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As estratégias da atividade de relações públicas nas cooperativas ...

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<strong>As</strong> <strong>estratégias</strong> <strong>da</strong> ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>relações</strong> <strong>públicas</strong> <strong>nas</strong> <strong>cooperativas</strong><br />

<strong>de</strong> crédito<br />

Taís Corrêa *<br />

Resumo: Este artigo abor<strong>da</strong> o surgimento do movimento cooperativista com ênfase<br />

às <strong>cooperativas</strong> <strong>de</strong> crédito, relacionando a ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>relações</strong> <strong>públicas</strong> como<br />

estratégia para o aprimoramento <strong>da</strong>s <strong>relações</strong> entre a cooperativa e seus públicos.<br />

Através <strong>de</strong> <strong>estratégias</strong> volta<strong>da</strong>s ao princípio <strong>da</strong> educação, é apresenta<strong>da</strong> uma nova<br />

perspectiva <strong>de</strong> relacionamento entre cooperativa e associado. Para isso foi utiliza<strong>da</strong><br />

uma pesquisa bibliográfica aos autores do gênero, bem como uma entrevista <strong>de</strong><br />

profundi<strong>da</strong><strong>de</strong> com a <strong>relações</strong> <strong>públicas</strong>, especialista em cooperativismo, Vera Regina<br />

Shmitz. A entrevista aplica<strong>da</strong> i<strong>de</strong>ntifica como a ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>relações</strong> <strong>públicas</strong> po<strong>de</strong><br />

agregar excelência no relacionamento entre os públicos e a cooperativa.<br />

Palavras – Chave: Cooperativismo. Relações Públicas. Cooperativas <strong>de</strong> Crédito.<br />

Comunicação. Educação.<br />

1 INTRODUÇÃO<br />

A evolução e a expansão do sistema cooperativo geraram oportuni<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />

trabalho, aumento <strong>da</strong> produção e até, em certos lugares, a regular preço. Também<br />

passou a <strong>de</strong>terminar que a cooperativa exercesse influência na socie<strong>da</strong><strong>de</strong> como um<br />

todo, <strong>de</strong> tal forma que as ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong>ntro <strong>da</strong> cooperativa começassem a ter<br />

reflexos na coletivi<strong>da</strong><strong>de</strong>, <strong>de</strong>terminando um movimento <strong>de</strong> aproximação entre os dois<br />

universos.<br />

No mercado globalizado on<strong>de</strong> as <strong>relações</strong> <strong>de</strong> trabalho são basea<strong>da</strong>s na busca<br />

pelo resultado financeiro (lucro) e pela exploração do trabalhador, o mo<strong>de</strong>lo<br />

cooperativo surge como uma alternativa <strong>de</strong>mocrática, sustenta<strong>da</strong> por <strong>relações</strong><br />

solidárias a partir <strong>da</strong>s quais busca gerar processos <strong>de</strong> cooperação baseados na<br />

igual<strong>da</strong><strong>de</strong>, na eqüi<strong>da</strong><strong>de</strong> e na justiça econômica e social.<br />

Existem diversos tipos <strong>de</strong> <strong>cooperativas</strong> como por exemplo agropecuárias,<br />

habitacionais, turismo, consumo, serviços, entre outros. No entanto, neste trabalho,<br />

* Forman<strong>da</strong> do curso <strong>de</strong> Comunicação Social – Relações Públicas na Universi<strong>da</strong><strong>de</strong> do Vale do Rio<br />

dos Sinos.


será abor<strong>da</strong>do um estudo sobre as <strong>cooperativas</strong> <strong>de</strong> crédito.<br />

Uma associação <strong>de</strong> pessoas que formam uma poupança comum e passam<br />

a operar como qualquer instituição bancária, oferecendo serviços<br />

financeiros (pagamento, <strong>de</strong>sconto, cobrança, empréstimos, entre outros)<br />

não somente aos seus associados, como também aos usuários eventuais,<br />

caracteriza a Cooperativa <strong>de</strong> Crédito. (Mc INTYRE, 2002, p. 16)<br />

