jovens são assim mesmo”, “isso passa, vão se<br />

aburguesar logo”. “Coisa de juventude rebelde”. Esse rebelde é muito injusto, intuindo um<br />

inconformismo da idade, “fogo de palha”. Não foi não. O único mérito de minha ação<br />

reside no fato de poder constatar: a<strong>que</strong>la era, e é, uma brava gente brasileira.<br />

Encerrado o episódio e tendo eu garantido a retirada dos estudantes do local, ao regressar<br />

ao Ministério do Exército na<strong>que</strong>la tarde do dia 1º de abril, imediatamente fui preso e<br />

enviado, por lancha, para a primeira prisão (Fortaleza de Santa Cruz) e, a seguir, para a<br />

prisão do Forte Imbuí, onde fi<strong>que</strong>i isolado. E a cassação não tardou. Ali iniciavam os 20<br />

anos de repressões e perseguições.<br />

<strong>68</strong> a geraçao <strong>que</strong> <strong>que</strong>ria mudar o mundo: <strong>relatos</strong> relaToS - o GolPe (1964) 95

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