reflexões sobre contextos educativos formais e informais. - Unicid
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elevantes para a compreensão do processo de aquisição da língua portuguesa foram obtidas em<br />
todos os depoimentos, os quais foram registrados em gravador.<br />
Transcritas as gravações das entrevistas, o seu conteúdo foi lido individualmente pelos pesquisadores<br />
e, posteriormente, discutido em grupo. Nesse processo, os pesquisadores foram cotejando<br />
as leituras, de forma que foram sendo delineados os aspectos comuns, apreendidos pelo<br />
grupo de pesquisadores, no que se refere à aquisição da língua portuguesa pelos depoentes. Os<br />
elementos destacados por um ou outro dos pesquisadores foram discutidos e, quando considerados<br />
relevantes, foram incorporados à reflexão de todos. Desta forma, a etapa de análise dos dados contou<br />
com a atividade individual de cada pesquisador e com posterior discussão e síntese pelo grupo.<br />
Os dados obtidos são expostos, a seguir.<br />
Resultados e discussão<br />
A seguir, apresentamos informações no que se refere a dados pessoais, domínio prévio de<br />
línguas, estratégias utilizadas para aprender o português e a opinião do depoente <strong>sobre</strong> seu domínio<br />
da língua portuguesa sob forma escrita. Também, apresenta-se uma categorização do nível de<br />
domínio da língua portuguesa em sua forma oral, a qual foi derivada da análise, pelos pesquisadores,<br />
da própria verbalização dos depoentes durante seus depoimentos.<br />
Gleb<br />
De origem russa, cuja família pertencia ao exército czarista, chegou ao Brasil com anos,<br />
falando russo (língua materna), alemão e servo-croata (aprendidos na escola), com alguns conhecimentos<br />
de latim. Seu nível de escolaridade era superior (engenharia). No Brasil trabalhou como<br />
engenheiro e como diretor executivo de empresa.<br />
Estratégias uti1izadas para aprender o português: Inicialmente, o aprendizado deu-se em<br />
função das exigências do trabalho e com a ajuda de amigos russos que já falavam o português;<br />
utilizou-se de comparação do português com o latim, aprendido na escola, e de dicionário para<br />
aquisição de vocabulário. Já com cinco anos de permanência no Brasil, matriculou-se em curso de<br />
português para aprimorar seus conhecimentos; pedia freqüentemente que colegas e amigos corrigissem<br />
seu português, tanto falado como escrito. Descreveu com facilidade as estratégias que lhe<br />
possibilitaram o domínio do novo idioma. Na sua apreciação, foram decisivos o contato constante<br />
e abundante com brasileiros e o conhecimento prévio que tinha do latim.<br />
Domínio da língua portuguesa: Durante os depoimentos, utilizou vocabulário rico e preciso.<br />
Na construção das frases, ocorreram eventuais inversões e poucos erros de concordância. Apresentou<br />
leve sotaque. No que concerne ao português escrito, afirmou escrever bem, com eventuais<br />
dúvidas <strong>sobre</strong> ortografia.<br />
Alexei<br />
De origem russa, cujos familiares também pertenciam ao exército czarista, chegou ao Brasil<br />
com 5 anos falando russo (língua materna), inglês, japonês (estas duas aprendidas na escola) e<br />
chinês (aprendido informalmente). Seu nível de escolaridade era secundário completo. No Brasil,<br />
trabalhou como operário, operador de raios-X e como padre da Igreja Católica Ortodoxa.<br />
Estratégias utilizadas para aprender o português: Teve algumas aulas com um professor,<br />
na viagem de navio ao Brasil. Utilizou-se de livro de gramática portuguesa, em russo; lia jornais<br />
em inglês e em português utilizando dicionário inglês-português para adquirir vocabulário. Afirmou<br />
que prestava atenção à pronúncia das palavras, quando conversava com brasileiros e quando<br />
ouvia rádio. Descreveu com facilidade e riqueza de detalhes as estratégias de que se valeu para a<br />
Melania Moroz, Ana Rita S. Almeida e João Carlos Martins Histórias de aprendizagem da língua portuguesa...<br />
Revista @mbienteeducação - Volume 1 - Nº 1 - Jan/Julho 2008 - São Paulo