Com o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong>ste artigo pretendo fazer uma análise sobre como<br />

ocorre o exercício <strong>da</strong> ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>relações</strong> <strong>públicas</strong> <strong>nas</strong> <strong>cooperativas</strong> <strong>de</strong> crédito e a<br />

forma como essas se comunicam com os seus associados. Proponho uma reflexão<br />

sobre como o principio educação é <strong>de</strong>senvolvido na cooperativa e <strong>de</strong> que forma os<br />

profissionais <strong>de</strong> Relações Públicas po<strong>de</strong>m <strong>de</strong>sempenhar esta tarefa.<br />

<strong>As</strong> <strong>cooperativas</strong> possuem uma forma peculiar <strong>de</strong> comunicar-se com os seus<br />

públicos com relação aos outros tipos <strong>de</strong> organizações, isso porque em uma<br />

cooperativa temos a idéia <strong>de</strong> soli<strong>da</strong>rie<strong>da</strong><strong>de</strong>, <strong>de</strong> cooperação mútua. Sendo assim,<br />

in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte do grau <strong>de</strong> interesse, os públicos <strong>da</strong> cooperativa <strong>de</strong>vem ser<br />

informados através <strong>de</strong> um canal seguro, que tenha o compromisso <strong>de</strong> transmitir as<br />

<strong>de</strong>cisões e até mesmo notícias relaciona<strong>da</strong>s ao cooperativismo. Consi<strong>de</strong>rando que<br />

são i<strong>de</strong>ais <strong>da</strong>s <strong>cooperativas</strong> a transparência e a cooperação na realização <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>termina<strong>da</strong> tarefa, é imprescindível o monitoramento <strong>da</strong>s informações a fim <strong>de</strong> que<br />

o cooperado sinta-se também parte <strong>da</strong> cooperativa.<br />

A participação dos associados na cooperativa não <strong>de</strong>ve ser imposta, mas sim<br />

uma a<strong>de</strong>são espontânea dos indivíduos que se origina na materialização <strong>de</strong> certos<br />

valores que o ser adota como seus. Dessa forma, o cooperado passa a apoiar a<br />

cooperativa e utilizar os serviços oferecidos pela mesma, pois a sente como sua<br />

proprie<strong>da</strong><strong>de</strong>.<br />

Para isso é necessário que a comunicação se faça presente entre as<br />

<strong>estratégias</strong> <strong>da</strong>s <strong>cooperativas</strong>, pois <strong>de</strong>ssa forma o associado obtém informações<br />

sobre os projetos e realizações <strong>da</strong> organização e percebe que é, também, ouvido<br />

quando necessário, à medi<strong>da</strong> que acontece a reciproci<strong>da</strong><strong>de</strong> no fluxo <strong>de</strong> informações<br />

entre a cúpula e a base.<br />

2 COOPERATIVISMO<br />

<strong>As</strong> primeiras manifestações do cooperativismo ocorreram no século XIX na<br />

Inglaterra, na ci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> Roch<strong>da</strong>le, quando 28 artesãos se reuniram e passaram a


comercializar produtos para o grupo por preços mais acessíveis do que os<br />

praticados pelos comerciantes locais. Na época o capitalismo <strong>de</strong>spontava com a<br />

Revolução Industrial e a relação entre os donos <strong>da</strong>s empresas e trabalhadores<br />

baseava-se na exploração do trabalhador e na dura jorna<strong>da</strong> <strong>de</strong> trabalho. Surgia<br />

nesse contexto uma nova proposta <strong>de</strong> organização <strong>de</strong> trabalho basea<strong>da</strong> na<br />

<strong>de</strong>mocracia e no trabalho coletivo para fins <strong>de</strong> sustentabili<strong>da</strong><strong>de</strong> e não <strong>de</strong><br />

acumulação <strong>de</strong> capital. (Veiga, 2001)<br />

Segundo Charles Gi<strong>de</strong>, em visita a Roch<strong>da</strong>le, o movimento cooperativista foi<br />

o único experimento feliz do século XIX.<br />

Ó pioneiros! Dou-vos graça não somente por haver-nos brin<strong>da</strong>do uma<br />

organização que procurou para milhões <strong>de</strong> homens conforto e melhora <strong>nas</strong><br />

condições <strong>de</strong> vi<strong>da</strong> e que foi, como disse um economista, não só o único<br />

experimento feliz do século XIX, mas também, e sobretudo, por haver-nos<br />

<strong>da</strong>do uma admirável lição <strong>de</strong> modéstia, quando nos <strong>de</strong>monstrastes que to<strong>da</strong><br />

