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Dissertação inteira - Repositório Institucional da UFSC

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estruturas, as quais criarão, dentre outras coisas, a estrutura jurídicopolítica<br />

<strong>da</strong> socie<strong>da</strong>de.<br />

Na divisão do trabalho mais a cooperação, portanto, reside o<br />

poder social que se bifurca em dois tipos cooperação: a espontânea (não<br />

voluntária e com poder alienado) e a associa<strong>da</strong> (voluntária com poder<br />

próprio). Em última análise, é o direito (ou uma regulação social, para<br />

não assumirmos um termo equívoco e sobre o qual nos debruçaremos no<br />

próximo capítulo) nascendo <strong>da</strong> produção <strong>da</strong> vi<strong>da</strong>, independentemente de<br />

sua positivi<strong>da</strong>de ou não. É claro, to<strong>da</strong>via, que a descrição em tela estava<br />

mais preocupa<strong>da</strong> em criticar a socie<strong>da</strong>de capitalista que estabelecer as<br />

bases minuciosas no novo. Mas de qualquer forma há a possibili<strong>da</strong>de de<br />

se visualizar uma cooperação não espontânea meramente, mas<br />

voluntária, e ela consistiria na “apropriação <strong>da</strong> totali<strong>da</strong>de <strong>da</strong>s forças de<br />

produção pelos indivíduos associados”, 18 momento no qual se<br />

extinguiria a proprie<strong>da</strong>de priva<strong>da</strong> e seu modo de cooperação.<br />

Aí é que a produção <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> material, o trabalho, vira meio e não<br />

fim, sendo a finali<strong>da</strong>de dos trabalhadores manterem sua vi<strong>da</strong> como está,<br />

tão-somente. Apesar de poderem criar novas necessi<strong>da</strong>des, só<br />

reproduzem sua vi<strong>da</strong> (sua subsistência, dir-se-ia contemporaneamente),<br />

sem que a produção vi<strong>da</strong>, primeiro elemento do fazer-história, ganhe<br />

qualquer relevo. Eis que o trabalho “perdeu neles to<strong>da</strong> a aparência de<br />

ativi<strong>da</strong>de autônoma e apenas conserva sua vi<strong>da</strong> na medi<strong>da</strong> em que esta<br />

mesma vi<strong>da</strong> definha”. 19<br />

Interessante é notar que já nos “Manuscritos econômicofilosóficos”,<br />

de 1844 (escritos dois anos antes de a última versão<br />

deixa<strong>da</strong> para a “A ideologia alemã”), Marx colocava quatro dimensões<br />

do trabalho humano estranhado (que é mais que o trabalho alienado) e<br />

uma delas já dizia respeito à cooperação, quer dizer, o estranhamento do<br />

homem não só em relação ao produto de seu trabalho, do seu ser<br />

genérico ou dos outros homens, mas também do ato de produção do<br />

18 MARX, K.; ENGELS, F. A ideologia alemã, p. 96. Marx e Engels ain<strong>da</strong> falariam em uma<br />

“dependência omnilateral” transforma<strong>da</strong>, de acordo com uma revolução comunista: “a<br />

dependência omnilateral, forma plasma<strong>da</strong> espontaneamente <strong>da</strong> cooperação históricouniversal<br />

dos indivíduos, transforma-se, graças a esta revolução comunista, no controle e na<br />

dominação consciente sobre estes poderes que, nascidos <strong>da</strong> ação de alguns homens sobre os<br />

outros, até agora se impunham sobre eles e os dominavam na condição de potências<br />

absolutamente estranhas”. MARX, K.; ENGELS, F. A ideologia alemã, p. 61. Infelizmente,<br />

não podemos nos dedicar ao tema <strong>da</strong> revolução no pensamento marxista aqui. Em alguma<br />

medi<strong>da</strong>, a questão aparecerá nos próximos capítulos, mas podemos fazer constar que a mera<br />

crítica não dá corpo a uma revolução <strong>da</strong>s práticas <strong>da</strong>s relações sociais reais.<br />

19 MARX, K.; ENGELS, F. A ideologia alemã, p. 95.<br />

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