a ciência, ciência <strong>de</strong> sábios e <strong>de</strong> escribas, to<strong>da</strong> essa ciência que se formula<br />

nos livros e <strong>nas</strong> leis, a ciência em cujo nome ensinamos os homens e os<br />

governamos, não valem tanto, em matéria <strong>de</strong> clarividência <strong>de</strong> força<br />

impulsora, quanto a ação <strong>da</strong>queles humil<strong>de</strong>s operários. Estes simplesmente<br />

viveram, trabalharam e sofreram, sem receber mais lições que as do<br />

trabalho manual, a preocupação com o pão <strong>de</strong> ca<strong>da</strong> dia e a inquebrável fé<br />

no advento <strong>da</strong> justiça. (Schnei<strong>de</strong>r, apud Gi<strong>de</strong>, 1953,279)<br />

Etimologicamente cooperação (do verbo latino cooperari, <strong>de</strong> cum e operari =<br />

operar junto com alguém) significa a prestação <strong>de</strong> auxílio para um fim comum. Os<br />

pioneiros <strong>de</strong> Roch<strong>da</strong>le operaram juntos a fim <strong>de</strong> amenizarem a situação <strong>de</strong><br />

exploração à qual estavam submetidos, tendo em vista o momento histórico o qual<br />

viviam.<br />

A cooperação quando organiza<strong>da</strong> segundo estatutos previamente<br />

estabelecidos, dá origem a <strong>de</strong>terminados grupos sociais. Dentre tais grupos<br />

as <strong>cooperativas</strong> representam aqueles que visam, em primeiro lugar, fins<br />

econômicos e educativos. (Pinho, 1982, 8)<br />

Anteriormente a chega<strong>da</strong> dos portugueses ao Brasil, viviam aqui as<br />

populações indíge<strong>nas</strong> que tinham um mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> socie<strong>da</strong><strong>de</strong> solidária. <strong>As</strong> tribos<br />

preocupavam-se com o seu bem-estar, <strong>da</strong> sua família e <strong>da</strong> comuni<strong>da</strong><strong>de</strong>, o que era<br />

mais importante do que os interesses econômicos <strong>da</strong> produção.<br />

Muitos foram os movimentos <strong>de</strong> cunho cooperativista realizados no Brasil,<br />

mas oficialmente, o reconhecimento ocorreu somente após a Proclamação <strong>da</strong><br />

República, em 1891, a partir <strong>da</strong> Constituição Fe<strong>de</strong>ral, quando os ci<strong>da</strong>dãos tiveram o<br />

direito legal <strong>de</strong> formar associações. Surgiria então a primeira cooperativa brasileira –<br />

a Cooperativa <strong>de</strong> Consumo dos funcionários <strong>da</strong> Companhia Telefônica em Limeira


(SP). <strong>As</strong>sim começaria a surgir <strong>cooperativas</strong> <strong>de</strong> vários gêneros, com <strong>de</strong>staque as do<br />

setor agrícola.<br />

Segundo o SCHADONG (2002), no ano <strong>de</strong> 1902, colonos <strong>de</strong> origem alemã,<br />

incentivados pelo jesuíta Theodor Amstadt, fun<strong>da</strong>ram uma cooperativa <strong>de</strong> crédito<br />

rural, em Vila Império, atualmente Nova Petrópolis / RS. Essa é a mais antiga<br />

cooperativa em ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> no país.<br />

2.1 COOPERATIVISMO DE CRÉDITO<br />

Introduzido no Brasil por meio do trabalho do padre jesuíta Theodor Amstadt,<br />

o cooperativismo <strong>de</strong> crédito surgiria no Rio Gran<strong>de</strong> do Sul, no município <strong>de</strong> Nova<br />

Petrópolis. A partir <strong>de</strong>ssa iniciativa o movimento <strong>de</strong> crédito rural se expandiu por<br />

todo o país.<br />

<strong>As</strong> <strong>cooperativas</strong> do tipo Luzzatti, aquelas que aceitam no seu quadro social<br />

to<strong>da</strong>s as categorias econômicas, também se <strong>de</strong>stacaram na região Sul e Su<strong>de</strong>ste do<br />

Brasil. No entanto, essas <strong>cooperativas</strong> sofreram com a interferência do Banco<br />

Central – órgão responsável pela normatização e fiscalização do Sistema Financeiro<br />

Nacional (SFN), no <strong>de</strong>correr <strong>da</strong> déca<strong>da</strong> <strong>de</strong> 60 <strong>de</strong>vido a forte pressão dos banqueiros<br />

que exigiam do governo medi<strong>da</strong>s para frear a atuação do movimento cooperativista<br />

no mercado financeiro. Perante a esse contexto, surgia no Brasil o cooperativismo<br />

<strong>de</strong> crédito mútuo, baseado no sistema cana<strong>de</strong>nse Desjardins, ou seja, um sistema<br />

<strong>de</strong> <strong>cooperativas</strong> com o objetivo <strong>de</strong> propiciar fundos para a execução <strong>de</strong> projetos<br />

pessoais <strong>de</strong> melhoria do bem-estar social.<br />

O movimento SICREDI – RS (Sistema Integrado <strong>de</strong> Crédito Rural do Rio<br />

Gran<strong>de</strong> do Sul) foi criado como uma alternativa para a crise <strong>da</strong>s <strong>cooperativas</strong> rurais<br />

na déca<strong>da</strong> <strong>de</strong> 60. Sua principal função era <strong>da</strong>r condições <strong>de</strong> operacionali<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

administrativa e financeira às enti<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> crédito rural através <strong>da</strong> centralização <strong>de</strong><br />

recursos e programas educativos e <strong>de</strong> treinamento. Devido ao alto percentual <strong>de</strong><br />

juros praticados pelos bancos, esse tipo <strong>de</strong> cooperativa apontou como uma<br />

alternativa àqueles que precisavam <strong>de</strong> recursos para impulsionar seu negócio.<br />

<strong>As</strong> <strong>cooperativas</strong> <strong>de</strong> crédito não se confun<strong>de</strong>m com as enti<strong>da</strong><strong>de</strong>s comerciais.<br />

Estas têm como finali<strong>da</strong><strong>de</strong> o lucro, já as <strong>cooperativas</strong> têm como principal função a<br />

prestação <strong>de</strong> serviços bancários aos seus associados com juros e taxas inferiores ás<br />

outras instituições financeiras.


2.2 PRINCÍPIOS DO COOPERATIVISMO DE CRÉDITO<br />

Os princípios do cooperativismo <strong>de</strong> crédito são os mesmos <strong>de</strong> todos os outros<br />

segmentos <strong>de</strong> cooperativa. De acordo com MC INTYRE (2002) são esses os<br />

princípios:<br />

A<strong>de</strong>são livre e voluntária: como uma organização voluntária a cooperativa é<br />

aberta a to<strong>da</strong>s as pessoas aptas a utilizarem seus serviços, sem<br />

discriminação <strong>de</strong> qualquer espécie;<br />

Controle <strong>de</strong>mocrático: a cooperativa é controla<strong>da</strong> por seus sócios, homens e<br />

mulheres representam legalmente a sua instituição;<br />

Participação econômica: o capital <strong>da</strong>s <strong>cooperativas</strong> é proprie<strong>da</strong><strong>de</strong> dos sócios,<br />

sendo que quando houver sobras, por exemplo, o <strong>de</strong>stino será votado pelos<br />

associados;<br />

Autonomia e in<strong>de</strong>pendência: as <strong>cooperativas</strong> são autônomas, mesmo que se<br />

estabeleçam parcerias, estas <strong>de</strong>vem ser feitas sem que se per<strong>da</strong> o controle<br />

<strong>de</strong>mocrático e a autonomia <strong>de</strong> ação;<br />

Educação, formação e informação: <strong>de</strong> acordo com Singer (2002, p. 45) “cabe<br />

às <strong>cooperativas</strong> promover a educação e a formação dos seus membros, para<br />

contribuir com a eficácia para o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>da</strong>s operações <strong>cooperativas</strong><br />

e estimular o ensino do cooperativismo.”.<br />

Intercooperação: as <strong>cooperativas</strong> <strong>de</strong>vem ser parceiras e auxiliarem-se umas<br />

às outras a fim <strong>de</strong> buscar um fortalecimento;<br />

Preocupação com a comuni<strong>da</strong><strong>de</strong>: segundo Mc Intyre (2002, p. 25) ”a<br />

cooperativa <strong>de</strong>ve trabalhar o <strong>de</strong>senvolvimento sustentável <strong>de</strong> sua<br />

comuni<strong>da</strong><strong>de</strong>, através <strong>de</strong> políticas aprova<strong>da</strong>s por seus membros.”.<br />

3 A ATIVIDADE DE RELAÇÕES PÚBLICAS NAS COOPERATIVAS DE CRÉDITO<br />

Além do respaldo teórico abor<strong>da</strong>do nessa pesquisa, foi realiza<strong>da</strong> uma<br />

entrevista em profundi<strong>da</strong><strong>de</strong> com a professora Vera Regina Schmitz. Segundo<br />

DUARTE (2006), “a entrevista em profundi<strong>da</strong><strong>de</strong> é uma técnica dinâmica e flexível,<br />

útil para apreensão <strong>de</strong> uma reali<strong>da</strong><strong>de</strong> tanto para tratar <strong>de</strong> questões relaciona<strong>da</strong>s ao<br />

íntimo do entrevistado, como para <strong>de</strong>scrição <strong>de</strong> processos complexos nos quais está<br />

ou esteve envolvido.”.


A ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>relações</strong> <strong>públicas</strong> po<strong>de</strong> ser consi<strong>de</strong>ra<strong>da</strong> como um elo entre<br />

associados e <strong>cooperativas</strong>. Normalmente o setor <strong>de</strong> comunicação <strong>da</strong>s <strong>cooperativas</strong><br />

está relacionado ao setor <strong>de</strong> educação, isso porque, muitas vezes, a idéia que se<br />

tem <strong>de</strong> educação <strong>de</strong> cooperados está relaciona<strong>da</strong> ao <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong><br />

instrumentos <strong>de</strong> comunicação e não <strong>de</strong> <strong>estratégias</strong>, como por exemplo, as <strong>de</strong><br />

<strong>relações</strong> <strong>públicas</strong>.<br />

Ora se, dialeticamente, causa implica solução e cooperação contrapõe-se<br />

ao conflito, po<strong>de</strong>-se pressupor como objetivo <strong>da</strong> ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>relações</strong><br />

<strong>públicas</strong> a cooperação mútua, entre as partes, do sistema organizaçãopúblicos<br />

visando à consecução <strong>da</strong> missão organizacional. A organização,<br />

caso não obtenha, para suas <strong>de</strong>cisões, a cooperação <strong>de</strong> seus públicos,<br />

provavelmente se <strong>de</strong>frontará com muitos obstáculos em sua trajetória e terá<br />

sua missão comprometi<strong>da</strong>. (SIMÔES, 2001, p 52)<br />

Conforme citação acima se po<strong>de</strong> verificar que a ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>relações</strong><br />

<strong>públicas</strong> po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>senvolvi<strong>da</strong> <strong>nas</strong> <strong>cooperativas</strong> <strong>de</strong> crédito, tendo em vista que<br />

essas buscam a participação <strong>de</strong> seus associados, através <strong>da</strong> utilização dos seus<br />

serviços, a fim <strong>de</strong> que os negócios <strong>da</strong> cooperativa possam beneficiar a todos os<br />

sócios. De acordo com entrevista realiza<strong>da</strong> com a professora Vera Regina Schmitz 1<br />

os profissionais <strong>de</strong> <strong>relações</strong> <strong>públicas</strong> po<strong>de</strong>m <strong>de</strong>sempenhar trabalhos específicos do<br />

exercício <strong>da</strong> profissão. A entrevista<strong>da</strong> ressalta: “uma cooperativa é uma organização<br />

empresarial e, portanto, necessita <strong>de</strong> trabalhos <strong>da</strong> área <strong>da</strong> comunicação como<br />

qualquer outra organização. Ou melhor, mais do qualquer outra, já que é um mo<strong>de</strong>lo<br />

<strong>de</strong> organização empresarial diferente, on<strong>de</strong> os sócios são os donos. Os fluxos <strong>de</strong><br />

comunicação <strong>de</strong>vem ser intensos e transparentes.”.<br />

Para que a ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>relações</strong> <strong>públicas</strong> ocorra <strong>de</strong> forma eficaz, o<br />

profissional <strong>de</strong>signado para <strong>de</strong>sempenhar tal tarefa <strong>de</strong>verá estar ciente dos<br />

princípios do cooperativismo para que a comunicação não seja ape<strong>nas</strong> comercial<br />

como ocorre com <strong>de</strong>mais instituições financeiras. Para isso, a educação<br />

cooperativista aparece como um meio <strong>de</strong> comunicar <strong>de</strong> forma que os associados<br />

passam a enten<strong>de</strong>r a cooperativa como sua, <strong>de</strong>ssa forma, se tornam usuários fiéis.<br />

O educador não está prioritariamente interessado em que pensa ou crê o<br />

indivíduo, mas sim, em como pensa e como forma suas opiniões, ou seja,<br />

sua capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> para compreen<strong>de</strong>r com clareza os fatos e raciocinar a partir<br />

<strong>da</strong>í, para obter conclusões váli<strong>da</strong>s e como <strong>de</strong>senvolver essa capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

pensar por si mesmo. (Schnei<strong>de</strong>r, 2003, p. 26)<br />

A professora Vera Regina Schmitz afirma, que com relação a utilização <strong>de</strong><br />

1 Relações Públicas, especialista em cooperativismo, mestre em Comunicação. Professora <strong>da</strong> Universi<strong>da</strong><strong>de</strong> do<br />

Vale do Rio dos Sinos.


técnicas <strong>de</strong> <strong>relações</strong> <strong>públicas</strong>, muitas <strong>cooperativas</strong> utilizam instrumentos <strong>de</strong><br />

comunicação dirigi<strong>da</strong> ao invés <strong>de</strong> <strong>estratégias</strong>. “O que acontece é que muitas o fazem<br />

sem um planejamento efetivo, vão realizando ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s porque são necessárias,<br />

mas não fazem parte <strong>de</strong> um projeto <strong>de</strong> comunicação, com objetivos e <strong>estratégias</strong><br />

traça<strong>da</strong>s. Algumas ain<strong>da</strong> fazem pouco uso <strong>de</strong> instrumentos <strong>de</strong> comunicação<br />

formalizados, e com isto apresentam gran<strong>de</strong>s dificul<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> se i<strong>de</strong>ntificarem como<br />

<strong>cooperativas</strong>, já que se não houver uma comunicação intensa e transparente, alguns<br />

dos princípios inerentes ao cooperativismo não conseguem ser vivenciados e<br />

i<strong>de</strong>ntificados”.<br />

Os cooperados quando comunicados através do princípio <strong>da</strong> educação<br />

passam a valorizar a sua cooperativa, utilizam os serviços, divulgam-na aos seus<br />

familiares e outros grupos que o circun<strong>da</strong>m. Portanto, conforme a entrevista<strong>da</strong>, a<br />

excelência <strong>da</strong> comunicação <strong>de</strong>ve ser constantemente planeja<strong>da</strong>. A professora Vera<br />

Schmitz afirma que “<strong>de</strong>ve haver uma constância, uma manutenção, uma “eterna”<br />

busca <strong>de</strong> aproximação do associado com o seu “negócio” cooperativo”. Agindo<br />

<strong>de</strong>ssa forma consegue-se uma relação <strong>de</strong> proximi<strong>da</strong><strong>de</strong> e sóli<strong>da</strong> com os cooperados.<br />

Consi<strong>de</strong>rando que está especificado no Código <strong>de</strong> Ética Profissional dos<br />

Profissionais <strong>de</strong> Relações Públicas, que este <strong>de</strong>ve empenhar-se para criar<br />

estruturas e canais <strong>de</strong> comunicação que favoreça o diálogo e a livre circulação <strong>de</strong><br />

informações, po<strong>de</strong>-se afirmar que a atuação dos profissionais <strong>de</strong> <strong>relações</strong> <strong>públicas</strong>,<br />

<strong>de</strong>ve ser pratica<strong>da</strong> <strong>de</strong> forma planeja<strong>da</strong> e estratégica. Somente <strong>de</strong>ssa forma os<br />

profissionais que exercem a ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> po<strong>de</strong>rão consi<strong>de</strong>rar-se educadores-<br />

comunicadores. “Criar mecanismos para fortalecer a i<strong>de</strong>nti<strong>da</strong><strong>de</strong> cooperativa e o<br />

compromisso do associado enquanto sócio e usuário dos serviços <strong>da</strong> cooperativa;<br />

buscar informar sobre a gestão, as metas e os resultados <strong>da</strong> cooperativa, buscando<br />

uma visão <strong>de</strong> uni<strong>da</strong><strong>de</strong>; consoli<strong>da</strong>r a imagem <strong>da</strong> cooperativa, por meio <strong>de</strong><br />

mecanismos informacionais”, são <strong>estratégias</strong> apresenta<strong>da</strong>s pela professora Vera<br />

Schmitz que po<strong>de</strong>m ser <strong>de</strong>senvolvi<strong>da</strong>s pelos profissionais <strong>de</strong> <strong>relações</strong> <strong>públicas</strong> <strong>nas</strong><br />

<strong>cooperativas</strong> <strong>de</strong> crédito.<br />

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS<br />

A proposta <strong>de</strong>ste artigo é apresentar mais um campo <strong>de</strong> atuação para os<br />

profissionais <strong>de</strong> <strong>relações</strong> <strong>públicas</strong> no âmbito <strong>da</strong>s <strong>cooperativas</strong> <strong>de</strong> crédito. Vivemos


num momento em que a concorrência é alta e os profissionais que não buscarem<br />

manter-se informados ou mesmo aptos a trabalhar em diferentes tipos <strong>de</strong><br />

organizações, estarão fora do mercado <strong>de</strong> trabalho.<br />

Constatamos através <strong>da</strong> entrevista realiza<strong>da</strong> com a professora Vera Regina<br />

Schmitz, que os <strong>relações</strong> <strong>públicas</strong> são capazes <strong>de</strong> atuarem na comunicação <strong>da</strong>s<br />

<strong>cooperativas</strong> e po<strong>de</strong>m valer-se, inclusive, do princípio <strong>da</strong> educação para<br />

<strong>de</strong>senvolverem um trabalho dirigido e planejado. Cabe aos atuantes <strong>da</strong> ativi<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

buscarem as oportuni<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> aplicação <strong>da</strong>s técnicas <strong>de</strong> <strong>relações</strong> <strong>públicas</strong> para<br />

atingirem o seu público específico, nesse caso os associados.<br />

Por meio <strong>da</strong> integração <strong>da</strong> comunicação e <strong>da</strong> educação, seus conceitos,<br />

funções e práticas, po<strong>de</strong>-se implementar um processo <strong>de</strong> educação <strong>nas</strong><br />

<strong>cooperativas</strong>, contribuindo para o exercício <strong>da</strong> ci<strong>da</strong><strong>da</strong>nia e para a<br />

valorização dos seus diversos públicos e, conseqüentemente,<br />

fortalecendo a cooperativa e o sistema a que está integra<strong>da</strong>. (Schmitz,<br />

apud Schnei<strong>de</strong>r, 2003, p. 204)<br />

A participação dos associados na cooperativa não <strong>de</strong>ve ser imposta, mas sim<br />

uma a<strong>de</strong>são espontânea dos indivíduos que se origina na materialização <strong>de</strong> certos<br />

valores que o ser adota como seus. Desta forma, o cooperado passa a apoiar a<br />

cooperativa e utilizar os serviços oferecidos pela mesma, pois a percebe como sua<br />

proprie<strong>da</strong><strong>de</strong>. Para isso, é necessário que as <strong>estratégias</strong> <strong>de</strong> <strong>relações</strong> <strong>públicas</strong> se<br />

façam presente entre as <strong>estratégias</strong> <strong>da</strong>s <strong>cooperativas</strong>, principalmente as <strong>de</strong> crédito,<br />

pois <strong>de</strong>ssa forma o associado obterá informações sobre os projetos e realizações <strong>da</strong><br />

organização.<br />

De acordo com Franco (1985, p.53), “A comunicação organiza<strong>da</strong> e a<br />

educação volta<strong>da</strong> para a capacitação do homem são necessi<strong>da</strong><strong>de</strong>s do<br />

cooperativismo mo<strong>de</strong>rno”.


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http://www.unisinos.br/biblioteca/files/normas_abnt_2006.pdf (11/06/2007)<br />

http://www.conrerprssc.org.br/ (03/07/2007)

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